Questões de Português - Pronomes pessoais retos para Concurso

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Q1685352 Português

A invenção do horizonte


Deu-me uma angústia danada a notícia de que, num futuro próximo, muito próximo, teremos toda a literatura do mundo na tela do computador. Angústia duplicada. Primeiro, pela minha intolerância figadal a esta maquinazinha dos infernos. Segundo, pela suspeita de desaparecimento dos livros, esses calhamaços impressos, cheirando a novo ou a mofo, roído pelo uso ou pelas traças, mas que são uma gostosura viajá-los pelas trilhas das letras como quem explora um mundo mágico, tanto mais novo quanto mais andado.

Sem o gozo de um livro nas mãos, fico cego, surdo e mudo, fico aleijado, penso, torto, despovoado. Espiá-los enfileirados nas estantes, gordos e magros, novos e velhos, empaletozados e esfarrapados, cobertos de pó e de teias de aranha, essa visão me transporta para todos os mundos e para todas as idades [...].

As minhas mãos ficariam nuas e inúteis quando não pudessem mais sustentar um livro, que não fosse pela velhice dos dedos. Mesmo assim, eles estariam por ali, nas prateleiras, amontoados na mesa, espalhados pelo chão, sempre comungando com o meu tempo, meu espaço, minha vida. Eles são a expressão digital da minha alma [...].

Um livro não é um simples objeto, um amontoado de folhas impressas. Vai mais longe, intangivelmente longe. É corrimão, é degrau, é escada, é caminho, é horizonte. Por mais que sonhe a tecnologia, jamais será capaz de inventar um horizonte.

(MARACAJÁ, Robério. Cerca de Varas. Campina Grande: Latus, 2014, p. 57.

Analise as proposições a seguir, sobre a construção do enunciado “Eles são a expressão digital da minha alma”:


I- A construção discursiva é metafórica, porque há um novo sentido no enunciado, que não lhe é comum ou próprio, resultante de uma intersecção entre dois termos.

II- O pronome pessoal “Eles” assume uma função sintática e, ao mesmo tempo, uma função referencial.

III- Aconstrução linguística apresenta um predicado verbal por ser formada com um verbo significativo que é núcleo do predicado.


É CORRETO o que se afirma apenas em: 

Alternativas
Q1683236 Português

Universidade pública paga?

    Pesquisa realizada pelo Datafolha mostrou que a maioria da população brasileira quer educação gratuita para todos, da creche à universidade.
   Educação deve ser pública e gratuita, da primeira infância ao ensino médio. Por exemplo, uma menina que passar por esse ciclo gerará um retorno social maior que o privado: a produtividade da economia aumenta com trabalhadores qualificados.
    Há justificativa moral para a gratuidade: ela confere liberdade às pessoas. No processo educacional, funcionalidades são apropriadas pelos indivíduos, conferindo-lhes a possibilidade de serem livres e agentes, não dependentes e passivos.
   No ensino superior, o retorno privado é maior do que o social. Por exemplo, mais médicos e administradores graduados geram ganhos sociais, mas os salários desses profissionais indicam que os ganhos privados são substantivos: não seria razoável oferecer-lhes educação superior gratuita.
    Há aspectos morais que justificariam ensino superior pago, mas somente para quem tem condições de fazê-lo. O Brasil é um país consideravelmente desigual. Logo, desiguais deveriam ser tratados desigualmente. E há dois fundamentos filosóficos para tal posição.
   O primeiro advém do conceito de progressividade de impostos e gastos públicos. Logo na graduação, economistas aprendem um princípio de justiça: de cada um de acordo com sua capacidade, a cada um de acordo com sua necessidade. O segundo é derivado da visão do filósofo John Ralws: por vezes, é mais justo tratar desiguais de forma desigual.
    Logo, seria mais razoável, do ponto de vista econômico e moral, considerar que alunos do ensino superior que possam pagar por este o façam.

(Marcos Fernandes G. da Silva. https://www1.folha.uol.com.br/ opiniao/2020/08/universidade-publica-paga.shtml. 31.08.2020. Adaptado)
O termo ou expressão a que se refere o pronome destacado está corretamente identificado entre parênteses em:
Alternativas
Q1681320 Português

O que existe ou não existe numa língua?

(Marcos Bagno)


Quando se trata de falar sobre a língua, o verbo existir pode ter dois sentidos muito diferentes. A pessoa que se guia pelo purismo linguístico (uma espécie de racismo gramatical, nada menos), quando topa, por exemplo, com uma construção do tipo “pra mim fazer”, exclama categoricamente: “‘Pra mim fazer’ não existe em português!”. Não importa que a imensa maioria da população brasileira use essa construção: o fato de não estar prevista na (limitadíssima e paupérrima) norma-padrão convencional é suficiente para decretar sua inexistência. Me divirto muito com isso. Se a coisa “não existe”, para que então afirmar essa não-existência? Tá lá no Freud, e se chama denegação. Se o Antigo Testamento precisou condenar a homossexualidade é porque ela existia, sim, alegre e saltitante, na sociedade hebraica daquela época. Afinal, ninguém precisa dizer que não existem elefantes na Amazônia: se fôssemos listar todas as espécies animais que não existem lá, estaríamos fazendo um trabalho inútil e, convenhamos, ridículo.

Por outro lado, quando uma linguista diz que determinada categoria gramatical (ou qualquer outro elemento) não existe numa língua, ela está enunciando aquilo que a pesquisa acumulada a respeito do fenômeno permite concluir. Não se trata de listar todas as categorias gramaticais que não existem numa língua, mas de procurar entender, num quadro mais amplo de comparação, sobretudo entre línguas aparentadas, porque aquela categoria específica, se algum dia existiu, desapareceu devido aos processos de mudança linguística. Além disso, quando a linguista diz que X não existe, ela está se referindo à língua falada espontânea, ao discurso menos monitorado possível, porque é nessa modalidade de uso que se pode realmente detectar com certeza a gramática internalizada das pessoas que falam, bem como os processos de mudança em andamento. E é precisamente disso que quero tratar aqui hoje: da inexistência, no PB (português brasileiro), de pronomes oblíquos de 3ª pessoa. Já se assustou? Não precisa.

As formas oblíquas de 3ª p. — o, a, os, as — não pertencem à gramática do PB (gramática entendida aqui como o conhecimento intuitivo que cada uma de nós tem da língua que fala). Essas formas só podem ser adquiridas por meio do acesso à cultura letrada, da instrução formal, do ensino consciente da língua. A esse ensino consciente podemos contrapor a aquisição inconsciente da língua, que é o misterioso processo pelo qual aprendemos a falar nossa língua materna (ou línguas no plural, no caso das pessoas sortudas que nascem e crescem em ambientes multilíngues).

Quem nos revela melhor do que ninguém a (in)existência de categorias gramaticais numa língua são as crianças, especialmente as que ainda não tiveram acesso à educação formal. Uma menina de mais ou menos 7 anos já é dotada de um conhecimento fabuloso de sua língua. Se formos coletar a fala espontânea de crianças brasileiras dessa idade, seja de que classe social for, não vamos encontrar absolutamente nenhuma ocorrência de o/a/os/as como pronomes oblíquos. Se, por outro lado, formos coletar a fala de crianças dessa idade que tenham como língua materna português europeu, galego, espanhol, catalão, provençal, francês e italiano (para ficar só nessas línguas do grupo românico), vamos encontrar uma farta ocorrência dos pronomes oblíquos de 3ª p. dessas línguas. A réplica daquela velha parlenda brasileira “— Cadê o docinho que tava aqui? — O gato comeu” seria traduzida em todas essas línguas pelo equivalente a “o gato o comeu”. Se as crianças brasileiras não produzem o/a/os/as é porque não adquiriram esses pronomes no ambiente familiar, e se não adquiriram é porque seus pais, tios, avós etc. não usam esses pronomes. Simples assim.

(Disponível em: https://bit.ly/372nb5v. Acesso em nov. 2020)

Leia o texto 'O que existe ou não existe numa língua?' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo:


I. A apreciação inicial do autor é verdadeira, pois a “normapadrão” considera erro o emprego do pronome oblíquo associado ao infinitivo em enunciados como “A atividade é para mim fazer”. Nesse caso, o pronome “mim” deveria ser substituído por um do caso reto (eu).

II. No trecho “Quem nos revela melhor do que ninguém a (in)existência de categorias gramaticais numa língua”, o uso do prefixo entre parênteses sugere uma alternância na construção do enunciado. A mesma função e sentido o prefixo -in possui nos seguintes exemplos: “ele induziu a testemunha”; “foi infiel a sua esposa”.

III. Ao afirmar que “as formas oblíquas de 3ª p. — o, a, os, as — não pertencem à gramática do PB (gramática entendida aqui como o conhecimento intuitivo que cada uma de nós tem da língua que fala)", o autor sugere que construções como “Quem as elogiou pelo lindo trabalho?” ou “Fi-lo perder tempo” são mais “adquiridas” por meio do acesso à cultura escolar letrada.


Marque a alternativa CORRETA:

Alternativas
Q1680024 Português
TEXTO
O texto abaixo servirá de base para responder a questão.

O HÍFEN NO DIVÃ

(1º§) Sempre fui incompreendido. Apesar de ser tão importante fui, muitas vezes, desprezado. Mesmo quando tinha que unir palavras que não poderiam prescindir de mim. Poucas pessoas prestavam atenção às regras. Colocavam-me a seu bel-prazer, achando que estavam até mesmo me fazendo um favor. Isso foi me causando desde um delírio de grandeza até um complexo muito forte de inferioridade. Tentei a indiferença, a prepotência, formas de me proteger. Passei a considerar ignorantes todos aqueles que me desprezavam conscientemente ou não.
(2º§) Minha crise de identidade me levou ao analista. Aliás, pseudo analista. Faço questão de separar essas duas palavras, para mostrar a diferença entre o falso e o legítimo. Não me conformo com a nova ortografia. Estou numa crise existencial ao extremo. Vejo palavras bem à vontade sem a minha presença.
(3º§) Tenho observado pessoas confusas querendo simplesmente me extinguir como fizeram com o trema. Sei que ele foi perdendo importância no nosso país, mas pode se refugiar na Alemanha. Pedi ajuda à reticência, dizendo que ela poderia ser a próxima. Nem me ouviu. Considera-se muito importante, num mundo onde muitos evitam dizer tudo o que pensam. Afirma que é necessária, jamais será extinta, pois existem até mesmo pessoas reticentes, mesmo sem a presença dos três pontos.
(4º§) Tentam simplificar o meu caso, dizendo, muitas vezes, que vale a regra anterior. Como se todos conhecessem e soubessem aplicar regras. Ao invés de simplificar, complicaram tudo. E eu fico vagando entre algumas palavras e querendo permanecer entre outras que não me aceitam mais. O pseudo analista disse que preciso me adaptar. Simplesmente assim. Adaptação. Como se fosse fácil. Pensei que me entenderia, que estaria ao meu lado, lutando por minha posição. Não, acho que está a serviço da Academia Brasileira de Letras.
(5º§) Agora, estou também com mania de perseguição. Completamente perdido. As pessoas evitam palavras antes separadas por mim, por não saberem mais como escrevê-las.
(6º§) Sinto-me abandonado, desprezado, humilhado, vejo palavras deformadas, como: motosserra, autoestima, antirracismo, antissocial, ultrassom. Permaneço entre as cores (azul-marinho, azul-esverdeado, por exemplo), no guarda-roupa (que deprimente), mas não me conformo.
(7º§) Pedi ajuda ao ponto e vírgula para a minha causa. Ele não se importa de não ser bem usado. O acento indicativo de crase simplesmente me ignorou. Tem vários casos e a certeza de que, sendo polêmico, enquanto existirem concursos e vestibulares estará garantido.
(8º§) Preciso encontrar um analista que me entenda, saiba realmente como me sinto. Talvez eu fique morando no seu divã (mesmo que não haja lugar para mim nessa palavra).

(Geni Oliveira - Professora aposentada e escritora.) - (Adaptado)
Marque o que NÃO se comprova na composição textual.
Alternativas
Q1679039 Português

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado a seguir.


A indústria do fumo desenvolveu uma estratégia demoníaca __________ é __________ lucros imorais.

Alternativas
Respostas
356: E
357: B
358: C
359: B
360: D