Questões de Português - Pronomes pessoais retos para Concurso
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O Rancho da Goiabada
Os bóias-frias quando tomam umas biritas
Espantando a tristeza
Sonham com bife-a-cavalo, batata-frita
E a sobremesa
É goiabada-cascão com muito queijo
Depois café, cigarro e um beijo
De uma mulata chamada Leonor ou Dagmar
Amar
O rádio-de-pilha, o fogão-jacaré, a marmita,
o domingo no bar
Onde tantos iguais se reúnem contando mentiras
Pra poder suportar
Ai, são pais-de-santo, paus-de-arara, são passistas
São flagelados, são pingentes, balconistas
Palhaços, marcianos, canibais, lírios, pirados
Dançando dormindo de olhos abertos à sombra da alegoria
Dos faraós embalsamados
Aldir Blanc, 1976.
TEXTO 1
O texto adiante é de Luís Fernando Veríssimo. Leia-o com atenção e responda às questões propostas a seguir.
PRONOMES
Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina pediu:
— Me faz um favor?
— O quê?
— Você não vai ficar chateado?
— O que é?
— Não fala tão certo?
— Como assim?
— Você fala certo demais. Fica esquisito.
— Por quê?
— É que a turma repara. Sei lá, parece…
— Soberba?
— Olha aí, ‘soberba’. Se você falar ‘soberba’ ninguém vai saber o que é. Não fala ‘soberba’. Nem ‘todavia’. Nem ‘outrossim’. E cuidado com os pronomes.
— Os pronomes? Não posso usá-los corretamente?
— Está vendo? Usar eles. Usar eles!
O Carlinhos ficou tão chateado que, junto com a turma, não falou nem certo nem errado. Não falou nada. Até comentaram:
— O Carol, teu namorado é mudo?
Ele ia dizer ‘Não, é que, falando, sentir-me-ia vexado’, mas se conteve a tempo.
Depois, quando estavam sozinhos, a Carolina agradeceu, com aquela voz que ele gostava:
— Comigo você pode botar os pronomes onde quiser, Carlinhos.
Aquela voz de cobertura de caramelo.
Luís Fernando Veríssimo. Contos de Verão, O Estado de S. Paulo, 16 jan. 2000.
Glossário:
Outrossim – igualmente, do mesmo modo.
Soberba – arrogância, presunção.
Todavia – mas, porém.
Considere:
“ — Os pronomes? Não posso usá-los corretamente?
— Está vendo? Usar eles. Usar eles! ”
Podemos afirmar que nesse trecho do TEXTO 1 há:
Leia a tira.
De acordo com a norma-padrão, a lacuna do segundo
quadrinho deve ser preenchida com:
Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.
Leia o texto a seguir para responder a questão sobre seu conteúdo.
DIÁLOGO DE SURDOS
Por: Sírio Possenti. Publicado em 09 mai 2016. Adaptado de:
http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/4821/n/dialogo_de_surdos
Acesso em 30 out 2017.
A expressão corrente trata de situações em que dois lados (ou mais) falam e ninguém se entende. Na verdade, esta é uma visão um pouco simplificada das coisas. De fato, quando dois lados polemizam, dificilmente olham para as mesmas coisas (ou para as mesmas palavras). Cada lado interpreta o outro de uma forma que este acha estranha e vice-versa.
Dominique Maingueneau (em Gênese dos discursos, São Paulo, Parábola) deu tratamento teórico à questão (um tratamento empírico pode ser encontrado em muitos espaços, quase diariamente). [...]
Suponhamos dois discursos, A e B. Se polemizam, B nunca diz que A diz A, mas que diz “nãoB”. E vice-versa. O interessante é que nunca se encontra “nãoB” no discurso de A, sempre se encontra A; mas B não “pode” ver isso, porque trairia sua identidade doutrinária, ideológica.
Um bom exemplo é o que acontece frequentemente no debate sobre variedades do português. Se um linguista diz que não há “erro” em uma fala popular, como em “as elite” (que a elite escreve burramente “a zelite”, quando deveria escrever “as elite”), seus opositores não dirão que os linguistas descrevem o fato como uma variante, mostrando que segue uma regra, mas que “aceitam tudo”, que “aceitam o erro”. O simulacro consiste no fato de que as palavras dos oponentes não são as dos linguistas (não cabe discutir quem tem razão, mas verificar que os dois não se entendem).
Uma variante da incompreensão é que cada lado fala de coisas diferentes.
Atualmente, há uma polêmica sobre se há golpe ou não há golpe. Simplificando um pouco, os que dizem que há golpe se apegam ao fato de que os dois crimes atribuídos à presidenta não seriam crimes. Os que acham que não há golpe dizem que o processo está seguindo as regras definidas pelo Supremo.
Um bom sintoma é a pergunta recorrente feita aos ministros do Supremo pelos repórteres: a pergunta não é “a pedalada é um crime?” (uma questão mérito), mas “impeachment é golpe?”. Esta pergunta permite que o ministro responda que não, pois o impedimento está previsto na Constituição.
Juca Kfouri fez uma boa comparação com futebol: a expulsão de um jogador, ou o pênalti, está prevista(o), o que não significa que qualquer expulsão é justa ou que toda falta é pênalti...
A teoria de Maingueneau joga água na fervura dos que acreditam que a humanidade pode se entender (o que faltaria é adotar uma língua comum, quem sabe o esperanto). Ledo engano: as pessoas não se entendem é falando a mesma língua.
Até hoje, ninguém venceu uma disputa intelectual (ideológica) no debate. Quando venceu, foi com o exército, com a maioria dos eleitores ou dos... deputados.
Sírio Possenti
Departamento de Linguística
Universidade Estadual de Campinas
Leia as proposições a seguir com atenção ao emprego dos pronomes, de acordo com a norma padrão:
I. Informou-me que daria-me explicações mais tarde.
II. Não nos informou sobre o que nos faria perder a vaga.
III. Refeririam-se aos problemas já analisados?
IV. Dessa forma, far-se-ão novas consultas.
Estão corretas quantas das proposições? Assinale a alternativa que contenha essa resposta:
A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, julgue o item a seguir.
O referente da forma pronominal “eles” (ℓ.3) é o termo “cargos” (ℓ.2).