Questões de Português para Concurso

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Ano: 2016 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2016 - IF-PE - Revisor de Texto Braille |
Q2749557 Português

Leia o TEXTO 01 para responder às questões 1 e 2.


TEXTO 01

INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA

(Luiz Augusto Caldas Pereira - Diretor de Políticas da Setec/MEC)


A criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia tem sido tema recorrente nos debates sobre educação por todo o território nacional. Nesta fase que antecede a sua implantação, julgo necessário o destaque para alguns itens que, do meu ponto de vista, podem contribuir para a construção da identidade dessas instituições e, de certa maneira, suscitar reflexões, aprofundando os debates.

Como premissa, julgo de essencial valor que as análises sobre a criação dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia – IFET estejam alocadas no interior das atuais políticas para a Educação Brasileira, com recorte especial para aquelas voltadas à Educação Profissional e Tecnológica e a Rede Federal. Neste sentido, o surgimento dos Institutos Federais estabelece vínculo com a valorização da educação e das instituições públicas, aspectos centrais

nas atuais políticas e assumidos como fundamentais para a construção de uma nação soberana e democrática, o que pressupõe o combate às desigualdades estruturais de toda ordem, daí a imprescindibilidade do fortalecimento das ações e das instituições públicas.

Os investimentos públicos ao longo da existência da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica (para cuja direção aponta a criação dos Institutos Federais) concorrem sobremaneira para a conquista da excelência e denotam comportamento típico de governos no Estado Capitalista Moderno no que diz respeito à adoção de políticas e programas sociais a fim de qualificar a mão-de-obra para o mercado de trabalho, objetivo que se complementa com a

manutenção sob controle de parcelas da população não inseridas nos processos de produção. Assim, a Rede Federal, em períodos distintos de sua existência, atendeu a diferentes orientações de governos; em comum a centralidade do mercado, do desenvolvimento industrial e do caráter pragmático e programático da EPT.

Por outro lado, é necessário ressaltar neste contexto, uma outra dimensão associada à reconhecida excelência da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e que diz respeito à inesgotável competência dessas instituições de, mesmo em tempo de ações de governo descomprometidas com os aspectos sociais, colocar em primeiro plano a inclusão social, construírem “por dentro delas próprias” alternativas pautadas neste compromisso. A criação dos Institutos Federais responde à necessidade, num país como o nosso, da institucionalização definitiva da Educação Profissional e Tecnológica como política pública; isto significa à Rede Federal de Educação Tecnológica o exercício de maior função de Estado e menor ação de Governo. Estado como o instituto do que é permanente e Política Pública do que se estabelece no compromisso de pensar o todo enquanto aspecto que funda a igualdade na diversidade (social,

econômica, geográfica, cultural, etc). E ainda, Política Pública como resultado de ações providas com recursos próprios (financeiros e humanos), que esteja articulada a outras políticas (de trabalho e renda, de desenvolvimento setorial, ambiental, social e mesmo educacional e outras) e que, portanto, produza impactos sobre as mesmas.

É importante, neste momento, lançar luz sobre algo nem sempre muito visível. Em vários momentos, ao longo da sua existência, assistimos a questionamentos em relação à Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica no que refere à sua condição de ser mantida pelo orçamento público federal, sobretudo quando, no limite de sua função, estava a formação de técnicos de Nível Médio. Em tempos recentíssimos, a Educação Profissional e Tecnológica viu se arguida no que se refere à pertinência da oferta pública; este é um tempo em que também se acentua, em relação à EPT, uma concepção de caráter funcionalista, estreito e restrito apenas a atender aos objetivos determinados pelo mercado e a Rede Federal decresce em igual proporção à aplicação de recursos públicos. Em resumo, a Educação Profissional no Brasil é fruto da correlação de força entre setores que sempre a tomaram como um braço a favor da acumulação capitalista e outros que a concebem como importante instrumento de política social, aqui assumida como aquelas voltadas para a redistribuição dos benefícios sociais visando à diminuição das desigualdades. Que sentido político associar à criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia? Aponto dois: um primeiro, presente na expansão da Rede Federal e um outro, na concepção da Educação Profissional e Tecnológica em curso.

A expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, cujo critério na Fase II toma como base a identificação de cidades-polo, elevará a contribuição da rede federal no desenvolvimento socioeconômico do país e concorrerá, sobretudo com a interiorização, para uma mais justa ordenação da oferta de EPT, ao incluir locais historicamente postos à margem das políticas públicas voltadas para esta modalidade. Ao estabelecer que todas as unidades vinculadas aos Institutos Federais (inclusive as novas) têm elevado e isonômico grau de autonomia, afirma o território como uma dimensão essencial a sua função e insere na pauta regimental dessas instituições o seu compromisso com um desenvolvimento socioeconômico que perceba antes o seu “lócus”. Isto implica uma atuação permanentemente articulada e contextualizada a sua região de abrangência. A autonomia dos campi dos Institutos Federais responde à necessidade de se forjar e fomentar o desenvolvimento de uma Educação Profissional e Tecnológica (Pública) a partir de uma demanda que seja socialmente plena, que considere as diversas representações sociais, desde as oriundas da chamada produção elaborada (grandes firmas), os médios e pequenos empreendimentos e os movimentos sociais. É, pois, função precípua dos Institutos Federais atuar a favor dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais.

(Disponível em http://portal.mec.gov.br/)

As proposições a seguir apresentam afirmativas acerca do TEXTO 01.


I. O autor do TEXTO 01 não estabelece relação entre a necessidade de fortalecimento da Educação Profissional e Tecnológica e a soberania nacional.

II. Segundo o TEXTO 01, além de atender a necessidades do mercado de trabalho na qualificação da mão de obra, a Educação Profissional e Tecnológica também visa à inclusão social.

III. Há referência, no TEXTO 01, à importância de Políticas Públicas nas quais os Institutos Federais estejam inseridos, tanto como resultado quanto como propulsor.

IV. Dentro do processo de inclusão citado no TEXTO 01, está o fato de a expansão dos Institutos Federais não contemplar cidades antes abandonadas pelo poder público.

V. Há uma visão claramente positiva, no TEXTO 01, em relação ao desenvolvimento da Educação Profissional e Tecnológica no Brasil da atualidade.


Estão CORRETAS apenas

Alternativas
Q2749550 Português

A LÍNGUA PRATICADA NAS REDES SOCIAIS *


Carlos Alberto Faraco **


Texto apresentado como anexo do artigo de Cláudia Mendes Campos, “Argumentação com o operador além disso”. In: Revista Língua e Instrumentos Linguísticos, N. 37, jan-jun 2016. Campinas: CNPq; Universidade Estadual de Campinas; Editora RG, 2016. Disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao37/edicao37.html Acesso em 15 nov 2016.


Ouço e leio, sobre a língua praticada nas redes sociais, muitas manifestações cheias de temores e preocupações. É como se a língua estivesse nos seus estertores. Gostaria, então, de lembrar que uma língua, na dinâmica dos usos sociais, se transforma continuamente, passa permanentemente por mudanças, mas não decai, não apodrece, não perde o viço, não se esgarça.

[...] Tenho bem consciência de que não é fácil aceitar esse fato [...] que vai contra o imaginário de senso comum. Nesse imaginário, parece predominar a figura da língua como uma realidade estática e homogênea. A mudança, o novo, o diferente são, em geral, representados como sinal de decadência, de destruição, de morte [...].

São, obviamente, falsos temores. [...] Impedem, não raramente, a observação dos fatos e a argumentação racional. Impedem a percepção de quanto a língua é maleável e plástica, de como os falantes a ajustam e adaptam a todas as condições objetivas de seu uso. E isso vale tanto para o plano da fala, quanto para o plano da escrita.

Não seria demais lembrar, por exemplo, que, na Idade Média, o suporte para o texto escrito era raro. Para adaptar-se a essa raridade, as pessoas que escreviam costumavam abreviar as palavras [...]. Não se pulava linha para começar parágrafo (marcava-se o início de novo parágrafo com um sinal específico). Se hoje temos de aprender a ler (a decifrar) estes textos, seus contemporâneos os liam sem dificuldade, já que abreviar palavras na escrita era prática corrente [...].

Da mesma forma, quando a base tecnológica mudou e se desenvolveu a produção de papel, e a imprensa com tipos móveis foi criada e se difundiu, os falantes se viram frente à necessidade de fixar uma ortografia para as suas línguas. Primeiro, porque havia agora uma relativa abundância de papel e não era mais preciso abreviar para ganhar espaço. Por outro lado, com as novas tecnologias, a circulação de material impresso se ampliou enormemente [...]. Era preciso fixar uma ortografia para que todos os leitores, num vasto espaço geográfico, pudessem ler os textos. [...]

A tecnologia nos deu condição de nos comunicarmos por escrito em tempo real. Ora, isso trouxe de volta a necessidade de se lançar mão de recursos de natureza taquigráfica ou quase taquigráfica para vencer os ritmos diferentes da fala e da escrita. A escrita que se pratica, nestas circunstâncias, não é a mesma que se pratica na comunicação não mediada por computador. Não tem (nem pode ter) as características da escrita tradicional, que se faz à distância e de maneira assíncrona.

[...] E as soluções que vemos circulando na internet revelam um forte senso fonológico dos seus praticantes, com reduções, em geral, facilmente identificáveis e legíveis. [...] Na tradição da escrita, marcas de oralidade no texto são avaliados como um defeito. Ao contrário, na escrita que se pratica nas redes sociais, as marcas da oralidade não constituem um problema porque estamos justamente escrevendo a fala. E isso vale tanto para os aspectos estruturais da composição dos enunciados, quanto para a variedade da língua que aí se utiliza. [...]

Assim, são comuns nos textos dos blogues, das salas de chats e nas redes sociais as orações relativas sem a preposição que ainda se faz obrigatória no português standard escrito; são comuns as regências verbais contemporâneas e não as clássicas; as concordâncias verbais da fala, as características do sistema pronominal falado e assim por diante.

[...] ninguém estará obrigado a abandonar suas preferências expressivas para adotar novos modos de escrever. Me parece que neste debate específico, precisamos aceitar dois fatos: primeiro, há espaço para conservadores e inovadores. E, segundo, nem a uns, nem a outros assiste o direito de impor suas preferências.


* Versão do texto apresentado na mesa-redonda “A língua praticada nas redes sociais e a construção da identidade”, realizada no dia 14 de agosto de 2010 na 21ª Bienal Internacional do Livro. ** Professor Titular (aposentado) de Português e Linguística da Universidade Federal do Paraná. [email protected]

Assinale a alternativa correta sobre a análise da oração: ”ninguém estará obrigado a abandonar suas preferências expressivas para adotar novos modos de escrever”.

Alternativas
Q2749549 Português

A LÍNGUA PRATICADA NAS REDES SOCIAIS *


Carlos Alberto Faraco **


Texto apresentado como anexo do artigo de Cláudia Mendes Campos, “Argumentação com o operador além disso”. In: Revista Língua e Instrumentos Linguísticos, N. 37, jan-jun 2016. Campinas: CNPq; Universidade Estadual de Campinas; Editora RG, 2016. Disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao37/edicao37.html Acesso em 15 nov 2016.


Ouço e leio, sobre a língua praticada nas redes sociais, muitas manifestações cheias de temores e preocupações. É como se a língua estivesse nos seus estertores. Gostaria, então, de lembrar que uma língua, na dinâmica dos usos sociais, se transforma continuamente, passa permanentemente por mudanças, mas não decai, não apodrece, não perde o viço, não se esgarça.

[...] Tenho bem consciência de que não é fácil aceitar esse fato [...] que vai contra o imaginário de senso comum. Nesse imaginário, parece predominar a figura da língua como uma realidade estática e homogênea. A mudança, o novo, o diferente são, em geral, representados como sinal de decadência, de destruição, de morte [...].

São, obviamente, falsos temores. [...] Impedem, não raramente, a observação dos fatos e a argumentação racional. Impedem a percepção de quanto a língua é maleável e plástica, de como os falantes a ajustam e adaptam a todas as condições objetivas de seu uso. E isso vale tanto para o plano da fala, quanto para o plano da escrita.

Não seria demais lembrar, por exemplo, que, na Idade Média, o suporte para o texto escrito era raro. Para adaptar-se a essa raridade, as pessoas que escreviam costumavam abreviar as palavras [...]. Não se pulava linha para começar parágrafo (marcava-se o início de novo parágrafo com um sinal específico). Se hoje temos de aprender a ler (a decifrar) estes textos, seus contemporâneos os liam sem dificuldade, já que abreviar palavras na escrita era prática corrente [...].

Da mesma forma, quando a base tecnológica mudou e se desenvolveu a produção de papel, e a imprensa com tipos móveis foi criada e se difundiu, os falantes se viram frente à necessidade de fixar uma ortografia para as suas línguas. Primeiro, porque havia agora uma relativa abundância de papel e não era mais preciso abreviar para ganhar espaço. Por outro lado, com as novas tecnologias, a circulação de material impresso se ampliou enormemente [...]. Era preciso fixar uma ortografia para que todos os leitores, num vasto espaço geográfico, pudessem ler os textos. [...]

A tecnologia nos deu condição de nos comunicarmos por escrito em tempo real. Ora, isso trouxe de volta a necessidade de se lançar mão de recursos de natureza taquigráfica ou quase taquigráfica para vencer os ritmos diferentes da fala e da escrita. A escrita que se pratica, nestas circunstâncias, não é a mesma que se pratica na comunicação não mediada por computador. Não tem (nem pode ter) as características da escrita tradicional, que se faz à distância e de maneira assíncrona.

[...] E as soluções que vemos circulando na internet revelam um forte senso fonológico dos seus praticantes, com reduções, em geral, facilmente identificáveis e legíveis. [...] Na tradição da escrita, marcas de oralidade no texto são avaliados como um defeito. Ao contrário, na escrita que se pratica nas redes sociais, as marcas da oralidade não constituem um problema porque estamos justamente escrevendo a fala. E isso vale tanto para os aspectos estruturais da composição dos enunciados, quanto para a variedade da língua que aí se utiliza. [...]

Assim, são comuns nos textos dos blogues, das salas de chats e nas redes sociais as orações relativas sem a preposição que ainda se faz obrigatória no português standard escrito; são comuns as regências verbais contemporâneas e não as clássicas; as concordâncias verbais da fala, as características do sistema pronominal falado e assim por diante.

[...] ninguém estará obrigado a abandonar suas preferências expressivas para adotar novos modos de escrever. Me parece que neste debate específico, precisamos aceitar dois fatos: primeiro, há espaço para conservadores e inovadores. E, segundo, nem a uns, nem a outros assiste o direito de impor suas preferências.


* Versão do texto apresentado na mesa-redonda “A língua praticada nas redes sociais e a construção da identidade”, realizada no dia 14 de agosto de 2010 na 21ª Bienal Internacional do Livro. ** Professor Titular (aposentado) de Português e Linguística da Universidade Federal do Paraná. [email protected]

Releia: “Ao contrário, na escrita que se pratica nas redes sociais, as marcas da oralidade não constituem um problema porque estamos justamente escrevendo a fala. E isso vale tanto para os aspectos estruturais da composição dos enunciados, quanto para a variedade da língua que aí se utiliza”.


Nesse trecho, o autor se refere, especificamente, a que variedade da língua? Assinale a alternativa que a contenha.

Alternativas
Q2749548 Português

A LÍNGUA PRATICADA NAS REDES SOCIAIS *


Carlos Alberto Faraco **


Texto apresentado como anexo do artigo de Cláudia Mendes Campos, “Argumentação com o operador além disso”. In: Revista Língua e Instrumentos Linguísticos, N. 37, jan-jun 2016. Campinas: CNPq; Universidade Estadual de Campinas; Editora RG, 2016. Disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao37/edicao37.html Acesso em 15 nov 2016.


Ouço e leio, sobre a língua praticada nas redes sociais, muitas manifestações cheias de temores e preocupações. É como se a língua estivesse nos seus estertores. Gostaria, então, de lembrar que uma língua, na dinâmica dos usos sociais, se transforma continuamente, passa permanentemente por mudanças, mas não decai, não apodrece, não perde o viço, não se esgarça.

[...] Tenho bem consciência de que não é fácil aceitar esse fato [...] que vai contra o imaginário de senso comum. Nesse imaginário, parece predominar a figura da língua como uma realidade estática e homogênea. A mudança, o novo, o diferente são, em geral, representados como sinal de decadência, de destruição, de morte [...].

São, obviamente, falsos temores. [...] Impedem, não raramente, a observação dos fatos e a argumentação racional. Impedem a percepção de quanto a língua é maleável e plástica, de como os falantes a ajustam e adaptam a todas as condições objetivas de seu uso. E isso vale tanto para o plano da fala, quanto para o plano da escrita.

Não seria demais lembrar, por exemplo, que, na Idade Média, o suporte para o texto escrito era raro. Para adaptar-se a essa raridade, as pessoas que escreviam costumavam abreviar as palavras [...]. Não se pulava linha para começar parágrafo (marcava-se o início de novo parágrafo com um sinal específico). Se hoje temos de aprender a ler (a decifrar) estes textos, seus contemporâneos os liam sem dificuldade, já que abreviar palavras na escrita era prática corrente [...].

Da mesma forma, quando a base tecnológica mudou e se desenvolveu a produção de papel, e a imprensa com tipos móveis foi criada e se difundiu, os falantes se viram frente à necessidade de fixar uma ortografia para as suas línguas. Primeiro, porque havia agora uma relativa abundância de papel e não era mais preciso abreviar para ganhar espaço. Por outro lado, com as novas tecnologias, a circulação de material impresso se ampliou enormemente [...]. Era preciso fixar uma ortografia para que todos os leitores, num vasto espaço geográfico, pudessem ler os textos. [...]

A tecnologia nos deu condição de nos comunicarmos por escrito em tempo real. Ora, isso trouxe de volta a necessidade de se lançar mão de recursos de natureza taquigráfica ou quase taquigráfica para vencer os ritmos diferentes da fala e da escrita. A escrita que se pratica, nestas circunstâncias, não é a mesma que se pratica na comunicação não mediada por computador. Não tem (nem pode ter) as características da escrita tradicional, que se faz à distância e de maneira assíncrona.

[...] E as soluções que vemos circulando na internet revelam um forte senso fonológico dos seus praticantes, com reduções, em geral, facilmente identificáveis e legíveis. [...] Na tradição da escrita, marcas de oralidade no texto são avaliados como um defeito. Ao contrário, na escrita que se pratica nas redes sociais, as marcas da oralidade não constituem um problema porque estamos justamente escrevendo a fala. E isso vale tanto para os aspectos estruturais da composição dos enunciados, quanto para a variedade da língua que aí se utiliza. [...]

Assim, são comuns nos textos dos blogues, das salas de chats e nas redes sociais as orações relativas sem a preposição que ainda se faz obrigatória no português standard escrito; são comuns as regências verbais contemporâneas e não as clássicas; as concordâncias verbais da fala, as características do sistema pronominal falado e assim por diante.

[...] ninguém estará obrigado a abandonar suas preferências expressivas para adotar novos modos de escrever. Me parece que neste debate específico, precisamos aceitar dois fatos: primeiro, há espaço para conservadores e inovadores. E, segundo, nem a uns, nem a outros assiste o direito de impor suas preferências.


* Versão do texto apresentado na mesa-redonda “A língua praticada nas redes sociais e a construção da identidade”, realizada no dia 14 de agosto de 2010 na 21ª Bienal Internacional do Livro. ** Professor Titular (aposentado) de Português e Linguística da Universidade Federal do Paraná. [email protected]

Os excertos a seguir foram extraídos do artigo escrito por Marcos Bagno (UnB) e Egon de Oliveira Rangel (PUCSP), intitulado “Tarefas da educação linguística [sic] no Brasil”. Esse artigo foi publicado pela Revista Brasileira de Lingüística [sic] Aplicada, v. 5, n. 1, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbla/v5n1/04.pdf. Acesso em 12 nov 2016.


Analise esses excertos sob o ponto de vista da vinculação ou não destes a ideias presentes no texto lido anteriormente: “A língua praticada nas redes sociais”, de Carlos Alberto Faraco.


I. Entendemos por educação linguística [sic] o conjunto de fatores socioculturais que, durante toda a existência de um indivíduo, lhe possibilitam adquirir, desenvolver e ampliar o conhecimento de/sobre sua língua materna, [...] sobre a linguagem de um modo mais geral e sobre todos os demais sistemas semióticos (p. 63).

II. Desses saberes, evidentemente, também fazem parte as crenças, superstições, representações, mitos e preconceitos que circulam na sociedade em torno da língua/linguagem e que compõem o que se poderia chamar de imaginário linguístico [sic] (p. 63).

III. Inclui-se também [...] o aprendizado das normas de comportamento linguístico [sic] que regem a vida dos diversos grupos sociais, cada vez mais amplos e variados, em que o indivíduo vai ser chamado a se inserir (p. 64).

IV. É possível dizer que a educação linguística [sic] de cada indivíduo começa logo no início de sua vida, quando, em suas interações com a família e a comunidade, adquire sua língua materna (p. 64).


Os excertos vinculados ao texto de Carlos Alberto Faraco são:

Alternativas
Q2749547 Português

A LÍNGUA PRATICADA NAS REDES SOCIAIS *


Carlos Alberto Faraco **


Texto apresentado como anexo do artigo de Cláudia Mendes Campos, “Argumentação com o operador além disso”. In: Revista Língua e Instrumentos Linguísticos, N. 37, jan-jun 2016. Campinas: CNPq; Universidade Estadual de Campinas; Editora RG, 2016. Disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao37/edicao37.html Acesso em 15 nov 2016.


Ouço e leio, sobre a língua praticada nas redes sociais, muitas manifestações cheias de temores e preocupações. É como se a língua estivesse nos seus estertores. Gostaria, então, de lembrar que uma língua, na dinâmica dos usos sociais, se transforma continuamente, passa permanentemente por mudanças, mas não decai, não apodrece, não perde o viço, não se esgarça.

[...] Tenho bem consciência de que não é fácil aceitar esse fato [...] que vai contra o imaginário de senso comum. Nesse imaginário, parece predominar a figura da língua como uma realidade estática e homogênea. A mudança, o novo, o diferente são, em geral, representados como sinal de decadência, de destruição, de morte [...].

São, obviamente, falsos temores. [...] Impedem, não raramente, a observação dos fatos e a argumentação racional. Impedem a percepção de quanto a língua é maleável e plástica, de como os falantes a ajustam e adaptam a todas as condições objetivas de seu uso. E isso vale tanto para o plano da fala, quanto para o plano da escrita.

Não seria demais lembrar, por exemplo, que, na Idade Média, o suporte para o texto escrito era raro. Para adaptar-se a essa raridade, as pessoas que escreviam costumavam abreviar as palavras [...]. Não se pulava linha para começar parágrafo (marcava-se o início de novo parágrafo com um sinal específico). Se hoje temos de aprender a ler (a decifrar) estes textos, seus contemporâneos os liam sem dificuldade, já que abreviar palavras na escrita era prática corrente [...].

Da mesma forma, quando a base tecnológica mudou e se desenvolveu a produção de papel, e a imprensa com tipos móveis foi criada e se difundiu, os falantes se viram frente à necessidade de fixar uma ortografia para as suas línguas. Primeiro, porque havia agora uma relativa abundância de papel e não era mais preciso abreviar para ganhar espaço. Por outro lado, com as novas tecnologias, a circulação de material impresso se ampliou enormemente [...]. Era preciso fixar uma ortografia para que todos os leitores, num vasto espaço geográfico, pudessem ler os textos. [...]

A tecnologia nos deu condição de nos comunicarmos por escrito em tempo real. Ora, isso trouxe de volta a necessidade de se lançar mão de recursos de natureza taquigráfica ou quase taquigráfica para vencer os ritmos diferentes da fala e da escrita. A escrita que se pratica, nestas circunstâncias, não é a mesma que se pratica na comunicação não mediada por computador. Não tem (nem pode ter) as características da escrita tradicional, que se faz à distância e de maneira assíncrona.

[...] E as soluções que vemos circulando na internet revelam um forte senso fonológico dos seus praticantes, com reduções, em geral, facilmente identificáveis e legíveis. [...] Na tradição da escrita, marcas de oralidade no texto são avaliados como um defeito. Ao contrário, na escrita que se pratica nas redes sociais, as marcas da oralidade não constituem um problema porque estamos justamente escrevendo a fala. E isso vale tanto para os aspectos estruturais da composição dos enunciados, quanto para a variedade da língua que aí se utiliza. [...]

Assim, são comuns nos textos dos blogues, das salas de chats e nas redes sociais as orações relativas sem a preposição que ainda se faz obrigatória no português standard escrito; são comuns as regências verbais contemporâneas e não as clássicas; as concordâncias verbais da fala, as características do sistema pronominal falado e assim por diante.

[...] ninguém estará obrigado a abandonar suas preferências expressivas para adotar novos modos de escrever. Me parece que neste debate específico, precisamos aceitar dois fatos: primeiro, há espaço para conservadores e inovadores. E, segundo, nem a uns, nem a outros assiste o direito de impor suas preferências.


* Versão do texto apresentado na mesa-redonda “A língua praticada nas redes sociais e a construção da identidade”, realizada no dia 14 de agosto de 2010 na 21ª Bienal Internacional do Livro. ** Professor Titular (aposentado) de Português e Linguística da Universidade Federal do Paraná. [email protected]

Analise as proposições a seguir. Em seguida assinale a alternativa que contenha a análise correta sobre as mesmas.


I. A palavra “estertores”, destacada no texto, remete à ideia de “suspiros finais”.

II. A palavra “assíncrona”, destacada no texto, remete à ideia de “algo que acontece simultaneamente”.

III. No texto, o autor afirma que: “são comuns nos textos dos blogues, das salas de chats e nas redes sociais as orações relativas sem a preposição que ainda se faz obrigatória no português standard escrito”. A oração a seguir é um exemplo da ocorrência mencionada pelo autor: “Ganhei o livro que eu gosto”.

IV. No texto, o autor afirma que também são comuns em blogues, chats e redes sociais “as características do sistema pronominal falado”. A oração a seguir é um exemplo da ocorrência mencionada pelo autor: “Empreste-me o livro”.


Estão corretas.

Alternativas
Respostas
931: C
932: B
933: B
934: C
935: A