Questões de Concurso Comentadas sobre regência em português

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Q628046 Português
Como seremos amanhã?

  Estar aberto às novidades é estar vivo. Fechar-se a elas é morrer estando vivo. Um certo equilíbrio entre as duas atitudes ajuda a nem ser antiquado demais nem ser superavançadinho, correndo o perigo de confusões ou ridículo. 
      Sempre me fascinaram as mudanças - às vezes avanço, às vezes retorno à caverna. Hoje andam incrivelmente rápidas, atingindo usos e costumes, ciência e tecnologia, com reflexos nas mais sofisticadas e nas menores coisas com que lidamos. Nossa visão de mundo se transforma, mas penso que não no mesmo ritmo; então, de vez em quando nos pegamos dizendo, como nossas mães ou avós tanto tempo atrás: “Nossa! Como tudo mudou!”
     Nos usos e costumes a coisa é séria e nos afeta a todos: crianças muito precocemente sexualizadas pela moda, pela televisão, muitas vezes por mães alienadas. [...]
       Na saúde, acho que melhorou. Sou de uma infância sem antibióticos. A gente sobrevivia sob os cuidados de mãe, pai, avó, médico de família, aquele que atendia do parto à cirurgia mais complexa para aqueles dias. Dieta, que hoje se tornou obsessão, era impensável, sobretudo para crianças, e eu pré- adolescente gordinha, não podia nem falar em “regime” que minha mãe arrancava os cabelos e o médico sacudia a cabeça: “Nem pensar”.
     Em breve estaremos menos doentes: célula-tronco e chips vão nos consertar de imediato, ou evitar os males. Teremos de descobrir o que fazer com tanto tempo de vida a mais que nos será concedido... [...]
    Quem sabe nos mataremos menos, se as drogas forem controladas e a miséria extinta. Não creio em igualdade, mas em dignidade para todos. Talvez haja menos guerras, porque de alguma forma seremos menos violentos. 
[...]
      As crianças terão outras memórias, outras brincadeiras, outras alegrias; os adultos, novas sensações e possibilidades. Mas as emoções humanas, estas eu penso que vão demorar a mudar. Todos vão continuar querendo mais ou menos o mesmo: afeto, presença, sentido para a vida, alegria. Desta, por mais modernos, avançados, biônicos, quânticos, incríveis, não podemos esquecer. Ou não valerá a pena nem um só ano a mais, saúde a mais, brinquedinhos a mais. Seremos uns robôs cinzentos e sem graça! 

Lya Luft, Veja. São Paulo, 2 de março, 2011, p.24 
Se no trecho “Hoje andam incrivelmente rápidas, atingindo usos e costumes, ciência e tecnologia, com reflexos nas mais sofisticadas e nas menores coisas COM QUE lidamos.” for trocado o verbo lidar pelo verbo conversar, também será necessário trocar as palavras destacadas por:
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Q627966 Português

                                         Cultura


      Ele disse: “O teu sorriso é como o primeiro suave susto de Julieta quando, das sombras perfumadas do jardim sob a janela insone, Romeu deu voz ao sublime Bardo e a própria noite aguçou seus ouvidos”.

       E ela disse: “Corta essa.”

       E ele disse: “A tua modéstia é como o rubor que assoma à face de rústicas campônias acossadas num quadro de Bruegel, pai, enaltecendo seu rubicundo encanto e derrotando o próprio simular de recato que a natureza, ao     deflagrá‐lo, quis.”

       E ela disse: “Cumé que é?”

       E ele:“Eu te amo como jamais um homem amou, como o Amor mesmo, em seu autoamor, jamais se considerou capaz de amar.”

       E ela: “Tô sabendo…”

       “Tu és a chuva e eu sou a terra; tu és ar e eu sou fogo; tu és estrume, eu sou raiz.”

       “Pô!”

       “Desculpe. Esquece este último símile. Minha amada, minha vida. A inspiração é tanta que transborda e me foge, eu estou bêbado de paixão, o estilo tropeça no meio‐fio, as frases caem do bolso…”

       “Sei…

       “Os teus olhos são dois poços de águas claras onde brinca a luz da manhã, minha amada. A tua fronte é como o muro de alabastro do templo de Zamaz‐al‐Kaad, onde os sábios iam roçar o nariz e pensar na Eternidade.

        A tua boca é uma tâmara partida… Não, a tua boca é como um… um… Pera só um pouquinho…”

        “Tô só te cuidando.”

        “A tua boca, a tua boca, a tua boca… (Uma imagem, meu Deus!)”

        “Que qui tem a minha boca?”

        “A tua boca, a tua boca… Bom, vamos pular a boca. O teu pescoço é como o pescoço de Greta Garbo na famosa cena da nuca em Madame Walewska, com Charles Boyer,dirigido por Clawrence Brown, iluminado por…

        “Escuta aqui…”

        “Eu tremo! Eu desfaleço! Ela quer que eu a escute! Como se todo o meu ser não fosse uma membrana que espera a sua voz para reverberar de amor, como se o céu não fosse a campana e o Sol o badalo desta sinfonia especial: uma palavra dela…”

        “Tá ficando tarde”.

        “Sim, envelhecemos. O Tempo, soturno cocheiro deste carro fúnebre que é a Vida. Como disse Eliot, aliás, Yeats – ou foi Lampedusa? –, o Tempo, esse surdo‐mudo que nos leva às costas…”

        “Vamos logo que hoje eu não posso ficar toda a noite.”

        “Vamos! Para o Congresso Carnal. O monstro de duas costas do Bardo, acima citado. Que nossos espíritos entrelaçados alcem voo e fujam, e os sentidos libertos ergam o timão e insuflem as velas para a tormentosa viagem ao vórtice da existência humana, onde, que, a, e, o, um, como, quando, por que, sei lá…”

        “Vem logo.”

        “Palavras, palavras…”

        “Depressa!”

        “Já vou. Ah, se com estas roupas eu pudesse despir tudo, civilização, educação, passado, história, nome, CPF, derme, epiderme… Uma união visceral, pâncreas e pâncreas, os dois corações se beijando através das grades das caixas torácicas como Glenn Ford e Diana Lynn em…”

         “Vem. Assim. Isso. Acho que hoje vamos conseguir. Agora fica quieto e…”

         “Já sei!”

         “O quê? Volta aqui, pô”…”

         “Como um punhado de amoras na neve das estepes. A tua boca é como um punhado de amoras na neve das estepes!

                           

   (VERÍSSIMO, Luiz Fernando. Cultura. In: As mentiras que os homens contam. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.)

Em “Romeu deu voz ao sublime Bardo e a própria noite aguçou seus ouvidos.” (1º§) é correto afirmar em relação aos termos destacados, que
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Q623251 Português

                                      O encontro


      Maria da Piedade Lourenço era uma mulher miúda e nervosa, com uma cabeleira pardacenta, malcuidada, erguida, como uma crista, no alto da cabeça. Ludo não conseguia distinguir-lhe os pormenores do rosto. Todavia, deu pela crista. Parece uma galinha, pensou, e logo se arrepende por ter pensado aquilo. Andara nervosíssima nos dias que antecederam a chegada da filha. Quando esta lhe surgiu à frente, porém, veio-lhe uma grande calma. Mandou-a entrar. A sala estava agora pintada e arranjada, soalho novo, portas novas, tudo isso às custas do vizinho, Arnaldo Cruz, que também fizera questão de oferecer as mobílias. Comprara o apartamento a Ludo, concedendo-lhe o usufruto vitalício do mesmo, e comprometendo-se a pagar os estudos de Sabalu até este concluir a universidade.

      A mulher entrou. Sentou-se numa das cadeiras, tensa, agarrada à bolsa como a uma boia de salvação. Sabalu foi buscar chá e biscoitos.

      Não sei como a hei de chamar.

      Pode chamar-me Ludovica, é o meu nome.

      Um dia poderei chamá-la mãe?

     Ludo apertou as mãos de encontro ao ventre. Podia ver, através das janelas, os ramos mais altos da mulemba. Nenhuma brisa os inquietava.

      Sei que não tenho desculpa, murmurou: Era muito nova, e estava assustada. Isso não justifica o que fiz.

      Maria da Piedade arrastou a cadeira para junto dela. Pousou a mão direita no seu joelho:

      Não vim a Luanda para cobrar nada. Vim para a conhecer. Quero levá-la de volta para a nossa terra.

      Ludo segurou-lhe a mão:

      Filha, esta é a minha terra. Já não me resta outra.

      Apontou para a mulemba:

      Tenho visto crescer aquela árvore. Ela viu-me envelhecer a mim.

      Conversamos muito.

      A senhora há de ter família em Aveiro.

      Família?!

      Família, amigos, eu sei lá.

      Ludo sorriu para Sabalu, que assistia a tudo, muito atento, enterrado num dos sofás:

      A minha família é esse menino, a mulemba lá fora, o fantasma de um cão. Vejo cada vez pior. Um oftalmologista, amigo do meu vizinho, esteve aqui em casa, a observar-me. Disse-me que nunca perderei a vista por completo. Resta-me a visão periférica. Hei de sempre distinguir a luz, e a luz neste país é uma festa. Em todo o caso, não pretendo mais: A luz, Sabalu a ler para mim, e a alegria de uma romã todos os dias.


AGUALUSA, José Eduardo.Teoria Geral do Esquecimento. Rio de Janeiro: Foz, 2012. 

Considere as seguintes afirmações sobre aspectos da construção do texto:


I. No fragmento “A sala estava agora pintada e arranjada, soalho novo, portas novas, tudo isso às custas do vizinho.”, os adjetivos concordam adequadamente em gênero e número com os substantivos aos quais se referem.

II. Atentando para o uso do sinal indicativo de crase, o A, em todas as ocorrências no segmento “A sala estava agora pintada e arranjada, soalho novo, portas novas, tudo isso às custas do vizinho, Arnaldo Cruz, que também fizera questão de oferecer as mobílias.”, poderia ser acentuado.

III. Na frase “Quero levá-LA de volta para a nossa terra.”, o elemento destacado substitui Maria da Piedade.


Está correto apenas o que se afirma em: 

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Q622654 Português
Assinale a opção em que a substituição sugerida para o termo usado no texto provoca erro gramatical ou incoerência textual.
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Q622585 Português
Assinale o trecho inteiramente correto quanto às regras de concordância e regência da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Trechos adaptados de “Estudo dos determinantes dos preços das companhias aéreas no mercado brasileiro”, de Alessando V. Marques de Oliveira. Acesso em: 17/12/2015. 

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Q621755 Português

Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do texto O que é um cronista?, julgue o item a seguir.


Na linha 10, o emprego do acento indicativo de crase em “à chuva” é exigido pela regência da forma verbal “exposto” e pela presença do artigo definido feminino que especifica o substantivo “chuva”. 

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Q617869 Português
                                                       
A linguagem poética

Em relação à prosa comum, o poema se define de certas restrições e de certas liberdades. Frequentemente se confunde a poesia com o verso. Na sua origem, o verso tem uma função mneumotécnica (= técnica de memorizar); os textos narrativos, líricos e mesmo históricos e didáticos eram comunicados oralmente, e os versos – repetição de um mesmo número de sílabas ou de um número fixo de acentos tônicos e eventualmente repetição de uma mesma sonoridade (rima) – facilitavam a memorização. Mais tarde o verso se tornou um meio de enfeitar o discurso, meio que se desvalorizou pouco a pouco: a poesia contemporânea é rimada, mas raramente versificada. Na verdade o valor poético do verso decorre de suas relações com o ritmo, com a sintaxe, com as sonoridades, com o sentido das palavras. O poema é um todo.

(…)

Os poetas enfraquecem a sintaxe, fazendo-a ajustar-se às exigências do verso e da expressão poética. Sem se permitir verdadeiras incorreções gramaticais, eles se permitem “licenças poéticas".

Além disso, eles trabalham o sentido das palavras em direções contrárias: seja dando a certos termos uma extensão ou uma indeterminação inusitadas; seja utilizando sentidos raros, em desuso ou novos; seja criando novas palavras.

Tais liberdades aparecem mais particularmente na utilização de imagens. Assim, Jean Cohen, ao estudar o processo de fabricação das comparações poéticas, observa que a linguagem corrente faz espontaneamente apelo a comparações “razoáveis" (pertinentes) do tipo “a terra é redonda como uma laranja" (a redondeza é efetivamente uma qualidade comum à terra e a uma laranja), ao passo que a linguagem poética fabrica comparações inusitadas tais como: “Belo como a coisa nova/Na prateleira até então vazia" (João Cabral de Melo Neto). Ou, então estranhas como: “A terra é azul como uma laranja" (Paul Éluard).

Francis Vanoye
Assinale a alternativa correta quanto à regência verbal.
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Q617077 Português
    Adidas corre para corrigir erro gramatical em camisa comemorativa do Palmeiras

                                                     Martin Fernandez

A Adidas, fornecedora de material esportivo do Palmeiras, corre contra o tempo para confeccionar novas camisas para os jogadores do time, que nesta quarta-feira inaugura o seu novo estádio em partida contra o Sport, às 22h, pelo Campeonato Brasileiro. A empresa produziu uma peça especial para a festa desta noite, mas o uniforme divulgado tinha um erro de português.

Ao redor do distintivo, a frase “o bom filho à casa torna" foi escrita equivocadamente com o acento grave, que representa crase, na preposição “a" - a crase é a junção de duas vogais, utilizada, por exemplo, quando se funde o artigo feminino “a" com a preposição “a".

- Não deveria ter (crase na frase da camisa). Quando se refere a sua própria casa, não existe o artigo. Você sai de casa, passa em casa. O curioso é que se fosse qualquer outra casa, a do vizinho, a da sogra, a do São Paulo, aí haveria o artigo - explica o professor Sérgio Nogueira.

A Adidas está rastreando a fonte do erro. Algumas camisas foram produzidas com a falha, mas, segundo a empresa, nenhuma chegou às lojas Ainda não se sabe o que será feito com essas peças.

(Martin Fernandez, em 19 de novembro de 2014. Texto retirado do Blog Bastidores FC: http://globoesporte.globo.com/ blogs/especial-blog/bastidores-fc/post/adidas-corre-para-corrigir-erro-gramatical-em-camisa-comemorativa-do-palmeiras.html) 
Observe a seguinte frase escrita pelo autor da notícia: “Algumas camisas foram produzidas com a falha, mas, segundo a empresa, nenhuma chegou às lojas". O que justifica o fato de, nesse caso, o uso da crase ser obrigatório, segundo a norma-padrão da língua portuguesa? 
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Q616863 Português
                   AS PRINCIPAIS CAUSAS DE DEMISSÃO NO BRASIL

Uma pesquisa da consultoria Robert Half mostrou os motivos que ___(I)___: empregadores ___(II)____ ordenarem demissões no Brasil. Segundo os diretores de recursos humanos ouvidos pelo estudo, a principal razão para desligar um funcionário é o fraco desempenho no trabalho.

 "O principal recado que fica para o profissional é que as empresas cobram resultados mais do que nunca" , diz Caio Arnaes, gerente sênior da Robert Half. O baixo nível de performance ficou no topo do ranking, com 34% das respostas.

Problemas associados ao comportamento do funcionário apareceram em seguida. Falta de aderência ___(III)___cultura da empresa e dificuldades de relacionamento com a equipe foram questões citadas por 26% e 16% dos entrevistados, respectivamente.

Segundo Caio, mesmo os problemas pessoais, não associados à capacidade técnica do profissional, acabam resvalando na produtividade do funcionário. "Se você não combina com a maneira de ser a empresa ou não se dá bem com as outras pessoas, dificilmente terá uma boa performance , afirma ele.

Claudia Gasparini, de Exame.com, disponível em [http://exame. abril com. br/carreira/noticias/as-principais-causas-de-demissao-no-brasil], consultado em 24 de outubro de 2011. 
Para que o texto atenda aos ditames da norma culta, as lacunas acima deverão ser preenchidas conforme apresentado em qual alternativa? 
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Q614626 Português
1. Considere as duas frases a seguir.
▪ Frase 1: O comércio entre os países do Mercosul quadruplicaram nos últimos anos – e fazem os melhores negócios quem se comunica melhor. ▪ Frase 2: O péssimo estado de conservação de muitas rodovias catarinenses causam prejuízos de milhões de reais aos cofres públicos.
Sobre elas, assinale a alternativa correta.
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Q613878 Português
                                                   Sonhos

  Sonhar é como ir ao cinema. Seus olhos se fechando são como as luzes do cinema se apagando, e seu sonho é como um filme projetado na tela. Só que... Só que, mesmo que você não saiba exatamente o que vai ver no cinema, tem uma ideia. Leu uma sinopse do filme no jornal, viu o cartaz. Sabe se vai ser um drama ou uma comédia. Sabe quem são os atores. Sabe que, se for filme de horror, vai se assustar, se for um filme com o Silvester Stallone, vai ter soco etc. Quer dizer: você entra no cinema preparado. Mas você nunca dorme sabendo o que vai sonhar.

                                              (Luís Fernando Veríssimo, fragmento)
A regência do verbo “ir” em “Sonhar é como ir ao cinema”, segue a exigência da norma padrão da língua. Assinale a opção em que essa exigência NÃO está sendo respeitada, ilustrando uma transgressão à norma.
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Q613485 Português
      O processo impregnado de complexidade, ao qual se sobrepõem ideias de avanço ou expansão intensamente ideologizadas, e que convencionamos chamar pelo nome de progresso, tem, dentre outros, um atributo característico: tornar a organização da vida cada vez mais tortuosa, ao invés de simplificá-la. Progredir é, em certos casos, sinônimo de complicar. Os aparelhos, os sinais, as linguagens e os sons gradativamente incorporados à vida consomem a atenção, os gestos, a capacidade de entender. Além disso, do manual de instruções de um aparelho eletrônico à numeração das linhas de ônibus, passando pelo desenho das vias urbanas, pelos impostos escorchantes e pelas regras que somos obrigados a obedecer – inclusive nos atos mais simples, como o de andar a pé −, há uma evidente arbitrariedade, às vezes melíflua, às vezes violenta, que se insinua no cotidiano.

      Não há espaço melhor para averiguarmos as informações acima do que os principais centros urbanos. Na opinião do geógrafo Milton Santos, um marxista romântico, “a cidade é o lugar em que o mundo se move mais; e os homens também. A co-presença ensina aos homens a diferença. Por isso, a cidade é o lugar da educação e da reeducação. Quanto maior a cidade, mais numeroso e significativo o movimento, mais vasta e densa a co-presença e também maiores as lições de aprendizado".

      Essa linha de pensamento, contudo, não é seguida por nós, os realistas, entre os quais se inclui o narrador de O silenceiro, escrito pelo argentino Antonio di Benedetto. Para nós, o progresso transformou as cidades em confusas aglomerações, nas quais a opressão viceja. O narrador-personagem do romance de Di Benedetto anseia desesperadamente pelo silêncio. Os barulhos, elementos inextricáveis da cidade, intrometem-se no cotidiano desse homem, ganhando existência própria. E a própria espera do barulho, sua antevisão, a certeza de que ele se repetirá, despedaça o narrador. À medida que o barulho deixa de ser exceção para se tornar a norma irrevogável, fracassam todas as soluções possíveis.

A cidade conspira contra o homem. As derivações da tecnologia fugiram, há muito, do nosso controle.

(Adaptado de: GURGEL, Rodrigo. Crítica, literatura e narratofobia. Campinas, Vide Editorial, 2015, p. 121-125) 
E a própria espera do barulho (...) despedaça o narrador.

O verbo que possui, no contexto, o mesmo tipo de complemento do grifado acima está em: 
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Q613225 Português
     Nasci na Rua Faro, a poucos metros do Bar Joia, e, muito antes de ir morar no Leblon, o Jardim Botânico foi meu quintal. Era ali, por suas aleias de areia cor de creme, que eu caminhava todas as manhãs de mãos dadas com minha avó. Entrávamos pelo portão principal e seguíamos primeiro pela aleia imponente que vai dar no chafariz. Depois, íamos passear à beira do lago, ver as vitórias-régias, subir as escadarias de pedra, observar o relógio de sol. Mas íamos, sobretudo, catar mulungu.  

      Mulungu é uma semente vermelha com a pontinha preta, bem pequena, menor do que um grão de ervilha. Tem a casca lisa, encerada, e em contraste com a pontinha preta seu vermelho é um vermelho vivo, tão vivo que parece quase estranho à natureza. É bonita. Era um verdadeiro prêmio conseguir encontrar um mulungu em meio à vegetação, descobrir de repente a casca vermelha e viva cintilando por entre as lâminas de grama ou no seio úmido de uma bromélia. Lembro bem com que alegria eu me abaixava e estendia a mão para tocar o pequeno grão, que por causa da ponta preta tinha uma aparência que a mim lembrava vagamente um olho.

      Disse isso à minha avó e ela riu, comentando que eu era como meu pai, sempre prestava atenção nos detalhes das coisas. Acho que já nessa época eu olhava em torno com olhos mínimos. Mas a grandeza das manhãs se media pela quantidade de mulungus que me restava na palma da mão na hora de ir para casa. Conseguia às vezes juntar um punhado, outras vezes apenas dois ou três. E é curioso que nunca tenha sabido ao certo de onde eles vinham, de que árvore ou arbusto caíam aquelas sementes vermelhas. Apenas sabíamos que surgiam no chão ou por entre as folhas e sempre numa determinada região do Jardim Botânico.

      Mas eu jamais seria capaz de reconhecer uma árvore de mulungu. Um dia, procurei no dicionário e descobri que mulungu é o mesmo que corticeira e que também é conhecido pelo nome de flor-de-coral. ''Árvore regular, ornamental, da família das leguminosas, originária da Amazônia e de Mato Grosso, de flores vermelhas, dispostas em racimos multifloros, sendo as sementes do fruto do tamanho de um feijão (mentira!), e vermelhas com mácula preta (isto, sim)'', dizia.

      Mas há ainda um outro detalhe estranho – é que não me lembro de jamais ter visto uma dessas sementes lá em casa. De algum modo, depois de catadas elas desapareciam e hoje me pergunto se não era minha avó que as guardava e tornava a despejá-las nas folhagens todas as manhãs, sempre que não estávamos olhando, só para que tivéssemos o prazer de encontrá-las. O fato é que não me sobrou nenhuma e elas ganharam, talvez por isso, uma aura de magia, uma natureza impalpável. Dos mulungus, só me ficou a memória − essa memória mínima.

(Adaptado de: SEIXAS, Heloísa. Semente da Memória. Disponível em: http://heloisaseixas.com.br) 
No segmento de que árvore ou arbusto caíam aquelas sementes vermelhas (3°parágrafo), o termo sublinhado pode ser substituído corretamente por:
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Q612904 Português
Acerca das ideias e das estruturas linguísticas do texto anterior, de Flávio Gikovate — Para melhor conhecer as pessoas —, julgue o item que se segue.

A omissão da preposição “a" em “tomando por base a nós mesmos" (l.3) e em “A conclusão a que devemos chegar" (l.21) prejudicaria a correção gramatical desses dois trechos.
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Q612840 Português
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta e respectivamente, considerando a norma-padrão da língua portuguesa.

São muitos os alimentos que ___________ ser __________ vontade.
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Q612779 Português
Leia a manchete a seguir, publicada em um portal de notícias, e assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas.

Morador flagra suposto descarte de entulho na zona sul de Ribeirão Preto

Restos ______________ poda e entulhos seriam deixados em terreno ______________ condomínios. Administradora diz ter aval da prefeitura ______________________ descarte, mas governo nega.

(http://goo.gl/d4aqut. Adaptado)
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Ano: 2012 Banca: FCC Órgão: BANESE Prova: FCC - 2012 - BANESE - Técnico Bancário |
Q611200 Português
Atenção:  A questão refere-se ao texto abaixo.

As dificuldades para conciliar desenvolvimento econômico e proteção ambiental travam as grandes obras de infraestrutura. Casos emblemáticos são a usina hidrelétrica de Belo Monte, o projeto de exploração do pré-sal e portos em São Paulo, Rio e Bahia, além do Rodoanel. Muitos dos projetos sofreram modificações por causa das pressões para atender às exigências ambientais. Ainda assim, ONGs e o Ministério Público questionam as obras por causa de seus grandes impactos.
Na avaliação do economista Sergio Besserman Vianna, ex-diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a visão que opõe desenvolvimento e questões ambientais é atrasada. "Esse anacronismo não corresponde mais à realidade. Quem continuar apostando nisso vai errar, pois a economia global está iniciando a maior transição tecnológica desde a Revolução Industrial." Segundo ele, a economia ancorada no desenvolvimento a qualquer custo e nos combustíveis fósseis está no começo de seu declínio, e será substituída por uma economia de baixo carbono e baseada na manutenção dos recursos naturais. "É certo que essa transição ocorrerá e sairão na frente os países que eliminarem essa visão obsoleta de que ambiente e desenvolvimento não podem conviver."

(Afra Balazina e Andrea Vialli. O Estado de S. Paulo, Vida, A24, 20 de fevereiro de 2011, com adaptações)
"Esse anacronismo não corresponde mais à realidade. Quem continuar apostando nisso vai errar, pois a economia global está iniciando a maior transição tecnológica desde a Revolução Industrial."
Considere as afirmativas feitas a partir do segmento transcrito acima. Está INCORRETO o que consta em:
Alternativas
Q609307 Português
Os sebos

   Outro dia resolvi peregrinar por alguns sebos do Centro da cidade. Há quanto tempo! O hábito de frequentar sebos remonta à minha juventude, quando ingressei na universidade. O Jornal do Commercio publicava, aos domingos, em pequenos anúncios, relações de livros e revistas, que tinham sido adquiridos por eles. Segunda‐feira, às sete da manhã, eis‐me em frente à loja do sebo que me interessava. A casa, daquelas bem antigas, só abria às oito, mas, uma hora antes, se formava, na calçada, uma pequena fila de bibliófilos. Abria muito cedo sim, porque o dono sabia da ansiedade daqueles madrugadores. Situava‐se numa daquelas ruas próximas à Praça Tiradentes. Se eu chegasse em segundo lugar, corria o risco sério de o primeiro da fila querer exatamente a obra que eu tanto sonhava ter em minha biblioteca, que acolhia os primeiros livros. Frustração, por que passei algumas vezes, horrível. Um dia de lamentações pela perda. Já era quase minha, afinal! A aflição em querer adivinhar qual obra interessava ao meu possível concorrente era muito forte. Que vontade de perguntar logo que ele declinasse o nome do autor cobiçado. Era um jovem, e meus companheiros de expectativa, bem mais velhos. A época, outra, também impunha respeito aos mais velhos. Muitos livros importantes, para aquele tempo, foram sendo adquiridos assim pelo estudante de Letras.
(Carlos Eduardo Falcão Uchoa)
“...corria o sério risco de o primeiro da fila querer exatamente a obra que tanto eu sonhava ter em minha biblioteca,...".

Sobre os elementos componentes desse segmento, assinale a afirmativa incorreta

Alternativas
Q608713 Português
instrução : A questão refere-se ao texto abaixo.

                                                                                Extensões dos nossos corpos

 

             (MAUTNFR. Anna Verônica. Extensões dos nosso* corpos. Folha de. São Paulo. 6 dc novembro dc 2012.)

Assinale a alternativa que apresenta de forma INCORRETA a preposição (ou combinação de preposição mais artigo) e a palavra que a exige dentro do texto.
Alternativas
Q608283 Português

Texto para a próxima questão


No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto Argumentação, assinale a opção correta.
Alternativas
Respostas
1301: E
1302: A
1303: C
1304: C
1305: B
1306: C
1307: A
1308: D
1309: A
1310: E
1311: C
1312: D
1313: E
1314: C
1315: E
1316: C
1317: B
1318: A
1319: C
1320: B