Questões de Concurso
Sobre regência em português
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propostas.
1 Entender a saúde como grau zero de malestar
permitiu uma grande invenção do século XX,
que foi a previdência social. Se a saúde é a nãodoença,
então sabemos exatamente do que cada
qual necessita para curar-se. A sociedade, assim,
se responsabiliza por tais tratamentos de saúde.
Isso é moral e justificável. Aliás, é quase consenso
que uma das maiores falhas dos Estados Unidos é
não terem um sistema de saúde como o europeu e
o canadense.
2 Contudo, com os avanços da medicina e a
nova idéia de saúde surgem problemas. Antes de
mais nada, até onde vai minha responsabilidade
pela saúde dos outros? Se alguém adoece ou se
fere por decisão própria, deve a sociedade arcar
com suas despesas? Não penso no caso da
tentativa de suicídio, porque esta pode decorrer de
um sofrimento psíquico tão intenso que justifica a
sociedade tratar não só os danos físicos, mas a
causa íntima deles. No entanto, no caso de quem
fuma ou bebe, deve a sociedade custear as
doenças que ele terá a mais do que o não-fumante
ou o não-alcoólico? Ou deveriam essas pessoas,
alertadas há anos dos custos que despejam sobre
seus concidadãos, arcar com eles ou com um
pagamento suplementar de seguro-saúde? É
possível, hoje, estabelecer melhor que no passado
o grau de responsabilidade de cada pessoa nas
mazelas sociais. Vemos isso nos seguros de carro:
os rapazes de 18 a 24 anos são os maiores
causadores de acidentes, portanto quem está nessa
faixa paga um prêmio maior. Todavia, se ao fim de
um ano ou dois ele mostrar que não gerou custos
para a seguradora, provavelmente começará a
ganhar bônus. Esse modelo possivelmente se
ampliará para a saúde.
3 O segundo problema está ligado à expansão
da saúde para um a mais. Uma coisa é curar ou
sarar, outra é dar vantagens - como o que se
chama wellness - que as pessoas antes não
tinham ou que não estão na previsão usual de
nossa vida e de sua qualidade. Aqui, para além do
valor altamente moral da saúde como não-doença,
entram elementos que podem ser da ordem da
vaidade, ou do gosto pelo próprio corpo, ou de certa
felicidade. É difícil separar o que é vaidade, o que é
felicidade, e talvez se esmerar em distingui-los
indique apenas uma atitude moralista no pior
sentido do termo. Mas cada vez mais pessoas hão
de querer não apenas realizar cirurgias plásticas,
como também ampliar seu tempo de vida
sexualmente ativa, sua capacidade física e outras
qualidades que, longe de nos reconduzirem à média
zero do histórico humano, vão nos levar - permitam
a citação de Toy Story - "para o infinito e além".
Ora, se a "medicina da cura" tem custos diferentes
conforme o perfil de saúde e doença dos pacientes,
a "medicina do mais" tem custos diferentes
conforme o que o indivíduo almeja. Naquele caso, o
custo depende de onde se parte; neste, de aonde
se quer chegar. Podemos modelar nosso corpo e
nossa vida, mais que no passado. E quem paga por
isso?
4 Aqui, a ideia de um custeio social - que na
verdade é um rateio, porque como contribuintes
pagamos aquilo que vamos desfrutar como
cidadãos - fica mais difícil. Uma coisa é ratearmos
o custo de operações de câncer, de tratamento de
doenças caras. Outra é ratearmos o sonho de corpo
de cada um. O rateio funciona quando o desejo se
reduz ao de zerar a dor. Esse desejo baixo, mínimo
("só quero parar de sentir dor") admite que,
moralmente, todos paguemos por ele. Entretanto,
alguém de nós aceitaria ratear uma operação para
alguém que quer ampliar o busto, aumentar o pênis
ou simplesmente ter uma condição física superior à
média? Não creio.
5 O melhor exemplo é o do Viagra. É
perfeitamente legítimo um Estado de bem-estar
social, como os europeus, fornecê-lo a idosos que
sentem dificuldade em ter ou manter a ereção. Mas
quantos comprimidos azuis por semana? Por que
um e não dois, três, sete? Não há mais medida,
porque nosso metro moral e previdenciário era o
zero, a não-dor. O orgasmo não se encaixa nesse
modelo. Por melhor que uma relação sexual seja
para a saúde das pessoas, não sabemos qual
número seria o adequado.
6 O caso do sexo tem um elemento irônico,
ademais. Quase todos sabem como é forte, no
desejo sexual, a transgressão. Daí a atração do
fruto proibido. E como fica se o Estado me fornece
os meios de ter relações sexuais? Não se
burocratiza o imaginário em torno do sexo? "O sr. já
recebeu seus comprimidos do mês. O próximo, por
favor!" Talvez o Viagra só funcione de verdade se
for comprado ou, como dizem os baianos sobre as
fitas do Bonfim, se você o ganhar de alguém - ou
roubar

propostas.
1 Entender a saúde como grau zero de malestar
permitiu uma grande invenção do século XX,
que foi a previdência social. Se a saúde é a nãodoença,
então sabemos exatamente do que cada
qual necessita para curar-se. A sociedade, assim,
se responsabiliza por tais tratamentos de saúde.
Isso é moral e justificável. Aliás, é quase consenso
que uma das maiores falhas dos Estados Unidos é
não terem um sistema de saúde como o europeu e
o canadense.
2 Contudo, com os avanços da medicina e a
nova idéia de saúde surgem problemas. Antes de
mais nada, até onde vai minha responsabilidade
pela saúde dos outros? Se alguém adoece ou se
fere por decisão própria, deve a sociedade arcar
com suas despesas? Não penso no caso da
tentativa de suicídio, porque esta pode decorrer de
um sofrimento psíquico tão intenso que justifica a
sociedade tratar não só os danos físicos, mas a
causa íntima deles. No entanto, no caso de quem
fuma ou bebe, deve a sociedade custear as
doenças que ele terá a mais do que o não-fumante
ou o não-alcoólico? Ou deveriam essas pessoas,
alertadas há anos dos custos que despejam sobre
seus concidadãos, arcar com eles ou com um
pagamento suplementar de seguro-saúde? É
possível, hoje, estabelecer melhor que no passado
o grau de responsabilidade de cada pessoa nas
mazelas sociais. Vemos isso nos seguros de carro:
os rapazes de 18 a 24 anos são os maiores
causadores de acidentes, portanto quem está nessa
faixa paga um prêmio maior. Todavia, se ao fim de
um ano ou dois ele mostrar que não gerou custos
para a seguradora, provavelmente começará a
ganhar bônus. Esse modelo possivelmente se
ampliará para a saúde.
3 O segundo problema está ligado à expansão
da saúde para um a mais. Uma coisa é curar ou
sarar, outra é dar vantagens - como o que se
chama wellness - que as pessoas antes não
tinham ou que não estão na previsão usual de
nossa vida e de sua qualidade. Aqui, para além do
valor altamente moral da saúde como não-doença,
entram elementos que podem ser da ordem da
vaidade, ou do gosto pelo próprio corpo, ou de certa
felicidade. É difícil separar o que é vaidade, o que é
felicidade, e talvez se esmerar em distingui-los
indique apenas uma atitude moralista no pior
sentido do termo. Mas cada vez mais pessoas hão
de querer não apenas realizar cirurgias plásticas,
como também ampliar seu tempo de vida
sexualmente ativa, sua capacidade física e outras
qualidades que, longe de nos reconduzirem à média
zero do histórico humano, vão nos levar - permitam
a citação de Toy Story - "para o infinito e além".
Ora, se a "medicina da cura" tem custos diferentes
conforme o perfil de saúde e doença dos pacientes,
a "medicina do mais" tem custos diferentes
conforme o que o indivíduo almeja. Naquele caso, o
custo depende de onde se parte; neste, de aonde
se quer chegar. Podemos modelar nosso corpo e
nossa vida, mais que no passado. E quem paga por
isso?
4 Aqui, a ideia de um custeio social - que na
verdade é um rateio, porque como contribuintes
pagamos aquilo que vamos desfrutar como
cidadãos - fica mais difícil. Uma coisa é ratearmos
o custo de operações de câncer, de tratamento de
doenças caras. Outra é ratearmos o sonho de corpo
de cada um. O rateio funciona quando o desejo se
reduz ao de zerar a dor. Esse desejo baixo, mínimo
("só quero parar de sentir dor") admite que,
moralmente, todos paguemos por ele. Entretanto,
alguém de nós aceitaria ratear uma operação para
alguém que quer ampliar o busto, aumentar o pênis
ou simplesmente ter uma condição física superior à
média? Não creio.
5 O melhor exemplo é o do Viagra. É
perfeitamente legítimo um Estado de bem-estar
social, como os europeus, fornecê-lo a idosos que
sentem dificuldade em ter ou manter a ereção. Mas
quantos comprimidos azuis por semana? Por que
um e não dois, três, sete? Não há mais medida,
porque nosso metro moral e previdenciário era o
zero, a não-dor. O orgasmo não se encaixa nesse
modelo. Por melhor que uma relação sexual seja
para a saúde das pessoas, não sabemos qual
número seria o adequado.
6 O caso do sexo tem um elemento irônico,
ademais. Quase todos sabem como é forte, no
desejo sexual, a transgressão. Daí a atração do
fruto proibido. E como fica se o Estado me fornece
os meios de ter relações sexuais? Não se
burocratiza o imaginário em torno do sexo? "O sr. já
recebeu seus comprimidos do mês. O próximo, por
favor!" Talvez o Viagra só funcione de verdade se
for comprado ou, como dizem os baianos sobre as
fitas do Bonfim, se você o ganhar de alguém - ou
roubar

O início de uma vida artística é definidor. Por mais que a
arte e a vida venham a mudar, e a negar as suas origens, o
começo permanece como referência. No caso de João Gilberto,
mais de meio século depois, o início de sua obra é um atestado
de coerência.
O disco que inicia a bossa nova é um compacto simples
que ele gravou em julho de 1958. De um lado, havia Chega de
Saudade, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Do outro, Bim
Bom, dele mesmo. Não era nem a primeira gravação de João
Gilberto nem o primeiro disco de bossa nova. Ele já havia
gravado dois compactos com os Garotos da Lua, em 1951, e
outro, solo, no ano seguinte.
A batida da bossa nova, por sua vez, aparecera no LP
Canção do Amor Demais, gravado em abril de 1958 por Elizeth
Cardoso. Nele, João Gilberto tocava violão em Chega de
Saudade e Outra Vez. Apesar das treze faixas serem todas de
Jobim e Vinicius, o LP não é de bossa nova. A "Divina" era uma
cantora presa ao samba-canção, com suas ênfases óbvias e
gastas.
A cápsula da invenção surge mesmo no compacto de
1958. A criação se dá em dois planos. Chega de Saudade havia
sido composta por Jobim como um chorinho. Pois João Gilberto
o transformou num samba enxuto, no qual o violão deixa de ser
um mero acompanhante para dividir o primeiro plano com a voz.
A letra é interpretada como quem fala, de modo íntimo. A
melodia (de fundamento europeu) se amalgama à harmonia
(com inspiração do jazz americano) e ao ritmo (que vem da
África e se condensa no samba) para dar origem a outra coisa:
um som que é uma arte.
No outro lado do disco está o segundo plano inventivo, o
do João Gilberto compositor, autor de Bim Bom, a canção que
não tem nada de baião. A letra oscila entre a negativa absoluta
e a afirmação de um resíduo solitário: "só isso", "não", "nada",
"não" de novo, e outra vez "só". O que resta, de concreto, são
duas palavras, "baião" e "coração".
Em qual instância o criador se manifesta mais: na
interpretação que transforma Chega de Saudade de chorinho
em samba, ou na autoria de Bim Bom? Desde 1958, João
Gilberto segue as duas estratégias, mas dá preferência à
primeira delas. Ele recompõe músicas tradicionais e
contemporâneas. Trabalha com tudo, de sambas a boleros. Em
português, inglês, italiano ou francês. Subtrai notas, altera o
andamento, introduz silêncios, junta versos e muda as letras. O
que resulta é algo bem distante do original. João Gilberto retira
os andaimes da música-matriz para torná-la mais direta,
objetiva e clara.
Quando se pergunta a João Gilberto por que não
compõe mais, sua explicação é singela e generosa: "Mas há
tanta coisa bonita a ser consertada!". Ele prefere o trabalho
modesto de polir a beleza que já existe a satisfazer o seu "eu"
autoral.
(Mario Sergio Conti, Bravo, Março/2010)
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:
global e suas consequências se tornou onipresente entre
governos, empresas e cidadãos. É louvável que todos queiram
salvar o planeta, mas o debate sobre como fazê-lo chegou ao
patamar da irracionalidade. Entre cientistas e ambientalistas,
estabeleceu-se uma espécie de fervor fanático e doutrinário
pelas conclusões pessimistas do Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU. Segundo
elas, ou se tomam providências radicais para cortar as
emissões de gases do efeito estufa decorrentes da atividade
humana, ou o mundo chegará ao fim do século XXI à beira de
uma catástrofe. Nos últimos três meses, numa reviravolta
espetacular, a doutrina do aquecimento global vem se
desmanchando na esteira de uma série de escândalos.
Descobriu-se que muitas das pesquisas que dão sustentação
aos relatórios emitidos pelo IPCC não passam de especulação
sem base científica. Pior que isso: os cientistas que conduzem
esses estudos manipularam dados para amparar suas
conclusões.
A reputação do IPCC sofreu um abalo tectônico no início
do ano quando se descobriu um erro grosseiro numa das
pesquisas que compõem seu último relatório, divulgado em
2007. O texto afirma que as geleiras do Himalaia podem
desaparecer até 2035, por causa do aquecimento global. O
derretimento traria consequências devastadoras para bilhões de
pessoas na Ásia, que dependem da água produzida pelo degelo
nas montanhas. Os próprios cientistas que compõem o IPCC
reconheceram que a previsão não tem o menor fundamento
científico e foi elaborada com base em uma especulação. O
mais espantoso é que tal previsão tenha sido tratada como
verdade incontestável por três anos, desde a publicação do
documento.
Os relatórios do IPCC são elaborados por 3000
cientistas de todo o mundo e, por enquanto, formam o melhor
conjunto de informações disponível para estudar os fenômenos
climáticos. O erro está em considerá-lo infalível e, o que é pior,
transformar suas conclusões em dogmas.
(Okky de Souza. Veja, 24 de fevereiro de 2010, pp. 94-95,
com adaptações)
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está na frase:
Tendo em vista a regência verbal, completam-se corretamente as frases com:
I - Dedicou-se às artes e ao estudo da língua portuguesa.
II - O texto faz referência às importações estrangeiras desnecessárias.
III - Compete à nós zelar pelo nosso vocabulário.
O acento indicativo da crase foi corretamente empregado APENAS na(s) frase(s)
"...que o sucesso de ontem não nos garante o sucesso de amanhã." (L. 65-67)
Das passagens transcritas abaixo, qual verbo em destaque apresenta transitividade igual à do verbo destacado acima?
Nos itens a seguir, são apresentados trechos adaptados de jornal de
grande circulação. Julgue-os quanto à correção gramatical.
Graças à políticas públicas realizadas nos últimos anos, como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), do governo federal, as taxas de crianças e adolescentes que trabalham no país vem registrando quedas acentuadas. Mesmo assim, o problema ainda preocupa, pela sua extensão.
O emprego do sinal indicativo de crase na expressão "à espera" (L.43) é obrigatório; portanto, sua retirada acarretaria prejuízo ao sentido do texto.

Julgue os itens a seguir, com relação às ideias e aspectos
linguísticos do texto.

Julgue os itens a seguir, com relação às ideias e aspectos
linguísticos do texto.
Entre os brasileiros_________ frente de negócios próprios abertos__________ menos de quatro anos, a porcentagem dos que___________ de 45 _________54 anos dobrou nesta década - de 7% em 2001 para 15% hoje.
(Veja, 15.07.2009)