Questões de Português - Regência para Concurso

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Q1029672 Português

      Depois do vazio deixado pela Cynira, passei a dar mais valor ao contato com os três netos. Senti-me como o procurador da consorte, que tanto queria acompanhar a evolução da vida dos meninos. Ao mesmo tempo, eles se aproximaram mais de mim, agora que sou o único avô sobrevivente.

      Conversamos, com frequência, sobre opções profissionais. Quando menino, Miguel parecia inclinado a estudar Direito, tal sua obsessão pelos direitos individuais. Toda vez que alguém da família contava uma história de dano produzido por alguém, Miguel proclamava: “Processa!”

     Certa vez, quando subíamos a escadaria de uma livraria da cidade, disse a ele que não me sentia seguro e que, se tomasse um tombo, não poderia processar ninguém, pois a fragilidade era minha.

      “Como não?”, exclamou o Miguel. “Então para que existe o Estatuto do Idoso?”

      Em 2009 entrou na Psicologia da USP, tomado de paixão intelectual por Jung. Quanto ao Felipe, é mais pragmático e se prepara para entrar na faculdade de Economia. Só lhe digo para tomar cuidado com o salto alto, expressão que precisei explicar, pois o jovem, com todo o brilhantismo que lhe é peculiar, é jejuno em futebol.

      A surpresa veio do Antonio, carioca da gema, baladeiro, craque de bola no aterro do Flamengo. Sem abandonar essas atrações, o Antonio entrou no Direito da PUC-Rio e, para surpresa minha, está gostando do curso, com as amolações inevitáveis de sempre. Conversamos sobre questões do Direito, especialmente a área penal. Há dias, sintetizando um trecho do nosso diálogo, enunciei uma regra: Favorabilia ampliandaodiosa restringenda.*

      Não sei se ele entendeu.

(Boris Fausto. O brilho do bronzeum diário. Cosac Naify, 2014. Adaptado)


* “Ampliem-se as disposições favoráveis, restrinjam-se as desfavoráveis.” Princípio interpretativo do Direito, sobretudo na área das garantias individuais.

No trecho – Quando menino, Miguel parecia inclinado a estudar Direito… (2° parágrafo) –, a expressão em destaque pode ser substituída, no contexto em que se encontra, por
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Q1029490 Português

Leia o texto de Hélio Schwartsman para responder à questão.


                                                Por quê?

      “Correlação não é causa” é um mantra que todos aqueles que já entraram numa aula de estatística ou de metodologia científica ouviram. E de fato não é. O canto do galo e o nascer do sol estão fortemente correlacionados, mas ninguém deve achar que é o som emitido pelo galináceo que provoca o surgimento do astro todas as manhãs.

      O problema é que, durante muito tempo, estatísticos e cientistas se deixaram cegar pelo mantra e renunciaram a investigar melhor a causalidade e desenvolver ferramentas matemáticas para lidar com ela, o que é perfeitamente possível. Essa pelo menos é a visão do cientista da computação Judea Pearl, exposta em “The Book of Why” (O livro do porquê), obra que escreveu com o matemático e jornalista científico Dana Mackenzie.

      Os prejuízos foram grandes. Muitas vidas se perderam porque, por várias décadas, a ciência julgou não ter meios para estabelecer com segurança se o cigarro causava ou não câncer, incerteza que a indústria do tabaco foi hábil em explorar.

      Em “The Book of Why”, Pearl e Mackenzie explicam de forma razoavelmente didática quais são as novas técnicas que permitem responder a perguntas causais como “qual a probabilidade de esta onda de calor ter sido provocada pelo efeito estufa?” ou “foi a droga X que curou a doença Y?”. Mais até, os autores falam em usar a estatística para destrinchar o obscuro mundo dos contrafactuais1 .

      Uma advertência importante que os autores fazem a entusiastas do “big data”2 é que não podemos nos furtar a entender as questões estudadas e formular teorias. Não se chega a lugar nenhum só com dados e sem hipóteses.

      Minha sensação, pela retórica empregada (não tenho competência para avaliar tecnicamente), é que Pearl exagera um pouco. Ele faz um uso pouco comedido de termos como “revolução” e “milagre”. Mas é um cientista de primeira linha e, mesmo que ele esteja aumentando as coisas em até 30%, ainda sobram muitas ideias fascinantes no livro.

                            (Hélio Schwartsman. 19.08.2018. www.folha.uol.com.br. Adaptado)

1contrafactual: simulação (sentido aproximado)

2big data: grande banco de dados

Considerando as regras de regência da norma padrão, a expressão destacada em – ... não podemos nos furtar a entender... – pode ser substituída por
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Q1029430 Português

                                                     Texto 1

Filósofo da internet sugere pagar ou sair das redes sociais


       Jaron Lanier não poupa críticas ao modelo de negócios baseado em publicidade, que sustenta a maior parte do que conhecemos por internet hoje. Serviços gratuitos como Facebook, Google e WhatsApp, no fundo, cobram caro. Na visão de Lanier, manipulam, mudam comportamentos e, muitas vezes, nos tornam babacas.

      Em seu quinto livro, “Dez Argumentos para Você Deletar Agora suas Redes Sociais”, recém-lançado no Brasil, o cientista da computação e precursor da realidade virtual encoraja as pessoas cuja vida financeira não depende das redes sociais a abandoná-las – ao menos por seis meses –, para retomarem a “consciência de si próprias”.

      Lanier afirma que, se cometeram muitos erros na internet, um deles era a ideia de que a única forma de inovar e manter o serviço livre era com um modelo baseado em publicidade, o que nos levou a um contexto de vigilância universal. Ele defende um sistema em que as pessoas possam ser pagas pelo que fazem on line e paguem pelo que gostam de fazer on line, o que tornaria a relação mais direta e honesta.

      Lanier explica: “Quando você olhava para o anúncio da TV, ele não estava te olhando de volta. Na internet, é diferente: há mais informação sendo tirada de você do que oferecida. Ferramentas em qualquer site captam como seu corpo se mexe, onde você está e tudo sobre seus dispositivos. O que você vê é a menor parte do que acontece. Toda informação tirada de você é usada para mudar sua experiência on line e criar uma sistemática que te prenda. Isso é chamado de engajamento. Chamo de vício. É quase como vício em jogo, há busca por satisfação, e a punição é severa.”

      Jaron Lanier recomenda ficar atento aos 10 argumentos para você deletar suas redes sociais:


      1. Você está perdendo seu livre-arbítrio

      2. Largar as redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nossos tempos

      3. As redes sociais estão tornando você um babaca

      4. As redes sociais minam a verdade

      5. As redes sociais transformam o que você diz em algo sem sentido

      6. As redes sociais destroem sua capacidade de empatia

      7. As redes sociais deixam você infeliz

      8. As redes sociais não querem que você tenha dignidade econômica

      9. As redes sociais tornam a política impossível

      10. As redes sociais odeiam sua alma

                                                                        (Folha de S. Paulo, 20.10.2019, Adaptado)

Elaborada a partir do texto, assinale a alternativa correta, de acordo com a regência.
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Q1029229 Português

                                Persistência na educação dos filhos


      Todo mundo já ouviu estas frases ditas por adultos que têm filhos: “Meu filho tem um problema”, “Não sei mais o que fazer”, “Eu já fiz de tudo, não tem jeito”, “A escola tem reclamado muito do comportamento dele”, “Nós, pais, estamos perdidos”, “O que eu faço?”, “Devo procurar ajuda profissional?” etc. Vamos tentar entender alguns pontos dessas questões.

      Primeiramente: ter filhos, hoje, para muitos adultos, não deveria trazer problemas, dificuldades, dúvidas e renúncias, e sim delícias, prazer, satisfação e desfrute. Ocorre que, quem tem filhos irá enfrentar percalços, consigo mesmo e com os filhos, terá de fazer escolhas e se defrontar com dilemas e perguntas que não têm respostas certas e que se transformam à medida que os filhos crescem.

      Ora é o sono, a birra, a agressividade descontrolada e a recusa às regras familiares; ora é o estudo, a difícil aprendizagem das letras e dos números, a alimentação e a vida social; ora é a balada, o sono sempre desregrado, a bebida alcoólica e outras drogas, e assim por diante.

      Então, senhores pais, é preciso aceitar o fato de que sim, eles dão e darão trabalho por motivos simples: recusam o mundo adulto ao qual são sujeitados, precisam experimentar e testar suas possibilidades e, portanto, desobedecer. E, acima de tudo, porque cada um deles é singular, muito diferente do filho ideal que aprendemos a querer ter.

      E é exatamente por esse motivo que receitas não costumam funcionar. Ou até funcionam temporariamente, mas as questões que eles nos trazem sempre retornam, de um jeito ou de outro. Mais do que buscar respostas indicadas para esta ou aquela questão, é preciso olhar de perto e de olhos bem abertos cada um dos filhos para que, conhecendo-os, seja possível buscar soluções às questões que eles apresentam. E, mesmo assim, saber que as soluções que encontrarmos nunca serão mágicas.

      Educar é um processo contínuo e isso significa que os resultados das estratégias que usamos com os mais novos podem não ser imediatos ou rápidos. Mas persistir por um tempo é o que irá mostrar se podem funcionar ou não.

      Caso se constate que a estratégia escolhida não funcionou, é preciso criar outra maneira de abordar a questão. Manter-se potente e resiliente na função de mãe e de pai não combina com as frases “Não sei mais o que fazer” ou “Não tem jeito”. Sempre há outras saídas possíveis. Sempre.

      Ser uma boa mãe ou um bom pai tem a ver com o vínculo estabelecido com o filho, a dedicação a ele, a disponibilidade para enfrentar, sem esmorecer, sem desistir, as questões que ele cotidianamente apresenta.

                                             (Rosely Sayão. Folha de S. Paulo, 07.04.2015. Adaptado)

Assinale a alternativa em que o trecho do texto está reescrito de acordo com a norma-padrão de regência da língua portuguesa.
Alternativas
Q1029122 Português
Assinale a alternativa em que a regência das palavras está de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
Alternativas
Respostas
2866: D
2867: C
2868: C
2869: A
2870: B