Questões de Português - Significação Contextual de Palavras e Expressões. Sinônimos e Antônimos. para Concurso

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Q2303498 Português
Dona Leonor

       Começou na mesa de almoço. De repente, a mãe virou-se para um lado, sorriu e disse:
       – Quero o melhor para minha família. Por isto, na nossa mesa, só usamos o arroz integral Rizobom.
      O pai virou-se rapidamente para ver com quem ela estava falando naquele tom tão estranho e não viu ninguém. O filho e a filha se entreolharam.
       – O que foi, Leonor? – perguntou o marido.
       – Ficou doida, mãe?
     Mas dona Leonor não respondeu. Parecia perdida em pensamento. Mais tarde o pai entrou na cozinha e encontrou dona Leonor segurando uma lata de óleo à altura do rosto e falando para uma parede:
       – Leonor...
      Sem deixar de fitar o mesmo ponto na parede e sem parar de sorrir, dona Leonor indicou o marido com a cabeça e disse:
      – Eles vão gostar.
     O marido achou melhor não dizer nada. Nunca vira dona Leonor assim. Talvez fosse melhor chamar um médico. Abriu a geladeira à procura de uma cerveja. Dona Leonor postou-se ao lado da geladeira e abriu ainda mais a porta. Parecia estar se dirigindo a uma plateia invisível.
      – Minha família não para de vir aqui. É o ponto de encontro de nossa casa. E todos encontram tudo o que procuram na nova Supergel Espacial, agora com prateleiras superdimensionadas e gavetas em vidro-glass. Supergel Espacial, a cabetudo.
       Pai e filhos reuniram-se para uma conferência secreta. O que estava acontecendo com dona Leonor?
      Decidiram não fazer nada. Ela estava nervosa, era isto. Mas não parecia nervosa. Ao contrário. Nunca estivera tão sorridente. Não passava pelos filhos ou pelo marido sem fazer um comentário alegre e afetuoso para o lado:
       – Ele passou a usar desodorante Silvester. E agora todos aqui em casa respiram aliviados.
     O filho estava escovando os dentes e levou um susto. Dona Leonor entrou no banheiro, de repente, pegou o tubo de pasta de dentes e começou a falar para o espelho.
       – O Jorginho tinha horror de escovar os dentes. Eu não sabia o que fazer até que o dentista me disse a palavra mágica: Zaz. E a mágica funcionou! Não é, Jorginho?
       – Mamãe, eu...
       – Diga você também a palavra mágica. Zaz! Com H30.
   Deitado na cama, o marido assistiu com alguma inquietação enquanto dona Leonor, sentada em frente ao espelho do seu toucador, passava creme no rosto e falava para sua plateia imaginária:
       – “Forever” não é apenas um creme hidratante. “Forever” devolve à sua pele aquele frescor que o tempo levou e que parecia perdido para sempre. Recupere o tempo perdido com “Forever”.
     Dona Leonor dirigiu-se para a cama, deixando cair seu robe de chambre no caminho. Deslizou para dentro dos lençóis e beijou o marido na boca. Depois, apoiando-se num braço, dirigiu-se para a câmera invisível.
    – Ele não sabe, mas os lençóis são da nova linha passional da Santex. Bons lençóis para maus pensamentos. Passional da Santex. Agora, tudo pode acontecer...
       Dona Leonor abraçou o marido. Ele recebeu os carinhos da mulher com apreensão e surpresa.
       No dia seguinte certamente a levaria a um médico. Mas, por enquanto, resolveu aproveitar. Fazia tempo. Também abraçou a mulher. Não sem antes olhar, preocupado, para o ponto da suposta câmera e apagar a luz. Prudentemente.
     (VERISSIMO, Luis Fernando. Novas comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996. p. 231-233.)
O vocábulo “chambre” (21º§) é considerado, a partir da perspectiva do uso corrente da linguagem, arcaico. É também um estrangeirismo, uma vez que sua origem remonta à língua francesa. No entanto, é possível inferir seu significado a partir do contexto no qual é empregado. Portanto, a alternativa que apresenta sinônimos pelos quais o termo poderia ser intercambiado sem alteração de sentido refere-se a 
Alternativas
Q2303287 Português
Debate é briga?


           Debater é ter o direito de expor livremente nossas ideias e o dever de ouvir e respeitar as ideias alheias, mesmo que diferentes das nossas. Quando debatemos, desejamos convencer nosso interlocutor de que temos razão. Por esse motivo, devemos nos esforçar para escolher argumentos persuasivos, isto é, capazes de modificar o ponto de vista de nosso interlocutor. Mas o contrário também pode ocorrer: sermos convencidos pelos argumentos do interlocutor ao vermos outros ângulos da questão. Independentemente do resultado do debate, porém, a troca de argumentos é uma experiência enriquecedora tanto para quem dele participa diretamente tanto para quem o presencia. Debater é modificar o outro e modificar a nós mesmos. É crescer com o outro e ajudá-lo a também crescer a partir de nossa experiência e de nossa visão de mundo. O debate é um exercício de cidadania.

CEREJA & MAGALHÃES. Português Linguagens. Atual. 2006. P 147.
Na expressão: “...argumentos persuasivos...”, assinale a alternativa INCORRETA, em relação ao significado da palavra grifada:
Alternativas
Q2303173 Português
Noruega...


     “...Em maio e junho a área do Dalsnibba é coberta de neve e do alto as pessoas veem as montanhas brancas e se deparam com o famoso inverno Norueguês. Já em agosto e setembro, quando os dias são mais longos, o céu estrelado é uma visão maravilhosa daqui. Muitas pessoas visitam o lugar para observar as estrelas com telescópios.
     A simplicidade do lugar com construções de madeira vermelha e branca emolduradas por grama verde esmeralda convidam o visitante a apreciar a beleza do lugar como a tela de um belo quadro: sem pressa.
       ... Pelo vilarejo, locais e turistas se misturam andando sem pressa, distraidamente pelas ruazinhas. Num charmoso café de cerca branca, com uma floreira carregada de flores cor de rosa, as pessoas conversam animadas enquanto na padaria, um delicioso aroma de pão fresquinho atrai mais e mais fregueses. Noruegueses possuem uma incrível habilidade de fazer pães deliciosos, portanto vá preparado para se esbaldar...”


Trecho retirado de Tuka Pereira. Catraca livre.com.br. Janeiro 2018.
Observe o trecho: “...portanto vá preparado para se esbaldar...”, e assinale a alternativa correta, em relação ao significado da palavra sublinhada.
Alternativas
Q2302516 Português
Aconselho‐o a se conformar

    Você viajou, veio de longe para conversar comigo. Queria que eu o ajudasse a colocar ordem no seu albergue. O corpo é um albergue, você sabe. Nele moram muitos pensionistas com a mesma cara. Lição que aprendi de um demônio que, respondendo a uma pergunta de Jesus sobre seu nome, respondeu que era Legião, porque eram muitos. O caso mais famoso é o de Fernando Pessoa, nome de batismo de um corpo em que muitas pessoas diferentes moraram, algumas ao mesmo tempo, outras sucessivamente, cada uma pensando e escrevendo de um jeito. Sobre o assunto aconselho você e todos os leitores a verem o filme Quero ser John Malcovitch.
    Você me contou sobre alguns dos seus pensionistas. Primeiro, o palhaço. Não por acidente, mas por vocação e profissão, com nariz vermelho e tudo o mais, que divertia as crianças. Eis aí um personagem que precisa viver sempre. O riso é, talvez, o remédio mais poderoso para nos ajudar a conviver com a tristeza. O riso do palhaço é sempre um raio de luz na escuridão. Nietzsche se dizia palhaço. Palhaço e poeta. As duas vocações se complementam.
    Outro foi um vendedor de cachorro‐quente. Para ganhar a vida. Diferente. Você se divertia com os seus cachorros e estava sempre inventando novas raças.
    Agora é um professor universitário com a terrível responsabilidade de escrever artigos científicos e se comportar devidamente. Advirto‐o de que palhaços e professores universitários não convivem bem. Você sabe disso por experiência própria. Palhaços são leves, flutuam; professores universitários são graves, afundam. É proibido fazer humor em teses de mestrado e doutorado.
    E há, por fim, o mais terrível de todos os personagens: o apaixonado. A paixão é uma perturbação da tranquilidade da alma. Abelardo, professor universitário, se deu muito mal, permitindo‐se ficar apaixonado pela Heloísa. Foi a sua desgraça. A estória dos seus amores está contada no filme Em nome de Deus. Ele mesmo, Abelardo, rigoroso professor de filosofia, confessou que, tomado pela paixão, deixou de preparar suas aulas e passou a dedicar‐se à poesia. Como você sabe, poesia não dá respeitabilidade acadêmica. 
    Tudo seria simples se cada um dos personagens tivesse morado no seu corpo numa temporada de curta duração, partindo depois para destino ignorado. Não é esse o seu caso. Na realidade,suspeito que haja muitos outros, sobre que você não falou. Falarei sobre um deles, no final. Acontece que todos eles continuam a morar no seu albergue, numa orgia que não lhe dá sossego. 
    Quero dizer‐lhe duas coisas. Pelo que ouvi, não me parece que qualquer um deles tenha disposição para mudar de casa. Isso é ruim, porque você nunca terá paz. Seria tão melhor se você fosse 100% cientista, que só pensasse em pesquisa e artigos! Você teria uma única direção – e mesmo as suas possíveis paixões seriam submetidas ao critério acadêmico. Você se casaria com uma cientista, trabalhariam os dois nos domingos em suas pesquisas, e nenhum reclamaria do outro. Nenhum estaria querendo ir ao cinema enquanto o outro está no computador tentando terminar um artigo. Mas esse não é o caso. Seria muito chato. 
    Não sendo esse o caso, aconselho‐o a se conformar. Ofereço‐lhe, como consolo, um aforismo de Nietzsche: “O preço da fertilidade é ser rico em oposições internas. A gente permanece jovem somente enquanto a alma não se espreguiça e deseja a paz”. Você está cheio de oposições internas. Se essas oposições lhe tiram a paz, você deve saber que são elas que o fazem interessante. É delas que surgem os pensamentos mais bonitos. 
    Não sei por que você não continua a ser palhaço e a alegrar as crianças. E por que não fazer isso na universidade? Você tem vergonha? Roupa de palhaço não combina com beca acadêmica?
     Quanto às suas habilidades de fazedor de cachorro‐quente, acho melhor cuidar delas com cuidado, em particular. Nunca se sabe o que o futuro nos reserva. Sei de professores que passaram a ganhar a vida fazendo suco e vendendo pão.
    E vi que seu personagem cientista está a serviço de um personagem artista. Você é um cientista de lagos. Para a ciência, lagos são laboratórios. Muito se pode aprender do seu estudo. Mas você, além disso, ama os lagos pela sua beleza. Você cuida dos lagos pela tranquilidade que eles comunicam. Você tem alma de jardineiro.
     Aceite a orgia dos pensionistas com alegria. São poucos os que têm esse privilégio. Apareça de novo quando quiser.

(ALVES, Rubem. Se eu pudesse viver minha vida novamente. Editora Verus. 2004. Adaptado.) 

Considerando-se o contexto, o sentido do termo destacado NÃO está corretamente identificado em:
Alternativas
Q2302101 Português
      Os perigos de beber e dirigir já são bem conhecidos. Agora, um estudo feito por um grupo de cientistas australianos mostra que, se você tiver dormido mal, também não deveria pegar o volante.
     Uma pesquisa de 2021 apontou que entre 10% e 20% dos acidentes de trânsito provavelmente eram causados, ao menos em parte, pelo cansaço.
       Diferente de um happy hour depois do serviço, as pessoas não costumam escolher dormir menos. Pessoas com distúrbios no sono, pais de recém-nascidos e trabalhadores de turnos noturnos podem, às vezes, não conseguir dormir a quantidade necessária por dia.
    Seria difícil controlar o nível de sono dos motoristas. Não existe um “teste de bafômetro” que avalie a fadiga na beira da estrada, o quanto você dormiu ou quão debilitado está.
      Alguns regulamentos já levam em conta o cansaço no trânsito. No estado norte-americano de Nova Jersey, uma lei determina que motoristas sejam legalmente prejudicados se, nas últimas 24 horas, não tiverem dormido nada. Não é o ideal, mas é alguma coisa.
       No Brasil, não há uma especificação sobre o sono; mas, segundo o art. 169 do CTB, dirigir sem atenção ou cuidados indispensáveis à segurança caracteriza uma infração leve e, para o art. 166, entregar a direção do veículo a alguém que não esteja em estado físico ou psíquico de conduzir é infração gravíssima.
      Já que a legislação não dá conta de regular esse tema, é útil seguir alguns conselhos práticos para decidir se você está ou não cansado demais para dirigir.
     Se você boceja com frequência, dá umas piscadas mais longas, está com a visão embaçada, tem dificuldade de manter a cabeça erguida e a velocidade estável e faz desvios na pista, talvez seja melhor passar o volante. E se você dormiu por menos de cinco horas, talvez seja melhor nem arriscar.


(Fonte: Abril — adaptado.)

Na tirinha abaixo, a palavra "parruda", no terceiro quadrinho, tem como significado:


Imagem associada para resolução da questão

Alternativas
Respostas
1536: D
1537: C
1538: C
1539: C
1540: D