Questões de Concurso
Sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português
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Você já rebateu um absurdo hoje?
Os tempos de crise são um terreno fértil para os discursos de ódio e apelos autoritários.
Confrontá‐los no dia a dia é uma forma de evitar que se tornem, um dia, projetos reais.
Tenho a péssima mania de responder absurdos com silêncio. Quanto maior o absurdo, menor a vontade de falar. Percebi a gravidade dessa relação porque tenho andado muito quieto ultimamente. A vida em rede me acostumou mal: habituado a conversar com quem já tem uma predisposição em ouvir, aprendi a despejar na internet, não sem certa arrogância, tudo o que tinha vontade de dizer e não disse quando o taxista falou que a cidade só teria jeito quando pegassem o bairro pobre, jogassem gasolina e botassem fogo. Ou quando a socialite levantou a taça de espumante e, com um olho na piscina e outro na bolsa Louis Vuitton, se disse assustada com a calamidade em que vivemos no Brasil.
Tudo começou, acho, na adolescência, quando a vizinha gente‐boa levou uma tarde a me desejar boa sorte na minha viagem a São Paulo, onde dali em diante eu passaria a morar e estudar. Atenciosamente, ela me deu um roteiro de passeios, dicas, culturas e cuidados na metrópole. Ao fim da conversa, soltou um “só tome cuidado porque é uma cidade infestada por imigrantes, e eles estão acabando com tudo”. Ainda hoje me questiono por que não a rebati, ali, na lata. Foi porque só tinha 19 anos? Por não querer ser indelicado? Para não azedar a boa vizinhança? Mas de que vale ter vizinhos assim, que só te respeitam porque te veem como um igual?
Na conversa, ela me pedia para reparar como os imigrantes de vários sotaques se espalhavam em nossa cidade do interior trazendo sujeira e insegurança. “Em São Paulo é ainda pior”, reforçava. Lembrei que, naquela época, uma série de assaltos a repúblicas estudantis das redondezas era noticiada pelos jornais locais. Pouco depois, a quadrilha foi identificada, e qual não foi o choque quando descobrimos que um vizinho nosso, branco e de classe média, estava envolvido. Na mesma época, acordamos certa manhã de sonos intranquilos com a Polícia Federal à porta do prédio. Os agentes estavam em busca de um morador, querido por todos, que integrava um suposto esquema ilegal de fabricação e comércio de couro. A realidade desmentia a tese daquela senhora que se gabava de ter livros por todo canto de casa, embora não tivesse olhos para entender o mundo para além da própria janela. “A insegurança é sempre o outro”, concluía comigo mesmo, sem jamais dizer nada.
À medida que me adaptava à vida em São Paulo, e aos círculos menos inóspitos da vida universitária, me acostumei a falar em guetos. Neles, enquanto tentávamos entender a lógica da discriminação em um país ainda marcadamente desigual, dividíamos nossas angústias como numa roda de reabilitados. Falávamos da tia racista que achava um absurdo o namoro do artista mulato com a atriz branca. “Preconceito contra eles mesmos”, repetia a parente, para a concordância bovina de todos à mesa.
A sequência era conhecida. “Bons eram os tempos dos militares; tomávamos cascudos, mas andávamos na linha”. “O Brasil é um país de belezas naturais e um povo criado na malandragem.” “Político é tudo igual.” “Virou gay porque faltou chinelada.” “Virou lésbica porque não encontrou o cara certo.” “Ninguém mandou usar saia.” E etc, etc. Nos círculos sociais, lidamos o tempo todo com autodidatas especializados em política e sociedade.
Toda vez que essas conversas reaparecem, é como se eu tivesse a chance de rebater aquela vizinha, já sem as amarras da imaturidade. Dias atrás ela reapareceu em uma conversa num Café decorado e com ar‐condicionado. Vestia terno e tinha certeza que o calor tropical inibia a vocação do brasileiro ao trabalho. Exatamente à sua frente, separado apenas por um vidro blindado, um pedreiro se derretia para erguer um muro de tijolo sob o sol a pino. Pensei em apresentar um para o outro, mas, como sempre, calei.
“Deixem falar. São só ignorantes”, dizem os amigos, enquanto guardam os cartuchos para os grandes debates com professores, autoridades públicas, grandes corporações etc.
A verdade é que nessas manifestações gratuitas de ingenuidade/ignorância não está o exercício saudável do debate. Está a fórmula autoritária de falar e ser ouvido e, se rebatido, correr para a linha segura do tatame com uma velha muleta: “É só a minha opinião, você precisa respeitar”. Confundimos, então, silêncio com respeito, e determinamos arbitrariamente quem merece e quem não merece ser contrariado. Aquela lição canhestra herdada da ditadura, a de que política não se discute, ainda faz estragos: dizer o que se pensa se transformou em uma espécie de pregação a convertidos. Por aqui, debate, conflito e contraponto não sensibilizam consensos, mas melindres. Por isso, e para evitá‐los, calamos.
Tempos atrás, quando todos pareciam satisfeitos em seus quadrados, essas pontas de fagulha pareciam inofensivas. Agora os tempos mudaram. Em parte devido à conjuntura mundial, em parte devido a apostas equivocadas dos governos locais, em parte devido à insensibilidade para perceber que os modelos se esgotaram, o cobertor se encurtou, as saídas se estreitaram, a crise se avizinhou, o pirão acabou e a primeira reação nesses guetos é garantir primeiro a sua farinha.
(Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/voce‐ja‐rebateu‐um‐absurdo‐hoje‐3639.html Acesso em: 09.03.2015. Adaptado.)
O banheiro e a cirurgia
A segurança jurídica é uma das bandeiras mais recorrentes dos transgêneros. Há no Supremo Tribunal Federal (STF) duas ações que envolvem os direitos de quem porta essa condição. Uma delas nasceu do caso de uma mulher trans que exige reparação por danos morais depois de ter sido proibida de usar o banheiro feminino de um shopping em Florianópolis, Santa Catarina. Ela teria sido retirada à força do local por um agente de segurança sob o argumento de que sua presença causaria constrangimentos. “Não respeitar essas pessoas é não respeitar a natureza”, disse o ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso no STF. O julgamento, no entanto, está parado desde novembro de 2015, quando o ministro Luiz Fux pediu mais tempo para analisar o tema. Na decisão inicial, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina entendeu que não houvera dano moral, mas “mero dissabor”.
O outro processo no STF discute a possibilidade de alteração do gênero no registro civil mesmo sem a realização da cirurgia de mudança de sexo. No recurso, um homem trans questiona a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que permitiu a alteração de seu nome, mas não a mudança do sexo feminino para o masculina no registro civil. O tribunal entendeu que ele não havia realizado a cirurgia de adequação sexual. O julgamento da ação, iniciado em 2014, foi interrompido em abril deste ano. Foi retomado em junho. Quem defende o homem trans no caso é Gisele Alessandra Schmidt, da ONG Dignidade, a primeira advogada trans a subir à tribuna no plenário do STF. “Muitas pessoas não querem fazer a cirurgia de readequação genital, por ser invasiva”, diz Gisele. “É inadmissível atrelar a mudança de gênero a uma operação”.
(VEJA no
. 42. 18 de outubro, 2017, p. 81)
“A irmã, sadicamente, ainda fingiu que queria ajudar.”
Assinale a alternativa que apresenta um antônimo para a palavra destacada.
“E, realmente, o dedo levantou, da dobra do braço da irmã, uma rosquinha, embora ínfima, de sujeira.”
Assinale a alternativa que apresenta um sinônimo para a palavra destacada.
“Sob a luz azulada do crepúsculo, aquela face branca e transparente era de tamanha fragilidade, que cheguei a me comover.”
Neurocientista é alvo de mansplaining citando artigo que ela mesma escreveu
Enquanto palestrava, a especialista foi interrompida por homem que sugeriu a leitura de um estudo sobre o assunto – que ela mesma tinha escrito
REDAÇÃO GALILEU
05 NOV 2019
A neurocientista Dra. Tasha Stanton contou no Twitter um episódio de machismo que sofreu durante a Conferência Australiana da Associação de Fisioterapia, que aconteceu no fim de outubro. Ela foi vítima de mansplaining com sua própria pesquisa científica.
Mansplaining é um termo em inglês usado para descrever o comportamento de alguns homens que assumem que uma mulher não conhece determinado assunto e insiste em explicá-lo, subestimando os conhecimentos da mulher.
O caso de Stanton é um exemplo de mansplaining: enquanto ela palestrava, um cientista homem a interrompeu no meio do discurso e sugeriu que ela lesse determinado artigo para "entender melhor" o assunto. O artigo que ele indicou, entretanto, tinha sido escrito pela própria palestrante.
"Espere aí por um segundo, amigo. Sou Stanton. Eu sou a autora do artigo que você acabou de mencionar'", ela disse naquele momento da palestra. Ela e outros cientistas da conferência riram da situação, mas ela ficou desconfortável com o acontecido.
"Só para ficar claro: eu nunca esperaria que as pessoas soubessem como sou fisicamente", ela escreveu posteriormente
no Twitter. "Disse que era um grande elogio que ele recomendasse meu trabalho, que estava feliz por ele ter gostado e
achado útil, mas que no futuro ele deveria ter cuidado para não assumir que outras pessoas não sabem as coisas."
Stanton é professora na Universidade do Sul da Austrália (UniSA), já publicou mais de 60 artigos em periódicos científicos
e foi palestrante em mais de 50 conferências. Ela completou seu doutorado na Universidade de Sydney em 2010 e
atualmente é bolsista do Conselho Nacional de Pesquisa em Saúde e Medicina (NHMRC) da Austrália.
Sua pesquisa tem como objetivo entender por que as pessoas sentem dor e por que, às vezes, a dor não desaparece. Seu
trabalho abrange tanto a dor experimental quanto a clínica e, ela analisa como a educação e a atividade física desempenham
papel na recuperação de dores crônicas.
Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2019/11/neurocientista-e-alvo-de-mansplaining-citandoartigo-que-ela-mesma-escreveu.html. Acesso em 05 de novembro de 2019.
[..] Homens cujo estado de espírito difere drasticamente da média dos demais existem desde as épocas mais remotas – assim como tratamentos para curá-los. No entanto, por séculos, acreditava-se que a loucura era causada pela vontade dos deuses sendo, portanto, parte do destino de alguns. Fosse para punir ou até mesmo para recompensar – o Alcorão conta como Maomé achava veneráveis os loucos, já que tinham sido abençoados com loucura por Alá, que lhes tirava o juízo para que não pecassem – fato é que a loucura estava associada com a ideia de destino e participava da vida social assim como outras formas de percepção da realidade. “A definição de loucura em termos de ‘doença’ é uma operação recente na história da civilização ocidental”, escreveu João Frayze-Pereira, no livro O que é a loucura. [...]
Disponível em: <https://super.abril.com.br/saude/louco-eu/> . Acesso em: 18 out. 2017.
A conjunção em destaque já que estabelece o sentido de
Leia o texto e responda à questão.
Café na dose certa para preservar a sua saúde
“O café é a bebida que desliza para o estômago e põe tudo em movimento.” Quando registrou esta frase, o escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850), um aficionado do líquido – há quem diga que entornava de 20 a 50 doses por dia -, certamente se referia ao poder energizante do fruto do cafeeiro. Afinal, com o auxílio dele, o autor deu cabo de uma obra com mais de 10 mil páginas. O que Balzac não podia imaginar é quão feliz foi em deixar a frase assim, tão abrangente. Atualmente, a ciência já sabe que dar disposição é só uma das qualidades do café.
O curioso é que ele chegou a amargar uma posição de desprestígio, mesmo sendo amplamente degustado. [...]. Segundo o médico, uma das explicações para esse bafafá todo tem a ver com o fato de que os primeiros estudos foram conduzidos com seu componente mais famoso, a cafeína – responsável pelo estado de excitação. “Só que os cientistas usavam altas doses e de uma só vez”, explica. Daí ocorriam batedeira no peito, aumento da pressão. [...]. Nesse sentido, o conteúdo da xícara seria mais poderoso que o vinho tinto. Certamente não é desculpa para exagerar, como Balzac fazia. De três a cinco xícaras por dia compõem a quantidade ideal para degustar dos seus benefícios. [...].
(Disponível em http://saude.abril.com.br/, acesso em agosto de 2017. Adaptado.)
Leia o texto e responda à questão.
Café na dose certa para preservar a sua saúde
“O café é a bebida que desliza para o estômago e põe tudo em movimento.” Quando registrou esta frase, o escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850), um aficionado do líquido – há quem diga que entornava de 20 a 50 doses por dia -, certamente se referia ao poder energizante do fruto do cafeeiro. Afinal, com o auxílio dele, o autor deu cabo de uma obra com mais de 10 mil páginas. O que Balzac não podia imaginar é quão feliz foi em deixar a frase assim, tão abrangente. Atualmente, a ciência já sabe que dar disposição é só uma das qualidades do café.
O curioso é que ele chegou a amargar uma posição de desprestígio, mesmo sendo amplamente degustado. [...]. Segundo o médico, uma das explicações para esse bafafá todo tem a ver com o fato de que os primeiros estudos foram conduzidos com seu componente mais famoso, a cafeína – responsável pelo estado de excitação. “Só que os cientistas usavam altas doses e de uma só vez”, explica. Daí ocorriam batedeira no peito, aumento da pressão. [...]. Nesse sentido, o conteúdo da xícara seria mais poderoso que o vinho tinto. Certamente não é desculpa para exagerar, como Balzac fazia. De três a cinco xícaras por dia compõem a quantidade ideal para degustar dos seus benefícios. [...].
(Disponível em http://saude.abril.com.br/, acesso em agosto de 2017. Adaptado.)
Tragédia anunciada
A ninguém terá espantado, decerto, a alta da violência no Rio de Janeiro neste 2017. A resignação com que se encara o fato dá medida do descalabro no Estado. Foram registradas, segundo o Instituto Fluminense de Segurança Pública, 3.457 mortes violentas de janeiro a junho, 15% acima do verificado no período correspondente de 2016. Trata-se do pior primeiro semestre desde 2009 (3.893).
Os danos à população fluminense não se limitam à segurança pública. A expansão irresponsável dos gastos públicos – amparada em uma alta efêmera das receitas do petróleo – levou o Rio a uma calamitosa situação financeira que comprometeu outros serviços básicos, como saúde e educação. Com o colapso das forças policiais, privadas de recursos de custeio e com salários em atraso, interromperam-se os bons resultados obtidos pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) na redução dos homicídios ao longo de quase uma década.
Restou ao governo federal, diante desse quadro, autorizar o envio das Forças Armadas ao Estado; comenta-se que a operação possa ser estendida até o final de 2018. Embora de fato necessária neste momento, a medida não passa de um paliativo; basta a saída dos militares para que os criminosos voltem a atacar. A longo prazo, a eficácia de qualquer política mais efetiva de segurança pública dependerá de um ambiente de maior normalidade orçamentária.
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/shtml. Adaptado. Acesso em: 05/08/2017.)
Em relação aos recursos linguísticos empregados no texto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) O termo decerto, em A ninguém terá espantado, decerto, a alta da violência no Rio de Janeiro neste 2017, é um advérbio que expressa o sentido de afirmação.
( ) O termo alta, em a alta da violência no Rio de Janeiro neste 2017, apresenta o mesmo sentido de O médico lhe deu alta ontem.
( ) Em Foram registradas, segundo o Instituto Fluminense de Segurança Pública, 3.457 mortes violentas de janeiro a junho a concordância de gênero feminino se dá porque o núcleo do sujeito é mortes.
( ) Em comenta-se que a operação possa ser estendida até o final de 2018, o verbo poder encontra-se no presente do subjuntivo.
( ) Terá, dependerá e dá são exemplos de verbos no futuro do presente do indicativo.
Assinale a sequência correta.
I. A preposição “sob” no trecho “Sob esse título,...” poderia ser substituída por “a respeito de”, fazendo-se as adaptações necessárias, sem acarretar prejuízos para o texto. II. É transitiva indireta a forma verbal “teve” no excerto: “A campanha teve tanto efeito que agora...”.
Marque a alternativa CORRETA:
O termo em destaque pode ser substituído, sem que haja perda de sentido, por:
I. A expressão “Em outras palavras” ratifica o que foi dito anteriormente. Por isso, poderia ser substituída, sem prejuízos para o sentido do texto, por “ou seja”, “isto é”, entre outras, de mesmo valor semântico. II. No trecho “... que, ao desempenhar seu trabalho, o historiador faz um trabalho minucioso de pesquisa...”, a palavra “que” é uma conjunção integrante. III. No fragmento “como as da Antropologia”, houve a supressão do vocábulo “históricas”, que o leitor consegue recuperar pelo contexto.
Marque a alternativa CORRETA:
I. Relapso II. Extraordinário III. Porém IV. Necessário
( ) respeitoso, importante, admirável ( ) senão, falha, contudo ( ) desinteressado, faltoso, desaplicado ( ) fundamental, forçoso, imprescindível
Marque a alternativa CORRETA:
Até O Fim
Chico Buarque
Quando eu nasci veio um anjo safado
O chato "dum" querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
"Inda" garoto deixei de ir à escola
caçaram meu boletim
Não sou ladrão, eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim
Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em Quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
Mas vou até o fim
Por conta de umas questões paralelas
Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, a minha mula empacou
Mas vou até o fim
Não tem cigarro acabou minha renda
Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
O que será de mim?
Eu já nem lembro "pronde" mesmo que vou
Mas vou até o fim
Como já disse é um anjo safado
O chato "dum" Querubim
Que decretou que eu estava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
Fonte: Link: http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/ate-o-fim-letras.html#ixzz40pxLnx3y
Texto 7
Cultura visual e texto literário: variações
No início dos anos noventa, num programa matinal da TV Globo dirigido ao público infantil, crianças entravam em disputa por um objeto qualquer, e a que apresentava o pior desempenho recebia, ou melhor, era castigada com um livro. O exemplo dispensa comentários ao estigmatizar a leitura como algo penoso e impertinente, enquanto fortalece uma reserva de mercado para a televisão entre os pixotes. Parece também concordar com a Bíblia, onde se lê no Eclesiastes 12.12: “E de se fazerem livros não há fim. E muita devoção a eles é fadiga para a carne”. E dá sua contribuição à velha guerra dos meios - o cinema acabaria com o teatro, a televisão liquidaria o teatro e o cinema, o CD Rom aposentaria o livro etc. - profecias com as quais os fatos se divertem, pois, na verdade, os veículos se reacomodam uns em relação aos outros, suas linguagens se entre mesclam na mais ora criativa, ora espúria intersemio-se. Pensemos no videogame, que é quadrinho, televisão, arte gráfica, computação, e não exterminou, aparentemente, sequer uma cantiga de roda até agora!
O que o exemplo não explicita, porém, é seu desejo de impor uma temporalidade vazia. Para o entretenimento é preciso que o tempo passe sem ser notado, sem resistência, macio como o fluir gozoso do consumo. Assiste-se ao Domingão do Faustão para matar o tempo, mas lê-se Grande sertão: veredas para saborear melhor o tempo, enriquecendo-o com outros tempos. É inegável: o entretenimento dessensibiliza, ao passo que a boa literatura sobre-sensibiliza nossa inerência ao tempo, apondo-lhe pelo prazer uma nova qualidade.
SANTOS, Jair Ferreira dos. Breve, o pós-humano: ensaios
contemporâneos. 2a. ed. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 2003.
Nesse caso, o adjetivo “velhos” muda de sentido conforme sua posição em relação ao substantivo; abaixo estão cinco pares de palavras com os adjetivos pospostos e você deve apontar aquele par cujo adjetivo varia de sentido, se anteposto.