Questões de Concurso
Sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português
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Na charge abaixo exposta, tem-se exatamente a mesma estrutura oracional, mas a substituição do verbo revelar por relevar provoca uma alteração no sentido do texto, face à intenção do chargista de ressaltar o tipo de discurso do personagem em dois momentos da sua trajetória.
Charge do Duke, 23/01/19.
<https://www.otempo.com.br/image/contentid/policy:1.2124894:1548104169/CHARGE.JPG?f=3x2&w=620&$p$f$w=e553ee8>
O verbo RELEVAR foi empregado no contexto da charge no sentido de:
Será que vai acabar?
Você pode sobreviver sem internet, sem eletricidade e até alguns dias sem comer. Quando falta água, porém, a coisa complica. Vivendo nas grandes cidades, raramente pensamos que ela pode acabar, mas, em muitos lugares, inclusive no Brasil, ela já faz falta.
(ARAUJO, Tarso. Dossiê Galileu – Água. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com)
Considere os trechos abaixo.
− Você pode sobreviver sem internet, sem eletricidade e até alguns dias sem comer.
− raramente pensamos que ela pode acabar...
Para que o sentido seja preservado, os vocábulos em destaque devem ser substituídos, respectivamente, por:
Os relatos de medo, dor e surpresa em Brumadinho
Moradores dizem que sirenes de alerta não tocaram
Por Bárbara Ferreira e Camila Bastos
Para quem mora em Brumadinho (MG), na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a última sexta-feira do mês de janeiro trouxe uma tragédia que pode superar em número de vítimas o desastre de Mariana, na região central do estado, há três anos. Testemunhas descrevem o momento do rompimento da Barragem 01, da Mina do Feijão, falam do medo de não rever familiares e conhecidos, e dizem que as sirenes de alerta não tocaram no momento da ruptura da barragem. Até a noite desta sexta-feira, o governo de Minas havia confirmado o resgaste de sete corpos e cerca de 150 desaparecidos em Brumadinho.
O técnico de eletromecânica Maicon Vitor, de 22 anos, viu a destruição chegar assim que saiu do refeitório da empresa. Ele havia acabado de almoçar e seguia para o vestiário quando ouviu a barragem romper.
— Desceu arrastando oficinas, escritórios, o refeitório tudo que estava na frente foi embora – disse ele, que deixou para trás 14 amigos e a mãe, motorista da mina.
Maicon contou como escapou para a rota de fuga – estabelecida pela Vale e ensinada em treinamentos – com outros cerca de 40 funcionários.
— Depois que a barragem desceu, eu e mais dois voltamos para ajudar no resgaste – disse ele.
Além de auxiliar no salvamento de duas mulheres, eles também retiraram dos escombros o corpo de um motorista da empresa.
O bombeiro civil D. resume como um “cenário de completa destruição” o que encontrou ao chegar ao local. Ele, que preferiu não se identificar, diz que foi uma das primeiras pessoas a acessar a área da mineradora.
— Não ouvi a sirene tocar. Logo que cheguei, sabia que havia muitos mortos. Conseguia ver partes dos corpos. Havia poucas pessoas no local e logo o resgate começou a chegar. Era um completo caos. Desde o início eu sabia que sobreviventes seriam poucos — relatou D.
A falha no equipamento de segurança também foi relatada por Maicon Vitor, que ouviu o barulho da tragédia, mas garante o silêncio das sirenes. Mesmo atônito com a situação, ele permaneceu no local para auxiliar nas buscas.
— Todo mundo que não foi soterrado permaneceu aqui. Estamos esperando informações — disse ele.
[...]
Disponível em https://oglobo.globo.com/brasil/os-relatos-de-medo-dor-surpresa-em-brumadinho-23404274
Colírio com nanopartículas pode substituir o uso de óculos ou lentes
Quando se descobre a necessidade do uso de óculos, uma grande questão pode surgir: ao mesmo tempo em que ele faz com que você veja o mundo literalmente com outros olhos, a mudança de estilo nem sempre é bem-vinda e todas as armações podem parecer horríveis.
Em casos de uso indispensável são sugeridas as lentes de contato, que, apesar de não ficarem aparentes, poderão causar incômodo nos olhos de algumas pessoas.
Agora uma terceira opção pode se tornar viável: o uso de nanopartículas aplicadas como um colírio. Pesquisadores do Centro Médico Shaare Zedek e da Universidade Bar-Ilan publicaram um estudo explicando como o método funciona. O processo atualmente exigiria visitas periódicas ao médico, mas, após essa etapa, tal uso funciona sem problema algum.
(Texto adaptado. Disponível em: www.tecmundo.com.br)
Colírio com nanopartículas pode substituir o uso de óculos ou lentes
Quando se descobre a necessidade do uso de óculos, uma grande questão pode surgir: ao mesmo tempo em que ele faz com que você veja o mundo literalmente com outros olhos, a mudança de estilo nem sempre é bem-vinda e todas as armações podem parecer horríveis.
Em casos de uso indispensável são sugeridas as lentes de contato, que, apesar de não ficarem aparentes, poderão causar incômodo nos olhos de algumas pessoas.
Agora uma terceira opção pode se tornar viável: o uso de nanopartículas aplicadas como um colírio. Pesquisadores do Centro Médico Shaare Zedek e da Universidade Bar-Ilan publicaram um estudo explicando como o método funciona. O processo atualmente exigiria visitas periódicas ao médico, mas, após essa etapa, tal uso funciona sem problema algum.
(Texto adaptado. Disponível em: www.tecmundo.com.br)
Quando se descobre a necessidade do uso de óculos, uma grande questão pode surgir... (1° parágrafo)
Uma correta interpretação para o trecho sublinhado está em:
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
(Texto adaptado. Disponível em: www.revistabula.com)
Casos de malária crescem 50% e põem Região Norte do país em alerta
Depois de sete anos de queda, o número de casos de malária avançou 50% no último ano e tem gerado alerta na região Norte e em alguns outros estados do país.
Dados contabilizados pelo Ministério da Saúde e obtidos pela Folha apontam 194 mil registros em todo o ano de 2017 − um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Em 2016, para efeito de comparação, o país chegou a alcançar o menor número de casos já registrado nos últimos 37 anos: 129 mil.
Em 2017, dados de janeiro, ainda preliminares, apontam que o avanço continua: são 17 mil confirmações. Desse total, 99% são em estados da região amazônica, que é endêmica para a doença, em especial Amazonas, Acre e Pará. O número de mortes ainda não foi atualizado. Foram 11, de janeiro a maio de 2017, o que não permite comparações com todo o ano de 2016.
A doença, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, ocorre em regiões rurais e acomete principalmente populações mais vulneráveis, em locais com más condições de saneamento e invasões em áreas de mata, por exemplo. Entre os registros, também cresceram casos de malária falciparum, nome dado à forma da doença causada pelo protozoário Plasmodium Falciparum, que é mais grave.
(Adaptado de: CANCIAN, Natália. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
Entre os registros, também cresceram casos de malária falciparum, nome dado à forma da doença causada pelo protozoário Plasmodium Falciparum, que é mais grave. (último parágrafo)
Mantendo-se a correção da frase e as principais informações contidas no trecho, o segmento destacado acima pode ser substituído por:
Casos de malária crescem 50% e põem Região Norte do país em alerta
Depois de sete anos de queda, o número de casos de malária avançou 50% no último ano e tem gerado alerta na região Norte e em alguns outros estados do país.
Dados contabilizados pelo Ministério da Saúde e obtidos pela Folha apontam 194 mil registros em todo o ano de 2017 − um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Em 2016, para efeito de comparação, o país chegou a alcançar o menor número de casos já registrado nos últimos 37 anos: 129 mil.
Em 2017, dados de janeiro, ainda preliminares, apontam que o avanço continua: são 17 mil confirmações. Desse total, 99% são em estados da região amazônica, que é endêmica para a doença, em especial Amazonas, Acre e Pará. O número de mortes ainda não foi atualizado. Foram 11, de janeiro a maio de 2017, o que não permite comparações com todo o ano de 2016.
A doença, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, ocorre em regiões rurais e acomete principalmente populações mais vulneráveis, em locais com más condições de saneamento e invasões em áreas de mata, por exemplo. Entre os registros, também cresceram casos de malária falciparum, nome dado à forma da doença causada pelo protozoário Plasmodium Falciparum, que é mais grave.
(Adaptado de: CANCIAN, Natália. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
Em 2016, para efeito de comparação, o país chegou a alcançar o menor número de casos já registrado nos últimos 37 anos: 129 mil. (2° parágrafo)
Considerando o contexto, a frase acima se manterá correta, sem prejuízo para o sentido original, caso o trecho destacado seja substituído por:
Casos de malária crescem 50% e põem Região Norte do país em alerta
Depois de sete anos de queda, o número de casos de malária avançou 50% no último ano e tem gerado alerta na região Norte e em alguns outros estados do país.
Dados contabilizados pelo Ministério da Saúde e obtidos pela Folha apontam 194 mil registros em todo o ano de 2017 − um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Em 2016, para efeito de comparação, o país chegou a alcançar o menor número de casos já registrado nos últimos 37 anos: 129 mil.
Em 2017, dados de janeiro, ainda preliminares, apontam que o avanço continua: são 17 mil confirmações. Desse total, 99% são em estados da região amazônica, que é endêmica para a doença, em especial Amazonas, Acre e Pará. O número de mortes ainda não foi atualizado. Foram 11, de janeiro a maio de 2017, o que não permite comparações com todo o ano de 2016.
A doença, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, ocorre em regiões rurais e acomete principalmente populações mais vulneráveis, em locais com más condições de saneamento e invasões em áreas de mata, por exemplo. Entre os registros, também cresceram casos de malária falciparum, nome dado à forma da doença causada pelo protozoário Plasmodium Falciparum, que é mais grave.
(Adaptado de: CANCIAN, Natália. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
Recursos hídricos
Apesar de ocupar quase metade da área da América do Sul e de ter em torno de 60% da Bacia Amazônica, que escoa um quinto do volume de água doce do mundo, há áreas críticas, onde a escassez deixou de ser apenas uma ameaça. Com três bacias hidrográficas que contêm o maior volume de água doce do mundo – Amazonas, São Francisco e Paraná –, o Brasil busca servir de exemplo na eficácia da gestão de seus recursos hídricos.
Nas duas últimas décadas, foram desenvolvidos mecanismos e ações voltados para tornar a água de boa qualidade disponível para as gerações atuais e futuras, diminuir os conflitos do uso da água e ampliar a percepção da conservação da água como um valor social e ambiental de alta relevância. A partir dos anos 1980, a gestão dos recursos hídricos no Brasil passou a abordar três fatores: a sustentabilidade ambiental, social e econômica; a busca de leis mais adequadas e de espaços institucionais compatíveis; a formulação de políticas públicas que integrassem toda a sociedade.
Em 1997, foi sancionada a Lei das Águas, que tem como fundamentos a compreensão de que a água é um bem público (não pode ser privatizada), sendo sua gestão baseada em usos múltiplos (abastecimento, energia, irrigação, indústria etc.) e descentralizada, com intensa participação de usuários, da sociedade civil e do governo. Pela lei, o consumo humano e de animais é prioritário em situações de escassez.
(Disponível em: www.brasil.gov.br)
Escrevo estas linhas
Escrevo estas linhas em agosto de 1943, depois da batalha de Stalingrado e da queda de Mussolini. É um livro de prosa, assinado por quem preferiu quase sempre exprimir-se em poesia. Esse suposto poeta não desdenha a prosa, antes a respeita a ponto de furtar-se a cultivá-la. Seria inútil repisar o confronto das duas formas de expressão, para atribuir superioridade a uma delas. Mas a verdade é que se a poesia é a linguagem de certos instantes, e sem dúvida os mais densos e importantes da existência, a prosa é a linguagem de todos os instantes, e há uma necessidade humana de que não somente se faça boa prosa como também que nela se incorpore o tempo, e com isto se salve esse último.
Não há muitos prosadores entre nós que tenham consciência do tempo e saibam transformá-lo em matéria literária. Frequentemente a literatura se faz à margem do tempo ou contra ele – seja por incapacidade de apreensão, covardia ou cálculo. Daí o vazio e o desconforto do texto literário, como a insatisfação que ele desperta em cada vez mais descrentes leitores.
Este livro começa em 1932, quando Hitler era candidato (derrotado) a presidente da República e termina em 1943, com o mundo submetido a um processo de transformação pelo fogo. Os que viveram em tal período terão de confessar-se transformados, mais sérios e esclarecidos, mais determinados quanto aos problemas fundamentais do indivíduo e da coletividade. Não lhes bastará fazer uso contínuo da palavra cultura ou da palavra justiça, mas antes devem contribuir com tudo o que tenham de bom para que essas palavras assumam seu conteúdo verdadeiro ou, então, sejam varridas do dicionário. E digo aos rapazes: Rapazes, se querem que a literatura tenha algum préstimo no mundo de amanhã, reformem o conceito de literatura. Reformem a própria capacidade de admirar e de imitar, inventem olhos novos ou novas maneiras de olhar, para merecerem o espetáculo novo de que estão participando.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Confissões de Minas. São Paulo: Cosac Naify, 2011, p. 11-13)
Esse suposto poeta não desdenha a prosa, antes a respeita a ponto de furtar-se a cultivá-la.
Uma nova e coerente redação da frase acima, na qual se mantém seu sentido básico, está na seguinte formulação:
Questão de ponto de vista
Aprendia-se na escola que o rio Amazonas, para orgulho nacional, era o maior rio do mundo. Depois foi preciso reformular a informação: na verdade, o maior rio do mundo, em extensão, seria o Nilo. Mas o Amazonas continuava a ser o maior rio do mundo – em volume d’água. Hoje, voltou-se à convicção inicial. Tudo está, se a questão é competir, em escolher bem os critérios.
Também se aprendia que nosso planeta Terra deveria chamar-se Água, para fazer jus ao elemento que nele predomina. Mas é bom saber que, outra vez, os critérios fazem toda a diferença. De fato, se levarmos em conta a superfície terrestre, o nome de Água ficaria bem: este elemento recobre 70% do extrato superficial do planeta. Mas se levarmos em conta o volume total da Terra, mais correto seria chamá-lo planeta Fogo: as camadas internas e profundíssimas da nossa casa planetária atingem até 6000 graus centígrados... E se considerarmos como critério a composição química do planeta, o nome Oxigênio ficaria melhor, por ser o mais abundante. Poderia haver ainda quem defendesse o nome de Ferro, por ser esse o elemento que compõe a maior parte da estrutura do planeta.
Se o que importa é de fato competir, em qualquer nível e a propósito do que for, é bom distinguir bem e considerar os critérios. Respeitando-se a diferença entre estes, aprende-se a relativizar os resultados. A relativização é quase sempre uma operação necessária, sofreia os ânimos mais absolutistas, competitivos e exaltados, fazendo ver que, “dependendo do ponto de vista”, toda avaliação pode ser alterada. O que importa, afinal, se tal ou tal rio é o maior do mundo, ou se tal ou tal grão de café é o mais saboroso, ou se o vinho desta região é melhor que o daquela? É preciso reconhecer ao máximo possível o valor próprio de cada coisa, para que das comparações apressadas não se tirem conclusões absolutas. Por difícil que seja, relativizar um julgamento aceitando-se a diversidade de critérios é um caminho mais justo para se seguir.
(Antenor Caio de Souza, inédito)
A voz das celebridades
A propósito dos modismos jornalísticos: na ânsia de surpreender o leitor, houve a voga de colher opiniões de figuras públicas sobre assuntos que fugiam às suas especialidades. Botar o cirurgião célebre, por exemplo, para falar de arte cinematográfica, ou o jogador de futebol para comentar uma portaria do Banco Central. Quem vamos ouvir sobre este assunto? − perguntava-se nas redações, em sôfrega procura pelo enfoque “original”. Logo se destacaram, no picadeiro midiático, umas tantas figuras sempre prontas a deitar falação sobre o que quer que fosse. A tal ponto que um dia, na revista em que trabalhava, resolveu-se juntar os falastrões numa só matéria, onde se expusessem ao ridículo. O que se viu foi um economista palpitando sobre balé e um bailarino a discursar sobre finanças. Deu a maior confusão, naturalmente. Mas a matéria deixou exposto um modismo jornalístico inaceitável.
(Adaptado de: WERNECK, Humberto. Esse inferno vai acabar. Porto Alegre, Arquipélago Editorial, 2011, p. 102-103)
Discriminar: um verbo ambivalente
Quem for consultar um dicionário encontrará no verbete discriminar estas duas acepções, entre outras: 1. Distinguir (no mesmo sentido de discernir); 2. Apartar (no sentido de tratar como desigual). Na verdade, essas duas acepções correspondem a novas práticas da nossa vida social. Grupos minoritários lutam para que sejam reconhecidos, identificados, discriminados em suas legítimas áreas de vivência e de atuação; mas há também quem reaja em sentido contrário, perseguindo-os, desprezando-os, marcando-os como indesejáveis. Pode-se discriminar, portanto, visando à inclusão social ou pretendendo reforçar e tornar permanente a exclusão de determinados segmentos da população.
Novos conceitos surgem, para atender novas realidades. São reconhecidos como identitários os grupos que batalham para serem aceitos em suas especificidades, sejam estas étnicas, profissionais, de gênero, de habilitação física, de tendência política etc. Num primeiro momento, a questão é realmente se organizarem para exigirem seu reconhecimento público. Mas o segundo passo é também importante: integrarem-se ao todo da sociedade para evitar uma fragmentação perene e irreversível. Há a necessidade, portanto, de que os grupos que sofrem discriminação venham a vencê-la, sem cair, no entanto, na armadilha de também passarem a discriminar os demais segmentos da sociedade.
(Bráulio Pinha, inédito)
O PASTEL E A CRISE
Otto Lara Resende
Quando a crise convida ao pessimismo ou a ameaça descamba na depressão, está na hora de ler poesia ou prosa, tanto faz.
A partir de certa altura, bom mesmo é reler. Reler sobretudo o que nunca se leu, como repeti outro dia a um amigo que não é chegado à leitura. Ele mergulhou no Proust sem escafandro e se sente mal quando vem à tona e respira o ar poluído aqui de fora.
Verdadeiro sábio era o Rubem Braga. Tinha com a vida uma relação direta, sem intermediação intelectual. Houvesse o que houvesse, trazia no coração uma medida de equilíbrio que era um dom de nascença, mas era também fruto do aprendizado que só a experiência dá. No pequeno mundo do cotidiano, sabia como ninguém identificar as boas coisas da vida. E assim viveu até o último instante.
Certa vez, no auge de uma crise, crivada de discursos e de diagnósticos, o Rubem estava de olho nas frutas da estação. Madrugador, cedinho já sabia das coisas. Quando o largo horizonte nacional andava borrascoso, ele se punha a par das nuvens negras, mas não mantinha o olhar fixo no pé-direito alto da crise. Baixava o olhar ao rodapé, pois o sabor do Brasil está também no rés-do-chão.
Num dia de greve geral, inquietações no ar, tudo fechado, o Rubem me telefonou: “Vamos ao bar Luís, na rua da Carioca? Vamos ver a crise de perto”. E lá fomos. O bar estava aberto e o chope, esplêndido. Começamos por um preto duplo, que a sede era forte. Depois mais um, agora louro. Claro que não faltou o salsichão com bastante mostarda. Calados, mas vorazes, cumpríamos um rito. Alguém por perto disse que a Vila Militar tinha descido com os tanques.
Saímos dali e fomos a um sebo. O Rubem comprou “Xanã”, do Carlos Lacerda, com dedicatória. Depois pegamos o carro e voltamos pelo Aterro, onde se pode exercer o direito da livre eructação. Tinha sido um perfeito programa cultural. E sem nenhum incentivo do governo. Vi agora na televisão que o maracujá está em baixa e me lembrei do velho Braga.
Nem tudo está perdido. Fui à feira e comprei também dois suculentos abacaxis. Caem bem nesta hora de atribulação nacional. Só falta agora descobrir um bom pastel de palmito na Zona Norte. Se o Rubem estivesse aí, lá iríamos nós atrás da deleitosa descoberta . Depois, de cabeça erguida , enfrentaríamos a crise e até o caos.
(RESENDE, O. Lara. Fonte: https://edoc.site/149572393-as-cem-melhores-cronicas-brasileiras-011-gpdf-pdf-free.html)
(Ruan de Sousa Gabriel. 12/12/2018. Disponível em https://epoca.globo.com. Adaptado)
No texto precedente, o emprego da palavra “banco”, nas linhas 5
e 9, exemplifica o fenômeno denominado
Uma declaração política que definiu uma geração, uma epifania de paz, três caóticos dias que transformaram a história da música: os símbolos que cercam Woodstock são muitos, e às vezes é difícil separar o mito da realidade. O festival tem um peso cultural significativo, mas o legado de meio milhão de jovens festejando na chuva é menos sentido como uma subcultura revolucionária e mais como um clichê da cultura pop.
Em 1969, a sociedade americana estava se recuperando de vários acontecimentos, entre eles os protestos contra a guerra do Vietnã, os distúrbios raciais e os assassinatos de figuras como Martin Luther King e Robert Kennedy, o que implicitamente colocou a paz e o amor de Woodstock como antídoto contra a raiva. “O estado de ânimo no país era um pouco como hoje. Havia uma sensação de violência, de verdadeiro ódio e divisão”, disse Martha Bayles, acadêmica do Boston College.
Apesar de o Woodstock ter incluído canções de protesto, Bayles descartou a noção popular de que o festival foi político, o que considera um “mal-entendido”. “Nem o movimento contra a guerra, nem o movimento do poder negro… ninguém desse lado viu o Woodstock como algo além de uma piada”. “Foi visto pela militância política mais rígida como algo bobo e autoindulgente”.
A artista mais ativa politicamente do evento foi Joan Baez, que recorda Woodstock como “um festival de alegria”. Os três dias “foram algo importante, mas não uma revolução”, disse ao jornal The New York Times. “Uma revolução ou mesmo uma mudança social não acontecem sem a vontade de correr riscos. E o único risco em Woodstock era não ser convidado para o evento”, afirmou.
(“Cinco décadas depois de Woodstock, ainda é difícil separar o mito da realidade”. AFP, https://gauchazh.clicrbs.com.br, 14.08.2019. Adaptado)
“O estado de ânimo no país era um pouco como hoje. Havia uma sensação de violência, de verdadeiro ódio e divisão…” (2° parágrafo)
Ao reescrever esse trecho do texto, mantém-se a correção, conforme a norma-padrão da língua, e preserva-se o sentido original com a substituição do ponto final pela vírgula e da forma verbal destacada por:
Uma declaração política que definiu uma geração, uma epifania de paz, três caóticos dias que transformaram a história da música: os símbolos que cercam Woodstock são muitos, e às vezes é difícil separar o mito da realidade. O festival tem um peso cultural significativo, mas o legado de meio milhão de jovens festejando na chuva é menos sentido como uma subcultura revolucionária e mais como um clichê da cultura pop.
Em 1969, a sociedade americana estava se recuperando de vários acontecimentos, entre eles os protestos contra a guerra do Vietnã, os distúrbios raciais e os assassinatos de figuras como Martin Luther King e Robert Kennedy, o que implicitamente colocou a paz e o amor de Woodstock como antídoto contra a raiva. “O estado de ânimo no país era um pouco como hoje. Havia uma sensação de violência, de verdadeiro ódio e divisão”, disse Martha Bayles, acadêmica do Boston College.
Apesar de o Woodstock ter incluído canções de protesto, Bayles descartou a noção popular de que o festival foi político, o que considera um “mal-entendido”. “Nem o movimento contra a guerra, nem o movimento do poder negro… ninguém desse lado viu o Woodstock como algo além de uma piada”. “Foi visto pela militância política mais rígida como algo bobo e autoindulgente”.
A artista mais ativa politicamente do evento foi Joan Baez, que recorda Woodstock como “um festival de alegria”. Os três dias “foram algo importante, mas não uma revolução”, disse ao jornal The New York Times. “Uma revolução ou mesmo uma mudança social não acontecem sem a vontade de correr riscos. E o único risco em Woodstock era não ser convidado para o evento”, afirmou.
(“Cinco décadas depois de Woodstock, ainda é difícil separar o mito da realidade”. AFP, https://gauchazh.clicrbs.com.br, 14.08.2019. Adaptado)