Questões de Concurso
Sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português
Foram encontradas 19.047 questões
Que qualidade primeira a gente deve esperar de alguém com quem pretende um relacionamento?
Perguntou-me o jovem jornalista, e lhe respondi: aquelas que se esperaria do melhor amigo. O resto, é
claro, seriam os ingredientes da paixão, que vão além da amizade. Mas a base estaria ali: na confiança, na
alegria de estar junto, no respeito, na admiração. Na tranqüilidade. Em não poder imaginar a vida sem
aquela pessoa. Em algo além de todos os nossos limites e desastres.
Talvez seja um bom critério. Não digo de escolha, pois amor é instinto e intuição, mais uma dessas opções
mais profundas, arcaicas, que a gente faz até sem saber, para ser feliz ou para se destruir. Eu não quereria
como parceiro de vida quem não pudesse querer como amigo. E amigos fazem parte de meus alicerces
emocionais: são um dos ganhos que a passagem do tempo me concedeu. Falo daquela pessoa para quem
posso telefonar, não importa onde ela esteja nem a hora do dia ou da madrugada, e dizer: "Estou mal,
preciso de você". E ele ou ela estará comigo pegando um carro, um avião, correndo alguns quarteirões a
pé, ou simplesmente ficando ao telefone o tempo necessário para que eu me recupere, me reencontre, me
reaprume, não me mate, seja lá o que for.
Mais reservada do que expansiva num primeiro momento, mais para tímida, tive sempre muitos conhecidos
e poucas, mas reais, amizades de verdade, dessas que formam, com a família, o chão sobre o qual a gente
sabe que pode caminhar. Sem elas, eu provavelmente nem estaria aqui. Falo daquelas amizades para as
quais eu sou apenas eu, uma pessoa com manias e brincadeiras, eventuais tristezas, erros e acertos, os
anos de chumbo e uma generosa parte de ganhos nesta vida. Para eles não sou escritora, muito menos
conhecida de público algum: sou gente.
A amizade é um meio-amor, sem algumas das vantagens dele, mas sem o ônus do ciúme - o que é, cá
entre nós, uma bela vantagem. Ser amigo é rir junto, é dar o ombro para chorar, é poder criticar (com
carinho, por favor), é poder apresentar namorado ou namorada, é poder aparecer de chinelo de dedo ou
roupão, é poder até brigar e voltar um minuto depois, sem ter de dar explicação nenhuma. Amiga é aquela a
quem se pode ligar quando a gente está com febre e não quer sair para pegar as crianças na chuva: a
amiga vai, e pega junto com as dela ou até mesmo se nem tem criança naquele colégio.
Amigo é aquele a quem a gente recorre quando se angustia demais, e ele chega confortando, chamando de
"minha gatona" mesmo que a gente esteja um trapo. Amigo, amiga, é um dom incrível, isso eu soube desde
cedo, e não viveria sem eles. Conheci uma senhora que se vangloriava de não precisar de amigos: "Tenho
meu marido e meus filhos, e isso me basta". O marido morreu, os fijhos seguiram sua vida, e ela ficou num
deserto sem oásis, injuriada como se o destino tivesse lhe pregado uma peça. Mais de uma vez se queixou,
e nunca tive coragem de lhe dizer, àquela altura, que a vida é uma construção, também a vida afetiva. E
que amigos não nascem do nada como frutos do acaso: são cultivados com... amizade. Sem esforço, sem
adubos especiais, sem método nem aflição: crescendo como crescem as árvores e as crianças quando não
lhes faltam nem luz nem espaço nem afeto.
Quando em certo período o destino havia aparentemente tirado de baixo de mim todos os tapetes e perdi o
prumo, o rumo, o sentido de tudo, foram amigos, amigas, e meus filhos, jovens adultos já revelados amigos,
que seguraram as pontas. E eram pontas ásperas aquelas. Aguentei, persisti, e continuei amando a vida, as
pessoas e a mim mesma (como meu amado amigo Erico Veríssimo, "eu me amo, mas não me admiro") o
suficiente para não ficar amarga. Pois, além de acreditar no mistério de tudo o que nos acontece, eu tinha
aqueles amigos. Com eles, sem grandes conversas nem palavras explícitas, aprendi solidariedade,
simplicidade, honestidade, e carinho.
Nesta página, hoje, sem razão especial nem data marcada, estou homenageando aqueles, aquelas, que
têm estado comigo seja como for, para o que der e vier, mesmo quando estou cansada, estou burra, estou
irritada ou desatinada, pois às vezes eu sou tudo isso, ah, sim! E o bom mesmo é que na amizade, se
verdadeira, a gente não precisa se sacrificar nem compreender nem perdoar nem fazer malabarismos
sexuais nem inventar desculpas nem esconder rugas ou tristezas. A gente pode simplesmente ser: que
alívio, neste mundo complicado e desanimador, deslumbrante e terrível, fantástico e cansativo. Pois o
verdadeiro amigo é confiável e estimulante, engraçado e grave, às vezes irritante; pode se afastar, mas
sabemos que retorna; ele nos aguenta e nos chama, nos dá impulso e abrigo, e nos faz ser melhores: como
o verdadeiro amor.
Lya Luft, Revista Veja, edição 1962, 28 de junho de 2006
Que qualidade primeira a gente deve esperar de alguém com quem pretende um relacionamento?
Perguntou-me o jovem jornalista, e lhe respondi: aquelas que se esperaria do melhor amigo. O resto, é
claro, seriam os ingredientes da paixão, que vão além da amizade. Mas a base estaria ali: na confiança, na
alegria de estar junto, no respeito, na admiração. Na tranqüilidade. Em não poder imaginar a vida sem
aquela pessoa. Em algo além de todos os nossos limites e desastres.
Talvez seja um bom critério. Não digo de escolha, pois amor é instinto e intuição, mais uma dessas opções
mais profundas, arcaicas, que a gente faz até sem saber, para ser feliz ou para se destruir. Eu não quereria
como parceiro de vida quem não pudesse querer como amigo. E amigos fazem parte de meus alicerces
emocionais: são um dos ganhos que a passagem do tempo me concedeu. Falo daquela pessoa para quem
posso telefonar, não importa onde ela esteja nem a hora do dia ou da madrugada, e dizer: "Estou mal,
preciso de você". E ele ou ela estará comigo pegando um carro, um avião, correndo alguns quarteirões a
pé, ou simplesmente ficando ao telefone o tempo necessário para que eu me recupere, me reencontre, me
reaprume, não me mate, seja lá o que for.
Mais reservada do que expansiva num primeiro momento, mais para tímida, tive sempre muitos conhecidos
e poucas, mas reais, amizades de verdade, dessas que formam, com a família, o chão sobre o qual a gente
sabe que pode caminhar. Sem elas, eu provavelmente nem estaria aqui. Falo daquelas amizades para as
quais eu sou apenas eu, uma pessoa com manias e brincadeiras, eventuais tristezas, erros e acertos, os
anos de chumbo e uma generosa parte de ganhos nesta vida. Para eles não sou escritora, muito menos
conhecida de público algum: sou gente.
A amizade é um meio-amor, sem algumas das vantagens dele, mas sem o ônus do ciúme - o que é, cá
entre nós, uma bela vantagem. Ser amigo é rir junto, é dar o ombro para chorar, é poder criticar (com
carinho, por favor), é poder apresentar namorado ou namorada, é poder aparecer de chinelo de dedo ou
roupão, é poder até brigar e voltar um minuto depois, sem ter de dar explicação nenhuma. Amiga é aquela a
quem se pode ligar quando a gente está com febre e não quer sair para pegar as crianças na chuva: a
amiga vai, e pega junto com as dela ou até mesmo se nem tem criança naquele colégio.
Amigo é aquele a quem a gente recorre quando se angustia demais, e ele chega confortando, chamando de
"minha gatona" mesmo que a gente esteja um trapo. Amigo, amiga, é um dom incrível, isso eu soube desde
cedo, e não viveria sem eles. Conheci uma senhora que se vangloriava de não precisar de amigos: "Tenho
meu marido e meus filhos, e isso me basta". O marido morreu, os fijhos seguiram sua vida, e ela ficou num
deserto sem oásis, injuriada como se o destino tivesse lhe pregado uma peça. Mais de uma vez se queixou,
e nunca tive coragem de lhe dizer, àquela altura, que a vida é uma construção, também a vida afetiva. E
que amigos não nascem do nada como frutos do acaso: são cultivados com... amizade. Sem esforço, sem
adubos especiais, sem método nem aflição: crescendo como crescem as árvores e as crianças quando não
lhes faltam nem luz nem espaço nem afeto.
Quando em certo período o destino havia aparentemente tirado de baixo de mim todos os tapetes e perdi o
prumo, o rumo, o sentido de tudo, foram amigos, amigas, e meus filhos, jovens adultos já revelados amigos,
que seguraram as pontas. E eram pontas ásperas aquelas. Aguentei, persisti, e continuei amando a vida, as
pessoas e a mim mesma (como meu amado amigo Erico Veríssimo, "eu me amo, mas não me admiro") o
suficiente para não ficar amarga. Pois, além de acreditar no mistério de tudo o que nos acontece, eu tinha
aqueles amigos. Com eles, sem grandes conversas nem palavras explícitas, aprendi solidariedade,
simplicidade, honestidade, e carinho.
Nesta página, hoje, sem razão especial nem data marcada, estou homenageando aqueles, aquelas, que
têm estado comigo seja como for, para o que der e vier, mesmo quando estou cansada, estou burra, estou
irritada ou desatinada, pois às vezes eu sou tudo isso, ah, sim! E o bom mesmo é que na amizade, se
verdadeira, a gente não precisa se sacrificar nem compreender nem perdoar nem fazer malabarismos
sexuais nem inventar desculpas nem esconder rugas ou tristezas. A gente pode simplesmente ser: que
alívio, neste mundo complicado e desanimador, deslumbrante e terrível, fantástico e cansativo. Pois o
verdadeiro amigo é confiável e estimulante, engraçado e grave, às vezes irritante; pode se afastar, mas
sabemos que retorna; ele nos aguenta e nos chama, nos dá impulso e abrigo, e nos faz ser melhores: como
o verdadeiro amor.
Lya Luft, Revista Veja, edição 1962, 28 de junho de 2006
Que qualidade primeira a gente deve esperar de alguém com quem pretende um relacionamento?
Perguntou-me o jovem jornalista, e lhe respondi: aquelas que se esperaria do melhor amigo. O resto, é
claro, seriam os ingredientes da paixão, que vão além da amizade. Mas a base estaria ali: na confiança, na
alegria de estar junto, no respeito, na admiração. Na tranqüilidade. Em não poder imaginar a vida sem
aquela pessoa. Em algo além de todos os nossos limites e desastres.
Talvez seja um bom critério. Não digo de escolha, pois amor é instinto e intuição, mais uma dessas opções
mais profundas, arcaicas, que a gente faz até sem saber, para ser feliz ou para se destruir. Eu não quereria
como parceiro de vida quem não pudesse querer como amigo. E amigos fazem parte de meus alicerces
emocionais: são um dos ganhos que a passagem do tempo me concedeu. Falo daquela pessoa para quem
posso telefonar, não importa onde ela esteja nem a hora do dia ou da madrugada, e dizer: "Estou mal,
preciso de você". E ele ou ela estará comigo pegando um carro, um avião, correndo alguns quarteirões a
pé, ou simplesmente ficando ao telefone o tempo necessário para que eu me recupere, me reencontre, me
reaprume, não me mate, seja lá o que for.
Mais reservada do que expansiva num primeiro momento, mais para tímida, tive sempre muitos conhecidos
e poucas, mas reais, amizades de verdade, dessas que formam, com a família, o chão sobre o qual a gente
sabe que pode caminhar. Sem elas, eu provavelmente nem estaria aqui. Falo daquelas amizades para as
quais eu sou apenas eu, uma pessoa com manias e brincadeiras, eventuais tristezas, erros e acertos, os
anos de chumbo e uma generosa parte de ganhos nesta vida. Para eles não sou escritora, muito menos
conhecida de público algum: sou gente.
A amizade é um meio-amor, sem algumas das vantagens dele, mas sem o ônus do ciúme - o que é, cá
entre nós, uma bela vantagem. Ser amigo é rir junto, é dar o ombro para chorar, é poder criticar (com
carinho, por favor), é poder apresentar namorado ou namorada, é poder aparecer de chinelo de dedo ou
roupão, é poder até brigar e voltar um minuto depois, sem ter de dar explicação nenhuma. Amiga é aquela a
quem se pode ligar quando a gente está com febre e não quer sair para pegar as crianças na chuva: a
amiga vai, e pega junto com as dela ou até mesmo se nem tem criança naquele colégio.
Amigo é aquele a quem a gente recorre quando se angustia demais, e ele chega confortando, chamando de
"minha gatona" mesmo que a gente esteja um trapo. Amigo, amiga, é um dom incrível, isso eu soube desde
cedo, e não viveria sem eles. Conheci uma senhora que se vangloriava de não precisar de amigos: "Tenho
meu marido e meus filhos, e isso me basta". O marido morreu, os fijhos seguiram sua vida, e ela ficou num
deserto sem oásis, injuriada como se o destino tivesse lhe pregado uma peça. Mais de uma vez se queixou,
e nunca tive coragem de lhe dizer, àquela altura, que a vida é uma construção, também a vida afetiva. E
que amigos não nascem do nada como frutos do acaso: são cultivados com... amizade. Sem esforço, sem
adubos especiais, sem método nem aflição: crescendo como crescem as árvores e as crianças quando não
lhes faltam nem luz nem espaço nem afeto.
Quando em certo período o destino havia aparentemente tirado de baixo de mim todos os tapetes e perdi o
prumo, o rumo, o sentido de tudo, foram amigos, amigas, e meus filhos, jovens adultos já revelados amigos,
que seguraram as pontas. E eram pontas ásperas aquelas. Aguentei, persisti, e continuei amando a vida, as
pessoas e a mim mesma (como meu amado amigo Erico Veríssimo, "eu me amo, mas não me admiro") o
suficiente para não ficar amarga. Pois, além de acreditar no mistério de tudo o que nos acontece, eu tinha
aqueles amigos. Com eles, sem grandes conversas nem palavras explícitas, aprendi solidariedade,
simplicidade, honestidade, e carinho.
Nesta página, hoje, sem razão especial nem data marcada, estou homenageando aqueles, aquelas, que
têm estado comigo seja como for, para o que der e vier, mesmo quando estou cansada, estou burra, estou
irritada ou desatinada, pois às vezes eu sou tudo isso, ah, sim! E o bom mesmo é que na amizade, se
verdadeira, a gente não precisa se sacrificar nem compreender nem perdoar nem fazer malabarismos
sexuais nem inventar desculpas nem esconder rugas ou tristezas. A gente pode simplesmente ser: que
alívio, neste mundo complicado e desanimador, deslumbrante e terrível, fantástico e cansativo. Pois o
verdadeiro amigo é confiável e estimulante, engraçado e grave, às vezes irritante; pode se afastar, mas
sabemos que retorna; ele nos aguenta e nos chama, nos dá impulso e abrigo, e nos faz ser melhores: como
o verdadeiro amor.
Lya Luft, Revista Veja, edição 1962, 28 de junho de 2006
I. Relacionamentos amorosos nos levam, invariavelmente, mais à destruição do que à felicidade.
II. Lya Luft deixa patente em seu texto que, para ela, um parceiro de vida não pode estar dissociado da figura de amigo.
III. A autora afirma que, em situações de necessidade, podemos recorrer aos amigos, diferentemente do que ocorre com pessoas com quem temos envolvimento amoroso.
IV. Lya Luft confessa sua timidez em dado momento do texto e atribui a ela o fato de ter mais conhecidos do que amigos, porém, enfatiza que estes representam um aspecto essencial de sua vida.
Está correto o que se afirmou em:
Que qualidade primeira a gente deve esperar de alguém com quem pretende um relacionamento?
Perguntou-me o jovem jornalista, e lhe respondi: aquelas que se esperaria do melhor amigo. O resto, é
claro, seriam os ingredientes da paixão, que vão além da amizade. Mas a base estaria ali: na confiança, na
alegria de estar junto, no respeito, na admiração. Na tranqüilidade. Em não poder imaginar a vida sem
aquela pessoa. Em algo além de todos os nossos limites e desastres.
Talvez seja um bom critério. Não digo de escolha, pois amor é instinto e intuição, mais uma dessas opções
mais profundas, arcaicas, que a gente faz até sem saber, para ser feliz ou para se destruir. Eu não quereria
como parceiro de vida quem não pudesse querer como amigo. E amigos fazem parte de meus alicerces
emocionais: são um dos ganhos que a passagem do tempo me concedeu. Falo daquela pessoa para quem
posso telefonar, não importa onde ela esteja nem a hora do dia ou da madrugada, e dizer: "Estou mal,
preciso de você". E ele ou ela estará comigo pegando um carro, um avião, correndo alguns quarteirões a
pé, ou simplesmente ficando ao telefone o tempo necessário para que eu me recupere, me reencontre, me
reaprume, não me mate, seja lá o que for.
Mais reservada do que expansiva num primeiro momento, mais para tímida, tive sempre muitos conhecidos
e poucas, mas reais, amizades de verdade, dessas que formam, com a família, o chão sobre o qual a gente
sabe que pode caminhar. Sem elas, eu provavelmente nem estaria aqui. Falo daquelas amizades para as
quais eu sou apenas eu, uma pessoa com manias e brincadeiras, eventuais tristezas, erros e acertos, os
anos de chumbo e uma generosa parte de ganhos nesta vida. Para eles não sou escritora, muito menos
conhecida de público algum: sou gente.
A amizade é um meio-amor, sem algumas das vantagens dele, mas sem o ônus do ciúme - o que é, cá
entre nós, uma bela vantagem. Ser amigo é rir junto, é dar o ombro para chorar, é poder criticar (com
carinho, por favor), é poder apresentar namorado ou namorada, é poder aparecer de chinelo de dedo ou
roupão, é poder até brigar e voltar um minuto depois, sem ter de dar explicação nenhuma. Amiga é aquela a
quem se pode ligar quando a gente está com febre e não quer sair para pegar as crianças na chuva: a
amiga vai, e pega junto com as dela ou até mesmo se nem tem criança naquele colégio.
Amigo é aquele a quem a gente recorre quando se angustia demais, e ele chega confortando, chamando de
"minha gatona" mesmo que a gente esteja um trapo. Amigo, amiga, é um dom incrível, isso eu soube desde
cedo, e não viveria sem eles. Conheci uma senhora que se vangloriava de não precisar de amigos: "Tenho
meu marido e meus filhos, e isso me basta". O marido morreu, os fijhos seguiram sua vida, e ela ficou num
deserto sem oásis, injuriada como se o destino tivesse lhe pregado uma peça. Mais de uma vez se queixou,
e nunca tive coragem de lhe dizer, àquela altura, que a vida é uma construção, também a vida afetiva. E
que amigos não nascem do nada como frutos do acaso: são cultivados com... amizade. Sem esforço, sem
adubos especiais, sem método nem aflição: crescendo como crescem as árvores e as crianças quando não
lhes faltam nem luz nem espaço nem afeto.
Quando em certo período o destino havia aparentemente tirado de baixo de mim todos os tapetes e perdi o
prumo, o rumo, o sentido de tudo, foram amigos, amigas, e meus filhos, jovens adultos já revelados amigos,
que seguraram as pontas. E eram pontas ásperas aquelas. Aguentei, persisti, e continuei amando a vida, as
pessoas e a mim mesma (como meu amado amigo Erico Veríssimo, "eu me amo, mas não me admiro") o
suficiente para não ficar amarga. Pois, além de acreditar no mistério de tudo o que nos acontece, eu tinha
aqueles amigos. Com eles, sem grandes conversas nem palavras explícitas, aprendi solidariedade,
simplicidade, honestidade, e carinho.
Nesta página, hoje, sem razão especial nem data marcada, estou homenageando aqueles, aquelas, que
têm estado comigo seja como for, para o que der e vier, mesmo quando estou cansada, estou burra, estou
irritada ou desatinada, pois às vezes eu sou tudo isso, ah, sim! E o bom mesmo é que na amizade, se
verdadeira, a gente não precisa se sacrificar nem compreender nem perdoar nem fazer malabarismos
sexuais nem inventar desculpas nem esconder rugas ou tristezas. A gente pode simplesmente ser: que
alívio, neste mundo complicado e desanimador, deslumbrante e terrível, fantástico e cansativo. Pois o
verdadeiro amigo é confiável e estimulante, engraçado e grave, às vezes irritante; pode se afastar, mas
sabemos que retorna; ele nos aguenta e nos chama, nos dá impulso e abrigo, e nos faz ser melhores: como
o verdadeiro amor.
Lya Luft, Revista Veja, edição 1962, 28 de junho de 2006
“Não digo de escolha, pois amor é instinto e intuição, mais uma dessas opções mais profundas,

O adjetivo em destaque no retângulo apresenta sinonímia com o vocábulo representado em qual alternativa?
I. Na linha 1, empregam-se vírgulas para indicar o deslocamento por intercalação de um termo na chamada ordem direta da oração.
II. O emprego de “porque”, na linha 6, indica a relação de causa e efeito entre, respectivamente, os enunciados consequente e antecedente.
III. Na linha 9, o emprego do acento grave indicativo de crase é facultativo, pois sua ausência não implica alteração do sentido do enunciado.
IV. Na linha 17, flexiona-se a forma “estão” na 3ª pessoa do plural por causa da concordância com o sujeito composto.
O resultado é:


Para que não haja alteração do sentido, a palavra sublinhada no verso acima pode ser substituída por:
Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado
E trago comigo todas as idades.
Nasci numa rebaixa de serra
Entre serras e morros.
“Longe de todos os lugares”.
Numa cidade de onde levaram
O ouro e deixaram as pedras.
CORALINA, Cora. Os melhores poemas. São Paulo: Global, 2004.
LINGUAGEM JURÍDICA
Ao evitar o uso de palavras e termos complicados, que torna o texto por vezes inexplicável, você ajuda a
democratizar o Direito e ampliar para a sociedade o acesso à justiça.
Reconhecer a necessidade de simplificação da linguagem jurídica é o primeiro passo para a real democratização
e pluralização da Justiça. É preciso perceber que o contato diário do juiz com o jurisdicionado e com a própria
sociedade não enfraquece o Poder Judiciário. Ao inverso, tende a conferir-lhe maior grau de legitimidade.
MAGALHÃES PINTO, Oriana Piske de Azevedo. Visão Jurídica. São Paulo, n°. 01, p.16. [Adaptado].
LINGUAGEM JURÍDICA
Ao evitar o uso de palavras e termos complicados, que torna o texto por vezes inexplicável, você ajuda a
democratizar o Direito e ampliar para a sociedade o acesso à justiça.
Reconhecer a necessidade de simplificação da linguagem jurídica é o primeiro passo para a real democratização
e pluralização da Justiça. É preciso perceber que o contato diário do juiz com o jurisdicionado e com a própria
sociedade não enfraquece o Poder Judiciário. Ao inverso, tende a conferir-lhe maior grau de legitimidade.
MAGALHÃES PINTO, Oriana Piske de Azevedo. Visão Jurídica. São Paulo, n°. 01, p.16. [Adaptado].
LINGUAGEM JURÍDICA
Ao evitar o uso de palavras e termos complicados, que torna o texto por vezes inexplicável, você ajuda a
democratizar o Direito e ampliar para a sociedade o acesso à justiça.
Reconhecer a necessidade de simplificação da linguagem jurídica é o primeiro passo para a real democratização
e pluralização da Justiça. É preciso perceber que o contato diário do juiz com o jurisdicionado e com a própria
sociedade não enfraquece o Poder Judiciário. Ao inverso, tende a conferir-lhe maior grau de legitimidade.
MAGALHÃES PINTO, Oriana Piske de Azevedo. Visão Jurídica. São Paulo, n°. 01, p.16. [Adaptado].

Da leitura da charge, depreende-se uma crítica sobretudo
O CORONEL PEDRO MELO
No frio da manhã, o coronel Pedro Melo ia pela estrada mon-
tado na sua grande mula, a maior de que havia notícia na-
quela região. Tilintava as esporas, as rodelas dos freios, as
fivelas e bombas do arreio e da cabeçada. Atrás iam os dois
jagunços, Mulato e Resto-de-Onça, cada qual com sua repe-
tição alceada no ombro. Os cascos batiam nas pedras. Pelos
baixos, a neblina ia densa, molhando o capim que pegava a
amarelar. Os bem-te-vis cantavam pelos altos angicos.
Pedro Melo dirigia-se para a Grota, ia pôr seu filho Artur a
par de tudo que se passava no povoado, queria dar-lhe parte
das exigências de Vicente Lemes.
O velho olhava sobranceiro a paisagem que lhe era tão fami-
liar. Quantas vezes já passaram por ali, nem sabia ao certo!
Julgava-se o criador daquela paisagem, daqueles caminhos,
daquelas cercas, daqueles muros e daquelas pontes. Tudo
saíra de suas mãos ou das de seu filho. Era o criador e dono
daquilo tudo. No entanto, Vicente Lemes e Valério Ferreira
pretendiam governar. Essa era boa! Uns preguiçosos daque-
la marca! Que é que eles já haviam feito para a região, a não
ser fuxicos e mais fuxicos? Pela frente corria a estrada orva-
lhada e ainda sem sol. Era uma estrada carreira.
ÉLIS, Bernardo. O tronco. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.
O CORONEL PEDRO MELO
No frio da manhã, o coronel Pedro Melo ia pela estrada mon-
tado na sua grande mula, a maior de que havia notícia na-
quela região. Tilintava as esporas, as rodelas dos freios, as
fivelas e bombas do arreio e da cabeçada. Atrás iam os dois
jagunços, Mulato e Resto-de-Onça, cada qual com sua repe-
tição alceada no ombro. Os cascos batiam nas pedras. Pelos
baixos, a neblina ia densa, molhando o capim que pegava a
amarelar. Os bem-te-vis cantavam pelos altos angicos.
Pedro Melo dirigia-se para a Grota, ia pôr seu filho Artur a
par de tudo que se passava no povoado, queria dar-lhe parte
das exigências de Vicente Lemes.
O velho olhava sobranceiro a paisagem que lhe era tão fami-
liar. Quantas vezes já passaram por ali, nem sabia ao certo!
Julgava-se o criador daquela paisagem, daqueles caminhos,
daquelas cercas, daqueles muros e daquelas pontes. Tudo
saíra de suas mãos ou das de seu filho. Era o criador e dono
daquilo tudo. No entanto, Vicente Lemes e Valério Ferreira
pretendiam governar. Essa era boa! Uns preguiçosos daque-
la marca! Que é que eles já haviam feito para a região, a não
ser fuxicos e mais fuxicos? Pela frente corria a estrada orva-
lhada e ainda sem sol. Era uma estrada carreira.
ÉLIS, Bernardo. O tronco. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.
Qualidades da boa linguagem na redação forense
A boa linguagem é um dever pessoal do operador do Direito
que se mantém preocupado em expressar as ideias com pre-
cisão, sem sacrificar o estilo solene que deve nortear a lin-
guagem forense.
É claro que, para levar a cabo tal mister, não se pode utilizar
a fala pedante, com dizeres mirabolantes, na qual sobeja a
terminologia enrolativa, que vem de encontro à precisão ne-
cessária à assimilação do argumento aduzido. A linguagem
hermética e "centrípeta" só agrada ao remetente, não ao
destinatário. Com efeito, o preciosismo é vício de linguagem
marcado pela afetação. Deve-se evitar sacrificar a ideia, fu-
gindo do natural, a fim de causar "impressão", sem lograr
transmitir o pensamento com clareza. [...]
Ademais, é comum encontrar operadores do Direito que opi-
nam sobre regência de verbos, concordância de nomes, uso
de crase e ortografia, sem que se deem ao trabalho de se
dedicar à intrincada tarefa de assimilar as bases da gramáti-
ca do idioma doméstico. Encaixam-se, portanto, no perfil de
ousados corretores que, no afã de corrigirem, extravasam,
na verdade, um descaso com o idioma, ao contrário do que
pensam exteriorizar: domínio do português. Não é por acaso
que, segundo os árabes, "nascemos com dois olhos, dois ou-
vidos, duas narinas e ...uma boca". É para ter mais cuidado
no falar...
Com notável propriedade, Theotonio Negrão ("Revista de
Processo", 49/83, p.5) assevera que "o operador do direito
que não consegue ter linguagem correta não consegue ex-
pressar adequadamente seu pensamento”. Em entrevista ao
Jornal do Advogado (OAB), em 8 de junho de 2001, Miguel
Reale, ao ser inquirido sobre quais eram os pré-requisitos
para o exercício da carreira do advogado, respondeu:
"Em primeiro lugar, saber dizer o direito. Nos concursos fei-
tos para a Magistratura, para o Ministério Público e assim por
diante, a maior parte das reprovações são devidas à forma
como se escreve. Há uma falha absoluta na capacidade de
expressão. Então, o primeiro conselho que dou é aprender a
Língua Portuguesa. Em segundo lugar, pensar o Direito
como uma ciência que envolve a responsabilidade do advo-
gado por aquilo que diz e defende. Em terceiro lugar, vem o
preparo adequado, o conhecimento técnico da matéria”.
Como se nota, o desconhecimento do vernáculo torna o ad-
vogado um frágil defensor de interesses alheios, não sendo
capaz de convencer sobre o que arrazoa, nem postular ade-
quadamente o que intenciona. Pode até mesmo se ver priva-
do de prosseguir na lide, caso elabore uma petição inicial
ininteligível ou em dissonância com as normas cultas da lín-
gua portuguesa, uma vez que o Código de Processo Civil, no
artigo 156, obriga o uso do vernáculo em todos os atos e ter-
mos do processo.
Assim, aquele que peticiona deve utilizar uma linguagem
castiça, procurando construir um texto balizado em parâme-
tros que sustentem a boa linguagem. A comunicação huma-
na precisa ser eficiente, devendo o usuário da linguagem es-
tar atento para as virtudes de estilo ou qualidades do léxico
de rigor. [...]
Na oração "Assim, requer o Autor à Vossa Excelência...", há
vício gramatical quanto à crase, uma vez que se deve grafar
"Assim, requer o Autor a Vossa Excelência...", sem o sinal
grave indicador da contração, uma vez que não há crase an-
tes de pronome de tratamento.
Nesse diapasão, observe a frase: "Arquive-se os autos". O
equívoco é palmar, na medida em que o sujeito da oração é
"autos", devendo o verbo concordar com o sujeito. Portanto,
procedendo à correção: "Arquivem-se os autos". [...]
A concisão é qualidade inerente à objetividade e justeza de
sentido no redigir. Como se sabe, falar muito, com prolixida-
de, é fácil; o difícil e invulgar é falar tudo, com concisão. A
sobriedade no expor, traduzindo o sentido retilíneo do pensa-
mento, sem digressões desnecessárias e manifestações su-
pérfluas, representa o ideal na exposição do pensar. Não há
como tolerar arrazoados e petições gigantes e repetitivas,
vindo de encontro aos interesses perquiridos pelo próprio
subscritor do petitório, embora, às vezes, não perceba o re-
sultado. [...]
Nas peças forenses, é comum encontrarmos expressões su-
pérfluas, cuja simples supressão importaria em aperfeiçoa-
mento da frase. Observe o exemplo abaixo:
"O acusado foi citado por edital, por não ter sido encontrado
pessoalmente".
Procedendo ao devido enxugamento frasal, ter-se-ia:
"O acusado foi citado por edital, por não ter sido
encontrado".
Na mesma esteira, deve-se evitar o uso excessivo de advérbios
de modo. Evite, portanto, "precariamente", "tocantemente", "tan-
gentemente", "editaliciamente". Observe os exemplos:
"Eles foram editaliciamente citados" (Corrigindo: Eles foram
citados por edital.); ou "Tangentemente a esse caso, ..."
(Corrigindo: No que tange a esse caso...).
Posto isso, faz-se mister a preservação da boa linguagem,
evitando-se distanciar dos postulados acima expendidos, a
fim de que possa o causídico alcançar o que se busca: o êxi-
to na arte do convencimento.
SABBAG, Eduardo de Moraes. Qualidades da boa linguagem na redação
forense. Disponível em:

maio 2012. [Adaptado].