Questões de Concurso
Comentadas sobre tipologia textual em português
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Texto CB1A2-I
O uso da palavra está, necessariamente, ligado à questão da eficácia. Visando a uma multidão indistinta, a um grupo definido ou a um auditório privilegiado, o discurso procura sempre produzir um impacto sobre seu público. Esforça-se, frequentemente, para fazê-lo aderir a uma tese: ele tem, então, uma visada argumentativa. Mas o discurso também pode, mais modestamente, procurar modificar a orientação dos modos de ver e de sentir: nesse caso, ele tem uma dimensão argumentativa. Como o uso da palavra se dota do poder de influenciar seu auditório? Por quais meios verbais, por quais estratégias programadas ou espontâneas ele assegura a sua força?
Essas questões, das quais se percebe facilmente a importância na prática social, estão no centro de uma disciplina cujas raízes remontam à Antiguidade: a retórica. Para os antigos, a retórica era uma teoria da fala eficaz e também uma aprendizagem ao longo da qual os homens da cidade se iniciavam na arte de persuadir. Com o passar do tempo, entretanto, ela tornou-se, progressivamente, uma arte do bem dizer, reduzindo-se a um arsenal de figuras. Voltada para os ornamentos do discurso, a retórica chegou a se esquecer de sua vocação primeira: imprimir ao verbo a capacidade de provocar a convicção. É a esse objetivo que retornam, atualmente, as reflexões que se desenvolvem na era da democracia e da comunicação.
Ruth Amosy. A argumentação no discurso.
São Paulo: Editora Contexto, 2018, p. 7 (com adaptações).
Julgue o item a seguir, com base nas ideias do texto CB1A2-I.
Segundo o texto, a visada argumentativa de um discurso e a
sua dimensão argumentativa são duas características
indissociáveis e de igual importância no estudo e na
compreensão dos discursos.
O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem com ele na alma.
Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).
Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim, autêntico papo-firme.
Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada. A freguesa resolveu colaborar:
− Que tal um fígado acebolado?
− Acabou, madame − atalhou o garçom.
− Deixe ver… Assada com coradas, está bem?
− Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.
− Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…
− Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço − ponderou.
A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:
− Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.
Da cozinha veio a informação:
− Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?
− Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.
Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite de seu Adelino:
− Está uma beleza!
− Não acho muito não − retorquiu, inapetente.
O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio.
Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:
− Como é, está bom?
Com um risinho meio de banda, fez a crítica:
− Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o bacalhau salgado em demasia, ai!
A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:
− Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…
Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:
− Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!
Mas, encarando o concreto:
− Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!
− Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se consolar.
Não tinha, infelizmente.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)
Atenção: Leia a crônica para responder à questão
Na crônica, a freguesa é caracterizada como
“O clínico é aquele sujeito que sabe tudo e não resolve nada. O cirurgião não sabe nada e resolve tudo. O psiquiatra não sabe nada e não resolve nada.”
Esse julgamento mostra erro grave, já que apoia sua argumentação em
Com relação ao texto e a seus aspectos linguísticos, julgue o item.
No texto, que se caracteriza como
dissertativo-informativo, são mencionadas a ocorrência
de sequelas da covid-19 e consequências negativas do
isolamento social imposto em razão da pandemia.
Texto 2
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=tiras +redes+sociais&tbm. Acesso em 25 out. 2021.
Sobre os recursos linguísticos que compõem o Texto 2, analise os itens que se seguem.
I. Linguagem denotativa e conotativa. II. Registro formal e registro informal. III. Frase nominal e frase verbal. IV. Linguagem verbal e não verbal.
Estão CORRETOS os itens
O texto dissertativo-argumentativo é formado de três partes: introdução; desenvolvimento; e conclusão.
Com relação aos aspectos linguísticos do texto, julgue o item.
O principal objetivo do texto é informar os impactos do
uso do ar-condicionado sobre o clima global, portanto o
tipo textual predominante é o expositivo/informativo.
O objetivo do texto, cuja tipologia é dissertativa, é alertar as pessoas das consequências desfavoráveis da readaptação à realidade de antes da pandemia.
VÍNCULOS DO TEMPO
O ritmo frenético não justifica deixar de fazer o que é relevante.
É preciso ir devagar se quisermos ir longe, diz o ditado, com a sabedoria das constatações simples, aquelas que nascer da observação da natureza. Os Índios, por exemplo, são mestres no ofício de tirar lições de vida a partir das circunstâncias que lhes cercam e determinam sua existência. O céu, o rio, a floresta, as estações, tudo para os Índios tem um valor que nós, habitantes da cidade, com frequência subestimamos - o valor sublime daguilo que nos é dado pelo universo. Como o tempo.
Apesar de tentarmos controlá-lo com ponteiros ou telas digitais, o tempo não é mensurável por um único padrão. Ele acelera e desacelera de acordo com nosso estado de espirito. Há o tempo medido pela urgência, quando um prazo se impõe. Há o tempo do lazer, da conversa agradável, que se dissipa num piscar de olhos. Há o tempo preguiçoso, que escore por entre os dedos desperdiçado coma água preciosa. Há o tempo de festa e o tempo de luto, cada um dura quanto deve durar, mais curto e intenso para uns, mais longo e diluído para outros. É subjetiva, portanto, a percepção do tempo, esse “tambor de todos os ritmos”, na definição precisa de Caetano Veloso.
Nas últimas décadas, nos acostumamos a um ritmo frenético, inimaginável para nossos pais e avós. Os avanços da tecnologia multiplicaram nossas obrigações. ironicamente, cada facilidade a que temos acesso corresponde a uma dificuldade exira, uma tarefa adiclonal. O celular, por exemplo, nos franqueia o contato imediato com o mundo, mas demanda atenção a inúmeros grupos, nem todos realmente importantes. Com tantas facilidades ao nosso dispor, ficou mais complicado conciliar todas as esferas da vida - trabalho, estudo, família, amigos, lazer. Assim, engolidos pela rotina, vamos passando os dias sem dedicar um minuto a nós mesmos ou negligenciando os que nos são mais próximos.
Até que ponto, no entanto, as múltiplas distrações da vida modema são desculpa para não fazermos o que mais importa?
Algumas pessoas têm um admirável talento para fazer o tempo render, a convicção de que quinze minutos da agenda é tempo precioso. Fazem tudo com consciência, aproveitam cada reunião, cada conversa, para extrair o máximo do momento. Além de excelentes administradores do tempo, são notáveis gestores da informação que recebem - o que também os faz economizar tempo para apreciá-lo da maneira que se deve.
Conheço executivos que só comissionam trabalhos a quem “não tem tempo”. Sabem que os profissionais mais demandados produzirão o tempo extra que for necessário. Sim, porque é possivel fazer o própriotempo.
O distanciamento social mudou um pouco nossa relação com o tempo. Reduzimos a marcha, o que nos deu a oportunidade de rever a maneira como o desfrutamos. É esse o momento de encarar aquele projeto pessoal tantas vezes adiado. Pode ser o que for: testar uma receita nova, planejar uma viagem dos sonhos para quando tudo isso passar, se dedicar a montar a árvore genealógica da família, ler aquete clássico com calma que ele merece. E, sobretudo, conviver mais com quem amamos. Aliás, é sempre bom lembrar que o tempo compartilhado com alguém é a mais poderosa força criadora de vínculos.
FONTE: DINIZ, Lucília. Veja, 14/04/21
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=tiras +redes+sociais&tbm. Acesso em 25 out. 2021.
Sobre os recursos linguísticos que compõem o Texto 2, analise os itens que se seguem.
I. Linguagem denotativa e conotativa.
II. Registro formal e registro informal.
III. Frase nominal e frase verbal.
IV. Linguagem verbal e não verbal.
Estão CORRETOS os itens
Um personagem de um célebre romance francês é enunciador do seguinte discurso:
“O que teria eu que fazer para demonstrar a utilidade da agricultura? Quem provê nossas necessidades? Quem fornece nossos alimentos? Não é o agricultor? O agricultor, senhores, que semeia nossos campos com sua mão laboriosa, faz nascer o trigo, que, triturado por engenhosas máquinas, dá origem à farinha, que, transportada para o padeiro, produz alimento para o pobre e para o rico. Não é também o agricultor que gera nossas roupas, engordando os seus rebanhos, nas nossas pastagens? Porque, como nos vestiríamos, como nos alimentaríamos sem o agricultor?”
Sobre a estrutura argumentativa desse pequeno texto, a única afirmativa correta é:
Em uma tarde ensolarada, estou no portão da escola recebendo as crianças como todos os dias. De repente, um carro para em frente ao portão. Um menino de quatro anos chega à porta da escola com o telefone nas mãos, assistindo desenho ou jogando (não foi possível identificar), tão concentrado que nem percebe que chegou à escola. A mãe chama e ele não atende. Então, ela pega o telefone das mãos do filho e ele começa a reclamar, chorando e exaltado, querendo o telefone novamente. A mãe pede ao filho para parar de chorar e de “fazer birra”, mas este não a atende. Para parar de ouvir a reclamação do filho, ela então vai ao carro, busca o tablet e deixa que o filho o leve para a escola.
Diário de bordo, 26 de fevereiro de 2018.
Sobre a estrutura desse pequeno texto, retirado de um estudo sobre a Tecnologia e a Educação Infantil, a afirmativa adequada é que se trata de um texto:
O texto é predominantemente informativo.
No texto, predomina o tipo textual dissertativo-argumentativo.
I. Ao optar por utilizar um formato de texto injuntivo, a autora lançou mão de recursos valiosos, como a expressão da própria opinião – algo recorrente no texto – e as citações ou referências a outros textos e informações externas, como um artigo escrito por um físico.
II. No texto, a autora procura deixar claro que alguns fatores podem funcionar como impulsionadores da ciência. Entre esses fatores, ela inclui os esforços em pesquisa, os investimentos e a “ousadia” por parte dos cientistas. Ao longo do texto, fica claro o interesse da autora em explorar especificamente a importância de se ter “ousadia” na ciência.
III. No trecho “É necessário um fator de motivação para reunir dezenas ou centenas de pessoas diante de um conjunto de problemas”, a autora utiliza um verbo no infinitivo para exprimir a ideia de elementos que são separados, postos em oposição ou cerceados de alguma forma.
Marque a alternativa CORRETA:
Texto CG1A1-II
Há quem veja a literatura como o refúgio da beleza e da paz. Num mundo amargo, triste e violento, os livros oferecem a rota de fuga. Não é a vida como ela é, mas a vida como deveria ser. Títulos agressivos devem ser evitados. Essa convicção é equivocada?
Não é o caso de dizer que é equivocada. Os gostos são múltiplos e devem ser respeitados. O problema é acreditar que a literatura, para funcionar bem, deva ser o paraíso na terra. Há livros que funcionam assim, mas não são muitos. Para falar a verdade, as grandes obras literárias, com intensidade diferente, são marcadas pela ganância, pela traição, pela violência, pela catástrofe.
Assim, vale a pena respirar fundo e encarar as nossas imperfeições nas páginas dos grandes livros. O mergulho nas trevas forja o caráter da gente. Não é das coisas mais agradáveis, mas intensifica nossa humanidade. Ser humano em sua plenitude é conhecer a variedade de nossas emoções e ações. As boas e as ruins. As dignas e as indignas. As que comovem e as que perturbam.
Um belo treino é a leitura do monumental A canção do carrasco, de Norman Mailer. O centro de tudo é a execução de Gary Gilmore em 1977, nos Estados Unidos da América, pelos crimes que cometeu. Quase tudo nas mil páginas de Mailer é real. O material foi obtido a partir de entrevistas, leitura de processos judiciais e da cobertura da imprensa. Trata-se de uma aula de como a realidade é operada por diversas alavancas.
Nelson Fonseca Neto. O mundo do crime na literatura.
Internet: <g1.globo.com> (com adaptações).
O texto poderia ser classificado corretamente como descritivo ou narrativo, não sendo possível afirmar qual desses tipos textuais nele predomina.
I. Na tipologia textual, é formado pelo texto injuntivo, também chamado de texto instrucional.
II. Indica ordem, persuasão, orientação.
III. O modo verbal utilizado nos textos injuntivos, incluindo o gênero guia, é o futuro do pretérito.
Estão corretas as afirmativas.