Questões de Português - Uso das aspas para Concurso
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Um estudo cuidadoso do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), feito por Kaizo Beltrão e Ferrão, mostrou que "a penalização de reter o aluno na série é muito maior que a de ele estudar numa escola com o ensino organizado em ciclos".
Com relação ao emprego das aspas, pode-se afirmar que:
TEXTO 3
“Um dos fatos mais lamentáveis da nossa história pós-redemocratização”
O professor de direito constitucional da PUC, Marcelo Figueiredo, disse neste sábado à rádio Jovem Pan que a censura imposta à Crusoé e a O Antagonista fere a democracia.
“O episódio é um precedente perigoso para a liberdade de imprensa porque se cada ministro se sentir agravado com uma reportagem e mandar cassar o veículo de comunicação, nós voltamos a um Estado ditatorial, antidemocrático”, afirmou.
“A censura ao site Antagonista e à revista Crusoé entrará como um dos fatos mais lamentáveis da nossa história pós-redemocratização. Por outro lado, tem que se celebrar. Amobilização da sociedade e o posicionamento certeiro de ministros do Supremo que discordam do conjunto de absurdos que têm sido praticados.”
(Fonte: https://www.oantagonista.com/brasil/um-dos-fatos-mais-lamentaveis-da-nossa-historia-pos-redemocratizacao/)
( ) Apresença das aspas na manchete da notícia e nos seus dois últimos parágrafos é um recurso utilizado pelo jornalista para separar a sua voz da voz do professor de Direito.
( ) Ao se observar a manchete da notícia e o primeiro parágrafo do texto, compreendemos que a coesão textual se constrói a partir da relação catafórica entre “Um dos fatos mais lamentáveis” e “[...] “a censura imposta à Crusoé e a O Antagonista [...]”.
( ) Observando apenas o título da notícia, ainda que o leitor não possua um conhecimento prévio sobre o que são “Crusoé” e “O Antagonista”, compreende-se que são meios de difusão da informação, a partir da relação anafórica entre esses termos e os termos “liberdade de imprensa”, “reportagem” e “veículo de comunicação”, que ajudam a construir o enunciado do segundo parágrafo.
Marque a alternativa que contém a sequência CORRETA de preenchimento dos parênteses:
Texto 3
Fonte: (http://www.cnpq.br/).
Texto 4
Sem definição sobre crédito suplementar, CNPq suspende apoio para novos bolsistas.
Ao G1, Ministério da Economia diz que ainda avalia pedido de crédito suplementar para cobrir o déficit de mais de R$ 300 milhões, feito pelo MCTIC em 1º de março.
Por Ana Carolina Moreno, G1
16/08/2019 00h01 Atualizado há 2 dias,
Sem resposta do governo federal sobre a garantia de abertura de crédito suplementar para cobrir o déficit do orçamento de 2019, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou, na tarde desta quinta-feira (15), que suspendeu a assinatura de novos contratos de bolsas de estudo e pesquisa.
“O CNPq informa a suspensão de indicações de bolsistas, uma vez que recebemos indicações de que não haverá recomposição integral do orçamento de 2019”, disse o CNPq em nota. “Dessa forma, estamos tomando as medidas necessárias para minimizar as consequências desta restrição”.
A recomposição, segundo informou o órgão ao G1, se refere ao crédito suplementar de R$ 330 milhões. Quem abre o crédito é o Ministério da Economia, mas, de acordo com o conselho, até a tarde desta quinta a pasta não havia dado garantias de que liberaria o reforço orçamentário.
Ao G1, o Ministério da Economia afirmou, na noite desta quinta, que o pedido de crédito suplementar para o CNPq, feito em 1º de março e referendado em votação no Congresso Nacional em 11 de junho, ainda “permanece em análise na JEO [a Junta de Execução Orçamentária], sem prazo para decidir sobre o pleito.”
Esse recurso é necessário para cobrir o déficit previsto pelo CNPq desde o ano passado, quando a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2019 foi aprovada, para as bolsas.
Nesta semana, o presidente do CNPq, João Luiz Filgueiras, se reuniu tanto com o ministro da Ciência e Tecnologia (MCTIC), Marcos Pontes, quanto com o Ministério da Economia para tratar sobre o assunto do déficit orçamentário de 2019 e da elaboração do orçamento para 2020.
Com a suspensão de novas bolsas, o CNPq espera concentrar o que ainda tem garantido no orçamento de 2019 para cumprir o compromisso com os pesquisadores que têm bolsa vigente, mas, como mostrou o G1 neste domingo (11), com pouco mais de um terço do ano pela frente, resta ao conselho apenas 12% da verba prevista até dezembro.
Fonte: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/08/16/sem-definicao-sobre-credito-suplementar-cnpq-suspende-apoio-para-novos-bolsistas.ghtml.
Acerca dos textos 3 e 4, assinale a alternativa CORRETA.
Cem anos de perdão
Quem nunca roubou não vai me entender. E quem nunca roubou rosas, então é que jamais poderá me entender. Eu, em pequena, roubava rosas.
Havia em Recife inúmeras ruas, as ruas dos ricos, ladeadas por palacetes que ficavam no centro de grandes jardins. Eu e uma amiguinha brincávamos muito de decidir a quem pertenciam os palacetes. “Aquele branco é meu.” “Não, eu já disse que os brancos são meus.” “Mas esse não é totalmente branco, tem janelas verdes.” Parávamos às vezes longo tempo, a cara imprensada nas grades, olhando.
Começou assim. Numa das brincadeiras de “essa casa é minha”, paramos diante de uma que parecia um pequeno castelo. No fundo via-se o imenso pomar. E, à frente, em canteiros bem ajardinados, estavam plantadas as flores.
Bem, mas isolada no seu canteiro estava uma rosa apenas entreaberta cor-de-rosa-vivo. Fiquei feito boba, olhando com admiração aquela rosa altaneira que nem mulher feita ainda não era. E então aconteceu: do fundo de meu coração, eu queria aquela rosa para mim. Eu queria, ah como eu queria. E não havia jeito de obtê-la. Se o jardineiro estivesse por ali, pediria a rosa, mesmo sabendo que ele nos expulsaria como se expulsam moleques. Não havia jardineiro à vista, ninguém. E as janelas, por causa do sol, estavam de venezianas fechadas. Era uma rua onde não passavam bondes e raro era o carro que aparecia. No meio do meu silêncio e do silêncio da rosa, havia o meu desejo de possuí-la como coisa só minha. Eu queria poder pegar nela. Queria cheirá-la até sentir a vista escura de tanta tonteira de perfume.
Então não pude mais. O plano se formou em mim instantaneamente, cheio de paixão. Mas, como boa realizadora que eu era, raciocinei friamente com minha amiguinha, explicando-lhe qual seria o seu papel: vigiar as janelas da casa ou a aproximação ainda possível do jardineiro, vigiar os transeuntes raros na rua. Enquanto isso, entreabri lentamente o portão de grades um pouco enferrujadas, contando já com o leve rangido. Entreabri somente o bastante para que meu esguio corpo de menina pudesse passar. E, pé ante pé, mas veloz, andava pelos pedregulhos que rodeavam os canteiros. Até chegar à rosa foi um século de coração batendo.
Eis-me afinal diante dela. Paro um instante, perigosamente, porque de perto ela ainda é mais linda. Finalmente começo a lhe quebrar o talo, arranhando-me com os espinhos, e chupando o sangue dos dedos.
E, de repente – ei-la toda na minha mão. A corrida de volta ao portão tinha também de ser sem barulho. Pelo portão que deixara entreaberto, passei segurando a rosa. E então nós duas pálidas, eu e a rosa, corremos literalmente para longe da casa.
O que é que fazia eu com a rosa? Fazia isso: ela era minha.
Levei-a para casa, coloquei-a num copo d’água, onde ficou soberana, de pétalas grossas e aveludadas, com vários entretons de rosa-chá. No centro dela a cor se concentrava mais e seu coração quase parecia vermelho.
Foi tão bom.
Foi tão bom que simplesmente passei a roubar rosas. O processo era sempre o mesmo: a menina vigiando, eu entrando, eu quebrando o talo e fugindo com a rosa na mão. Sempre com o coração batendo e sempre com aquela glória que ninguém me tirava.
Também roubava pitangas. Havia uma igreja presbiteriana perto de casa, rodeada por uma sebe verde, alta e tão densa que impossibilitava a visão da igreja. Nunca cheguei a vê-la, além de uma ponta de telhado. A sebe era de pitangueira. Mas pitangas são frutas que se escondem: eu não via nenhuma. Então, olhando antes para os lados para ver se ninguém vinha, eu metia a mão por entre as grades, mergulhava-a dentro da sebe e começava a apalpar até meus dedos sentirem o úmido da frutinha. Muitas vezes na minha pressa, eu esmagava uma pitanga madura demais com os dedos que ficavam como ensanguentados. Colhia várias que ia comendo ali mesmo, umas até verdes demais, que eu jogava fora.
Nunca ninguém soube. Não me arrependo: ladrão de rosas e de pitangas tem 100 anos de perdão. As pitangas, por exemplo, são elas mesmas que pedem para ser colhidas, em vez de amadurecer e morrer no galho, virgens.
LISPECTOR, Clarice. Todos os contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2016. p. 408-410.
“Aquele branco é meu.” “Não, eu já disse que os brancos são meus.” “Mas esse não é totalmente branco, tem janelas verdes.”
Nesse fragmento, as ASPAS foram empregadas para:
Resgate no Museu Nacional está parado há um mês
por falta de material e mão de obra
Além de atrasar o cronograma para o início das obras de restauro, o tempo perdido aumenta a deterioração das peças. Não há luvas, máscaras, pás e enxadas para a equipe trabalhar no palácio que pegou fogo no ano passado.
O resgate do acervo nos escombros do Museu Nacional está parado há um mês por falta de material. Não há luvas, máscaras, pás, enxadas e carrinhos de mão para a equipe trabalhar no palácio que pegou fogo no ano passado. Também não tem mais caixas e contêineres para armazenar os itens que foram retirados do local. Além da reposição de material, a equipe de resgate precisa de mão de obra para retirar escombros e ter acesso ao acervo científico que ainda está sob o entulho. Enquanto isso não é possível, o Núcleo de Resgate se dedica à organização e aos reparos do que já foi recuperado. A vice coordenadora do grupo, Luciana Carvalho, explica que a paralisação do resgate dentro do museu atrasa o cronograma da reforma:
"Mas é claro que não poder tirar material lá de dentro aflige a gente. Nossa maior pressa é tirar esse material para liberar o palácio para a parte da reforma. Também porque as peças que estão lá dentro sofrem. Quanto mais tempo estão lá, mais riscos sofrem de deteriorar. Há algumas salas que ainda estão com acervo internamente. Então essas salas não podem passar por obra. Isso atrasa um pouco".
O Museu Nacional recebeu verba de emendas parlamentares, do BNDES e da Vale e, atualmente, tem cerca de 120 milhões de reais disponíveis para realizar projetos e obras. Só que esse dinheiro tem destino pré-definido e não pode ser usado na compra do material necessário para continuar o resgate. Outro caminho são as doações recebidas pela Associação Amigos do Museu Nacional. Segundo a última prestação de contas, há 80 mil reais em caixa, mas apenas 25 mil ainda não estão comprometidos. O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, faz um apelo por mais doações.
"É praticamente impossível dentro do esquema atual que a gente vive, de licitação, fazer isso com celeridade via Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para isso estamos precisando de ajuda. Vamos fazer novas solicitações à Alemanha para ver se podem nos auxiliar. Eles são muito mais rápidos. E também estamos contando com doações na SOS Museu Nacional", disse Kellner.
O vice-reitor da UFRJ, Carlos Frederico Rocha, afirmou que o museu não tem problemas financeiros e que uma licitação foi aberta pra compra do material em falta. Ele promete que o trabalho de resgate será retomado nas próximas semanas, mas não há data definida.
"Não há um problema de falta de recurso nesse momento. Tem alguns probleminhas pequenos porque temos que fazer licitações. Para uma compra pequena, demora um prazo. Mas a gente vai retomar os resgates proximamente", afirmou o vice-reitor.
O projeto da reconstrução deve ser concluído até o início do ano que vem, mas um terço do espaço do Museu Nacional ainda não foi vasculhado pelas equipes de resgate.
Disponível em http://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/276760/resgate-no-museu-nacional-esta-parado-ha-um-mes-po.htm