Questões de Português - Variação Linguística para Concurso
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Texto IV: Uso, crença e atitudes na variação na primeira pessoa do plural no Português Brasileiro
A construção da crença linguística de uma comunidade letrada, pelo menos na sociedade ocidental, é regida por instrumentos normativos: gramáticas, compêndios e livros didáticos. Se nas gramáticas norteadas em abordagens descritivas a forma a gente já é incluída no paradigma pronominal do português (Castilho & Elias 2011, Bagno 2012), nas norteadas pela tradição gramatical (Bechara 2009, Azeredo 2008) – que são as fontes que perpassam os livros didáticos –, a gente entra como uma observação de uso no português falado no Brasil, em situações coloquiais.
Os livros didáticos adotados nas escolas públicas brasileiras passam por uma avaliação do Programa Nacional do Livro Didático. Para ser selecionado, o livro didático de Língua Portuguesa precisa apresentar atividades que propiciem ao aluno “o domínio das normas urbanas de prestígio, especialmente em sua modalidade escrita monitorada, mas também nas situações orais públicas formais em que seu uso é socialmente requerido” (Brasil 2011:52). Embora os estudos sociolinguísticos venham evidenciando a tendência crescente ao uso de a gente, inclusive na modalidade escrita e em situação de maior formalidade, os livros didáticos de maneira geral ainda não o incluem no paradigma pronominal (Brandão & Vieira 2011), o que certamente tem influência nas crenças e atitudes dos informantes.
Se a inserção de a gente é tabu, a concordância nós -0 em livro didático é caso de comoção nacional. Foi o que aconteceu em 2012, com o livro didático Por uma vida melhor (Ramos 2011), selecionado pela avaliação do PNLD para a educação de jovens e adultos, em uma seção intitulada “Escrever é diferente de falar”, exemplificou a concordância verbal naquilo que foi definido como fala popular com a frase “Nós pega o peixe”.
A não presença de a gente nos instrumentos normativos que chegam à escola poderia, por hipótese, atuar como um refreador da mudança, mas não é nessa direção que os dados apontam. E, em relação aos padrões de covariação de pronome e concordância nós -0 e a gente -mos, ainda que as atitudes subjacentes a piadas e memes sugiram que sejam estigmatizados ou restritos a um perfil social, estes padrões emergem em situações de reação subjetiva em espaço escolar e, em menor escala, na fala de informantes mais escolarizados.
Raquel Meister Ko. Freitag
DELTA: Documentação e Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, v. 32, n. 4,
mar. 2017. (Excerto)
Texto 3
“No ensino de Línguas, a reflexão sobre forma e função requer a retomada do conceito de análise linguística, um processo demandado dos sujeitos que leem, escrevem e falam ou que usam LIBRAS e Braille: refletir sobre as línguas que usam em seus processos interacionais com o outro. Cabe registrar, então, que a análise linguística deve ser compreendida em favor das atividades de compreensão e produção textuais; ela está, portanto, a ‘serviço de’, não sendo objeto de estudo em si mesma e por si mesma. Conceber análise linguística desse modo é fundamental num cenário no qual, historicamente, o ensino de gramática e de ortografia foi o centro da ação do professor de Línguas no trabalho prescritivista com a língua, conduta que está pautada na compreensão, cristalizada na tradição escolar, de que aprender gramática, ou terminologia gramatical, tanto quanto regras ortográficas, na abstração dos usos sociais, poderia contribuir para a formação de leitores e produtores de textos mais proficientes.”
Proposta Curricular de Santa Catarina: formação integral na educação básica, do Estado de Santa Catarina (2014, p. 131). Disponível
em:<file:///C:/Users/Usuario/ Downloads/Proposta_Curricular_final.pdf >
Analise as frases a seguir.
1. Lembre-se do que tu me disse antes de você sair de casa?
2. Nesse caso a gente vai ficar com o carro maior, pois nós vai viajar em cinco pessoas.
3. A brincadeira que muitos conhecem como amarelinha, também tem outros nomes no Brasil, tais como sapata, macaca, pula-pula, cancão, maré, academia, entre outros.
4. No português falado no Brasil, é comum palatalizar a consoante [S] no final da sílaba, mas essa regra variável é mais produtiva em algumas regiões, como as de Florianópolis, Rio de Janeiro e Belém do Pará.
5. Apesar de a norma padrão prever o uso da mesóclise quando o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito, essa regra praticamente desapareceu no português brasileiro.
Sobre as frases e comentários acima, é correto o que se afirma em: