Questões de Concurso Sobre vícios da linguagem em português

Foram encontradas 588 questões

Q2713843 Português

A questão 6 refere-se ao texto abaixo.


Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.


O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de linguagem. Entre as 14h30min e as 15h desta terça-feira, horário do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a 65 ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse aproximadamente 90 ºC.


Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: 22 jan. 2014.

O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?

Alternativas
Q2711029 Português

Assinale a opção correta quanto à figura de linguagem.

Alternativas
Q2711023 Português

Assinale a alternativa em que a ordem dos termos da oração cuja ausência da vírgula ou de outro recurso provoca ambiguidade na percepção da mensagem.

Alternativas
Q2703621 Português

Leia o texto para responder as questões 07, 08 e 09.


Meu Destino


Cora Coralina


Nas palmas de tuas mãos

leio as linhas da minha vida.

Linhas cruzadas, sinuosas,

interferindo no teu destino.

Não te procurei, não me procurastes –

íamos sozinhos por estradas diferentes.

Indiferentes, cruzamos

Passavas com o fardo da vida…

Corri ao teu encontro.

Sorri. Falamos.

Esse dia foi marcado

com a pedra branca

da cabeça de um peixe.

E, desde então, caminhamos

juntos pela vida…

A figura de linguagem que predomina no verso “Passavas com o fardo da vida…” é a/o

Alternativas
Q2703429 Português

Leia o texto abaixo e responda as questões de 1 a 4.


A dor do mundo


Por muito tempo achei – escrevi e disse – que os males humanos foram sempre mais ou menos, e que a loucura toda já contamina o nosso café da manhã pelo universo cibernético. As aflições, as malandragens, as corrupções, os assassinatos absurdos, os piores aleijões morais, tudo é meu, seu, nosso pão de cada dia. Mas, de tempos para cá, comecei a achar que era lirismo sentimental meu. Estamos bem piores, sim. Por sermos mais estressados, por termos valores fracos, tortos ou nenhum, porque estamos incrivelmente fúteis e nos deixamos atingir por qualquer maluquice, porque até nossos ídolos são os mais transtornados, complicados. Nossos desejos não têm limite, nossos sonhos, por outro lado, andam ralinhos. Temos manias de gourmet, mas não podemos comer. Vivemos mais tempo, mas não sabemos oque fazer com ele. Podemos ter mais saúde, mas nos intoxicamos com excesso de remédios. Drogas habituais não bastam, então usamos substâncias e doses cavalares.

A sexualização infantil é um fato e começa em casa com mães amalucadas e programas de televisão pornográficos a qualquer hora do dia. O endeusamento da juventude a enfraquece, os adolescentes lidam sozinhos com a explosão de seus hormônios e a permissividade geral que anula limites e desorienta. A pressão social e até a insistência de governantes nos impõem o deus consumo, que nos deixa contentes até as primeiras, segundas, definitivas dívidas baterem à porta: a gente abre, e está atolado até o pescoço.

Uma cantora pop, que me desinteressava pela aparência e por algumas músicas, morre, mata-se, por uso desmedido de drogas (álcool sendo uma delas) aos 27 anos. Logo se exibe (quase com orgulho, ou isso já é maldade minha?) uma lista de brilhantes artistas mortos na mesma idade pela mesma razão. Nas homenagens que lhe fizeram, de repente escuto canções lindas, com uma voz extraordinária: mais triste ainda, pensar que esse talento se perdeu. Um louco assassino prepara e executa calmamente a chacina de dezenas de crianças e adolescentes num acampamento em ilha paradisíaca das terras nórdicas, onde o índice de desenvolvimento humano é o maior do planeta, e quase não existe a violência, que por estas bandas nos aterroriza. Explode edifícios, depois vai até a ilha, mata todo mundo, confessa à polícia que fez coisas atrozes, mas que “era necessário”, e que não aceitará a culpa.

Viramos assassinos ao volante, de preferência bêbados. Nossos edifícios precisam ter portarias treinadas como segurança, nossas casas, mil artifícios contra invasores, andamos na rua feito coelhos assustados. Não há lugar nas prisões, então se solta a bandidagem, as penas são cada vez mais branda ou não há pena alguma. Pena temos nós, pena por nós, pela tão espalhada dor do mundo. Sempre falando em trilhões, brigando por quatrilhões, diante da imagem das crianças morrendo de fome na Etiópia, na Somália e em outros países, tão fracas que não têm mais força para engolir o mingau que alguma alma compadecida lhes alcança: a mãe observa apática as moscas que pousam no rostinho sofrido. Estou me repetindo, eu sei, talvez assim alivie um pouco a angústia da também repetida indagação: que sociedade estamos nos tornando?

Eu, recolhida na ponta inferior deste país, sou parte dela e da loucura toda: porque tenho alguma voz, escrevo e falo, sem ilusão de que adiantará alguma coisa. Talvez, como na vida das pessoas, esta seja apenas uma fase ruim da humanidade, que conserva fulgores de solidariedade e beleza. Onde não a matamos, a natureza nos fornece material de otimismo: uma folha de outono avermelhada que a chuva grudou na vidraça, a voz das crianças que estão chegando, uma música que merece o termo “sublime”, gente honrada e produtiva, ou que cuida dos outros. Ainda dá para viver neste planeta. Ainda dá para ter esperança de que, de alguma forma, algum dia, a gente comece a se curar enquanto sociedade, e a miséria concreta não mate mais ninguém, enquanto líderes mundiais brigam por abstratos quatrilhões.


Crônica da escritora Luft Lya, publicada na Revista VEJA, de 03 de agosto de 2011.

“Temos manias de gourmet, mas não podemos comer. Vivemos mais tempo, mas não sabemos o quefazer com ele.” Assinale a alternativa CORRETA referente a qual figura de sintaxe o trecho apresenta:

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Q2703202 Português

Leia o texto abaixo e responda a questões 1 e 2.


SOLIDARIEDADE


O gesto não precisa ser grandioso nem público, não é necessário pertencer a uma ONG ou fazer uma campanha. Sobretudo, convém não aparecer. O gesto primeiro devia ser natural, e não decorrer de nenhum lema ou imposição, nem convite nem sugestão vinda de fora.

Assim devíamos ser habitualmente, e não somos, ou geralmente não somos: cuidar do que está do nosso lado. Cuidar não só na doença ou na pobreza, mas no cotidiano, em que tantas vezes falta a delicadeza, a gentileza, a compreensão; esquecidos os pequenos rituais de respeito, de preservação do mistério, e igualmente da superação das barreiras estéreis entre pessoas da mesma casa, da família, das amizades mais próximas.

Dentro de casa, onde tudo deveria começar, onde se deveria fazer todo dia o aprendizado do belo, do generoso, do delicado, do respeitoso, do agradável e do acolhedor, mal passamos, correndo, tangidos pelas obrigações. Tão fácil atualmente desculpar-se com a pressa: o trânsito, o patrão, o banco, a conta, a hora extra... Tudo isso é real, tudo isso acontece e nos enreda e nos paralisa.

Mas, por outro lado, se a gente parasse (mas parar pra pensar pode ser tão ameaçador...) e fizesse um pequeno cálculo, talvez metade ou boa parte desses deveres aparecesse como supérfluo, frívolo, dispensável.

Uma hora a mais em casa não para se trancar no quarto, mas para conviver. Não com obrigação, sermos felizes com hora marcada e prazo pra terminar, mas promover desde sempre a casa como o lugar do encontro, não da passagem; a mesa como lugar do diálogo, não do engolir quieto e apressado; o quarto como o lugar do afeto, não do cansaço.

Pois se ainda não começamos a ser solidários dentro de nós mesmos e dentro de nossa casa ou do nosso círculo de amigos, como querer fazer campanhas, como pretender desfraldar bandeiras, como desejar salvar o mundo - se estamos perdidos no nosso cotidiano?

Como dizer a palavra certa se estamos mudos, como escutar se estamos surdos, como abraçar se estamos congelados?

Para mim, a solidariedade precisa ser antes de tudo o aprendizado da humanidade pessoal.

Depois de sermos gente, podemos - e devemos - sair dos muros e tentar melhorar o mundo. Que anda tão, tão precisado.

Lya Luft

“Como dizer a palavra certa se estamos mudos, como escutar se estamos surdos, como abraçar se estamos congelados?” Através de qual figura de linguagem a autora demonstra descontentamento com o modo que vivemos, atualmente?

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Q2701619 Português

Texto para responder às questões de 06 a 15.


Mídias sociais ampliam oportunidades


Pesquisa internacional mostra que plataformas digitais

rompem bolha social ao democratizar experiências,

compartilhar dicas práticas e conteúdo acadêmico.


Nas ruas dos grandes centros urbanos, a cena se repete. No metrô, no ônibus, nos carros, os brasileiros transitam meio zumbis, olhos pregados na tela do celular, sem prestar muita atenção ao que acontece ao redor. Hoje 64,7% da população brasileira acima de 10 anos está conectada à internet, segundo a última Pesquisa por Amostra Nacional de Domicílios Contínua (PNAD). E 62% têm um smartphone, de acordo com estudo do Google Consumer Barometer, de 2017. Houve um boom de conectividade via celular nos últimos seis anos – em 2012, apenas 14% dos brasileiros possuíam telefones desse tipo.

“No passado, só tinham acesso à internet as classes A e B. Nos anos 1990, por exemplo, isso era coisa de jovem, estudante, branco, nerd e geralmente homem”, conta o antropólogo Juliano Spyer, autor de estudo realizado para a University College London (UCL), no Reino Unido, recém-publicado no livro Mídias sociais no Brasil emergente – Como a internet afeta a mobilidade social (Educ/UCL Press). “Foi a partir de meados dos anos 2000, por intermédio do Orkut, que a rede se popularizou.” No caso do Brasil, a estabilidade política e o desenvolvimento econômico experimentados nos últimos 20 anos propiciaram o acesso da população a computadores domésticos e dispositivos móveis, como tablets e smartphones.

Intrigado com a popularização de ferramentas de acesso à internet, Spyer dedicou-se a compreender esse processo. Em abril de 2013, fechou sua casa, em São Paulo, e se mudou para uma vila-dormitório para trabalhadores de baixa renda, com 15 mil habitantes, na Bahia, onde morou até maio de 2014. Para resguardar a identidade dos entrevistados, o pesquisador deu ao local o nome fictício de Balduíno.

Antes de iniciar a pesquisa de campo, Spyer e outros oito antropólogos passaram sete meses se preparando, sob a orientação do antropólogo e arqueólogo Daniel Miller, da UCL. Após revisar a bibliografia correlata ao tema, estabeleceram as principais questões a serem abordadas na investigação: a razão do uso das redes sociais, sua utilidade prática, o grau de interferência na educação, o papel político que desempenham e o quão aproximam – ou distanciam – as pessoas.

“Depois de seis meses em Balduíno, eu já estava integrado ao local”, conta Spyer. A partir daí, o antropólogo passou a acompanhar, via Facebook, WhatsApp e também fora da internet a vida de 250 pessoas, que espontaneamente se tornaram suas “amigas” na rede social. Para aprofundar a pesquisa, 50 delas, de distintos perfis sociais e idades, foram selecionadas de modo a refletir a população local. “Não quisemos uma pesquisa só com adolescentes porque o uso da internet por quem tem menos experiência on-line não é menos relevante”, diz Spyer.

Em Balduíno, as pessoas ganham a vida trabalhando como faxineiras, motoristas, jardineiras e cozinheiras, principalmente em hotéis e em outros negócios do polo turístico ao norte da cidade de Salvador. “Suas aspirações de consumo incluem roupas de grifes internacionais, motocicleta, carro e computador. Aliás, hoje o computador ocupa, na sala, o lugar físico e simbólico ocupado antes pela TV, para ser exibido aos amigos e vizinhos”, diz Spyer. “A pesquisa constatou que, na população de baixa renda, saber usar a internet indica que a pessoa faz parte da modernidade e tem uma capacidade de comunicação mais avançada, característica de alguém que teve alguma formação”, explica. “Mas, paradoxalmente, a comunicação digital também fortalece redes tradicionais de ajuda mútua que estavam se diluindo por causa da urbanização.”

A investigação levou Spyer a descontruir alguns estereótipos sobre o comportamento de usuários da internet que habitam as periferias das cidades brasileiras. Entre eles, o de que viveriam em realidades distintas, uma virtual e outra real. “Em meados dos anos 2000, recebia pacientes no consultório que criavam perfis falsos, completamente diferentes do que eles eram off-line”, recorda a psicanalista Patrícia Ferreira, pós-doutoranda em psicologia clínica na Universidade de São Paulo (USP). “Hoje, as postagens mudaram e surgem como a confirmação do ‘eu’ que se idealiza ser, a selfie perfeita.”

Patrícia pesquisa a apropriação política exteriorizada na retórica das mídias sociais a partir das manifestações de junho de 2013, quando explodiram protestos em todas as capitais do país, inicialmente contra o aumento das tarifas de transporte público. Utilizando ferramentas da psicanálise, ela realiza o que define como “escuta do coletivo” com informações publicadas em perfis e discussões em grupos com posições opostas. Apesar de ainda não estar concluído, o estudo tem evidenciado a função “protetora” da tela, que encoraja os usuários a dizerem o que pensam, quase sempre ignorando a responsabilidade e o efeito das palavras.


(Valéria França, edição 273. Nov. 2018. Comunicação Educação.

Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/2018/11/

19/midias-sociais-ampliam-oportunidades.)

Em “No metrô, no ônibus, nos carros, os brasileiros transitam meio zumbis, olhos pregados na tela do celular, sem prestar muita atenção ao que acontece ao redor.” (1º§), a expressão “olhos pregados na tela do celular” denota:

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Q2701617 Português

Texto para responder às questões de 06 a 15.


Mídias sociais ampliam oportunidades


Pesquisa internacional mostra que plataformas digitais

rompem bolha social ao democratizar experiências,

compartilhar dicas práticas e conteúdo acadêmico.


Nas ruas dos grandes centros urbanos, a cena se repete. No metrô, no ônibus, nos carros, os brasileiros transitam meio zumbis, olhos pregados na tela do celular, sem prestar muita atenção ao que acontece ao redor. Hoje 64,7% da população brasileira acima de 10 anos está conectada à internet, segundo a última Pesquisa por Amostra Nacional de Domicílios Contínua (PNAD). E 62% têm um smartphone, de acordo com estudo do Google Consumer Barometer, de 2017. Houve um boom de conectividade via celular nos últimos seis anos – em 2012, apenas 14% dos brasileiros possuíam telefones desse tipo.

“No passado, só tinham acesso à internet as classes A e B. Nos anos 1990, por exemplo, isso era coisa de jovem, estudante, branco, nerd e geralmente homem”, conta o antropólogo Juliano Spyer, autor de estudo realizado para a University College London (UCL), no Reino Unido, recém-publicado no livro Mídias sociais no Brasil emergente – Como a internet afeta a mobilidade social (Educ/UCL Press). “Foi a partir de meados dos anos 2000, por intermédio do Orkut, que a rede se popularizou.” No caso do Brasil, a estabilidade política e o desenvolvimento econômico experimentados nos últimos 20 anos propiciaram o acesso da população a computadores domésticos e dispositivos móveis, como tablets e smartphones.

Intrigado com a popularização de ferramentas de acesso à internet, Spyer dedicou-se a compreender esse processo. Em abril de 2013, fechou sua casa, em São Paulo, e se mudou para uma vila-dormitório para trabalhadores de baixa renda, com 15 mil habitantes, na Bahia, onde morou até maio de 2014. Para resguardar a identidade dos entrevistados, o pesquisador deu ao local o nome fictício de Balduíno.

Antes de iniciar a pesquisa de campo, Spyer e outros oito antropólogos passaram sete meses se preparando, sob a orientação do antropólogo e arqueólogo Daniel Miller, da UCL. Após revisar a bibliografia correlata ao tema, estabeleceram as principais questões a serem abordadas na investigação: a razão do uso das redes sociais, sua utilidade prática, o grau de interferência na educação, o papel político que desempenham e o quão aproximam – ou distanciam – as pessoas.

“Depois de seis meses em Balduíno, eu já estava integrado ao local”, conta Spyer. A partir daí, o antropólogo passou a acompanhar, via Facebook, WhatsApp e também fora da internet a vida de 250 pessoas, que espontaneamente se tornaram suas “amigas” na rede social. Para aprofundar a pesquisa, 50 delas, de distintos perfis sociais e idades, foram selecionadas de modo a refletir a população local. “Não quisemos uma pesquisa só com adolescentes porque o uso da internet por quem tem menos experiência on-line não é menos relevante”, diz Spyer.

Em Balduíno, as pessoas ganham a vida trabalhando como faxineiras, motoristas, jardineiras e cozinheiras, principalmente em hotéis e em outros negócios do polo turístico ao norte da cidade de Salvador. “Suas aspirações de consumo incluem roupas de grifes internacionais, motocicleta, carro e computador. Aliás, hoje o computador ocupa, na sala, o lugar físico e simbólico ocupado antes pela TV, para ser exibido aos amigos e vizinhos”, diz Spyer. “A pesquisa constatou que, na população de baixa renda, saber usar a internet indica que a pessoa faz parte da modernidade e tem uma capacidade de comunicação mais avançada, característica de alguém que teve alguma formação”, explica. “Mas, paradoxalmente, a comunicação digital também fortalece redes tradicionais de ajuda mútua que estavam se diluindo por causa da urbanização.”

A investigação levou Spyer a descontruir alguns estereótipos sobre o comportamento de usuários da internet que habitam as periferias das cidades brasileiras. Entre eles, o de que viveriam em realidades distintas, uma virtual e outra real. “Em meados dos anos 2000, recebia pacientes no consultório que criavam perfis falsos, completamente diferentes do que eles eram off-line”, recorda a psicanalista Patrícia Ferreira, pós-doutoranda em psicologia clínica na Universidade de São Paulo (USP). “Hoje, as postagens mudaram e surgem como a confirmação do ‘eu’ que se idealiza ser, a selfie perfeita.”

Patrícia pesquisa a apropriação política exteriorizada na retórica das mídias sociais a partir das manifestações de junho de 2013, quando explodiram protestos em todas as capitais do país, inicialmente contra o aumento das tarifas de transporte público. Utilizando ferramentas da psicanálise, ela realiza o que define como “escuta do coletivo” com informações publicadas em perfis e discussões em grupos com posições opostas. Apesar de ainda não estar concluído, o estudo tem evidenciado a função “protetora” da tela, que encoraja os usuários a dizerem o que pensam, quase sempre ignorando a responsabilidade e o efeito das palavras.


(Valéria França, edição 273. Nov. 2018. Comunicação Educação.

Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/2018/11/

19/midias-sociais-ampliam-oportunidades.)

O título poderia ser reescrito sem que houvesse alteração de seu sentido básico ou vício de ambiguidade conforme apresentado em:

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Q2700455 Português

Leia o poema a seguir, escrito por Machado de Assis, para responder às próximas questões.


“Teus olhos são meus livros.

Que livro há aí melhor,

Em que melhor se leia

A página do amor?


Flores me são teus lábios.

Onde há mais bela flor,

Em que melhor se beba

O bálsamo do amor?”

Na expressão “teus olhos são meus livros”, o autor do poema emprega uma figura de linguagem, com o intuito de fazer uma comparação. Assinale a alternativa que indica o nome da figura de linguagem utilizada.

Alternativas
Q2700391 Português

O pensamento a seguir é de autoria do escritor brasileiro Rubem Alves. Analise-o atentamente para responder às próximas questões.


“Somos donos dos nossos atos mas não donos dos nossos sentimentos. Somos culpados pelo que fazemos mas não pelo que sentimos. Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos. Atos são pássaros engaiolados. Sentimentos são pássaros em voo”.

Na parte final do parágrafo, Rubem Alves afirma que “atos são pássaros engaiolados”. Assinale a alternativa que contém o termo que dá origem à palavra “engaiolados”.

Alternativas
Q2700390 Português

O pensamento a seguir é de autoria do escritor brasileiro Rubem Alves. Analise-o atentamente para responder às próximas questões.


“Somos donos dos nossos atos mas não donos dos nossos sentimentos. Somos culpados pelo que fazemos mas não pelo que sentimos. Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos. Atos são pássaros engaiolados. Sentimentos são pássaros em voo”.

Rubem Alves afirma categoricamente que “somos donos dos nossos atos”. Marque a alternativa que NÃO indica um possível sinônimo de “atos”.

Alternativas
Q2699797 Português

Leia este texto para responder às questões de 21 a 28.


Fazer 80

E assim, aconteceu que esta semana eu fizesse 80 anos!
Nunca imaginei chegar tão longe. Filha de uma mãe que morreu aos 40, considerava-me destinada a curto percurso. E a vida não parecia ter por mim grande apreço; tentou me matar de pneumonia aos seis anos, dardejou-me uma meningite aos oito, castigou- me com inúmeras pneumonias ao longo de todo o percurso e, já no terceiro ato, coroou o conjunto com uma tuberculose. Mas, como se disputasse uma maratona, cheguei aos 80 esbaforida somente pelo trabalho.
80 anos são uma tremenda esquina da vida.
Com certeza chegamos a ela mais frágeis, porque a possibilidade de morte, que sempre foi a mesma, mas que antes parecia eventual, ganha uma certa concretude.
E, ao mesmo tempo, chegamos mais fortes porque a maior parte do caminho foi percorrida, as inseguranças da juventude ficaram para trás, alguma tantas perguntas já foram respondidas, e o que havia a fazer já foi feito.
Certas coisas mudam, porém, aos 80.
Não terei mais cão, porque um cão correria o risco de viver mais do que eu, e não quero prometer proteção e amor a alguém para de repente descumprir a promessa. Não faço mais projetos a longo prazo; vou até alguns meses à frente, aos compromissos já marcados, embora sabendo que para o ano que vem marcarei outros. Não vou mais imaginar- me mergulhada em estudos de alemão, como sempre fiz, e muito menos de mandarim, como minha curiosidade me ordenaria. No capítulo viagens, dou uma fechadinha no leque; não conhecerei o Himalaia, não enfrentarei falta de hotel ou de banheiro, não caminharei tardes inteiras atendendo minha ânsia turística. E até nos museus, minha sempre paixão, terei que ser menos gulosa.
Fecho o leque da realidade, mas tenho outro para abrir. As minhas viagens, tantas, estão anotadas em cadernos e cadernetas. Ali estão datas, descrições e até desenhos ou rabiscos retendo aquilo que ameaçava diluir. Agora, me basta abrir qualquer um deles para retomar a estrada.
Isso, quanto às viagens facultativas e aventurosas. As outras, de trabalho, continuam na ordem do dia, levando-me a arrastar minha malinha de rodas pelos aeroportos da vida.
Aos 80, considero todo dia como um presente dos deuses, embora até hoje não saiba quem são eles. E toda noite agradeço com gratidão, mesmo com a indecisão do endereço.
Até essa esquina olha-se para a frente. Chegando a ela, o retrovisor se impõe.
Olho para trás e o que vejo me agrada. Vivi com abundância, a palavra melhor é essa. Abundância biográfica de países, de línguas e culturas. Abundância de situações, as favoráveis e as adversas. Abundância de encontros com pessoas preciosas, com criaturas admiráveis, e alguns poucos canalhas, úteis como referência. Trabalhei em muitas coisas diferentes e de todas gostei, porque de cada uma fiz um degrau de aprendizado que me permitiu desempenhar a próxima. Li quase todos os dias da minha vida, fosse pouco ou muito, enchendo a mochila de dados que eu embaralharia, de nomes que se iriam no vento, mas conservando as emoções que os livros me davam. Não escrevi tanto quanto li, nem teria sido possível. Mas o que escrevi está de acordo comigo e me representa mais generosamente que uma selfie.
Considero estar pronta para o embarque. Mas enquanto meu voo não é anunciado, vou estruturando — como faço com frequência em aeroportos — ideias e frases de um próximo livro.

COLASANTI, Marina. Disponível em: < https://www.marinacolasanti. com/2017/09/cronica-de-quinta-fazer-80.html? fb_action_ids= 1437566189697967&fb_action_types=og.comm ents >. Acesso em: 25 fev. 2018.

“No capítulo viagens, dou uma fechadinha no leque [...]”


Esse trecho contém uma metáfora porque há

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Q2698940 Português

Leia o texto 1 e responda as questões de 1 a 3. Compare os textos 1 e 2 para responder à questão 4.


TEXTO 1


Andarilho beija-flor

(Composição: Marquinhos da Serrinha/ Intérprete: Flávio José)


Eu não creio que somente palavras me façam viver

Nem que os sonhos perdidos me impeçam de sentir prazer

Nada quanto sonhei ou que fiz e errei foi em vão

Eu prefiro escutar o que pede esse meu coração


Eu não posso negar que ainda sofro lembrando você

E que, às vezes, faz mal um só peito tentando querer

Mas também superei pra mim mesmo e parei de sonhar

E aprendi que, quem ama, é preciso primeiro se amar


Não mudo, não!

Meu coração me fez assim,

Me ensinou gostar de mim, deu mais sentido em meu viver

Prefiro ser um andarilho beija-flor

Pra que vou dar o meu amor pra quem sequer amor quer ter?


(Fonte: https://www.letras.mus.br/flavio-jose/andarilho-beija-flor/)


TEXTO 2


Codinome beija-flor

(Composição: Agenor Neto / Jose Neves / Reinaldo Arias; Intérprete: Cazuza)


Pra que mentir, fingir que perdoou

Tentar ficar amigos sem rancor

A emoção acabou

Que coincidência é o amor

A nossa música nunca mais tocou


Pra que usar de tanta educação

Pra destilar terceiras intenções

Desperdiçando o meu mel

Devagarinho, flor em flor

Entre os meus inimigos, beija-flor


Eu protegi teu nome por amor

Em um codinome, Beija-flor

Não responda nunca, meu amor (nunca)

Pra qualquer um na rua, Beija-flor


Que só eu que podia

Dentro da tua orelha fria

Dizer segredos de liquidificador


Você sonhava acordada

Um jeito de não sentir dor

Prendia o choro e aguava o bom do amor

Prendia o choro e aguava o bom do amor


(Fonte: https://www.letras.mus.br/cazuza/468416/)

A figura de linguagem que melhor representa o título da canção Andarilho beija-flor é:

Alternativas
Q2698665 Português

Para responder as questões 15,16 e 17 utilize o texto (Anúncio Publicitário)


No texto acima aparece uma figura de pensamento, assinale a alternativa correta:

Alternativas
Q2698652 Português

Para responder as questões 4 e 5 leia a música a seguir:


Certas coisas

(Lulu Santos)


Não existiria som

Se não houvesse o silêncio

Não haveria luz

Se não fosse a escuridão

A vida é mesmo assim

Dia e noite, não e sim

Cada voz que canta o amor não diz

Tudo o que quer dizer

Tudo o que cala fala

Mais alto ao coração

Silenciosamente eu te falo com paixão

Eu te amo calado

Como quem ouve uma sinfonia

De silêncios e de luz

Nós somos medo e desejo

Somos feitos de silêncio e som

Tem certas coisas que eu não sei dizer

Silenciosamente…

No texto acima, fragmento da música de Lulu Santos, prevalece uma figura de linguagem, sendo que a mesma tem a classificação como figura de pensamento.


Assinale a alternativa correspondente a essa figura:

Alternativas
Q2698460 Português

Considere a seguinte reflexão, escrita pelo poeta Mário Quintana, para responder às questões a seguir.

“Pedem-me que eu fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! Sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros? Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese”. (Com adaptações).

No trecho em que afirma “estou com 78 anos, mas sem idade”, Mário Quintana emprega uma figura de linguagem. Essa figura é:

Alternativas
Q2698219 Português

Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.

Leia o texto a seguir para responder as questões sobre seu conteúdo.

...

Brasil e Portugal são os dois únicos países no

mundo cuja língua primária é o português

...

Por: Luana Castro. Adaptado de:

https://brasilescola.uol.com.br/portugues/ Acesso em 23 abr 2018.

...

A Língua Portuguesa ou apenas português é uma língua originada no galego-português, idioma falado no Reino da Galiza e no norte de Portugal. Os portugueses foram os primeiros europeus a lançarem-se ao mar no período das Grandes Navegações Marítimas. Em virtude dessa expansão marítima, motivada por questões comerciais, deu-se a difusão da língua nas terras conquistadas, entre elas, o Brasil, cuja língua primária é o português. A influência da cultura portuguesa por aqui foi tamanha que acabou definindo o idioma oficial da terra recém-conquistada. O mesmo aconteceu em outras partes do mundo, principalmente na África, onde países como Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe utilizam, além de vários dialetos, a língua de Camões, Fernando Pessoa e de nosso genial Machado de Assis.

Além dos países africanos, o português chegou a Macau, Timor-Leste e em Goa, países asiáticos que também foram colonizados ou dominados por Portugal. Hoje, a língua portuguesa é a quinta língua mais falada no mundo e a mais falada no hemisfério sul da Terra, contando com aproximadamente 280 milhões de falantes em diferentes continentes. De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a UNESCO, o português, depois do inglês e do espanhol, é um dos idiomas que mais crescem entre as línguas europeias, além de ser a língua com maior potencial de crescimento como língua internacional na África e na América do Sul. Se as estimativas se confirmarem, é possível que, até o ano de 2050, nosso idioma conte com mais de 400 milhões de falantes ao redor do mundo!

O português, assim como vários outros idiomas, sofreu uma evolução histórica, fato que comprova a organicidade de nossa língua. Ao longo dos séculos, outras línguas e dialetos influenciaram sua composição, resultando no idioma tal qual o conhecemos hoje. É importante ressaltar que o português brasileiro, hoje o mais estudado, falado e escrito no mundo, apresenta importantes diferenças em relação ao português falado em Portugal, especialmente no que diz respeito ao vocabulário, à pronúncia e à sintaxe. Tais diferenças deram origem a dois padrões de linguagem diferentes, o que não significa que um seja mais correto do que o outro. Nossa língua é rica em variedades, e essas variedades, sobretudo regionais [...], não inviabilizam a sua compreensão, ainda que dificuldades pontuais possam acontecer.

Além das variações linguísticas, a língua portuguesa também possui diferentes registros, adotados de acordo com as necessidades comunicacionais dos falantes. Esses registros referem-se aos níveis de linguagem e estabelecem diferenças entre a linguagem culta (determinada pela norma-padrão) e a linguagem coloquial, empregada em diferentes situações de nosso cotidiano. Tais aspectos apenas comprovam a riqueza e a diversidade de nosso idioma, reforçando a importância de estudá-lo e compreendê-lo.

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Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.

Assinale a alternativa em que o emprego pronome possessivo pode causar ambiguidade.

Alternativas
Q2698217 Português

Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.

Leia o texto a seguir para responder as questões sobre seu conteúdo.

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Brasil e Portugal são os dois únicos países no

mundo cuja língua primária é o português

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Por: Luana Castro. Adaptado de:

https://brasilescola.uol.com.br/portugues/ Acesso em 23 abr 2018.

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A Língua Portuguesa ou apenas português é uma língua originada no galego-português, idioma falado no Reino da Galiza e no norte de Portugal. Os portugueses foram os primeiros europeus a lançarem-se ao mar no período das Grandes Navegações Marítimas. Em virtude dessa expansão marítima, motivada por questões comerciais, deu-se a difusão da língua nas terras conquistadas, entre elas, o Brasil, cuja língua primária é o português. A influência da cultura portuguesa por aqui foi tamanha que acabou definindo o idioma oficial da terra recém-conquistada. O mesmo aconteceu em outras partes do mundo, principalmente na África, onde países como Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe utilizam, além de vários dialetos, a língua de Camões, Fernando Pessoa e de nosso genial Machado de Assis.

Além dos países africanos, o português chegou a Macau, Timor-Leste e em Goa, países asiáticos que também foram colonizados ou dominados por Portugal. Hoje, a língua portuguesa é a quinta língua mais falada no mundo e a mais falada no hemisfério sul da Terra, contando com aproximadamente 280 milhões de falantes em diferentes continentes. De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a UNESCO, o português, depois do inglês e do espanhol, é um dos idiomas que mais crescem entre as línguas europeias, além de ser a língua com maior potencial de crescimento como língua internacional na África e na América do Sul. Se as estimativas se confirmarem, é possível que, até o ano de 2050, nosso idioma conte com mais de 400 milhões de falantes ao redor do mundo!

O português, assim como vários outros idiomas, sofreu uma evolução histórica, fato que comprova a organicidade de nossa língua. Ao longo dos séculos, outras línguas e dialetos influenciaram sua composição, resultando no idioma tal qual o conhecemos hoje. É importante ressaltar que o português brasileiro, hoje o mais estudado, falado e escrito no mundo, apresenta importantes diferenças em relação ao português falado em Portugal, especialmente no que diz respeito ao vocabulário, à pronúncia e à sintaxe. Tais diferenças deram origem a dois padrões de linguagem diferentes, o que não significa que um seja mais correto do que o outro. Nossa língua é rica em variedades, e essas variedades, sobretudo regionais [...], não inviabilizam a sua compreensão, ainda que dificuldades pontuais possam acontecer.

Além das variações linguísticas, a língua portuguesa também possui diferentes registros, adotados de acordo com as necessidades comunicacionais dos falantes. Esses registros referem-se aos níveis de linguagem e estabelecem diferenças entre a linguagem culta (determinada pela norma-padrão) e a linguagem coloquial, empregada em diferentes situações de nosso cotidiano. Tais aspectos apenas comprovam a riqueza e a diversidade de nosso idioma, reforçando a importância de estudá-lo e compreendê-lo.

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Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.

“Trata-se de uma língua complexa e que deve crescer nos próximos anos.”


Na frase acima há equívoco de paralelismo, reescrevendo-a corretamente, sem alterar-lhe o sentido, tem-se:



Alternativas
Q2696183 Português

Sobre figuras de linguagem, analise os fragmentos de textos:

I. “Cantigas de portugueses

São como barcos no mar

Vão de uma alma para outra

Com riscos de naufragar.” (Fernando Pessoa)

II. “Como um tempo de alegria

por trás do terror me acena

e a noite carrega o dia

no seu colo de açucena.” (Ferreira Gullar)

III. “Tinham o rosto aberto a quem passava.

Tinham lendas e mitos

E frio no coração.

Tinham jardins onde a lua passeava

De mãos dadas com a água.” (Eugênio de Andrade)

IV. “Um beijo fala mais que mil palavras

Um toque é bem mais que poesia

No seu olhar enxergo a sua alma

Sua fala é uma linda melodia”. (Luan Santana)

Na ordem de cima para baixo, a classificação correta das figuras de linguagem relacionadas é a seguinte:

Alternativas
Q2695750 Português

Leia com atenção o texto e responda o que se pede no comando das questões.

O ninho não mais vazio

Há dias, escrevi sobre uma amiga cujos filhos tinham acabado de sair de casa e que estava experimentando o que os psicólogos chamam de “síndrome do ninho vazio”. Aproveitei para contar que eu próprio entre o Natal e o Réveillon, vivera algo parecido, só que ao pé da letra. Uma rolinha — Lola, a rola — fizeram seu ninho no meu terraço e passara uma semana sentada sobre um ovo, do qual saiu Lolita, a Rolita. E, antes que eu tivesse o prazer de ver mãe e filha em ação, voando para lá e para cá, foram embora sem se despedir. Ali entendi a síndrome do ninho vazio.

Outro amigo, cujo conhecimento sobre os pássaros aprendi a admirar, me garantiu que Lola, a Rola não podia estar muito longe. "Ela gostou daqui”, ele disse. "Vai voltar para fazer outro ninho”. E, para que eu não me jactasse de minhas virtudes como anfitrião, explicou-me que isso é instintivo nos pássaros. Se se sentem seguros em algum lugar, elegem-no para se aninhar. Com isso, retomei meu posto de observação — e não é que meu amigo tinha razão?

Lola, a Rola reapareceu e logo começou os trabalhos. Reconheci-a pelo estilo de gravetos que recolhe — secos, fininhos e compridos. Em poucos dias o novo ninho ficou pronto, não muito distante do ninho original, este já em escombros. Só que, agora, com uma importante colaboração: a de seu marido Rollo, o Rola, talvez como mestre de obras. O fato é que, ao contrário da primeira vez, tive várias oportunidades de ver o casal empenhado na construção.

E assim, com duas semanas de intervalo, eis-me avô de mais um ovo. Que, pela lei das probabilidades, deverá produzir um macho. E, sendo filho de Lola, a Rola e Rollo, o Rola, só poderá se chamar — claro — Rolezinho.

Não vou dizer o nome de meu amigo amador de ornitologia. Só as iniciais: Janio de Freitas.

(CASTRO, Ruy. A arte de querer bem. 1, ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2018. p. 21/ 22)

Assinale a alternativa que apresenta uma onomatopeia (palavra que reproduz ruídos ou som):

Alternativas
Respostas
181: B
182: E
183: B
184: B
185: B
186: C
187: D
188: D
189: C
190: B
191: D
192: D
193: E
194: A
195: B
196: A
197: B
198: A
199: E
200: C