Questões de Concurso Sobre vícios da linguagem em português

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Q2750728 Português

PAISAGEM URBANA


-----São cinco horas da manhã, um nevoeiro cai branco como leite, fria como gelo. Milhões de gotinhas d’água brilham em trilhos de ferro. “Bom dia”, diz Um Homem para o Outro Homem. “Bom dia, por quê?”, pensa o Outro, olhando para o Um. Um Homem inalterável é um poste, que espera o trem na estação quase vazia.

-----É o trem que leva e traz toda a gente ao trabalho, ao centro da cidade, a tantos lugares nenhum. É o trem que chega carregado de pop, popular, população, populacho, que pula que nem pipoca por todos os bairros da capital. Na plataforma uma luz vermelha pisca, enquanto um sinal de alerta grita: blem! Blem! Blem! Na cabeça, tanto do Um como do Outro, as ideias vão e vêm, como os trens. Os trens que não têm remédio, não têm escolha. Apenas vão e vem. É preciso ir em frente.

-----A máquina aparece na curva e vem lenta, grave, forte, grande, imensa. Pára a máquina, desce um branco, uma mulata, o gordo e o magro, dois meninos maluquinhos. Chegada de uns, partida de outros. No meio de um cheiro áspero de fumaça e óleo diesel, o Outro Homem entra no trem. Um Homem continua um poste. Rígido. Concreto. E é só quando uma moça desce a escada do vagão carregando uma mala, cabelo preso com fita e olhar de busca, que o homem-poste tem um sobressalto. Os olhares se encontram. O trem vai e os olhares vêm. O mundo é assim...

-----Outro Homem se foi. Um Homem está feliz.


Marco Antonio Hailer.

Assinale a alternativa que justifica corretamente a figura de linguagem presente nos fragmentos retirados do texto:

Alternativas
Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: SSP-SE Prova: FUNCAB - 2014 - SSP-SE - Perito Médico-Legal |
Q2750231 Português

Leia o texto abaixo e responda às questões propostas


Prometi escrever mais sobre a descriminalização das drogas. Começo com uma observação: é complicado liberar a venda e o consumo de drogas em um só país pobre como o Brasil, que em pouco tempo se tornaria – mais do que já é – um entreposto do tráfico internacional. Mas talvez não: se a droga fosse um produto comercializável como qualquer outro, sua circulação para fora do país estaria sujeita a controles alfandegários regulares, centralizados pelo Governo Federal, e não mais pelo crime organizado.


Há um argumento moral contra a legalização. [Mas] não é possível proibir o uso de droga por razões morais com uma mão ao mesmo tempo em que se cultiva a atitude subjetiva típica das drogadições com a outra. É difícil convencer um adolescente de que o uso de drogas vai prejudicar sua vida quando a única porta que a sociedade oferece para sua entrada na vida adulta é a porta do consumo – não de objetos, mas sobretudo de imagens, todas elas associadas a sensações alucinantes, emoções avassaladoras e prazeres transgressivos. Alguns anúncios de automóvel dirigidos a adolescentes não “vendem” as vantagens legais de andar de automóvel. Vendem a velocidade acima dos limites, a farra da galera e o prazer sacana de deixar os outros para trás. Vendem exibicionismo, exclusão (do outro), transgressão e “barato”. Várias propagandas de cerveja, de vodca e das novas Ices vendem, sem nenhum pudor, as alucinações ligadas ao consumo de álcool. Que moral tem uma sociedade assim para coibir a droga?


Outro argumento é de saúde pública. A droga pode matar. O vício pode inutilizar muita gente para os estudos e para o mercado de trabalho. Mas o mercado de trabalho não aproveita nem metade das forças a sua disposição e a rede pública escolar deixa de fora milhares de crianças e jovens que nunca se drogaram. O tráfico emprega e paga bem. A revista Reportagem de janeiro publicou pesquisa do Instituto Brasileiro de Inovações em Saúde Social (IBISS) mostrando que o tráfico nas favelas do Rio de Janeiro emprega hoje mais de 12 mil jovens de até 18 anos, contra pouco mais de 3 mil ocupados no mercado regular de trabalho. Para essas pessoas que estão sempre sobrando, o tráfico e o crime organizado não são um problema: são a grande solução. E a ilegalidade faz das drogas um produto de luxo, aumentando os lucros e o poder paralelo dos traficantes, além de alimentar as conexões do tráfico com outros setores do crime organizado.


Por fim, a criminalização da droga faz com que outras pessoas, que não o usuário, arquem com as consequências da drogadição nacional. É claro que os abusos no uso das drogas são um problema de saúde pública. Mas são casos-limite. Hoje, morre muito mais gente na guerra do tráfico – inclusive inocentes, crianças e trabalhadores atingidos por balas perdidas – do que de overdose. Há muito mais vidas de brasileiros desperdiçadas nos presídios, de onde poucos saem sociabilizados, do que nas clínicas de recuperação de drogados. O crime e o tráfico no Brasil são problemas de saúde pública. Mas também o alcoolismo, perfeitamente legal. E o abuso de cigarros.



(KEHL, Maria Rita. , Rev. : 31/03/2003, p. 28.)







Observa-se a mesma figura de linguagem que em: “Mas também o alcoolismo, perfeitamente legal.” (§ 4) na seguinte alternativa:

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Q2750197 Português

Leia os textos I, II e III para responder as questões de 1 a 6:


TEXTO I - "Eu, que desde os dez anos de idade faço versos; eu, que tantas vezes sentira a poesia passar em mim como uma corrente elétrica e afluir aos meus olhos sob a forma de misteriosas lágrimas de alegria: não soube no momento forjar já não digo uma definição racional dessas que, segundo regra a lógica, devem convir a todo o definido e só ao definido, mas uma definição puramente empírica, artística, literária”.


Manuel Bandeira


TEXTO II -


Memória


Amar o perdido

deixa confundido

este coração.


Nada pode o olvido

contra o sem sentido

apelo do Não.


As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

à palma da mão


Mas as coisas findas

muito mais que lindas,

essas ficarão.


Carlos Drummond de Andrade


TEXTO III -


Ouvir estrelas


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...


E conversamos toda a noite, enquanto

A via láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.


Direis agora: "Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?"


E eu vos direi: "Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas."


Olavo Bilac

O título do TEXTO III – Ouvir estrelas, pode ser um exemplo de qual figura de linguagem?

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Q2749438 Português

Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.


O mundo daqui a cinco anos


Telemedicina, nanotecnologia, tecnologias 3D e tradução simultânea por reconhecimento de voz. Todos estes recursos, em maior ou menor escala, já foram absorvidos pela sociedade. Suas primeiras aparições foram na lista “Five to five” da IBM, que prevê cinco fenômenos que podem mudar nosso cotidiano a cada cinco anos. Ontem a multinacional divulgou o que acontecerá até 2018. E sua aposta é que, com o desenvolvimento tecnológico, tudo - do ensino acadêmico à hora de ir para o trabalho - pode ser personalizado.

A transformação mais radical pode ser na medicina, área em que algumas empresas pretendem fornecer aos médicos o mapeamento genético de cada paciente. A tecnologia fará do teste do DNA, hoje ainda raro, o principal meio para a decisão da terapia adequada. Com isso, será possível optar por tratamentos personalizados para males como doenças cardiovasculares.

Na escola, o professor terá reforço para lidar com o método como cada aluno consegue aprender. “A computação cognitiva ajudará a calcular como cada aluno aprende e cria um sistema flexível, que se adapta continuamente ao estudante”, revela a IBM.

Com base no tempo e no engarrafamento, o smartphone poderá recomendar a seu usuário que saia de casa alguns minutos mais cedo - e, também, que caminho deve seguir.

O deslocamento fica mais fácil, mas o comércio da vizinhança também atrairá as pessoas. A lojinha da esquina, agora conectada a seu telefone, divulgará as promoções e conhecerá suas preferências: “Será a fusão do que há de melhor na loja física - tocar e vestir um produto - com a riqueza de informações - as ofertas instantâneas e o gosto do consumidor".

Na web, aliás, a invasão de contas de emails e a ação de hackers esbarrarão na “polícia pessoal online”. Portais como o Google já avisam o usuário quando suas mensagens são lidas fora de locais onde o dono da conta costuma acessar a internet - um outro país, por exemplo. Todos os passos são monitorados. Segundo a IBM, com a “permissão” do usuário. Mas, depois da revelação da vigilância mundial da NSA, este avanço tecnológico pode deixar muita gente ressabiada.

(O Globo - Caderno Ciência - 19/12/2013, p. 45.)

Nos itens abaixo foram postos em destaque pronomes em função anafórica e informados os termos a que se referem.


I. "SUAS primeiras aparições foram na lista 'Five to five' da IBM..."/ recursos.

II. "E SUA aposta é que..." / a multinacional IBM.

III. "Com ISSO, será possível optar por tratamentos personalizados ..." / a transformação mais radical.

IV. "...o smartphone poderá recomendar a SEU usuário..." / smartphone.

V. "...ESTE avanço tecnológico pode deixar muita gente ressabiada." / a "permissão" do usuário.


As informações estão de acordo com o texto apenas nos itens:

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Q2747731 Português

“Com a fortuna de salário que, os professores recebem, podemos até afirmar que eles comem caviar!”. Na passagem, podemos identificar, claramente, uma Figura de Pensamento, denominada:

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Q2746372 Português

Considere a oração a seguir e assinale a alternativa que apresenta a figura de sintaxe CORRETA: Natália estuda Gastronomia; sua irmã, Pedagogia.

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Q2743937 Português

INSTRUÇÃO: Leia o trecho abaixo de artigo de Lya Luft – Seremos todos trouxas? – publicado na revista Veja de 30 de março de 2016, para responder às questões de 01 a 04.


Tenho escolhido muito cuidadosamente minhas palavras nas tantas dezenas, já centenas, de artigos aqui publicados, para não ser diretamente ofensiva e jamais incorrer em alguma injustiça que poderia ter sido prevenida, pois pobre de quem quiser ser juiz de outro. Mas aos poucos as palavras começam a fugir dos arreios que a prudência lhes tem imposto, e reclamam, e se agitam, e se queixam, exigindo que as deixe brotar naturalmente. Por isso tenho me perguntado, e a algumas pessoas mais chegadas, diante dos absurdos que acontecem: somos mesmo um país de trouxas para nos tratarem assim? Que falta de noção, de ridículo, que falta de respeito, tanta empulhação feita e dita com cara séria e até frases de retórica, como se fôssemos uma manada de imbecis.

[...]

Não é possível que nós, o povo brasileiro – que, repito, não é constituído só de operários, sindicalistas, despossuídos, explorados, mas de cada um dos que, como eu, trabalham para pagar suas contas e seus impostos, labutam, se desgastam, correm, criam sua família, cuidam de seus amigos, e à noite perdem o sono pensando no que será de nós – aceitemos o que está ocorrendo.

As figuras de linguagem são recursos que tornam as ideias mais expressivas. O polissíndeto é uma das figuras utilizadas na construção do texto, a exemplo de

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Q2742950 Português

Texto para as questões 1 a 5:


Canção Amiga


Carlos Drummond de Andrade


Eu preparo uma canção

em que minha mãe se reconheça,

todas as mães se reconheçam,

e que fale como dois olhos.


Caminho por uma rua

que passa em muitos países.

Se não se vêem, eu vejo

e saúdo velhos amigos.


Eu distribuo um segredo

como quem anda ou sorri.

No jeito mais natural

dois carinhos se procuram.


Minha vida, nossas vidas

formam um só diamante.

Aprendi novas palavras

e tornei outras mais belas.


Eu preparo uma canção

que faça acordar os homens

e adormecer as crianças.

Nos versos “Eu preparo uma canção / que faça acordar os homens / e adormecer as crianças.”, as palavras “acordar e adormecer” são a chave de uma figura de linguagem. Indique-a entre as alternativas abaixo:

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Q2742403 Português

Leia o texto para responder as questões 9 e 10.


Desencanto

Manuel Bandeira


Eu faço versos como quem chora

De desalento... de desencanto...

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...

Tristeza esparsa... remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente,

Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,

Assim dos lábios a vida corre,

Deixando um acre sabor na boca.

Eu faço versos como quem morre.

De acordo com o contexto, o poeta afirma que o verso, as suas escritas, dão vida a ele. Para o autor, é preciso de sangue correndo nas veias para sobreviver. Em “Meu verso é sangue.” A figura de linguagem é a:

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Q2741523 Português

Instrução: As questões 11 a 20 referem-se ao texto abaixo.


  1. _____Todo mundo teve ao menos uma namorada esquisita,
  2. comigo não foi diferente. Beber é trivial, bebe-se por
  3. prazer, para comemorar, para esquecer, para suportar
  4. a vida, mas beber para ficar de ressaca nunca tinha
  5. visto. Essa era Stela, ela bebia em busca do lado escuro
  6. do porre. Acreditava que precisava desse terremoto
  7. orgânico para seu reequilíbrio espiritual.
  8. _____Sua ressaca era diferente, não como a nossa, tingida
  9. de culpa pelo excesso. A dela era almejada, portanto
  10. com propriedades metafísicas. Nem por isso passava
  11. menos mal, sofria muito, o desconforto era visível,
  12. pungente. Tomava coisas que poucos profissionais
  13. do copo se arriscariam, destilados das marcas mais
  14. diabo. Ou então era revés de um vinho da Serra com
  15. nome de Papa, algo que nem ao menos rolha tinha,
  16. era de tampinha. Bebida que, com sua qualidade,
  17. desonrava, simultaneamente, os vinhos e o pontífice.
  18. _____Não era masoquismo. Acompanhando suas
  19. peregrinações etílicas, cheguei a outra conclusão: ela
  20. realmente precisava daquilo. Stela inventara uma
  21. religião do Santo Daime particular, caseira, sabia que
  22. era preciso passar pelo inferno para vislumbrar o céu.
  23. Os porres eram uma provação cósmica, um ordálio
  24. voluntário, um encontro reverencial com o sagrado.
  25. _____Depois da devastação do pileque, ela ficava melhor.
  26. Uma lucidez calma a invadia, sua beleza readquiria os
  27. traços que a marcavam, seus olhos voltavam ao
  28. brilho que me encantara. Tinha mergulhado no poço
  29. da existência e reavaliado seus rumos. Durante dias a
  30. paz reinava entre nós e entre ela e o mundo.
  31. _____Mas bastava uma nova dúvida em sua vida, uma
  32. decisão a tomar, e ela requisitava mais um inferno para
  33. se repensar. A rotina era extenuante. Quem aguenta uma
  34. mulher que, em vez de falar sobre a vida, mergulha
  35. num porre xamânico? Mas o amor perdoa. Lá estava
  36. eu ajudando-a a levantar-se de mais uma triste
  37. manguaça. Fiquei expert em reidratar e reanimar mortos,
  38. em contornar enxaquecas siderais e em amparar dengues
  39. existenciais
  40. _____Amava Stela pela inusitada maneira de consultar o
  41. destino. Triste era o desencontro. Eu cansado por
  42. cuidá-la depois de uma noite mal dormida, servindo de
  43. enfermeiro, e ela radiante, prenha da energia que a
  44. purgação lhe rendera.
  45. _____Stela era irredutível no seu método terapêutico,
  46. dizia que só nesse estado se encontrava com o melhor
  47. de seu ser. Reiterava que era mais sábia durante o
  48. martírio. Insistia que, sóbria, em seu estado normal,
  49. sofria de um otimismo injustificado que lhe turvava a
  50. realidade. Seu lema era: “Só na ressaca enxergamos o
  51. mundo como ele é”.
  52. _____Um dia, sem muitas palavras, Stela foi embora.
  53. Alguma ressaca oracular deve ter lhe dito que eu não
  54. era bom para seu futuro. Não a culpo.


Adaptado de: CORSO, M. O valor da ressaca. Zero Hora, n. 18489,

02/04/2016. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a5711255.xml&template=3916.dwt&edition=28691§ion=4572. Acessado em 02/04/2016.

Assinale a alternativa em que o trecho extraído do texto NÃO contém expressão com sentido metafórico.

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Q2740364 Português

Leia o texto e responda o que se pede nos comandos das questões.


A força das palavras


Palavras assustam mais do que fatos: às vezes é assim.

Descobri isso quando as pessoas discutiam e lançavam palavras como dardos sobre a mesa de jantar. Nessa época, meus olhos mal alcançavam o tampo da mesa e o mundo dos adultos me parecia fascinante. O meu era demais limitado por horários que tinham de ser obedecidos (por que criança tinha de dormir tão cedo?), regras chatas (por que não correr descalça na chuva? por que não botar os pés em cima do sofá, por quê, por quê, por quê ... ?), e a escola era um fardo (seria tão mais divertido ficar lendo debaixo das árvores no jardim de casa ...).

Mas, em compensação, na escola também se brincava com palavras: lá, como em casa, havia livros, e neles as palavras eram caramelos saborosos ou pedrinhas coloridas que a gente colecionava, olhava contra a luz, revirava no céu da boca. E, às vezes, cuspia na cara de alguém de propósito para machucar ( ).

A palavra faz parte da nossa essência: com ela, nos acercamos do outro, nos entregamos ou nos negamos, apaziguamos, ferimos e matamos. Com a palavra seduzimos num texto; com a palavra, liquidamos - negócios, amores. Uma palavra confere o nome ao filho que nasce e ao navio que transportará vidas ou armas.

"Vá"," Venha"," Fique"," Eu vou"," Eu não sei"," Eu quero, mas não posso", "Eu não sou capaz", "Sim, eu mereço" - dessa forma, marcamos as nossas escolhas, a derrota diante do nosso medo ou a vitória sobre o nosso susto. Viemos ao mundo para dar nome às coisas: dessa forma, nos tornamos senhores delas ou servos de quem as batizar antes de nós.

Fonte: Lya Luft. Ponto de Vista. Veja, 14/07/04.

Assinale a alternativa cujo fragmento provoca uma leitura ambígua.

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Q2740359 Português

Leia o texto e responda o que se pede nos comandos das questões.


A força das palavras


Palavras assustam mais do que fatos: às vezes é assim.

Descobri isso quando as pessoas discutiam e lançavam palavras como dardos sobre a mesa de jantar. Nessa época, meus olhos mal alcançavam o tampo da mesa e o mundo dos adultos me parecia fascinante. O meu era demais limitado por horários que tinham de ser obedecidos (por que criança tinha de dormir tão cedo?), regras chatas (por que não correr descalça na chuva? por que não botar os pés em cima do sofá, por quê, por quê, por quê ... ?), e a escola era um fardo (seria tão mais divertido ficar lendo debaixo das árvores no jardim de casa ...).

Mas, em compensação, na escola também se brincava com palavras: lá, como em casa, havia livros, e neles as palavras eram caramelos saborosos ou pedrinhas coloridas que a gente colecionava, olhava contra a luz, revirava no céu da boca. E, às vezes, cuspia na cara de alguém de propósito para machucar ( ).

A palavra faz parte da nossa essência: com ela, nos acercamos do outro, nos entregamos ou nos negamos, apaziguamos, ferimos e matamos. Com a palavra seduzimos num texto; com a palavra, liquidamos - negócios, amores. Uma palavra confere o nome ao filho que nasce e ao navio que transportará vidas ou armas.

"Vá"," Venha"," Fique"," Eu vou"," Eu não sei"," Eu quero, mas não posso", "Eu não sou capaz", "Sim, eu mereço" - dessa forma, marcamos as nossas escolhas, a derrota diante do nosso medo ou a vitória sobre o nosso susto. Viemos ao mundo para dar nome às coisas: dessa forma, nos tornamos senhores delas ou servos de quem as batizar antes de nós.

Fonte: Lya Luft. Ponto de Vista. Veja, 14/07/04.

A figura de linguagem exemplificada no excerto: "( ... ) as palavras eram caramelos saborosos ou pedrinhas coloridas ( ... )" é:

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Q2740276 Português

Metendo a tesoura


Ganhei de minha filha uma calça jeans realmente irada. Tão irada, que já veio rasgada, esfolada, remendada. Coisa da moda. Da moda de hoje. Talvez de ontem, coisa que começou nos anos 60.

Rubem Braga dizia que ele era do tempo em que geladeira era branca e telefone era preto. Com efeito, houve um tempo, algo entre o Mesozoico e o Paleolítico superior, em que todos os automóveis eram pretos e as etiquetas sociais eram outras. Mas ganhei esse jeans iradíssimo, surradíssimo e, contraditoriamente, novo. Lembrei-me de quando fui lecionar na Califórnia nos anos 60 (ah! Os anos 60! “those were the days, my friend, I thouught they’ll never end”) (que quer dizer – aqueles foram os dias, meu amigo, pensei que eles nunca fossem terminar) e no primeiro dia de aula causou-me surpresa ver os estudantes de bermuda na aula, mas uma bermuda toda desfiada, meio rasgada. Meninos e meninas meio molambentos, até descalços, e não eram mendigos, eram jovens californianos ricos, cheios de dentes e brilho nos olhos e na pele, falando alto e achando que o mundo era deles. E quase era. Mas muitos deles foram morrer no Vietnã.

Mas eu via aqueles garotos em plena emergência da ideologia hippie, e pensava: eles brincam de pobre porque são ricos, vai ver que nunca viram um, por isto, estão se fantasiando assim. Enfim, fazia parte da revolução de costumes, inverter papeis, subverter o sistema.

Mas o fato é que ganhei aquele jeans. Não era tão degenerado como um que vi o Ronaldinho, numa foto, usando, rasgado de propósito no joelho e que ele botou para ir a uma festa, como se estivesse de fraque. Examinei o meu jeans e dentro, costurado, havia não sei quantas etiquetas dizendo que veio do México com sofisticadas instruções de como lavar o valioso traste. Quer dizer, a moda é do “trash”, mas a gente tem que, mesmo assim, ter cuidado para não estragar o estragado. Então, o experimentei. E ficou ótimo. Cintura baixa, “muderno”. Meio esfolado, com desgaste e talhos aqui e ali.

Terei coragem? Não fica ridículo num coroa? Mas há muito que aceito, aliás, obedeço sugestões de vestuários das filhas e da mulher. Me olhei no espelho e voltei a ter 27 ou 17 anos talvez.

Mas estava sobrando quatro ou cindo dedos de pano na bainha. Tem uma loja ali na esquina que faz bainha, me lembram. Mas aí, o grande paradoxo: como e por que levar para fazer bainha num jeans desmazelado? Que hipocrisia é essa? Estou tendo de ler notícias sobre o Severino*, estou tendo que enfrentar tiroteios na Linha Vermelha. Guerra é guerra, uai! Na véspera, uma amiga disse que a filha compra roupas e, quando estão meio grandes, mete a tesoura na sobrante bainha, forçando até para que o tecido desfiasse.

Houve um tempo em que o telefone e a geladeira eram pretos e quem tivesse um fiapo na roupa morria de vergonha. Agora saímos para mostrar a descostura, o avesso, a etiqueta do fabricante, o rasgão.


Ou seja, como nas bienais, o rascunho virou obra de arte.


Affonso Romano de Sant’Anna


* Severino – Político pernambucano. Foi presidente da Câmara dos Deputados entre fevereiro e setembro de 2005, quando renunciou.

Com o uso de ironias, o enunciador explicita seu ponto de vista. Em qual dos trechos abaixo isso NÃO ocorre?

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Q2739018 Português

INSTRUÇÃO: Leia o miniconto abaixo e responda às questões 04 e 05.

Sangrando espuma


Parou de chover e a baía de Angra está deserta. A superfície do mar é lâmina mesclada de verde e cinza onde a luz do sol, refletida, cria um céu cheio de estrelas. Ao fundo, ilhas e montanhas com suas escarpas cobertas, ainda, pela vegetação atlântica, formam um degradê que se esbate em direção ao infinito. Ouço o barulho de um motor. Surge no horizonte uma pequena lancha. Corta a superfície espelhada, que sangra espuma. A princípio aquilo me agride. Mas depois reconheço que há beleza nessa intervenção do homem. São os nossos rastros.


(SEIXAS, H. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra Bazar Editorial, 2010.)

O conto apresenta várias associações de sentido baseadas em semelhanças. Qual figura de estilo foi usada para a construção dessas associações?

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Q2738862 Português

Atenção! A charge a seguir refere-se às questões 11 e 12!


Observe a charge a seguir, publicada em agosto de 2014. A charge mostra uma estrutura:

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Q2738833 Português

O fragmento a seguir refere-se às questões 03 e 04!


No mês de julho de 2014, o prefeito de São Paulo declarou: “Cobra-se a revolução desde que não se mexa em nada. É impossível!”.

O prefeito usa, na sua declaração, a figura de linguagem denominada

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Q2738259 Português

DIETA DA MÃE, VÍCIO DO FILHO


Uma pesquisa divulgada na última semana disparou mais um alerta em relação aos prejuízos causados por uma dieta rica em gordura. Desta vez o dano identificado foi aos filhos de gestantes que adotam este tipo de alimentação ao longo da gravidez. Realizado por cientistas da Rockefeller University, nos Estados Unidos, o estudo, feito em cobaias, revelou que os filhotes de mães alimentadas com excesso de gordura apresentam um risco mais elevado de manifestar dependência e uso abusivo de álcool e de nicotina durante a adolescência. Segundo os autores do trabalho, é a primeira vez que isso fica demonstrado.

A conclusão foi obtida após os pesquisadores analisarem as reações de cobaias geradas por mães alimentadas com uma dieta rica em gordura e por outras, nutridas com uma alimentação normal. Eles constataram que o primeiro grupo tende a encarar o consumo de nicotina como mais compensador, especialmente se combinado à ingestão de álcool. Quando os filhotes foram estimulados a trabalhar mais para conseguir doses elevadas de nicotina e de álcool, aqueles gerados por mães que comeram muita gordura continuaram se esforçando para obter as próximas doses quando os outros, ao contrário, já haviam desistido. Eles também ingeriram quantidades maiores de álcool e nicotina do que apenas de nicotina, comportamento não identificado entre os gerados por cobaias com dieta normal.



(...) (Revista ISTO É, 2380-15.7.2015- Medicina & Bem-estar. Por Cilene Pereira, p. 63)

A opção na qual figura uma afirmação/informação elaborada por meio de recursos de linguagem figurada, atentando para o trecho destacado, é

Alternativas
Q2736303 Português

Considere os seguintes versos de Olavo Bilac:

“Residem juntamente no teu peito Um demônio que ruge e um deus que chora.” Nos versos acima, o poeta utiliza como recurso de expressão uma figura de pensamento denominada:

Alternativas
Q2735370 Português

Leia o Texto que segue para responder às questões de 08 a 10.


Dor elegante


Paulo Leminski

Um homem com uma dor

É muito mais elegante

Caminha assim de lado

Como se chegando atrasado

Chegasse mais adiante


Carrega o peso da dor

Como se portasse medalhas

Uma coroa, um milhão de dólares

Ou coisa que os valha


Ópios, édens, analgésicos

Não me toquem nessa dor

Ela é tudo o que me sobra

Sofrer vai ser a minha última obra


Disponível em: < http://www.revistabula.com/385-15-melhores-poemas-de-paulo-leminski/ >.

Acesso em: 11 out. 2017.

Na segunda estrofe, omite-se a seguinte expressão do início do terceiro verso:
Alternativas
Q2735368 Português

Leia o texto abaixo para responder à questão 07.



Disponível em: < http://conversadeportugues.com.br/ >. Acesso em: 30 set. 2017.

O cartum acima explora e amplia a metáfora “estrada da vida” com base na
Alternativas
Respostas
121: B
122: D
123: A
124: B
125: A
126: B
127: D
128: A
129: B
130: E
131: E
132: A
133: D
134: B
135: D
136: E
137: E
138: B
139: A
140: D