Questões de Não definido para Concurso

Foram encontradas 8.412 questões

Q2605209 Não definido
As três bonecas

        Ju morava numa rua tranquila com nome de heroína: Anita Garibaldi. Dali, das amigas da mãe, guarda boas lembranças: colos, cafunés, filhos, mimos, conselhos e broncas. Uma, ao ver Ju lavando alface como quem esfrega roupa, havia lhe ensinado a delicadeza das folhas. Outra, Marieta, lhe deixou uma lição. Numa visita, aproximou-se de Ju, que brincava de bonecas. E disse:
         – Tenho uma boneca pra você!
         Um forte desejo se acendeu na menina.
         – Grande, como um bebê! Cabelos claros e curtos. Enroladinhos.
         A menina sorriu. Mais tarde, folheando uma revista, adivinhou a boneca.
         – É assim! – disse, abraçada à revista.
       Deu-lhe o nome de Cecília. Chamaria as amigas, cada uma traria sua filha e fariam um lanche. Brincariam no jardim e ririam um bocado, até tarde. Cansadas, iriam cedo pra cama. Adormecer com Cecília seria melhor que mil mundos.
      Foi uma espera em vão. Ainda lidava com a frustração, quando a mulher retornou. A claridade, que vinha do corredor, marcava a comprida silhueta que entrou falando:
         – Tua boneca está lá guardada, esperando.
         “Esperando o quê?”.
         – Podia ter trazido. Comprei outra.
        “Agora são duas bonecas!”, empolgou-se.
         A mulher continuava:
        – É moreninha, bem escura, cabelos compridos, arrumados em trança até a cintura. “Seria cor de jabuticaba?” Ju amava. Imaginou a boneca. “Será de pano? Fofa? Tem pano que tem cheiro bom, fino e macio, gostoso de pegar. Tem pano que é mais duro e pinica… Carmela!” Agora, numa só festa, apresentaria Cecília e Carmela às amigas. Já as via juntas, duas irmãs, cada uma de uma cor.
       “Mas por que ela não trouxe logo as bonecas?”; “Vai ver que ela não sabia que ia passar aqui.”; “Vai ver que, outro dia, traz as duas.”; “Vai ver que…”; “vai ver…” Pensou durante a aula, em casa e antes de dormir.
     Sonhou com Cecília e Carmela. Andaram de roda gigante, tão alto… Tocando as nuvens, Ju pegou um pedaço e experimentou. Azeda demais! Torceu o nariz, as outras riram. Ao acordar, procurou as bonecas e não achou. Onde estavam? Embaixo da cama? Dentro do armário? Na gaveta? Ou na casa de Marieta? Será que ela entregou para depois sequestrá-las? Se ela ia tirar, pra quê iria dar? Além de tudo, era amiga da mãe, por que faria isso? Só se a mãe não soubesse quem era a verdadeira Marieta…
       Meses depois, ela chegou. A boneca não, Marieta! E falou pela terceira vez:
     – Tenho outra boneca pra você. Podia ter trazido.
    “Três? Sério?”
    Daqui a pouco, só um reboque pra tanta promessa. Ju não se deixou enrolar. Um dia, fantasiou com Anita. Com nome de guerreira, lutaria, salvaria todas do cativeiro. A essa altura, era o que pensava: cativeiro.
    Volta e meia, acontecia de sonhar com as três. Faziam estripulias, criavam brincadeiras e danças malucas e rolavam de rir. Um dia, Ju rolou pro chão mesmo. Doeu cotovelo, doeu bumbum, doeu tudo! Até a alma.
    O tempo passou, tanto e mais um tico. Ju cresceu e se mudou da Rua Anita Garibaldi. De Marieta, ficou a lição: heroína mesmo era a criança que sobrevivia a certos adultos…

(Crônicas da infância: lembranças, afetos e reflexões [livro eletrônico] / organização Rosana Rios, Flávia Côrtes, Severino Rodrigues; ilustração Sandra Ronca. 1. ed. São Paulo: Edições AEILIJ: RR Literatura, 2021. PDF. Vários autores.)
Considere os trechos “Um dia, fantasiou com Anita.” (20º§). É correto afirmar que a disposição da vírgula na frase se deu de modo a separar:
Alternativas
Q2605208 Não definido
As três bonecas

        Ju morava numa rua tranquila com nome de heroína: Anita Garibaldi. Dali, das amigas da mãe, guarda boas lembranças: colos, cafunés, filhos, mimos, conselhos e broncas. Uma, ao ver Ju lavando alface como quem esfrega roupa, havia lhe ensinado a delicadeza das folhas. Outra, Marieta, lhe deixou uma lição. Numa visita, aproximou-se de Ju, que brincava de bonecas. E disse:
         – Tenho uma boneca pra você!
         Um forte desejo se acendeu na menina.
         – Grande, como um bebê! Cabelos claros e curtos. Enroladinhos.
         A menina sorriu. Mais tarde, folheando uma revista, adivinhou a boneca.
         – É assim! – disse, abraçada à revista.
       Deu-lhe o nome de Cecília. Chamaria as amigas, cada uma traria sua filha e fariam um lanche. Brincariam no jardim e ririam um bocado, até tarde. Cansadas, iriam cedo pra cama. Adormecer com Cecília seria melhor que mil mundos.
      Foi uma espera em vão. Ainda lidava com a frustração, quando a mulher retornou. A claridade, que vinha do corredor, marcava a comprida silhueta que entrou falando:
         – Tua boneca está lá guardada, esperando.
         “Esperando o quê?”.
         – Podia ter trazido. Comprei outra.
        “Agora são duas bonecas!”, empolgou-se.
         A mulher continuava:
        – É moreninha, bem escura, cabelos compridos, arrumados em trança até a cintura. “Seria cor de jabuticaba?” Ju amava. Imaginou a boneca. “Será de pano? Fofa? Tem pano que tem cheiro bom, fino e macio, gostoso de pegar. Tem pano que é mais duro e pinica… Carmela!” Agora, numa só festa, apresentaria Cecília e Carmela às amigas. Já as via juntas, duas irmãs, cada uma de uma cor.
       “Mas por que ela não trouxe logo as bonecas?”; “Vai ver que ela não sabia que ia passar aqui.”; “Vai ver que, outro dia, traz as duas.”; “Vai ver que…”; “vai ver…” Pensou durante a aula, em casa e antes de dormir.
     Sonhou com Cecília e Carmela. Andaram de roda gigante, tão alto… Tocando as nuvens, Ju pegou um pedaço e experimentou. Azeda demais! Torceu o nariz, as outras riram. Ao acordar, procurou as bonecas e não achou. Onde estavam? Embaixo da cama? Dentro do armário? Na gaveta? Ou na casa de Marieta? Será que ela entregou para depois sequestrá-las? Se ela ia tirar, pra quê iria dar? Além de tudo, era amiga da mãe, por que faria isso? Só se a mãe não soubesse quem era a verdadeira Marieta…
       Meses depois, ela chegou. A boneca não, Marieta! E falou pela terceira vez:
     – Tenho outra boneca pra você. Podia ter trazido.
    “Três? Sério?”
    Daqui a pouco, só um reboque pra tanta promessa. Ju não se deixou enrolar. Um dia, fantasiou com Anita. Com nome de guerreira, lutaria, salvaria todas do cativeiro. A essa altura, era o que pensava: cativeiro.
    Volta e meia, acontecia de sonhar com as três. Faziam estripulias, criavam brincadeiras e danças malucas e rolavam de rir. Um dia, Ju rolou pro chão mesmo. Doeu cotovelo, doeu bumbum, doeu tudo! Até a alma.
    O tempo passou, tanto e mais um tico. Ju cresceu e se mudou da Rua Anita Garibaldi. De Marieta, ficou a lição: heroína mesmo era a criança que sobrevivia a certos adultos…

(Crônicas da infância: lembranças, afetos e reflexões [livro eletrônico] / organização Rosana Rios, Flávia Côrtes, Severino Rodrigues; ilustração Sandra Ronca. 1. ed. São Paulo: Edições AEILIJ: RR Literatura, 2021. PDF. Vários autores.)
Considere as duplas de palavras retiradas do texto e elencadas nas alternativas a seguir e assinale aquela cuja dupla apresenta simultaneamente as mesmas classificações quanto à sílaba tônica e ao número de sílabas.
Alternativas
Q2605207 Não definido
As três bonecas

        Ju morava numa rua tranquila com nome de heroína: Anita Garibaldi. Dali, das amigas da mãe, guarda boas lembranças: colos, cafunés, filhos, mimos, conselhos e broncas. Uma, ao ver Ju lavando alface como quem esfrega roupa, havia lhe ensinado a delicadeza das folhas. Outra, Marieta, lhe deixou uma lição. Numa visita, aproximou-se de Ju, que brincava de bonecas. E disse:
         – Tenho uma boneca pra você!
         Um forte desejo se acendeu na menina.
         – Grande, como um bebê! Cabelos claros e curtos. Enroladinhos.
         A menina sorriu. Mais tarde, folheando uma revista, adivinhou a boneca.
         – É assim! – disse, abraçada à revista.
       Deu-lhe o nome de Cecília. Chamaria as amigas, cada uma traria sua filha e fariam um lanche. Brincariam no jardim e ririam um bocado, até tarde. Cansadas, iriam cedo pra cama. Adormecer com Cecília seria melhor que mil mundos.
      Foi uma espera em vão. Ainda lidava com a frustração, quando a mulher retornou. A claridade, que vinha do corredor, marcava a comprida silhueta que entrou falando:
         – Tua boneca está lá guardada, esperando.
         “Esperando o quê?”.
         – Podia ter trazido. Comprei outra.
        “Agora são duas bonecas!”, empolgou-se.
         A mulher continuava:
        – É moreninha, bem escura, cabelos compridos, arrumados em trança até a cintura. “Seria cor de jabuticaba?” Ju amava. Imaginou a boneca. “Será de pano? Fofa? Tem pano que tem cheiro bom, fino e macio, gostoso de pegar. Tem pano que é mais duro e pinica… Carmela!” Agora, numa só festa, apresentaria Cecília e Carmela às amigas. Já as via juntas, duas irmãs, cada uma de uma cor.
       “Mas por que ela não trouxe logo as bonecas?”; “Vai ver que ela não sabia que ia passar aqui.”; “Vai ver que, outro dia, traz as duas.”; “Vai ver que…”; “vai ver…” Pensou durante a aula, em casa e antes de dormir.
     Sonhou com Cecília e Carmela. Andaram de roda gigante, tão alto… Tocando as nuvens, Ju pegou um pedaço e experimentou. Azeda demais! Torceu o nariz, as outras riram. Ao acordar, procurou as bonecas e não achou. Onde estavam? Embaixo da cama? Dentro do armário? Na gaveta? Ou na casa de Marieta? Será que ela entregou para depois sequestrá-las? Se ela ia tirar, pra quê iria dar? Além de tudo, era amiga da mãe, por que faria isso? Só se a mãe não soubesse quem era a verdadeira Marieta…
       Meses depois, ela chegou. A boneca não, Marieta! E falou pela terceira vez:
     – Tenho outra boneca pra você. Podia ter trazido.
    “Três? Sério?”
    Daqui a pouco, só um reboque pra tanta promessa. Ju não se deixou enrolar. Um dia, fantasiou com Anita. Com nome de guerreira, lutaria, salvaria todas do cativeiro. A essa altura, era o que pensava: cativeiro.
    Volta e meia, acontecia de sonhar com as três. Faziam estripulias, criavam brincadeiras e danças malucas e rolavam de rir. Um dia, Ju rolou pro chão mesmo. Doeu cotovelo, doeu bumbum, doeu tudo! Até a alma.
    O tempo passou, tanto e mais um tico. Ju cresceu e se mudou da Rua Anita Garibaldi. De Marieta, ficou a lição: heroína mesmo era a criança que sobrevivia a certos adultos…

(Crônicas da infância: lembranças, afetos e reflexões [livro eletrônico] / organização Rosana Rios, Flávia Côrtes, Severino Rodrigues; ilustração Sandra Ronca. 1. ed. São Paulo: Edições AEILIJ: RR Literatura, 2021. PDF. Vários autores.)
É certo que nomes próprios como os elencados ao longo do texto, embora também estejam sujeitos às normas de acentuação da língua portuguesa, podem delas destoar conforme seu registro cartorial. Considere, portanto, as afirmativas a seguir sobre as regras de acentuação quanto aos nomes selecionados do texto e assinale a afirmativa que corretamente dispõe a sequência de cada uma em relação à sua veracidade, de modo que V corresponda a uma afirmativa verdadeira e F, a uma afirmativa falsa.
( ) A grafia do nome Ju está incorreta, pois deveria levar acento agudo na letra “u”.
( ) A grafia do nome Cecília está correta, pois vocábulos terminados em ditongo oral átono são acentuados.
( ) A grafia do nome Marieta está incorreta, pois deveria levar acento circunflexo na letra “e”.
A sequência está correta em
Alternativas
Q2605206 Não definido
As três bonecas

        Ju morava numa rua tranquila com nome de heroína: Anita Garibaldi. Dali, das amigas da mãe, guarda boas lembranças: colos, cafunés, filhos, mimos, conselhos e broncas. Uma, ao ver Ju lavando alface como quem esfrega roupa, havia lhe ensinado a delicadeza das folhas. Outra, Marieta, lhe deixou uma lição. Numa visita, aproximou-se de Ju, que brincava de bonecas. E disse:
         – Tenho uma boneca pra você!
         Um forte desejo se acendeu na menina.
         – Grande, como um bebê! Cabelos claros e curtos. Enroladinhos.
         A menina sorriu. Mais tarde, folheando uma revista, adivinhou a boneca.
         – É assim! – disse, abraçada à revista.
       Deu-lhe o nome de Cecília. Chamaria as amigas, cada uma traria sua filha e fariam um lanche. Brincariam no jardim e ririam um bocado, até tarde. Cansadas, iriam cedo pra cama. Adormecer com Cecília seria melhor que mil mundos.
      Foi uma espera em vão. Ainda lidava com a frustração, quando a mulher retornou. A claridade, que vinha do corredor, marcava a comprida silhueta que entrou falando:
         – Tua boneca está lá guardada, esperando.
         “Esperando o quê?”.
         – Podia ter trazido. Comprei outra.
        “Agora são duas bonecas!”, empolgou-se.
         A mulher continuava:
        – É moreninha, bem escura, cabelos compridos, arrumados em trança até a cintura. “Seria cor de jabuticaba?” Ju amava. Imaginou a boneca. “Será de pano? Fofa? Tem pano que tem cheiro bom, fino e macio, gostoso de pegar. Tem pano que é mais duro e pinica… Carmela!” Agora, numa só festa, apresentaria Cecília e Carmela às amigas. Já as via juntas, duas irmãs, cada uma de uma cor.
       “Mas por que ela não trouxe logo as bonecas?”; “Vai ver que ela não sabia que ia passar aqui.”; “Vai ver que, outro dia, traz as duas.”; “Vai ver que…”; “vai ver…” Pensou durante a aula, em casa e antes de dormir.
     Sonhou com Cecília e Carmela. Andaram de roda gigante, tão alto… Tocando as nuvens, Ju pegou um pedaço e experimentou. Azeda demais! Torceu o nariz, as outras riram. Ao acordar, procurou as bonecas e não achou. Onde estavam? Embaixo da cama? Dentro do armário? Na gaveta? Ou na casa de Marieta? Será que ela entregou para depois sequestrá-las? Se ela ia tirar, pra quê iria dar? Além de tudo, era amiga da mãe, por que faria isso? Só se a mãe não soubesse quem era a verdadeira Marieta…
       Meses depois, ela chegou. A boneca não, Marieta! E falou pela terceira vez:
     – Tenho outra boneca pra você. Podia ter trazido.
    “Três? Sério?”
    Daqui a pouco, só um reboque pra tanta promessa. Ju não se deixou enrolar. Um dia, fantasiou com Anita. Com nome de guerreira, lutaria, salvaria todas do cativeiro. A essa altura, era o que pensava: cativeiro.
    Volta e meia, acontecia de sonhar com as três. Faziam estripulias, criavam brincadeiras e danças malucas e rolavam de rir. Um dia, Ju rolou pro chão mesmo. Doeu cotovelo, doeu bumbum, doeu tudo! Até a alma.
    O tempo passou, tanto e mais um tico. Ju cresceu e se mudou da Rua Anita Garibaldi. De Marieta, ficou a lição: heroína mesmo era a criança que sobrevivia a certos adultos…

(Crônicas da infância: lembranças, afetos e reflexões [livro eletrônico] / organização Rosana Rios, Flávia Côrtes, Severino Rodrigues; ilustração Sandra Ronca. 1. ed. São Paulo: Edições AEILIJ: RR Literatura, 2021. PDF. Vários autores.)
Considere os termos sequencialmente elencados: [...] colos, cafunés, filhos, mimos, conselhos e broncas.” (1º§). É correto afirmar que todos eles, à exceção da conjunção “e”, têm em comum o fato de serem:
Alternativas
Q2605205 Não definido
As três bonecas

        Ju morava numa rua tranquila com nome de heroína: Anita Garibaldi. Dali, das amigas da mãe, guarda boas lembranças: colos, cafunés, filhos, mimos, conselhos e broncas. Uma, ao ver Ju lavando alface como quem esfrega roupa, havia lhe ensinado a delicadeza das folhas. Outra, Marieta, lhe deixou uma lição. Numa visita, aproximou-se de Ju, que brincava de bonecas. E disse:
         – Tenho uma boneca pra você!
         Um forte desejo se acendeu na menina.
         – Grande, como um bebê! Cabelos claros e curtos. Enroladinhos.
         A menina sorriu. Mais tarde, folheando uma revista, adivinhou a boneca.
         – É assim! – disse, abraçada à revista.
       Deu-lhe o nome de Cecília. Chamaria as amigas, cada uma traria sua filha e fariam um lanche. Brincariam no jardim e ririam um bocado, até tarde. Cansadas, iriam cedo pra cama. Adormecer com Cecília seria melhor que mil mundos.
      Foi uma espera em vão. Ainda lidava com a frustração, quando a mulher retornou. A claridade, que vinha do corredor, marcava a comprida silhueta que entrou falando:
         – Tua boneca está lá guardada, esperando.
         “Esperando o quê?”.
         – Podia ter trazido. Comprei outra.
        “Agora são duas bonecas!”, empolgou-se.
         A mulher continuava:
        – É moreninha, bem escura, cabelos compridos, arrumados em trança até a cintura. “Seria cor de jabuticaba?” Ju amava. Imaginou a boneca. “Será de pano? Fofa? Tem pano que tem cheiro bom, fino e macio, gostoso de pegar. Tem pano que é mais duro e pinica… Carmela!” Agora, numa só festa, apresentaria Cecília e Carmela às amigas. Já as via juntas, duas irmãs, cada uma de uma cor.
       “Mas por que ela não trouxe logo as bonecas?”; “Vai ver que ela não sabia que ia passar aqui.”; “Vai ver que, outro dia, traz as duas.”; “Vai ver que…”; “vai ver…” Pensou durante a aula, em casa e antes de dormir.
     Sonhou com Cecília e Carmela. Andaram de roda gigante, tão alto… Tocando as nuvens, Ju pegou um pedaço e experimentou. Azeda demais! Torceu o nariz, as outras riram. Ao acordar, procurou as bonecas e não achou. Onde estavam? Embaixo da cama? Dentro do armário? Na gaveta? Ou na casa de Marieta? Será que ela entregou para depois sequestrá-las? Se ela ia tirar, pra quê iria dar? Além de tudo, era amiga da mãe, por que faria isso? Só se a mãe não soubesse quem era a verdadeira Marieta…
       Meses depois, ela chegou. A boneca não, Marieta! E falou pela terceira vez:
     – Tenho outra boneca pra você. Podia ter trazido.
    “Três? Sério?”
    Daqui a pouco, só um reboque pra tanta promessa. Ju não se deixou enrolar. Um dia, fantasiou com Anita. Com nome de guerreira, lutaria, salvaria todas do cativeiro. A essa altura, era o que pensava: cativeiro.
    Volta e meia, acontecia de sonhar com as três. Faziam estripulias, criavam brincadeiras e danças malucas e rolavam de rir. Um dia, Ju rolou pro chão mesmo. Doeu cotovelo, doeu bumbum, doeu tudo! Até a alma.
    O tempo passou, tanto e mais um tico. Ju cresceu e se mudou da Rua Anita Garibaldi. De Marieta, ficou a lição: heroína mesmo era a criança que sobrevivia a certos adultos…

(Crônicas da infância: lembranças, afetos e reflexões [livro eletrônico] / organização Rosana Rios, Flávia Côrtes, Severino Rodrigues; ilustração Sandra Ronca. 1. ed. São Paulo: Edições AEILIJ: RR Literatura, 2021. PDF. Vários autores.)
Com base no desfecho do texto, é possível depreender que:
Alternativas
Respostas
56: D
57: D
58: D
59: D
60: C