Brutus e Cássio, os assassinos de Júlio César,
aprenderam do jeito mais difícil que o pior
lugar do inferno é ocupado por aqueles que
desprezam o imperador. No Inferno de Dante,
os dois senadores romanos são condenados a
passar toda a eternidade no círculo mais baixo
do inferno. Lá, junto de Judas Iscariotes, são
mastigados cada um em uma das três bocas de
Satã, para sempre sendo dilacerados, mas
nunca mortos. As infelizes almas formam o
triunvirato dos maiores traidores da história e
constituem o pior de todos os pecados –
traírem seus benfeitores. A referência de Dante
aos romanos não foi feita por puro efeito
literário. Ele e seus conterrâneos italianos
ainda sofrem com a morte de Júlio Cesar
mesmo 1300 anos depois. É suposto que caso
ele não tivesse morrido, a Itália nunca teria se
fracionado em pequenas cidades-estado como
foi na Idade Média e talvez ainda tivesse o
poder global em suas mãos. Apesar de seu
sucesso, Júlio César não era um homem de
carreira militar; esta só começou bem depois
como um produto de sua ambição e fidelidade
a Roma. No entanto, sua abordagem
implacável e superioridade estratégica foram
continuamente comprovadas. O Império
Romano se expandiu ao norte até a Inglaterra,
e ao sul até o Egito. Ao contrário de Aníbal,
sua perspicácia política se equiparava a sua
habilidade militar. Cesar foi capaz de
transformar suas vitórias no campo de batalha
em expansão política e um governo
permanente que durou por séculos após a sua
morte. Tal é o legado de um homem cujo poder
era tão amplo que até mesmo o fundador do
Cristianismo reconhecia que ele controlava os
domínios políticos da Terra. (RANK, Michael.
Os Maiores Generais da História. São Paulo:
Lelivros, 2012, p. 66).