Texto CG2A1-I
Uma das várias falácias urbanas consiste em que cidades
densamente povoadas sejam um sinal de “excesso de população”,
quando de fato é comum, em alguns países, que mais da metade
de seu povo viva em um punhado de cidades — às vezes em uma
só — enquanto existem vastas áreas abertas e, em grande parte,
vagas nas zonas rurais. Até mesmo em uma sociedade urbana e
industrial moderna como os Estados Unidos, menos de 5% da
área são urbanizados — e apenas as florestas, sozinhas, cobrem
uma extensão de terra seis vezes maior do que a de todas as
grandes e pequenas cidades do país reunidas. Fotografias de
favelas densamente povoadas em países em desenvolvimento
podem levar à conclusão de que o “excesso de população” é a
causa da pobreza, quando, na verdade, a pobreza é a causa da
concentração de pessoas que não conseguem arcar com os custos
do transporte ou de um espaço amplo para viver, mas que,
mesmo assim, não estão dispostas a abrir mão dos benefícios de
viver na cidade.
Muitas cidades eram mais densamente povoadas no
passado, quando as populações nacionais e mundial eram bem
menores. A expansão dos meios de transporte mais rápidos e
baratos, com preço viável para uma quantidade muito maior de
pessoas, fez com que a população urbana se espalhasse para as
áreas rurais em torno das cidades à medida que os subúrbios se
desenvolviam. Devido a um transporte mais rápido, esses
subúrbios agora estão próximos, em termos temporais, das
instituições e atividades de uma cidade, embora as distâncias
físicas sejam cada vez maiores. Alguém em Dallas, nos Estados
Unidos, a vários quilômetros de distância de um estádio, pode
alcançá-lo de carro mais rapidamente do que alguém que,
vivendo perto do Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé.
Thomas Sowell. Fatos e falácias da economia. Record. Edição do Kindle, p. 24-25 (com adaptações).