Questões de Concurso Público IF Sul - MG 2023 para Médico - Clínica Geral

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Q2135208 Português
Uma língua de 'étes' e 'êtes'

Ruy Castro*


Outro dia, na televisão, alguém falou de uma pancadaria envolvendo pessoas munidas de cassetete. Como sói, o pau quebrou. Só que o apresentador pronunciou-o "cassetête", com o "e" fechado. Embatuquei: não se diz "cassetéte", com o "e" aberto? Fui ao Aurélio e li: "Cassetete [téte]. Cacete curto, de madeira ou de borracha, usado pela polícia". Como o Aurélio não falha, temos então que é "cassetéte", não "cassetête".


Acontece com frequência. Toda língua comporta essas discrepâncias, que se explicam pela origem ou índole de certas palavras. Certa vez, um amigo meu, o jornalista Fernando Pessoa Ferreira, disse que precisava passar na farmácia para comprar cotonete ‒ que ele pronunciou "cotonête". Corrigi-o: "É ‘cotonéte’, Fernando". Coerente com seu raciocínio, ele não deixou a bola cair: "E você também fala ‘sabonéte’?".


Se dois falantes da mesma língua se confundem com a pronúncia de certas palavras, como fica um pobre estrangeiro aprendendo a falar português? Como explicar-lhe que tapete se pronuncia "tapête", mas topete é "topéte"? E que canivete é "canivéte", mas estilete é "estilête"? E que sorvete é "sorvête", mas chiclete é "chicléte"?


É frete, mas é "bilhête", "pivéte" e "foguête", "vedéte" e "lembrête", "dezesséte" e "gabinête", "giléte" e "macête", "enquéte" e "balancête", "patinéte" e "alfinête", "trompéte" e "tamborête", "boféte" e "rabanête". E são "banquête", "paquête" e "joanête", não "banquéte", "paquéte" e "joanéte". Mas vá a gente dizer isso ao gringo.


Em estudante, tomei de cassetete da polícia nas violentas passeatas contra a ditadura aqui no Rio. Menos mal que era de borracha. Podia ser pior, se fosse "cassetête". 

*Jornalista e escritor.

Folha de São Paulo, Opinião, 15 jan. 2023, p. A2. Adaptado.
Segundo Cegalla (2010, p. 538), “Conforme sua posição junto ao verbo, os pronomes oblíquos podem ser proclíticos (antepostos ao verbo), mesoclíticos (intercalados no verbo), enclíticos (pospostos ao verbo)”.
Considere o conceito apresentado pelo gramático e o trecho transcrito do texto:  
“Como explicar-lhe que tapete se pronuncia ‘tapête’, mas topete é ‘topéte’”?

Em seguida, analise as asserções e a relação proposta entre elas.

I – A correção gramatical e a coerência textual estariam prejudicadas, caso a reescrita da expressão “explicar-lhe” fosse “lhe explicar”

PORQUE,

II – segundo a norma-padrão da língua portuguesa, a próclise é de rigor no referido período, pois a oração é iniciada por um termo interrogativo.

A respeito das asserções é correto afirmar que
Alternativas
Q2135209 Português
Uma língua de 'étes' e 'êtes'

Ruy Castro*


Outro dia, na televisão, alguém falou de uma pancadaria envolvendo pessoas munidas de cassetete. Como sói, o pau quebrou. Só que o apresentador pronunciou-o "cassetête", com o "e" fechado. Embatuquei: não se diz "cassetéte", com o "e" aberto? Fui ao Aurélio e li: "Cassetete [téte]. Cacete curto, de madeira ou de borracha, usado pela polícia". Como o Aurélio não falha, temos então que é "cassetéte", não "cassetête".


Acontece com frequência. Toda língua comporta essas discrepâncias, que se explicam pela origem ou índole de certas palavras. Certa vez, um amigo meu, o jornalista Fernando Pessoa Ferreira, disse que precisava passar na farmácia para comprar cotonete ‒ que ele pronunciou "cotonête". Corrigi-o: "É ‘cotonéte’, Fernando". Coerente com seu raciocínio, ele não deixou a bola cair: "E você também fala ‘sabonéte’?".


Se dois falantes da mesma língua se confundem com a pronúncia de certas palavras, como fica um pobre estrangeiro aprendendo a falar português? Como explicar-lhe que tapete se pronuncia "tapête", mas topete é "topéte"? E que canivete é "canivéte", mas estilete é "estilête"? E que sorvete é "sorvête", mas chiclete é "chicléte"?


É frete, mas é "bilhête", "pivéte" e "foguête", "vedéte" e "lembrête", "dezesséte" e "gabinête", "giléte" e "macête", "enquéte" e "balancête", "patinéte" e "alfinête", "trompéte" e "tamborête", "boféte" e "rabanête". E são "banquête", "paquête" e "joanête", não "banquéte", "paquéte" e "joanéte". Mas vá a gente dizer isso ao gringo.


Em estudante, tomei de cassetete da polícia nas violentas passeatas contra a ditadura aqui no Rio. Menos mal que era de borracha. Podia ser pior, se fosse "cassetête". 

*Jornalista e escritor.

Folha de São Paulo, Opinião, 15 jan. 2023, p. A2. Adaptado.
Considere os aspectos e os elementos linguísticos e avalie o que se afirma acerca das seguintes passagens transcritas do texto.

I – A alteração da grafia do vocábulo “mal” para “mau” na oração “Menos mal que era de borracha.” caracteriza desvio da norma culta da língua portuguesa.

II – A presença do termo destacado no trecho “Coerente com seu raciocínio, ele não deixou a bola cair...” está relacionada a uma exigência de regência nominal.

III – A forma se cumpre idêntico papel morfossintático na frase “Se dois falantes da mesma língua se confundem com a pronúncia de certas palavras...”

IV – A preposição de em “Outro dia, na televisão, alguém falou de uma pancadaria envolvendo pessoas...” é consequência da relação de regência estabelecida.

V – O período “É frete, mas é ‘bilhête’, ‘pivéte’ e ‘foguête’...” pode ser reescrito com a devida correção gramatical da seguinte maneira: “É frete, mais é ‘bilhête’, ‘pivéte’ e ‘foguête’...”.

Está correto apenas o que se afirma em
Alternativas
Respostas
1: B
2: A