Questões de Concurso Público Prefeitura de Lages - SC 2016 para Professor - Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
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Aquilo que Oscar Wilde e Mark Twain diziam apenas por humorismo (nunca se fazer amanhã aquilo que se pode fazer depois de amanhã), não é no Brasil uma deliberada norma de conduta, uma diretriz fundamental. Não, é mais, bem mais forte do que qualquer princípio da vontade: é um instinto inelutável, uma força espontânea da estranha e surpreendente raça brasileira.
Para o brasileiro, os atos fundamentais da existência são: nascimento, reprodução, procrastinação e morte (esta última, se possível, também adiada).
Adiamos em virtude dum verdadeiro e inevitável estímulo inibitório, do mesmo modo que protegemos os olhos com a mão ao surgir na nossa frente um foco luminoso intenso. A coisa deu em reflexo condicionado; proposto qualquer problema a um brasileiro, ele reage de pronto com as palavras: logo à tarde; só à noite; amanhã; segunda-feira; depois do Carnaval; no ano que vem. Adiamos tudo: o bem e o mal, o bom e o mau, que não se confundem, mas tantas vezes se desemparelham. Adiamos o trabalho, o encontro, o almoço, o telefonema, o dentista, o dentista nos adia, a conversa séria, o pagamento do imposto de renda, as férias, a reforma agrária, o seguro de vida, o exame médico, a visita de pêsames, o conserto do automóvel, o concerto de Beethoven, o túnel de Niterói, a festa de aniversário da criança, as relações com a China, tudo. Até o amor. Só a morte e a promissória são mais ou menos pontuais entre nós. Mesmo assim, há remédio para a promissória: o adiamento bi ou trimestral da reforma, uma instituição sacrossanta no Brasil.
Sim, adiamos por força de um incoercível destino nacional, do mesmo modo que, por obra do fado, o francês poupa dinheiro, o inglês confia no Times, o português adora bacalhau, o alemão trabalha com furor disciplinado, o espanhol se excita com a morte, o japonês esconde o pensamento, o americano escolhe sempre a gravata mais colorida.
O brasileiro adia; logo existe.
A divulgação dessa nossa capacidade autóctone para a incessante delonga transpõe as fronteiras e o Atlântico. A verdade é que já está nos manuais. Ainda há pouco, lendo um livro francês sobre o Brasil, incluído numa coleção quase didática de viagens, encontrei no fim do volume algumas informações essenciais sobre nós e nossa terra. Entre endereços de embaixadores e consulados, estatísticas, indicações culinárias o autor intercalou o seguinte tópico:
- Hier: ontem
- Aujourd’hui: hoje
- Demain: amanhã
Perante o diretor, o aluno identificou como seu agressor o colega do primo que frequentava a mesma escola que ele.
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ) em relação a esse período.
( ) O pronome relativo é referente anafórico do vocábulo “agressor”.
( ) O pronome pessoal “ele” pode retomar três palavras: aluno, colega e primo.
( ) Se no lugar do pronome pessoal “ele”, fosse colocado o pronome demonstrativo “este”, o pronome relativo estaria se referindo somente a “aluno”.
( ) A seguinte redação do período: “Perante o diretor, o aluno identificou como seu agressor o colega do primo que frequentava a mesma escola da vítima” faz do pronome relativo um referente catafórico do termo “aluno”.
( ) Temos no período um clássico exemplo de ambiguidade, consequência da coesão feita de forma inadequada.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.