Questões de Concurso Público Prefeitura de Belo Horizonte - MG 2015 para Professor Municipal - Português
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O BÊBADO E AS 10 GARRAFAS
Neste fim de semana fui a um boteco e
tomei uma cachaça da boa. Mas tão boa
que resolvi levar dez garrafas para casa,
mas Dona Patroa obrigou-me a jogá-las fora.
Peguei a primeira garrafa, bebi um copo e
joguei o resto na pia.
Peguei a segunda garrafa, bebi outro copo e
joguei o resto na pia.
Peguei a terceira garrafa, bebi o resto e
joguei o copo na pia.
Peguei a quarta garrafa, bebi na pia e
joguei o resto no copo.
Peguei o quinto copo, joguei a rolha na pia e
bebi a garrafa.
Peguei a sexta pia, bebi a garrafa e joguei
o copo no resto.
A sétima garrafa eu peguei no resto e bebi
a pia.
Peguei no copo, bebi no resto e joguei
a pia na oitava garrafa.
Joguei a nona pia no copo, peguei na
garrafa e bebi o resto.
O décimo copo, eu peguei a garrafa no
resto e me joguei na pia.
Não me lembro o que fiz com a patroa...
(Disponível em < http://www.fontedoriso.com.br/piada/588/As-10-
garrafas-de-cacha%C3%A7a..html > Acesso em: 20 out. 2015)
A leitura desse texto permite concluir que a coerência
é um fator
INSTRUÇÃO: Os textos a seguir são base para a questão.
Texto I
O BICHO (1974)
Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Texto II
O BICHO – Garfield (2011)
Andrício de Souza
Cidade Maravilhosa?
Os camelôs são pais de famílias bem pobres, e, então, merecem nossa simpatia e nosso carinho; logo eles se multiplicam por 1000. Aqui em frente à minha casa, na Praça General Osório, existe há muito tempo a feira hippie. Artistas e artesãos expõem ali aos domingos e vendem suas coisas. Uma feira um tanto organizada demais: sempre os mesmos artistas mostrando coisas quase sempre sem interesse. Sempre achei que deveria haver um canto em que qualquer artista pudesse vender um quadro; qualquer artista ou mesmo qualquer pessoa, sem alvarás nem licenças. Enfim, o fato é que a feira funcionava, muita gente comprava coisas – tudo bem. Pois de repente, de um lado e outro, na Rua Visconde de Pirajá, apareceram barracas atravancando as calçadas, vendendo de tudo - roupas, louças, frutas, miudezas, brinquedos, objetos usados, ampolas de óleo de bronzear, passarinhos, pipocas, aspirinas, sorvetes, canivetes. E as praias foram invadidas por 1000 vendedores. Na rua e na areia, uma orgia de cães. Nunca vi tantos cães no Rio, e presumo que muita gente anda com eles para se defender de assaltantes. O resultado é uma sujeira múltipla, que exige cuidado do pedestre para não pisar naquelas coisas. E aquelas coisas secam, viram poeira, unem-se a cascas de frutas podres e dejetos de toda ordem, e restos de peixes da feira das terças, e folhas, e cusparadas, e jornais velhos; uma poeira dos três reinos da natureza e de todas as servidões humanas.
Ah, se venta um pouco o noroeste, logo ela vai-se elevar, essa poeira, girando no ar, entrar em nosso pulmão numa lufada de ar quente. Antigamente a gente fugia para a praia, para o mar. Agora há gente demais, a praia está excessivamente cheia. Está bem, está bem, o mar, o mar é do povo, como a praça é do condor – mas podia haver menos cães e bolas e pranchas e barcos e camelôs e ratos de praia e assaltantes que trabalham até dentro d’água, com um canivete na barriga alheia, e sujeitos que carregam caixas de isopor e anunciam sorvetes e, quando o inocente cidadão pede picolé de manga, eis que ele abre a caixa e de lá puxa a arma. Cada dia inventam um golpe novo: a juventude é muito criativa, e os assaltantes são quase sempre muito jovens.
Rubem Braga