Questões de Concurso Público Prefeitura de Palhoça - SC 2018 para Médico - Clínico Geral Plantonista

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Q1733003 Português
Leia o texto a seguir e responda à questão:
“A instalação do modelo penitenciário em Florianópolis vem atender a demandas regionais, como a necessidade de um local para se colocar detentos de outras cidades de Santa Catarina, como Blumenau, com um parque industrial em expansão e, consequentemente, percebendo a formação de uma classe de operários que precisava ser controlada; mas aparece em conjunto com um ideal de "progresso" nacional, baseado num pensamento médico-higienista.  
A cidade também estava em busca da "ordem e progresso", princípios do pensamento positivista que tomaram conta do país. As necessidades de higiene exigiam uma intervenção médica, muitas vezes autoritária, sobre o que aparecia como foco privilegiado de doenças, como, por exemplo: hospitais, prisões, portos, cortiços. A partir deste saber médico-administrativo, ou seja, a partir da aplicação prática da medicina social, na forma de pensamento higienista e eugenista, forma-se o núcleo que dá origem à "economia social e à sociologia do século XIX" (Foucault, 1993, p.103). A distribuição e vigilância dos indivíduos e a reorganização das cidades seria feita e ditada por normas médico-higienistas, numa época em que aglomeração de pessoas e desordem eram sinônimos de doenças, epidemias, atraso, caos.
Pretende-se fazer, aqui, uma análise do processo de criação e reorganização do modelo penitenciário na cidade de Florianópolis, ocorrido nos anos 30 do século passado, como uma situação particular dentro desse processo de reestruturação das cidades, que não pode ser pensada fora do espaço da medicalização dos corpos.
Com vistas à utilização racional da vida e das instituições, o hospital, assim como a prisão, transforma-se em máquina de curar. A observação, as anotações e os registros, com a ajuda da estatística, permitem a fixação do conhecimento dos indivíduos, dos diferentes casos clínicos, seguindo a evolução particular das doenças até atingir registros populacionais, o que Foucault (1988) chamou de biopolítica das populações.
Quando se analisa a instalação do modelo penitenciário na cidade de Florianópolis por intermédio do viés do pensamento médico-jurídico e suas possíveis interfaces, percebe-se, mediante os discursos presentes nas fontes primárias estudadas, uma preocupação muito forte com o crime associado à hereditariedade, degeneração e higiene, além da utilização de um marcante vocabulário médico. 
A grande questão em relação às aglomerações urbanas e à falta de infraestrutura das cidades do século XIX consistia no perigo do contágio de doenças, o que acontecia, segundo as autoridades da Saúde Pública, por intermédio das habitações dos pobres, como as casas de estalagem e os cortiços. Era necessário, então, conhecer a origem das epidemias e, para isso, criou-se um gênero, a topografia médica, o conjunto de dados ou estudos que englobavam a força dos ventos e das marés, as chuvas, o estado das ruas, as habitações e quartos dos trabalhadores. Seria o ponto de partida de diversas intervenções urbanas sanitárias. A Higiene se cria entre miasmas e números.”
(Rebelo, Fernanda; Caponi, Sandra. A medicalização do crime: a
Penitenciária de Florianópolis como espaço de saber e poder (1933-
1945). Revista Interface – Comunicação, Saúde, Educação,
Botucatu, vol. 2, n. 22, mai/ago 2007.
http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832007000200002)
De acordo com o texto, se pode afirmar que:
Alternativas
Q1733005 Português
Leia os textos abaixo e responda à questão:
Segundo o Censo de 2000, a população de mulheres negras brasileiras é de 36 milhões e vive, em sua maioria, na zona urbana. Conforme o IPEA, a população feminina no Brasil corresponde a 51% da população e as mulheres negras são 30% da população feminina. A subnotificação da variável cor (“quesito cor”) na maioria dos sistemas de informação da área de saúde tem dificultado uma análise mais consistente sobre a saúde da mulher negra no Brasil. Por outro lado, os dados socioeconômicos disponíveis já indicam que a maioria das negras encontra-se abaixo da linha da pobreza, exibindo a seguinte situação:
. taxa de analfabetismo é o dobro das brancas;
. são majoritariamente chefes de família sem cônjuge e com filhos;
. por razões sociais ou de discriminação, as mulheres negras têm menor acesso aos serviços de saúde de boa qualidade, à atenção ginecológica e à assistência obstétrica – seja no pré-natal, parto ou puerpério; e
. maior risco que as brancas de contrair e de morrer mais cedo de determinadas doenças.
(Benevides, Maria Auxiliadôra da Silva et al.Perspectiva da equidade no pacto nacional pela redução da mortalidade materna e neonatal: atenção à saúde das mulheres negras. Série F – Comunicação e Educação em Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, Área Técnica da Saúde da Mulher / DAPE / SAS / MS, 2005, p. 7.)
De acordo com o texto:  
I. As mulheres não negras, segundo o recenseamento de 2000, representam 21% do contingente feminino no Brasil. No entanto, este número não está totalmente correto, pois a informação de cor nem sempre está presente nos dados coletados.
II. As mulheres negras, segundo o recenseamento de 2000, representam 30% da população brasileira, recebem salários mais baixos que as mulheres não negras, mas geralmente recebem boa atenção ginecológica e obstétrica. III. A população de mulheres negras no Brasil é de 36 milhões de pessoas que vivem em sua maioria abaixo da linha da pobreza, muitas vezes têm filhos, de quem cuidam sozinhas, estão mais propensas a certas enfermidades e não recebem assistência médica de boa qualidade. IV. As mulheres não negras são mais alfabetizadas que as mulheres negras, representam 21% do total de mulheres no Brasil, correm menor risco de saúde e têm mais acesso à assistência médica de boa qualidade. Analise as assertivas acima e assinale a alternativa correta:
Alternativas
Q1733012 Português
Leia o texto a seguir e responda.
Três dias depois, numa expansão íntima com o boticário Crispim Soares, desvendou o alienista o mistério do seu coração. 
—A caridade, Sr. Soares, entra decerto no meu procedimento, mas entra como tempero, como o sal das coisas, que é assim que interpreto o dito de São Paulo aos Coríntios: "Se eu conhecer quanto se pode saber, e não tiver caridade, não sou nada". O principal nesta minha obra da Casa Verde é estudar profundamente a loucura, os seus diversos graus, classificar-lhe os casos, descobrir enfim a causa do fenômeno e o remédio universal. Este é o mistério do meu coração. Creio que com isto presto um bom serviço à humanidade.
—Um excelente serviço, corrigiu o boticário.
—Sem este asilo, continuou o alienista, pouco poderia fazer; ele dá-me, porém, muito maior campo aos meus estudos.
—Muito maior, acrescentou o outro.
E tinha razão. De todas as vilas e arraiais vizinhos afluíam loucos à Casa Verde. Eram furiosos, eram mansos, eram monomaníacos, era toda a família dos deserdados do espírito. Ao cabo de quatro meses, a Casa Verde era uma povoação. Não bastaram os primeiros cubículos; mandou-se anexar uma galeria de mais trinta e sete. O Padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tantos doidos no mundo, e menos ainda o inexplicável de alguns casos. Um, por exemplo, um rapaz bronco e vilão, que todos os dias, depois do almoço, fazia regularmente um discurso acadêmico, ornado de tropos, de antíteses, de apóstrofes, com seus recamos de grego e latim, e suas borlas de Cícero, Apuleio e Tertuliano. O vigário não queria acabar de crer. Quê! um rapaz que ele vira, três meses antes, jogando peteca na rua!
(Assis, Machado de. Torrentes de Loucos. Em:O Alienista. Capítulo II. Originalmente publicado em A Estação, 1881. https://pt.wikisource.org/wiki/O_Alienista/II)
Podemos substituir as palavras em negrito por seus sinônimos, sem prejuízo do sentido, por:
Alternativas
Respostas
1: B
2: A
3: A