Questões de Concurso Público IF-SE 2024 para Professor EBTT - História
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Na Bolívia, logo após o problema criado pelas medidas do governo Melgarejo, relativas à apropriação de terrenos e propriedades indígenas, o governo do presidente Frias (1874- 1876) em consonância com a Assembleia Nacional promulgou a lei de “exvinculación”. A lei de exvinculación teve um efeito devastador para os índios. De um lado quebrava-se a histórica vinculação dos mesmos com a terra da comunidade e, por outro, se acelerava o processo de expropriações em favor do Estado, que uma vez consolidadas passavam a ser leiloadas. Isto intensificou o surgimento de grandes latifúndios no altiplano e vales. A lei reconhecia a propriedade soberana e pessoal dos índios sobre sua terra, mas a desvinculava da comunidade, por isso o termo “ex-vinculação”, porque fraturava a base de uma relação secular do índio com a terra. A “sayaña” dentro do “ayllu” formava uma unidade de propriedade comunitária indivisível. A lei foi na contramão da essência comunal e representou, sobretudo, uma visão ideológica e modernizadora que não respeitava e ou não entendia a realidade histórica e cultural dos povos indígenas.
HASSLOCHER-MORENO, Alejandro Marcel. Bolívia e a questão indígena: da escravidão à cidadania plena. Revista Campo da História, v. 7, n. 1, 2022, p. 344. [Adaptado].
Qual conceito foi a base pelo próprio governo para a formulação desta disposição legal?
Nesse horizonte, não se está mais seguro do que quer dizer a palavra homem. Existe uma história do conceito de homem e é preciso se interrogar sobre essa história: de onde vem o conceito de homem, como o homem ele mesmo pensa o que é o próprio do homem? Por exemplo, quando tradicionalmente se opõe o homem ao animal, se afirma que o próprio do homem é a linguagem, a cultura, a história, a sociedade, a liberdade etc. Podem-se colocar questões sobre a validade de todas essas definições do "próprio" e do homem e, portanto, sobre a validade do conceito de homem tal como geralmente é utilizado. Colocar questões sobre esse conceito de homem é nada ter de seguro a esse respeito. Mas isso não quer dizer ser contra o homem. Frequentemente se acusa a desconstrução de, ao colocar questões sobre a história do conceito de homem, ser inumana, desumana, contra o humanismo. Nada tenho contra o humanismo, mas me reservo o direito de interrogar quanto à história, à genealogia e à figura do homem, quanto ao conceito do próprio do homem.
DERRIDA, J. A solidariedade dos seres vivos. Entrevista por Evando Nascimento, publicada no suplemento Mais! Folha de São Paulo, em 27.5.2001.
De que modo tais reflexões produzem óbice ao etnocentrismo?
Leia o texto a seguir.
Berimbau
Quem é homem de bem, não trai
O amor que lhe quer seu bem
Quem diz muito que vai, não vai
E assim como não vai, não vem
Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém
O dinheiro de quem não dá
É o trabalho de quem não tem
Capoeira que é bom, não cai
E se um dia ele cai, cai bem!
Capoeira me mandou
Dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou
Vai ter briga de amor
Tristeza, camará
MORAES, V. Berimbau. Disponível em:https://www.letras.mus.br/vinicius-de-moraes/49258/ . Acesso em: 31 mai. 2024. [Adaptado].
“Berimbau” foi gravada em 1963, em um disco de Vinícius
de Moraes com Odete Lara. A canção tem uma introdução
marcada pelo compasso do berimbau, estrutura que se
mantém até o refrão. O sucesso da canção fez com que não
fosse gravada junto dos demais afro-sambas de Vinícius e
Baden Powell. Qual característica da Afro-ética a música
representa?
À primeira vista é difícil perceber nas receitas qual é a parte mágica (que mais respeitosamente deveremos chamar de axé, poder), e quais as virtudes testáveis experimentalmente dessas plantas. Devemos ter em mente que, na língua iorubá, frequentemente existe uma relação direta entre os nomes das plantas e suas qualidades, e seria importante saber se receberam tais nomes devido às suas virtudes ou se devido a seus nomes determinadas características foram a elas atribuídas, como um tipo de jogo de palavras (ou, mais respeitosamente, p/o). Essas encantações-jogos de palavras têm uma grande importância nestas civilizações. Sendo pronunciadas em orações solenes, podem ser consideradas como definições e com frequência são as bases sobre as quais o raciocínio é construído. Servem também como conclusão e prova final nas histórias transmitidas de geração a geração pelos babalaôs, e expressam ao mesmo tempo o ponto de vista da cultura iorubá e o senso comum de seu povo.
VERGER, Pierre. Ewé o uso das plantas na sociedade Iorubá. São Paulo, Companhia das Letras, 1995, p. 24. [Adaptado].
Tal sistema de designação da língua iorubá demonstra qual característica daquela civilização?
Observe a imagem a seguir.
LATUFF, Carlos. Sem título. In: SANTOS, M. J. As charges nas ruas: a primavera árabe nos traços de Carlos Latuff e Ali Ferzet. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, [S. l.], v. 46, 2014. Disponível em: < https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/15890/13757>. Acesso em: 19 jun. 2024.
Convidado pelos organizadores de um dos protestos no
Egito, Carlos Latuff reproduziu por meio de desenhos
algumas das convocatórias do evento. Na charge em
questão, ele desenhou o sapato motivado pelo
Esta tradição muito forte na Tunísia, desde o fim do século XIX, refreou o regime, impedindo-o de ser tão repressivo como gostaria, e assegurava que o poder permitia um pluralismo político limitado, desde que isso nunca ameaçasse a hegemonia do Rassemblement Constitutionnel Démocratique (RCD). De facto, os partidos políticos seculares que foram autorizados depois de 1980 colaboraram várias vezes com o regime devido ao seu receio do islamismo. Quando a presidência quebrou este princípio ao alterar a Constituição de modo a permitir que o Presidente em funções se candidatasse por mais de dois mandatos e ao instituir uma assembleia parlamentar bicamaral para salvaguardar o controle do RCD, a sua base de apoio começou a fragmentar-se, tal como aconteceu com o seu antecessor por motivos semelhantes nos anos 1980.
JOFFÉ, George. A Primavera Árabe no Norte de África: origens e perspectivas de futuro. Relações Internacionais, n. 30, p. 85-116, jun. 2011. p. 101. [Adaptado].
O texto se refere à tradição