Questões de Concurso Público Prefeitura de Teresina - PI 2019 para Professor de Educação Básica - Língua Portuguesa

Foram encontradas 20 questões

Q1005881 Português

TEXTO 4

“Redes sociais reduzem noção de vergonha, diálogo e empatia”, diz psicoterapeuta americano

Renata Moura

Da BBC Brasil em Londres


      [...]

      As redes sociais evocam diferentes aspectos psicológicos do usuário e podem causar o chamado "efeito desinibição online". 

      Na visão de Balick [psicoterapeuta, palestrante e autor americano], isso significa que, na internet, as pessoas ficam mais encorajadas a agir de forma antissocial, comportamento que muitas vezes evitariam se estivessem cara a cara com o outro.

      O freio que impede a adoção de certas posturas "na vida real" muitas vezes não funciona no ambiente virtual justamente por causa desse "efeito", diz ele.

      "Esse freio vem da nossa capacidade crítica, ou do que os psicólogos chamam de funcionamento executivo. A função executiva pode ser contornada ou evitada online de diversas formas". A principal que ele cita é o efeito de desinibição online.

      [...]

      Pela ausência de complexidade nos relacionamentos e de profundidade emocional, segundo Balick, as redes sociais tendem a reduzir a empatia e o diálogo, acentuando a polarização entre os usuários.

      "As redes sociais certamente não são desprovidas de empatia, mas em uma escala cultural de massa, elas parecem estar mais inclinadas ao bairrismo e isso acaba reduzindo, em vez de ampliar, o diálogo através de divisões ideológicas".

      Essas divisões, observa ele, são cada vez mais aparentes através das redes e ampliadas por elas. Isso ocorre "porque é fácil tomar partido sem se envolver na nuance de um argumento".

      "O mundo se divide em bom e mau e a nuance se perde. Em encontros cara a cara isso é mais difícil de manter porque o diálogo atenua o pensamento polarizado simplista ao permitir que vejamos a humanidade no outro", diz.

      Isso não significa, porém, que seja impossível encorajar mais pensamentos empáticos nesse meio e os desenvolvedores desses sites teriam papel importante nesse sentido.

      [...]

      "Eu acho que há a possibilidade de integrar essas mudanças a plataformas que já existem. Tome como exemplo o botão de curtir do Facebook. Por anos ele foi a única opção, mas agora há variações que expressam surpresa, raiva, tristeza etc. É uma pequena mudança, mas ela admite outra camada de complexidade", diz Balick.

      Outra adaptação possível, exemplifica ele, seria quando "um valor político" fosse consistentemente apresentado no perfil do usuário o Facebook sugerir algo como "você gostaria de ler sobre uma visão diferente?".

      [...]

      "Como temos visto, as redes sociais têm sido um pouco boas demais em isolar pessoas em seus próprios círculos e alimentá-las com notícias (reais e falsas) para reforçar suas posições", diz. "Mas concessões, compreensão e empatia são cruciais em diversas sociedades e nós precisamos educar nossas tecnologias rapidamente para lidar com isso", conclui.

Adaptação do texto disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-42197265 Acesso em: 15.05.19. 

Em “Pela ausência de complexidade nos relacionamentos e de profundidade emocional, segundo Balick, as redes sociais tendem a reduzir a empatia e o diálogo...”, há uma relação de
Alternativas
Q1005884 Português

Com a finalidade de criticar, o chargista utiliza-se do humor ao


Alternativas
Q1005887 Português
O efeito de humor dessa tirinha é evidenciado
Alternativas
Q1005890 Português

TEXTO 7

                                      Medo da Eternidade


      Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.

      Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.

      Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:

      – Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.

      [...]

      Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. [...]

      Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.

      – E agora que é que eu faço? – perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.

      – Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. Perder a eternidade? Nunca. O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.

      – Acabou-se o docinho. E agora?

       – Agora mastigue para sempre.

      Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito.

      Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.

      Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.

      – Olha só o que me aconteceu! – disse eu em fingidos espanto e tristeza. – Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!

      – Já lhe disse – repetiu minha irmã – que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.

      Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.

      Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.

Adaptação de Clarice Lispector. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 289-291.  

De acordo com o texto, a menina teve medo da eternidade porque
Alternativas
Q1005891 Português

TEXTO 7

                                      Medo da Eternidade


      Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.

      Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.

      Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:

      – Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.

      [...]

      Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. [...]

      Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.

      – E agora que é que eu faço? – perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.

      – Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. Perder a eternidade? Nunca. O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.

      – Acabou-se o docinho. E agora?

       – Agora mastigue para sempre.

      Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito.

      Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.

      Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.

      – Olha só o que me aconteceu! – disse eu em fingidos espanto e tristeza. – Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!

      – Já lhe disse – repetiu minha irmã – que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.

      Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.

      Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.

Adaptação de Clarice Lispector. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 289-291.  

A narradora caracteriza seu contato com a eternidade aflitivo e dramático porque
Alternativas
Respostas
11: D
12: B
13: C
14: B
15: C