Questões de Concurso Público Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ 2016 para Professor de Ensino Fundamental - Artes Cênicas
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“Nos últimos anos do século XIX ocorreram dois fenômenos, ambos resultantes da revolução tecnológica, de uma importância decisiva para a evolução do espetáculo teatral, na medida em que contribuíram para aquilo que designamos como o surgimento do encenador.”
Esta afirmação é de Jean-Jacques Roubine e os dois fenômenos aos quais ele se refere são respectivamente:
“O universo popular dos cordelistas, dos mamulengos, da linguagem dos folguedos como o reisado e o bumba-meuboi, está presente na obra de Suassuna, somado a influências do teatro religioso medieval e das tradições da Commedia dell’Arte”.
Chicó e João Grilo são os personagens principais da trama “O Auto da Compadecida” e são os chamados “amarelinhos”. Eles ludibriam seus patrões, usam de esperteza para angariarem vantagens, da mesma forma, como os criados da Commedia dell’Arte:
Augusto Boal em sua passagem pelo Arena, sobretudo na montagem de Arena Conta Zumbi e depois em Arena Conta Tiradentes, propõe o que chamou de “sistema coringa” conforme o fragmento abaixo:
“(…) O sistema coringa foi imaginado por Boal como uma “saída” para um teatro em crise econômica, como uma “solução” estética – a um só tempo dramatúrgica e de espetáculo, destinada a viabilizar a cena possível naquele momento.(…)”
O “sistema coringa” revela-se como o afunilamento de sistemas pregressos como as esquetes do Centro Popular de Cultura – CPC – e também:
No livro Teatralidades Contemporâneas, ao analisar o trabalho da companhia paulista O Teatro da Vertigem, Sílvia Fernandes destaca um ponto específico das pesquisas empreendidas pelo grupo, conforme transcrição abaixo.
“(…) A marca mais radical desta proposta é a concepção do teatro como pesquisa coletiva de atores, dramaturgo e encenador em busca de respostas a questões urgentes do país, especialmente das grandes metrópoles brasileiras (…) mantém a criação conjunta, mas preserva as diferenças, como se cada criador – ator, dramaturgo ou diretor – não precisasse abdicar de uma leitura própria do material experimentado em conjunto.(…)”
A principal técnica utilizada pelo grupo para montagens como Apocalipse 1,11 e O Livro de Jó foi:
Samuel Beckett foi um dos maiores expoentes do Teatro do Absurdo. Um dos seus mais criativos textos -- Fim de Jogo -- narra as relações entre os personagens principais Clov e Hamm.
Jean-Pierre Ryngaert ao propor uma análise possível da obra diz que a verdadeira questão da peça é:
“É a representação de uma ação nobre, levada a seu termo e tendo certa extensão por meio de uma linguagem temperada com variadas especiarias utilizadas separadamente, conforme as partes da obra; a representação é efetuada pelos personagens do drama e não recorre a narração; e representando a piedade e o pavor, ela realiza uma depuração desse gênero de emoções”.
Com base no texto, o gênero é:
“(…) a imitação da realidade, ou melhor, sua representação (...) supõe a existência de dois objetos – o modelo e o objeto criado –, que mantém entre si uma relação complexa de similitude e de dessemelhança.”
Marie-Claude Hubert se refere ao conceito de:
Marie-Claude Hubert, ao analisar a dramaturgia clássica, afirma:
“A ação dramática não pode começar nem terminar ao acaso. Ela só seria coerente ao satisfazer a exigência do verossímil e do necessário. (…) A unidade de ação só é crível para o espectador, se os fatos se encadearem de acordo com um princípio lógico de causalidade.”
Esta afirmação confirma o pensamento aristotélico que privilegia:
O teatro de bonecos nos foi trazido pelos colonizadores europeus nos séculos XVI e XVII. A popularidade dos bonecos, inicialmente, está ligada às festas religiosas, tornando-se depois cada vez mais descontraído e profano, conforme pode-se verificar no comentário de Ana Maria Amaral e Valmor Beltrame.
“(…) Os bonecos são predominantemente de luva, com cabeças esculpidas em madeira: os traços faciais são marcados por narigões, bocas e lábios salientes pintados em cores vivas e sem preocupações naturalistas. Porém, são as características de conduta e caráter que os assemelham: são irreverentes, justiceiros, desafiam as autoridades, principalmente as judiciais, eclesiásticas e políticas, buscam provocar o riso na plateia e resolvem seus conflitos quase sempre com o recurso da pancadaria.(...)”
Os pesquisadores referem-se, especificamente, ao teatro de:
O conceito de “quarta parede”, tão difundido nas escolas de teatro, foi forjado por Diderot, como ferramenta dramatúrgica para uso dos autores e também como indicação de representação.
Tal preocupação é resultado de um gênero que pretende “oferecer a sociedade um espelho fiel”, característico do:
Constantin Stanislavski é um dos grandes nomes do teatro mundial. Dedicou parte de sua vida artística na elaboração de um método de interpretação que auxiliasse o ator na constru- ção de seus personagens. Marie-Claude Hubert ao analisar a imaginação do ator, segundo Stanislavski escreve:
“ Ele constrói seu personagem por meio do “reviver”, conceito stanislavskiano que podemos definir como a descoberta, na interpretação, de uma forte analogia entre a situação dramática contida no texto e o passado emocional pessoal.”
Para ajudar ao ator nesse processo, o diretor russo sugere que o intérprete pergunte a si mesmo qual seria a sua reação se ele se encontrasse na situação do personagem que encarna. O mestre russo está utilizando uma de suas técnicas, chamada:
Os trechos, abaixo, são de três grandes pensadores do Teatro. Identifique-os:
I - “Se o teatro essencial é como a peste não é por ser contagioso, mas porque, como a peste, é a revelação, a exposição, o impulso para fora, de um fundo de crueldade latente pelo qual se localizam num indivíduo ou num povo todas as possibilidades perversas do espírito.”
II - “É por isso que nossa arte requer que um ator experimente as angústias de seu papel, que chore todas as lágrimas de seu corpo em casa ou durante os ensaios, de maneira a obter calma, de maneira a se libertar de todos os elementos alheios ao seu papel ou que possam prejudicá-lo.”
III - “É preciso fazer desaparecer no ator o gesto comum, o gesto cotidiano, que obscurece o “impulso puro”. Nos momentos de grande alegria ou de grande sofrimento, o homem, arrebatado pelo “entusiasmo”, no sentido etimológico, utiliza signos rítmicos, põe-se a cantar ou a dançar. É essa expressão elementar que o ator deve tentar reencontrar, é ‘o signo orgânico’.”
“O jogo é psicologicamente diferente em grau, mas não em categoria, da atuação dramática. A capacidade de criar uma situação imaginativamente e de fazer um papel é uma experiência maravilhosa, é como uma espécie de descanso do cotidiano que damos ao nosso eu, ou as férias da rotina de todo o dia. Observamos que essa liberdade psicológica cria uma condição na qual tensão e conflito são dissolvidos, e as potencialidades são liberadas no esforço espontâneo de satisfazer as demandas da situação.”
Ao citar Neva Boyd, Viola Spolin aproxima o jogo da atuação dramática. Segundo a autora, as regras do jogo são estabelecidas por decisão grupal que visa resolver um “problema”. A energia liberada para resolver o “problema” cria uma explosão ou, em outras palavras, a:
Brecht escreve que a característica principal de seu teatro épico é:
“dirigir menos à afetividade do espectador do que à sua razão. O espectador não deve viver o que vivem os personagens, mas questionar estes últimos.”
O encenador deseja produzir um efeito de: