Questões de Concurso Público Prefeitura de Poá - SP 2014 para Procurador Jurídico
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Enquanto a protagonista não chegava ao palco para nos brindar com sua crítica à brutalidade da sociedade patriarcal, eu viajei perdida em conjecturas. “E esse animal é mesmo necessário em cena?", pensei. Lembrei de “Equus", de Peter Shaffer, em 1975. Minha mãe me levou para assistir na Broadway, estrelado por Anthony Perkins. Que show! A maneira como resolveram a presença de cavalos em cena foi eficiente e sintética: máscaras, tamancões, bailarinos e pronto.
Uma imponente Angélica Liddell entrou em cena jorrand o versos em choro. “Cansei de ser mulher, de ter vergonha! Ensinaramme a detestar meu corpo…" A atriz é performática, bem anos 1980. Vai abrindo uma cerveja e outra e afogando as mágoas do tamanho do equino. Você começa a entender que a personagem sofreu alguma barbaridade na infância. Só quem não se comove é o cavalo, que não para de mastigar alfafa e parece se incomodar a cada vez que ela quebra um objeto ou grita.
De repente, um punhado de ativistas está sobre o palco exibindo cartazes. “Tirem o animal!"; “Animal não é propriedade!"; “Sejamos artistas, não algozes!".
No mínimo, é interessante ver a interferência de jovens e xpressando os direitos de quem não tem voz ativa, não? Só que o público não viu graça. Devo ter tido a má sorte de cair com uma plateia intolerante. Vai ver, sobrei com a turma que considera “arte" uma coisa que deve ser levada muito, muito a sério.
A garotada pediu para dizer umas palavras e avisou que iria embora logo. Porém, homens adultos, mulheres refinadas, supostos apreciadores de cultura levantaramse enfurecidos e, amparados na unanimidade de respeitadores da ordem, partiram para um bullying violento contra os manifestantes.
A portavoz tentou falar, mas foi abafada pela gritaria. Lembrou - me da cena deprimente que presenciei no ano passado, ao mediar um debate da blogueira cubana Yoani Sánchez, violentamente impedida de falar. Intransigência no lugar de diálogo.
Finalmente, depois de serem xingadas, humilhadas e tratadas por loucas, as moças puderam falar. Uma das manifestantes desceu do palco e sentouse, tremendo, na cadeira ao meu lado. “Como a senhora se chama?", perguntou. Respondi. Ela havia me visto filmando.
“Sou estudante de veterinária, posso lhe garantir que o cavalo não deveria estar ali, a senhora entende, sabe o que é um ser senciente?"
Sei sim, é um ser capaz de sentimentos como dor e agonia e emoções próximas ao pensamento. Mais do que muitos ali parecem dominar. Inclusive a protagonista. Sim, porque, para quem deseja denunciar injustiça e preconceito, o ato de jogar seus irmãos de armas aos leões mostrou a medida de sua sinceridade.
(Barbara Gancia, Folha de S.Paulo, 15.03.2014. Adaptado)
Enquanto a protagonista não chegava ao palco para nos brindar com sua crítica à brutalidade da sociedade patriarcal, eu viajei perdida em conjecturas. “E esse animal é mesmo necessário em cena?", pensei. Lembrei de “Equus", de Peter Shaffer, em 1975. Minha mãe me levou para assistir na Broadway, estrelado por Anthony Perkins. Que show! A maneira como resolveram a presença de cavalos em cena foi eficiente e sintética: máscaras, tamancões, bailarinos e pronto.
Uma imponente Angélica Liddell entrou em cena jorrand o versos em choro. “Cansei de ser mulher, de ter vergonha! Ensinaramme a detestar meu corpo…" A atriz é performática, bem anos 1980. Vai abrindo uma cerveja e outra e afogando as mágoas do tamanho do equino. Você começa a entender que a personagem sofreu alguma barbaridade na infância. Só quem não se comove é o cavalo, que não para de mastigar alfafa e parece se incomodar a cada vez que ela quebra um objeto ou grita.
De repente, um punhado de ativistas está sobre o palco exibindo cartazes. “Tirem o animal!"; “Animal não é propriedade!"; “Sejamos artistas, não algozes!".
No mínimo, é interessante ver a interferência de jovens e xpressando os direitos de quem não tem voz ativa, não? Só que o público não viu graça. Devo ter tido a má sorte de cair com uma plateia intolerante. Vai ver, sobrei com a turma que considera “arte" uma coisa que deve ser levada muito, muito a sério.
A garotada pediu para dizer umas palavras e avisou que iria embora logo. Porém, homens adultos, mulheres refinadas, supostos apreciadores de cultura levantaramse enfurecidos e, amparados na unanimidade de respeitadores da ordem, partiram para um bullying violento contra os manifestantes.
A portavoz tentou falar, mas foi abafada pela gritaria. Lembrou - me da cena deprimente que presenciei no ano passado, ao mediar um debate da blogueira cubana Yoani Sánchez, violentamente impedida de falar. Intransigência no lugar de diálogo.
Finalmente, depois de serem xingadas, humilhadas e tratadas por loucas, as moças puderam falar. Uma das manifestantes desceu do palco e sentouse, tremendo, na cadeira ao meu lado. “Como a senhora se chama?", perguntou. Respondi. Ela havia me visto filmando.
“Sou estudante de veterinária, posso lhe garantir que o cavalo não deveria estar ali, a senhora entende, sabe o que é um ser senciente?"
Sei sim, é um ser capaz de sentimentos como dor e agonia e emoções próximas ao pensamento. Mais do que muitos ali parecem dominar. Inclusive a protagonista. Sim, porque, para quem deseja denunciar injustiça e preconceito, o ato de jogar seus irmãos de armas aos leões mostrou a medida de sua sinceridade.
(Barbara Gancia, Folha de S.Paulo, 15.03.2014. Adaptado)
Enquanto a protagonista não chegava ao palco para nos brindar com sua crítica à brutalidade da sociedade patriarcal, eu viajei perdida em conjecturas. “E esse animal é mesmo necessário em cena?", pensei. Lembrei de “Equus", de Peter Shaffer, em 1975. Minha mãe me levou para assistir na Broadway, estrelado por Anthony Perkins. Que show! A maneira como resolveram a presença de cavalos em cena foi eficiente e sintética: máscaras, tamancões, bailarinos e pronto.
Uma imponente Angélica Liddell entrou em cena jorrand o versos em choro. “Cansei de ser mulher, de ter vergonha! Ensinaramme a detestar meu corpo…" A atriz é performática, bem anos 1980. Vai abrindo uma cerveja e outra e afogando as mágoas do tamanho do equino. Você começa a entender que a personagem sofreu alguma barbaridade na infância. Só quem não se comove é o cavalo, que não para de mastigar alfafa e parece se incomodar a cada vez que ela quebra um objeto ou grita.
De repente, um punhado de ativistas está sobre o palco exibindo cartazes. “Tirem o animal!"; “Animal não é propriedade!"; “Sejamos artistas, não algozes!".
No mínimo, é interessante ver a interferência de jovens e xpressando os direitos de quem não tem voz ativa, não? Só que o público não viu graça. Devo ter tido a má sorte de cair com uma plateia intolerante. Vai ver, sobrei com a turma que considera “arte" uma coisa que deve ser levada muito, muito a sério.
A garotada pediu para dizer umas palavras e avisou que iria embora logo. Porém, homens adultos, mulheres refinadas, supostos apreciadores de cultura levantaramse enfurecidos e, amparados na unanimidade de respeitadores da ordem, partiram para um bullying violento contra os manifestantes.
A portavoz tentou falar, mas foi abafada pela gritaria. Lembrou - me da cena deprimente que presenciei no ano passado, ao mediar um debate da blogueira cubana Yoani Sánchez, violentamente impedida de falar. Intransigência no lugar de diálogo.
Finalmente, depois de serem xingadas, humilhadas e tratadas por loucas, as moças puderam falar. Uma das manifestantes desceu do palco e sentouse, tremendo, na cadeira ao meu lado. “Como a senhora se chama?", perguntou. Respondi. Ela havia me visto filmando.
“Sou estudante de veterinária, posso lhe garantir que o cavalo não deveria estar ali, a senhora entende, sabe o que é um ser senciente?"
Sei sim, é um ser capaz de sentimentos como dor e agonia e emoções próximas ao pensamento. Mais do que muitos ali parecem dominar. Inclusive a protagonista. Sim, porque, para quem deseja denunciar injustiça e preconceito, o ato de jogar seus irmãos de armas aos leões mostrou a medida de sua sinceridade.
(Barbara Gancia, Folha de S.Paulo, 15.03.2014. Adaptado)
Enquanto a protagonista não chegava ao palco para nos brindar com sua crítica à brutalidade da sociedade patriarcal, eu viajei perdida em conjecturas. “E esse animal é mesmo necessário em cena?", pensei. Lembrei de “Equus", de Peter Shaffer, em 1975. Minha mãe me levou para assistir na Broadway, estrelado por Anthony Perkins. Que show! A maneira como resolveram a presença de cavalos em cena foi eficiente e sintética: máscaras, tamancões, bailarinos e pronto.
Uma imponente Angélica Liddell entrou em cena jorrand o versos em choro. “Cansei de ser mulher, de ter vergonha! Ensinaramme a detestar meu corpo…" A atriz é performática, bem anos 1980. Vai abrindo uma cerveja e outra e afogando as mágoas do tamanho do equino. Você começa a entender que a personagem sofreu alguma barbaridade na infância. Só quem não se comove é o cavalo, que não para de mastigar alfafa e parece se incomodar a cada vez que ela quebra um objeto ou grita.
De repente, um punhado de ativistas está sobre o palco exibindo cartazes. “Tirem o animal!"; “Animal não é propriedade!"; “Sejamos artistas, não algozes!".
No mínimo, é interessante ver a interferência de jovens e xpressando os direitos de quem não tem voz ativa, não? Só que o público não viu graça. Devo ter tido a má sorte de cair com uma plateia intolerante. Vai ver, sobrei com a turma que considera “arte" uma coisa que deve ser levada muito, muito a sério.
A garotada pediu para dizer umas palavras e avisou que iria embora logo. Porém, homens adultos, mulheres refinadas, supostos apreciadores de cultura levantaramse enfurecidos e, amparados na unanimidade de respeitadores da ordem, partiram para um bullying violento contra os manifestantes.
A portavoz tentou falar, mas foi abafada pela gritaria. Lembrou - me da cena deprimente que presenciei no ano passado, ao mediar um debate da blogueira cubana Yoani Sánchez, violentamente impedida de falar. Intransigência no lugar de diálogo.
Finalmente, depois de serem xingadas, humilhadas e tratadas por loucas, as moças puderam falar. Uma das manifestantes desceu do palco e sentouse, tremendo, na cadeira ao meu lado. “Como a senhora se chama?", perguntou. Respondi. Ela havia me visto filmando.
“Sou estudante de veterinária, posso lhe garantir que o cavalo não deveria estar ali, a senhora entende, sabe o que é um ser senciente?"
Sei sim, é um ser capaz de sentimentos como dor e agonia e emoções próximas ao pensamento. Mais do que muitos ali parecem dominar. Inclusive a protagonista. Sim, porque, para quem deseja denunciar injustiça e preconceito, o ato de jogar seus irmãos de armas aos leões mostrou a medida de sua sinceridade.
(Barbara Gancia, Folha de S.Paulo, 15.03.2014. Adaptado)
Enquanto a protagonista não chegava ao palco para nos brindar com sua crítica à brutalidade da sociedade patriarcal, eu viajei perdida em conjecturas. “E esse animal é mesmo necessário em cena?", pensei. Lembrei de “Equus", de Peter Shaffer, em 1975. Minha mãe me levou para assistir na Broadway, estrelado por Anthony Perkins. Que show! A maneira como resolveram a presença de cavalos em cena foi eficiente e sintética: máscaras, tamancões, bailarinos e pronto.
Uma imponente Angélica Liddell entrou em cena jorrand o versos em choro. “Cansei de ser mulher, de ter vergonha! Ensinaramme a detestar meu corpo…" A atriz é performática, bem anos 1980. Vai abrindo uma cerveja e outra e afogando as mágoas do tamanho do equino. Você começa a entender que a personagem sofreu alguma barbaridade na infância. Só quem não se comove é o cavalo, que não para de mastigar alfafa e parece se incomodar a cada vez que ela quebra um objeto ou grita.
De repente, um punhado de ativistas está sobre o palco exibindo cartazes. “Tirem o animal!"; “Animal não é propriedade!"; “Sejamos artistas, não algozes!".
No mínimo, é interessante ver a interferência de jovens e xpressando os direitos de quem não tem voz ativa, não? Só que o público não viu graça. Devo ter tido a má sorte de cair com uma plateia intolerante. Vai ver, sobrei com a turma que considera “arte" uma coisa que deve ser levada muito, muito a sério.
A garotada pediu para dizer umas palavras e avisou que iria embora logo. Porém, homens adultos, mulheres refinadas, supostos apreciadores de cultura levantaramse enfurecidos e, amparados na unanimidade de respeitadores da ordem, partiram para um bullying violento contra os manifestantes.
A portavoz tentou falar, mas foi abafada pela gritaria. Lembrou - me da cena deprimente que presenciei no ano passado, ao mediar um debate da blogueira cubana Yoani Sánchez, violentamente impedida de falar. Intransigência no lugar de diálogo.
Finalmente, depois de serem xingadas, humilhadas e tratadas por loucas, as moças puderam falar. Uma das manifestantes desceu do palco e sentouse, tremendo, na cadeira ao meu lado. “Como a senhora se chama?", perguntou. Respondi. Ela havia me visto filmando.
“Sou estudante de veterinária, posso lhe garantir que o cavalo não deveria estar ali, a senhora entende, sabe o que é um ser senciente?"
Sei sim, é um ser capaz de sentimentos como dor e agonia e emoções próximas ao pensamento. Mais do que muitos ali parecem dominar. Inclusive a protagonista. Sim, porque, para quem deseja denunciar injustiça e preconceito, o ato de jogar seus irmãos de armas aos leões mostrou a medida de sua sinceridade.
(Barbara Gancia, Folha de S.Paulo, 15.03.2014. Adaptado)