Os perigos de estar sempre conectado
Quem acha que o comportamento dos jovens – e de muitos adultos – que não desgrudam os olhos e os dedos da tela
de um celular quando estão em grupo é apenas sinal de falta
de educação ou de respeito com quem está em volta pode
começar a se preocupar com outras questões mais sérias.
Um novo estudo da Universidade Estadual de Michigan,
nos Estados Unidos, mostra que mesmo os alunos mais inteligentes podem piorar seu desempenho acadêmico quando
o uso de celulares, tablets ou notebooks torna-se frequente
em sala de aula. Foram avaliados 500 alunos de psicologia.
Todos eles (mesmo aqueles com melhores habilidades intelectuais) tiveram uma queda de rendimento e notas, à medida
que crescia o uso de internet durante as aulas – olhando notícias, respondendo a e-mails ou publicando nas redes sociais.
Se o fenômeno ocorre com os mais jovens – em teoria,
mais bem adaptados a administrar múltiplas tarefas ao mesmo tempo –, não é difícil imaginar que os mais velhos enfrentem o mesmo tipo de problema em seu trabalho, quando
pulverizam sua atenção em estímulos vindos do celular e dos
computadores. Os resultados desse trabalho da Universidade de Michigan sugerem que as atividades extremamente
envolventes da internet podem tirar até os mais “brilhantes”
do rumo.
Outro estudo, em Atlanta, nos Estados Unidos, investigou
o fenômeno das mensagens pelo celular. O resultado mostrou que 41% dos jovens que já dirigem admitiram ter mandado um texto ou um e-mail enquanto guiavam seu carro. Em
alguns Estados, esse índice ultrapassou 60%. Trata-se, claramente, de um comportamento cada vez mais comum entre
eles. A questão aqui é a habilidade em conduzir um veículo
de maneira segura quando o foco de atenção do motorista,
além dos olhos e das mãos, está longe do volante. Os jovens,
que tendem a ter comportamentos mais impulsivos, correm
maior risco de acidentes.
Como não é possível imaginar um mundo e uma escola
sem celulares e internet, o importante é saber qual o momento mais adequado e seguro para usar essas tecnologias. Que
tal desligar o aparelho e prestar um pouco mais de atenção à
aula e ao trânsito?
(Jairo Bouer. Época, 30 de junho de 2014. Adaptado)