Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização
da língua. Não é de surpreender que o caráter e os modos
dessa utilização sejam tão variados como as próprias
esferas da atividade humana, o que não contradiz a unidade
nacional de uma língua. A utilização da língua efetua-se em
forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos,
que emanam dos integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana. O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por
seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela
seleção operada nos recursos da língua – recursos lexicais,
fraseológicos e gramaticais –, mas também, e sobretudo, por
sua construção composicional. Estes três elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) fundem-se
indissoluvelmente no todo do enunciado, e todos eles são
marcados pela especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer enunciado considerado isoladamente é, claro,
individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora
seus tipos relativamente estáveis de enunciados.
(Bakhtin, 1992)
Em conformidade com o pensamento de Bakhtin, a diferença entre gênero primário e gênero secundário é definida pela relação