Acerca da história da arquitetura e do urbanismo, julgue os ...
Os princípios da unidade de vizinhança, que compõem critério utilizado no urbanismo para divisão de grupos de prédios residenciais em áreas na cidade, foram elaborados pelo urbanista americano Clarence Perry e adotados pelo movimento modernista.
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Clarence Arthur Perry, arquiteto e urbanista, em 1929 projetou um plano para Nova Iorque utilizando um conceito de unidade de vizinhança, que pode ser considerado um dos mais importantes pelo seu princípio fundamental – o social.
Perry foi o idealizador do conceito da unidade de vizinhança, entretanto, coube a Clarence Stein e Henry Wright a primeira efetivação da ideia no plano de Radburn, Nova Jersey, em 1929.
É isso mesmo Victor Campello.
PARTE 1/2
CERTO
A UNIDADE DE VIZINHANÇA, NA ORIGEM E DEPOIS
Idealizada como um mecanismo de construção social e com uma noção sedutora de comunidade, a unidade de vizinhança de Clarence Perry configurava um setor urbano que acomodava organicamente a população necessária para o funcionamento de uma escola primária, configurado de modo que nenhuma criança caminhasse mais que meia milha até a escola, de preferência sem ter que cruzar sequer uma via de tráfego importante. Sua área devia ser extensa o suficiente para caracterizar baixa densidade populacional e para proporcionar aos seus residentes mais espaço livre, oportunidade de lazer e estabelecimentos escolar e comerciais em uma zona autossuficiente, na medida em que não devia ser necessário percorrer longas distâncias para satisfazer necessidades básicas.
Este esquema, alimentado por antecedentes como o padrão residencial inglês, o ideário garden city, o zoneamento funcional, e o movimento community center32, devia apresentar tamanho apropriado, limites evidentes, espaços livres, centro comunitário, comércio local e sistema viário interno. Desse modo, a unidade de vizinhança devia ser contornada por vias arteriais para fazer fluir o tráfego e conter um sistema viário interno que desencorajasse o trânsito externo; cul-de-sacs foram empregados para assegurar a privacidade residencial. Internamente, as unidades residenciais deviam estar organizadas em torno de um sistema de espaços livres, parques e áreas de lazer, no qual a escola ocupava uma posição central no conjunto dos serviços institucionais (igreja, biblioteca e outras edificações necessárias para a vida cívica, cultural e religiosa da comunidade), enquanto os estabelecimentos comerciais estariam localizados em posições periféricas, preferencialmente nas esquinas conjuntas de diversas unidades de vizinhança.
O que se concretizou em Radburn, a “cidade jardim da era do automóvel” onde os urbanistas Clarence Stein e Henry Wright materializaram exemplarmente o conceito de Perry, foi um arranjo formal hierárquico de quatro elementos: enclave, quadra, superquadra e unidade de vizinhança. O enclave foi constituído por um grupo de aproximadamente vinte casas dispostas em U ao longo de uma pequena via, usualmente sem saída, que dá acesso ao fundo das casas, enquanto suas frentes se voltam para a área verde comum. Três a oito destes enclaves foram aproximados para formar uma quadra e estas quadras foram arranjadas ao redor de um espaço livre, de modo a delimitar um parque. O conjunto de quadras e parque configuram o que Stein e Wright entenderam como superquadra, e de quatro a seis superquadras formaram a unidade de vizinhança.
PARTE 2/2
No entanto, em Brasília, a eliminação da propriedade privada do solo urbano e a elevação da edificação multifamiliar reforçavam a ideia de cidade-parque e garantiam a continuidade dos espaços verdes livres, combinando o conceito anglo-saxônico da unidade de vizinhança com o uso de pilotis, o que lhe deu um sentido radicalmente inovador. Lucio Costa também formulou sua proposta de “área de vizinhança” e superquadras ortogonais seguindo a concepção da cidade funcional, atendendo a prescrição de edificações de alta densidade isoladas em amplas superfícies verdes, consagradas ao desenvolvimento das diversas atividades comuns que formavam o prolongamento da moradia.
A exemplo da operação corbusierana, a superquadra de Brasília também verticalizou e densificou a cidade jardim, transformando-a numa verdant city. Embora aumentando em quase um terço a densidade populacional de Radburn, a unidade de vizinhança de Brasília insistiu no princípio de organização original que colocava dentro de uma distância caminhável todas as facilidades necessárias diariamente ao lar e à escola, e mantinha fora dessa área de pedestres as artérias do tráfego que conduzem pessoas e mercadorias que nada têm a ver com a vizinhança. O comércio local foi implantado no acesso à unidade, na borda de cada superquadra, originalmente voltado para o seu interior. Os edifícios residenciais em lâmina, padronizados, não apresentaram variações significativas e não combinaram diferentes tipos residenciais. Desse modo, Brasília levou a cabo a estratégia modernista da desfamiliarização ao propor uma forma urbana radicalmente nova e vincular inovação arquitetônica, mudança nas percepções individuais e transformação social. A cidade funcional, moderna e igualitária era a imagem do Brasil desenvolvido.
FONTE:
http : //
anpur.org
.br
/
wp-content/
uploads/
2018/09/5_79836
PS: Tive que colocar o link fatorado porque o site não permite mais por link nos comentários. Às vezes, ainda consigo colocar o link integro na versão antiga do site, porém o funcionamento desta vive oscilando.
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