Enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que ...
Enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando: − Não é ninguém, é o padeiro! Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? "Então você não é ninguém?" Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém...
As ideias contidas no conto de Rubem Braga nos alerta, numa concepção crítica de educação, que
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Alternativa correta: A - identidade e diferença, muitas vezes, definem os que “ficam dentro” e os que “ficam fora”: os aceitos na escola e os discriminados por ela.
Para entender o contexto da questão e por que a alternativa A é a correta, é importante refletir sobre como a sociedade e, por extensão, as instituições educacionais, podem reproduzir desigualdades através de atitudes que discriminam ou desvalorizam determinados grupos ou indivíduos. O conto de Rubem Braga, que serve de base para a questão, ilustra metaforicamente como uma pessoa pode ser considerada "não ninguém" em função de sua ocupação ou status social. Esse relato ressoa com a realidade de muitos estudantes que, por diversas razões como cor, classe, gênero ou deficiência, podem sentir-se excluídos ou marginalizados no ambiente escolar.
Ao destacar a frase "não é ninguém, é o padeiro", o texto chama a atenção para o processo pelo qual as pessoas são rotuladas e categorizadas, frequentemente de maneira depreciativa. Na educação, essa dinâmica pode levar à exclusão ou ao tratamento diferenciado de alunos, gerando barreiras ao aprendizado e ao desenvolvimento pleno de suas capacidades.
A alternativa A é correta porque ressalta que a identidade (quem somos) e a diferença (como nos distinguimos ou somos distinguidos dos outros) têm um papel fundamental na determinação de quem é valorizado e quem é marginalizado no ambiente escolar. Isso é um aspecto crítico na educação, pois uma concepção crítica de educação envolve a compreensão de que práticas escolares podem tanto perpetuar como combater as desigualdades sociais.
As outras alternativas não abordam o tema central do conto nem o aspecto crítico da educação relacionado à inclusão e ao respeito pela diversidade, portanto, não são corretas. A escola raramente é uma instituição completamente neutra (B), e reconhecer a pluralidade (C) e lidar com a diferença (D) são importantes, mas a questão aponta para o resultado dessa dinâmica de inclusão/exclusão, não apenas para o reconhecimento ou o gerenciamento da diversidade. A questão dos direitos serem conquistados (E) não está diretamente ligada ao conto ou ao tema central da questão.
Compreender essa dinâmica é crucial para todos os envolvidos na educação, uma vez que podem trabalhar para criar um ambiente inclusivo e justo, onde todos os alunos se sintam valorizados e tenham oportunidades iguais de aprendizagem e sucesso.
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Comentários
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A--a discriminação social muitas vezes atinge a identidade do ser humano a ponto deste sentir que não é alguém capaz de ter direitos e objetivos
Gabarito: A
A FCC faz umas questões muito inteligentes.
No fragmento "não é ninguém, não senhora, é o padeiro" fica evidente a problemática da Identidade e Diferença. O padeiro é tratado como uma pessoa sem importância, alguém de fora do convívio daquela residência; enquanto a possível dona desta é chamada pelo pronome de tratamento senhora, demarcando a distinção social entre os dois. Assim, também a escola pode acabar discriminando os indivíduos e impedindo aos menos favorecidos, os ninguéns, o acesso à educação.
Essa foi difícil para mim. Basicamente, interpretação de texto.
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