O Código Civil estabelece a usucapião como uma forma de aqu...

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Ano: 2018 Banca: FEPESE Órgão: PGE-SC Prova: FEPESE - 2018 - PGE-SC - Procurador do Estado |
Q950152 Direito Civil

O Código Civil estabelece a usucapião como uma forma de aquisição da propriedade imóvel. O Sr. Valdomiro, sem interrupção e continuamente, sem oposição e pacificamente, possui ha 6 anos, como seu, imóvel na praia para passar alguns feriados, tendo adquirido por doação de seu tio-avô, que o possuía, quando da doação, há 10 anos, de igual modo sem interrupção e continuamente, sem oposição e pacificamente. Inexistem documentos das aquisições, sendo as posses adquiridas por contrato verbal.


Considerando as disposições do Código Civil sobre usucapião, assinale a alternativa correta.

Alternativas

Gabarito comentado

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A usucapião é considerada como uma forma de aquisição da propriedade, que se caracteriza pela posse prolongada ou ininterrupta, durante o prazo previsto em lei, preenchendo os requisitos para tanto. 

No presente caso, o Sr. Valdomiro adquiriu o imóvel por doação de seu tio-avô, tendo como seu, sem interrupção e continuamente, sem oposição e pacificamente, há 6 anos, sendo que o seu avô, quando da doação, o possuía há 10 anos, também sem interrupção e continuamente, sem oposição e pacificamente.

Dentre as espécies de usucapião contidas em nosso ordenamento jurídico, trataremos da usucapião extraordinária, prevista no artigo 1.238 do Código Civil, vez que é o tipo em que Valdomiro se encaixa. Vejamos: 

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 

Quanto à doação, o Código Civil prevê, no artigo 1.243, que o possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido para aquisição da propriedade, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores, contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.

Assim, o Sr. Valdomiro se enquadra na forma de aquisição da propriedade por meio da usucapião extraordinária, conforme artigo 1.238. tendo em vista que a soma de sua posse e do tio-avô terão como resultado 16 anos, superior ao prazo de 15 anos previsto no artigo mencionado. 

Além do cumprimento do prazo, ambos exerceram a posse de forma contínua e pacífica, preenchendo os requisitos legais para aquisição da propriedade.

Desta forma, temos que a alternativa correta é a letra E) O Sr. Valdomiro poderá requerer a aquisição da propriedade do imóvel por usucapião, por ter preenchido os requisitos legais.


GABARITO DO PROFESSOR: ALTERNATIVA E. 

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Comentários

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LETRA E

Como a moradia não é habitual, o Sr. Valdomiro se submete à usucapião extraordinária devendo obedecer ao período de 15 anos. Além disso, as posses se unem, conforme art. 1.207, CC.

 

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

Li logo PRAIA,

 

pensei logo (na verdade n pensei foi nada..) TERRENO DA MARINHA, TERRA DA UNIÃO, BEM PUBLICO, IMPRESCRITIBILIDADE!!!!!

 

e.. 

 

Errei uma questão tranquila. 

 

EIS A VIDA. 

 

Sigamos em frente. 

 

Lumos!

Se até a Hermione erra, imagina a gente, que tá mais pra Rony.

Pessoal, conforme comentário do Felipe Coutinho, a resposta está nos arts. 1243 e 1207, do Código Civil, por tratar-se, a doação, de hipótese de "sucessão singular". Isso dito, só para agregar conteúdo, é bom lembrar do En. 317 da IV Jornada de Direito Civil, que firmou entendimento no sentido de que o aproveitamento do tempo, previsto pelo art. 1243, não vale para as hipóteses de usucapião especial, urbana ou rural.

En. 317 - A accessio possessionis de que trata o art. 1.243, primeira parte, do Código Civil não encontra aplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo diploma legal, em face da normatividade do usucapião constitucional urbano e rural, arts. 183 e 191, respectivamente.

Inclusive, em relação à usucapião especial urbana, o Estatuto da Cidade só prevê o aproveitamento do tempo pelo herdeiro. Então, o enunciado talvez só tenha esclarecido a taxatividade da previsão.

To dando uma de sabidão aqui, mas errei a questão, por ter confundido a hipótese justamente com a da usucapião especial urbana - que, conforme o Estatuto da Cidade, só autoriza o aproveitamento do tempo pelo herdeiro. Fui pesquisar, para entender, e acabei me deparando com esse enunciado.

Errei essa questão por entender que inexistia justo título, portanto, acreditei que não somaria a posse.

A questão diz: "Inexistem documentos das aquisições, sendo as posses adquiridas por contrato verbal."

No caso, entendi que a doação era nula, pois a inexiste doação verbal de bem imóvel.

Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.

Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.

Enfim, poderia ser doada somente a posse? Se sim, acredito que a doação seria nula, mas com a soma das posses permitiria usucapião extraordinário e, portanto, questão correta.

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