No primeiro período do segundo parágrafo do texto CG1A1-I, o...
Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Ano: 2022
Banca:
CESPE / CEBRASPE
Órgão:
DPE-RO
Provas:
CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Engenharia Civil
|
CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Assistência Social |
CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Administração |
CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Contabilidade |
CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Jornalismo |
CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Redes e Comunicação de Dados |
CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Psicologia |
CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Programação |
CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Jurídica |
Q1877405
Português
Texto associado
Texto CG1A1-I
O terror torna-se total quando independe de toda
oposição; reina supremo quando ninguém mais lhe barra o
caminho. Se a legalidade é a essência do governo não tirânico e a
ilegalidade é a essência da tirania, então o terror é a essência do
domínio totalitário. O terror é a realização da lei do movimento.
O seu principal objetivo é tornar possível, à força da natureza ou
da história, propagar-se livremente por toda a humanidade, sem o
estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o terror
procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças da
natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimigos da
humanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não pode
permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia,
interfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou
da natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram
conceitos vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do
processo natural ou histórico que já emitiu julgamento quanto às
“raças inferiores”, quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a
“classes agonizantes e povos decadentes”. O terror manda
cumprir esses julgamentos, mas no seu tribunal todos os
interessados são subjetivamente inocentes: os assassinados
porque nada fizeram contra o regime, e os assassinos porque
realmente não assassinaram, mas executaram uma sentença de
morte pronunciada por um tribunal superior. Os próprios
governantes não afirmam serem justos ou sábios, mas apenas
executores de leis, teóricas ou naturais; não aplicam leis, mas
executam um movimento segundo a sua lei inerente.
No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a
erigir fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os
homens, cuja comunidade é continuamente posta em perigo pelos
novos homens que nela nascem. A estabilidade das leis
corresponde ao constante movimento de todas as coisas
humanas, um movimento que jamais pode cessar enquanto os
homens nasçam e morram. As leis circunscrevem cada novo
começo e, ao mesmo tempo, asseguram a sua liberdade de
movimento, a potencialidade de algo inteiramente novo e
imprevisível; os limites das leis positivas são para a existência
política do homem o que a memória é para a sua existência
histórica: garantem a preexistência de um mundo comum, a
realidade de certa continuidade que transcende a duração
individual de cada geração, absorve todas as novas origens e
delas se alimenta.
Confundir o terror total com um sintoma de governo
tirânico é tão fácil, porque o governo totalitário tem de
conduzir-se como uma tirania e põe abaixo as fronteiras da lei
feita pelos homens. Mas o terror total não deixa atrás de si
nenhuma ilegalidade arbitrária, e a sua fúria não visa ao
benefício do poder despótico de um homem contra todos, muito
menos a uma guerra de todos contra todos. Em lugar das
fronteiras e dos canais de comunicação entre os homens
individuais, constrói um cinturão de ferro que os cinge de tal
forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse em
Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da
lei entre os homens — como o faz a tirania — significa tirar dos
homens os seus direitos e destruir a liberdade como realidade
política viva, pois o espaço entre os homens, delimitado pelas
leis, é o espaço vital da liberdade.
Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.dhnet.org.br> (com adaptações).
No primeiro período do segundo parágrafo do texto CG1A1-I, o
verbo “erigir” tem o mesmo sentido de