A educação em ciência enquanto área emergente do saber em es...
A educação em ciência enquanto área emergente do saber em estreita conexão com a ciência necessita da epistemologia para uma fundamentação da orientação, devendo ser, ainda, um referencial seguro para uma mais adequada construção das suas análises. A epistemologia, ao pretender saber das características do que é ou não é específico da cientificidade e tendo como objeto de estudo a reflexão sobre a produção da ciência, sobre os seus fundamentos e métodos, sobre o seu crescimento, sobre os contextos de descoberta, não constitui uma construção racional isolada. [...] o conhecimento de epistemologia torna os professores capazes de melhor compreender qual ciência estão a ensinar, ajuda-os na preparação e na orientação, bem como dar às suas aulas um significado mais claro e credível às suas propostas. Tal conhecimento ajuda, e também obriga, os professores a explicitarem os seus pontos de vista, designadamente sobre quais as teses epistemológicas subjacentes à construção do conhecimento científico, sobre o papel da teoria, da sua relação com a observação, da hipótese, da experimentação, sobre o método e, ainda, aspectos ligados à validade e legitimidade dos seus resultados, sobre o papel da comunidade científica e suas relações com a sociedade.
(Fernández, 2000; Gil-Pérez et al., 2001. Disponível em: htts://docplayer.com.br/49116310-A-necessaria-renovacao-do-ensino-das-ciencias.html. Adaptado.)
Considerando os dois grandes ramos da “árvore epistemológica”, as epistemologias empiristas e racionalistas em suas muitas e variadas matizes (clássicas e contemporâneas), assinale o atributo da tendência racionalista na construção do conhecimento científico.
Gabarito comentado
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A alternativa correta é a Letra D, que afirma que o conhecimento científico racionalista "nasce da crítica e da reformulação de hipóteses, partindo de situações não explicadas pela teoria".
Para compreender essa questão, é necessário ter um conhecimento sobre as duas principais correntes epistemológicas na construção do conhecimento científico: o empirismo e o racionalismo. O empirismo, em suas diversas formas, valoriza a experiência sensorial como a principal fonte de conhecimento, enquanto o racionalismo enfatiza o uso da razão e dos princípios lógicos.
Dentro do racionalismo, acredita-se que o conhecimento humano não depende apenas de informações coletadas pelos sentidos, mas também de processos racionais inatos. O racionalismo tende a ver o progresso da ciência como um processo não necessariamente acumulativo, mas como uma série de ajustes, críticas e reformulações teóricas. Um exemplo clássico dessa abordagem é o trabalho de René Descartes, que buscou fundamentar o conhecimento em princípios racionais evidentes, a partir dos quais poderiam ser deduzidos outros conhecimentos.
A alternativa D é correta porque reflete a visão racionalista de que o conhecimento científico progride através da crítica e da reformulação de hipóteses. Isso significa que, quando há fenômenos que não são explicados pelas teorias existentes, os cientistas racionalistas buscam revisar suas hipóteses ou desenvolver novas teorias que possam explicar esses fenômenos. Assim, o conhecimento é construído por meio de um processo dialético de tese, antítese e síntese, levando a um entendimento mais profundo e refinado da realidade.
As demais alternativas não refletem corretamente a tendência racionalista na construção do conhecimento científico:
- A alternativa A sugere que a ciência é acumulativa, o que está mais alinhado com uma visão positivista ou empirista.
- A alternativa B repete a ideia de acumulação, similar à alternativa A.
- A alternativa C descreve uma visão absolutista da ciência, que não é característica do racionalismo crítico.
- A alternativa E destaca a experiência e a observação como independentes da teoria, o que é uma característica do empirismo.
Portanto, é importante lembrar que no racionalismo, a construção do conhecimento científico é vista como um processo ativo da razão, capaz de ir além da mera coleta de dados empíricos, engajando-se na formulação, crítica e reformulação de hipóteses e teorias.
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