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O convidado é você, não seu telefone
Os smartphones consomem cada vez mais o nosso tempo e se infiltram em cada canto da nossa vida, levando alguns a reconhecer que o vício já foi longe demais, por isso estão pedindo a amigos, a parentes e até a si mesmos que deixem o celular de lado e se concentrem nas pessoas à sua frente, em vez de se deixarem levar pela enxurrada de informações que chegam por e-mail, Facebook, Twitter e Instagram.
As estratégias são simples, mas variadas. Uma editora de revista em Nova York disse que deixa o seu telefone numa lata de leite antiga, da hora que chega em casa até depois do jantar. O estilista Marc Jacobs proíbe que aparelhos eletrônicos entrem em seu quarto. Um casal de Nova Jersey estabeleceu uma punição: quem pegar o celular à noite sem uma razão realmente boa vai ser responsável por pôr o filho pequeno para dormir.
Enquanto isso, vem ganhando popularidade nos restaurantes uma brincadeira em que todos amontoam seus celulares no meio da mesa, e a primeira pessoa que consultar seu aparelho é obrigada a pagar a conta.
Em um vídeo do YouTube, visto mais de 24 milhões de vezes, uma moça, interpretada pela atriz Charlene de Guzman, é constantemente ignorada pois as pessoas ao seu redor estão consumidas por seus telefones. Num boliche, ela derruba vários pinos e se volta para comemorar com os amigos, mas eles nunca levantam o olhar das telas, o que nos leva a questionar se a vida é melhor quando vivida ou quando é apenas observada.
O assunto vem exigindo atenção até dos planejadores de casamentos. Bruce Feiler escreveu no Times sobre noivas e noivos que não querem que os convidados tragam seus celulares ou postem fotos da cerimônia. Esses eventos têm nome: casamentos desplugados. Alguns casais querem evitar magoar quem não foi convidado. Outros querem se assegurar de que apenas fotos lisonjeiras sejam divulgadas. Pensando nisso, um planejador de eventos de luxo em Boston, que trabalha para artistas famosos, criou o que chama de chapelaria de celulares. Os convidados guardam seus telefones antes da cerimônia em um local destinado a esse fim e, no decorrer da noite, podem se dirigir a uma área com sofás para consultá-los.
Feiler comenta que foi a um casamento em que o casal deixou claro de antemão que os celulares não estavam convidados. O noivo lhe disse: “Um casamento é feito para que as pessoas prestem um testemunho. Como elas podem fazer isso se nem escutam a cerimônia, já que estão ocupadas tirando fotos?”.
(Emma G. Fitzsimmon. The New York Times, publicado pela Folha de S.Paulo em 08.10.2013. Adaptado)
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