Na entrevista, Bauman estabelece um contraste entre
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(Adaptado da entrevista de: Zygmunt Bauman ao jornalista Marcelo Lins. Disponível em: http://www.conjur.com.br)
Qual acha que é a principal característica deste início de século 21?
Zygmunt Bauman: Este século é diferente do século 20. Se compararmos o que eu vivenciei quando jovem, cheio de expectativas,
com o que vivencio agora, diria que estamos num estado de interregno. No “interregno", não somos uma coisa nem outra. As formas
como aprendemos a lidar com os desafios da realidade não funcionam mais. Mas as novas formas, que substituiriam as antigas, ainda
estão engatinhando. Não temos ainda uma visão de longo prazo [...]. Hoje, vivemos na sociedade pós-industrial do consumismo, e a
passagem da sociedade de produção para a sociedade de consumo foi muito poderosa. Mudamos o foco da construção das bases do
poder da sociedade para a cultura do imediatismo, do prazer, da identificação da felicidade com o aumento do consumo.
Acha correto dizer que hoje recebemos informação demais?
Zygmunt Bauman: Como E. O. Wilson, grande biólogo, expressou de forma muito sucinta: “Estamos nos afogando em informações e
famintos por sabedoria". Não temos tempo de transformar fragmentos de informações em algo que podemos chamar de sabedoria.
A sabedoria nos mostra como prosseguir. Como Ludwig Wittgenstein dizia: “Compreender é saber como seguir adiante". É isso que
estamos perdendo.
Neste mundo hiperconectado, qual é o papel da educação?
Zygmunt Bauman: O sistema educacional atual é uma das vítimas da cultura do imediatismo. Educação e imediatismo são termos
contraditórios. Certas capacidades psicológicas (como atenção, concentração e o chamado pensamento linear) estão sendo
destruídas. Há mudanças na psique humana. E isso coloca os educadores numa posição muito difícil.
Que iniciativas e projetos lhe dão esperança no futuro da humanidade?
Zygmunt Bauman: Sou pessimista em relação ao curto prazo e otimista em relação ao longo prazo. Quando analisamos a história
da humanidade, vemos que ela é menos cruel e sórdida agora, apesar de tudo de ultrajante que acontece. Houve muitas crises na
história, mas as pessoas sempre acharam um caminho. Minha preocupação é o tempo que levarão para achar o caminho agora.
Quantas pessoas se tornarão vítimas até que a solução seja encontrada?
Na entrevista, Bauman estabelece um contraste entre