Muitos autores questionam, atualmente, a natureza dos instr...
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Gabarito comentado
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A alternativa correta é D - pós-modernismo.
A questão aborda um tema bastante atual na Arquivologia: a representação arquivística. Esse conceito sugere que os arquivistas não são meros organizadores de documentos, mas também influenciam a interpretação e a narrativa histórica. A ideia é que, ao descrever e arranjar os documentos, os arquivistas acabam construindo uma versão específica do passado, refletindo seus próprios pontos de vista.
A norte-americana Elizabeth Yakel é citada como uma das autoras que defendem essa perspectiva, propondo que os instrumentos de pesquisa arquivística sejam vistos como ferramentas de representação. Esse argumento está inserido no contexto do pós-modernismo, que questiona as verdades absolutas e enfatiza a subjetividade e a construção social do conhecimento.
Agora, vamos entender as alternativas incorretas:
A - teoria quadrangular: Essa alternativa está incorreta porque não existe uma "teoria quadrangular" no contexto da Arquivologia. Esse termo foi inserido na questão apenas para confundir.
B - paradigma indiciário: Embora seja um conceito interessante, o paradigma indiciário, proposto por Carlo Ginzburg, não se aplica diretamente à questão. Ele está mais relacionado à metodologia historiográfica que usa indícios e pistas para reconstituir o passado.
C - modelo custodial: O modelo custodial refere-se à tradição arquivística que enfatiza a custódia física e o controle dos documentos pelos arquivos. No entanto, não se relaciona com a ideia de representação e narrativa discutida na questão.
E - arquitetura da informação: Embora a arquitetura da informação seja um campo relevante, especialmente no contexto digital, ela se ocupa mais da organização e estruturação da informação, sem abordar diretamente a construção de narrativas e versões do passado.
Portanto, a alternativa que melhor se alinha com a ideia de que os arquivistas influenciam a interpretação histórica através da descrição e arranjo dos documentos é, de fato, o pós-modernismo.
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Comentários
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Tais argumentos integram o que se convencionou chamar, na área arquivística, de Pós-Modernismo.
Sonia,
assim fica muito fácil de comentar as questões!
As origens de uma Arquivística Funcional ou Pós-moderna residem, justamente, na identificação do novo paradigma enunciado por Taylor e têm seus estudos aprofundados nos textos de Terry Cook, que também admite a obsolescência dos princípios e métodos arquivísticos gerados no século XIX, defendendo seu repensar para a sobrevivência e adaptação da disciplina nos dias atuais.
Nesse contexto de reformulações e reinterpretações conceituais e disciplinares, Cook defende a ideia de uma mudança que englobe agora o contexto sócio-cultural e ideológico de criação dos documentos. Essa visão recai, também, sobre o papel desempenhado pelos registros nesse novo momento. Segundo o autor, este não deve mais ser visto com um objeto estático e sim como um agente ativo na formação da memória humana e organizacional.
A abordagem pós-moderna é fruto desse contexto e trabalha no sentido de reconhecer as relações existentes entre os criadores de documentos, as funções desempenhadas por eles e refletidas nos registros, assim como as convenções narrativas empregadas nesse processo que, de algum modo, irão refletir na herança documental.
Nesse sentido, a abordagem pós-moderna, apoia-se na análise funcional do processo de criação dos documentos – daí o nome Arquivística Funcional – que, segundo Ketelaar (2000, tradução nossa), substitui a arquivística descritiva, uma vez que somente por meio da interpretação funcional do contexto de criação dos documentos pode entender-se a integridade dos fundos e as funções dos documentos de arquivo em seu contexto original.
A análise desse contexto é feita a partir da análise dos criadores de documentos, de cima para baixo, do todo para a peça (top-down approach) visando a permitir ao arquivista um melhor entendimento da função, do processo e da atividade que gerou o documento.
O foco passa a ser externo e não mais interno. O que se deve levar em conta é o contexto e o processo do documento. Uma visão macro e não micro e limitada, segundo os teóricos pós-modernos da área.
Nesse cenário de reinterpretação, Terry Cook (2001) propõe algumas reformulações ou “novas formulações” para os conceitos e princípios mais importantes da área, visando a mudar o foco da disciplina – do registro para o processo que o gerou.
Entre os princípios e conceitos reformulados por Cook, destaca-se aqui, novamente, o Princípio da Proveniência, cujas características são agora a virtualidade e elasticidade, e que irá refletir nas funções e processos que levaram o criador a gerar um documento, em uma instituição ou organização dinâmica, que está em constante evolução, com pessoas e culturas diferentes, com abordagens e convenções distintas.
Perspectivas em Ciência da Informação, v.16, n.1, p.21-44, jan./mar. 2011
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