Roberto Da Matta analisa a ‘casa e a rua’ como duas categor...

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Ano: 2012 Banca: FUNCAB Órgão: MPE-RO Prova: FUNCAB - 2012 - MPE-RO - Analista - Sociologia |
Q738895 Sociologia
Roberto Da Matta analisa a ‘casa e a rua’ como duas categorias sociológicas no sentido de Durkheim e Mauss, para refletir como a sociedade brasileira pensa seus espaços e suas relações sociais. Na concepção de Da Matta, qual o significado para a ‘casa e a rua’?
Alternativas

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Vamos analisar a questão proposta sobre a interpretação de Roberto Da Matta em relação às categorias sociológicas ‘casa’ e ‘rua’ na sociedade brasileira.

Primeiramente, a alternativa correta é a B: Espaços marcados por simbolismo e construídos social e culturalmente.

Roberto Da Matta utiliza a ‘casa’ e a ‘rua’ para refletir sobre a dualidade dos espaços e das relações sociais no Brasil. Na visão dele, esses espaços não são apenas físicos, mas são carregados de significados simbólicos que refletem a cultura e a sociedade brasileira.

Agora, vamos analisar o porquê das demais alternativas estarem incorretas:

A - Estabelecer a casa como o espaço do lar, da proteção, do casamento e da harmonia, e a rua como o espaço do público, da individualidade e da liberdade.

Embora essa descrição seja parcialmente correta, ela simplifica demais a análise de Da Matta. Ele não se limita à dicotomia entre proteção/harmonia da casa e liberdade da rua. Da Matta vai além e analisa os aspectos simbólicos e como estes são construídos socialmente.

C - Uma forma de representação geográfica estabelecida pelo indivíduo cujos papéis relacionados com a rua são possuídos pelo contraste da casa.

Esta alternativa foca na representação geográfica e na individualidade, mas não aborda o aspecto crucial da análise de Da Matta, que é a construção social e cultural dos significados de ‘casa’ e ‘rua’.

D - Espaço relacional no qual a cidadania é expressa no ambiente público.

Embora a rua possa ser vista como um espaço público onde a cidadania se manifesta, essa alternativa é limitada e não captura a complexidade dos símbolos sociais e culturais que Da Matta estuda.

E - Categorias que marcam o tempo em espaços hierarquizados.

Essa alternativa trata de hierarquização de espaços no tempo, mas não se alinha diretamente com a ideia de Da Matta sobre ‘casa’ e ‘rua’ como espaços simbólicos construídos socialmente.

Portanto, a alternativa que melhor se alinha com a análise de Roberto Da Matta é a B, pois ela reflete a ideia de que ‘casa’ e ‘rua’ são categorias carregadas de simbolismo e construídas com base em valores sociais e culturais específicos.

Espero que esta explicação tenha sido clara e ajude a compreender a questão de forma mais profunda. Se surgirem dúvidas adicionais, estou à disposição para ajudar!

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Assim, outras dualidades importantes para Da Matta, como aquela entre a casa e a rua, por exemplo, que deu o título a um dos seus livros, são decorrentes da oposição entre indivíduo e pessoa na medida em que indicam "espaços" privilegiados onde cada uma dessas modalidades de relações sociais se realizariam. À oposição entre a casa e a rua corresponderiam, por sua vez, "papéis sociais, ideologias e valores, ações e objetos específicos, alguns inventados especialmente para aquela região no mundo social" (Da Matta, 1981, pp. 74-75). Nesse sentido, os nossos rituais são analisados e compreendidos a partir dessa oposição casa/rua e se distinguem entre si na forma e modo específico de lidar com esse antagonismo. Assim, a procissão religiosa teria sua peculiaridade no fato de permitir, durante um breve instante, a supressão da dicotomia casa/rua. O santo, para o qual a procissão é realizada, "eleva-se" acima da dicotomia, suspendendo suas lealdades e sentimentos respectivos, criando, por alguns instantes, uma lealdade específica, sintetizadora, em relação a um novo campo de ação: o do sagrado.

Afinal, a separação entre as esferas do "indivíduo" e da "pessoa" e entre os "espaços" da casa e da rua é típica de toda sociedade moderna e complexa e não atributo de uma sociedade tradicional ou semitradicional como Da Matta percebe o Brasil. A confusão entre as esferas públicas e privadas (casa e rua, na linguagem damattiana) é que é uma característica típica de sociedades tradicionais e patrimoniais pouco diferenciadas. A noção de indivíduo como usada por Da Matta, para especificar a cultura ocidental moderna e desenvolvida, na verdade não existe desse modo em nenhuma sociedade concreta, muito menos nos EUA, como acredita o autor. Creio que por trás da evidência dessas noções se esconde uma noção indiferenciada do indivíduo ocidental moderno.

... A casa e a rua, portanto, dimensões que Da Matta supõe tão brasileiras, são construções sociais que se tornam possíveis apenas no mundo moderno e diferenciado de sociedades complexas e dinâmicas.

https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/YJSK6XrdTHNZtv5LJLpbWhp/

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