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Q475827 Filosofia do Direito
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A teoria comunitarista, que tem Charles Taylor como um dos seus principais teóricos, surgiu no contexto da Guerra Fria, em oposição ao liberalismo.
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Análise da questão:

Conforme leciona Felipe Cavaliere Tavares, a teoria comunitarista “surgiu como um movimento de crítica ao liberalismo, principalmente aos aspectos imparciais e universalistas das teorias liberais. Para os comunitaristas, não há como se estabelecer uma teoria de justiça fundamentada em princípios imparciais e universais, muito menos na existência de indivíduos abstratos, sem raízes, livres de qualquer influência histórica ou cultural, conforme defendido pela teoria da justiça de John Rawls, para quem os indivíduos devem escolher os princípios de justiça protegidos pelo “véu da ignorância", ou seja, privados de suas próprias personalidades, contingências históricas e concepções particulares acerca da vida digna. Os comunitaristas entendem que justiça e pluralismo estão interligados pelo reconhecimento da multiplicidade de identidades sociais e culturas étnicas presentes na sociedade contemporânea, pelo reconhecimento das especificidades de cada ambiente social, enfim, pelos valores comunitários" (TAVARES, 2009).

Charles Taylor é um dos representantes do comunitarismo e nas obras “Sources of the Self", 1989 (As Fontes do Self ,1997) e “The Ethics of Autenticity", 1992 (A Ética da Autenticidade, 2009) desenvolve um ponto de vista comunitarista ao reconhecer que os indivíduos são integrados contextos culturais e sociais.

A assertiva, portanto, está correta.

Fonte: TAVARES, Felipe Cavaliere. MICHAEL WALZER E AS ESFERAS DA JUSTIÇA. 2009.

Gabarito: CERTO

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O comunitarismo é um conceito político, moral e social que surge no final do século XX (por volta da década de 1980) em oposição a determinados aspectos do individualismoe em defesa dos fenómenos como a sociedade civil. Entre a queda do Comunismo russo em 1989 e o triunfo do Liberalismo anglo-americano no mundo até 2007-2008, a sociedade fica sem rumo para as suas novas esperanças, e com a necessidade de contestar o Liberalismo, surge o Comunitarismo, para enriquecer os debates políticos do mundo pós-guerra fria.

A ideologia comunitarista porém não é contrária ao liberalismo, mas centra seus interesses nas comunidades e na sociedade e não no indivíduo, como o liberalismo faz. Eles creem que as comunidades são a base de todas as soluções para um mundo melhor e que o liberalismo não vem conferindo a importância que elas merecem, devido ao individualismo defendido pelo sistema liberal. Os comunitaristas acreditam que o individualismo do liberalismo prejudica as análises sobre as questões de nosso tempo, como, oaborto, o multiculturalismo, a liberdade de expressão, entre outras.1

Alguns representantes da corrente comunitarista são Robert Bellah, Charles Taylor, Michael Walzer, Alasdair MacIntyre.

Referências

Ir para cima↑ "The Communitarian Critique of Liberalism" por Michael Walzer (1990)

"Durante a década de 80, a teoria política anglo-americana foi dominada pelo aparecimento do comunitarismo que, tendo-se desenvolvido em aberta polêmica com o liberalismo em geral e o liberalismo rawlsiano em particular, pode ser entendido como uma corrente de pensamento que essencialmente contesta a insuficiência da teoria e prática liberal.(...).Ao contrário do que a designação ‘comunitarismo’ possa indicar, não é tanto a questão da comunidade que está em causa no centro da controvérsia, mas a forma de entendimento do sujeito liberal e da justiça ligada à distribuição de recursos sociais. Embora seja clara a importância da comunidade como depositária de valores coletivos que hão de conduzir a vida humana, como dizem Cohen e Arato (1992), o que mobiliza o debate é então, por um lado, uma questão epistemológica – a questão de saber se é possível defender uma concepção universalista (deontológica) de justiça sem pressupor um conceito substantivo (histórica e culturalmente situado) de bem – e, por outro, uma questão política, que é a de saber se o ponto de partida para a liberdade devem ser os direitos individuais ou as normas partilhadas da comunidade.Esta disputa entre comunitários e liberais pode ser vista como um novo capítulo de um confronto filosófico de longa data, dado que a discussão pertence, naturalmente, à grande tradição filosófica da oposição entre universalismo e contextualismo, à oposição entre comunidade e sociedade, ou ao problema dos termos da autonomia moral". (RESUMO HUMANÍSTICA).

Surgindo no contexto pós Guerra Fria, o comunitarismo busca fazer um contraponto ao individualismo exacerbado presente no pensamento liberal, sendo apenas uma tentativa crítica de restaurá-lo a partir da promoção de interesses comunitários.

 O que somos é resultado de nossa história, do que nossos antepassados fizeram de nós. Nossas oportunidades e restrições são também definidas pelo local onde nascemos e certos compromissos com aqueles que estão ao nosso redor. O comunitarismo acusa o pensamento liberal de negligenciar o papel das coletividades na vida política, deixando a esfera pública em segundo plano. Não é por coincidência que nosso sistema jurídico, fortemente baseado em paradigmas liberais, tem dificuldades de lidar com processos onde há interesses ou danos coletivos.

 O comunitarismo defende uma concepção de justiça que esteja enraizada nos valores cultivados coletivamente por uma comunidade. O conjunto de princípios que aquela comunidade define como sendo o bom, definirá o que ela considera como justo ou injusto. Parece um deslocamento simples, mas que faria muita diferença se colocado em prática, pois os interesses e responsabilidades individuais seriam sobrepostos pelos comunitários

De uma maneira bem fácil, o comunitarismo preza pela proteção de grupos identitários eminentemente vulneráveis (lgbts, mulheres, negros, índios, crianças, moradores de rua, etc).

Beeeeeem DEFENSORIA PÚBLICA!

O liberalismo surgiu em contraposição ao absolutismo e teve como um dos marcos a Revolução Francesa. Por ele, o que se almejava era uma abstenção do Estado no que diz respeito às relações privadas, deixando que os indivíduos se resolvessem em suas negociações. Tempos depois, durante a guerra fria, surgiu o pensamento comunitarista o qual questionava o individualismo, o nivelamento genérico da sociedade e a má distribuição de riquezas percebidas como resultado do Estado liberal. O pensamento comunitarista emerge justamente da crítica feita a pontos do liberalismo, nesse sentido a ele se opõe e busca a implementação de políticas inclusivas como forma de "corrigir" distorções ocorridas ao longo do tempo. Podemos citar como exemplo de materialização das ideias comunitaristas as ações afirmativas.

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