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Q1902674 Português
Texto CB1A1-I

    Não é preciso temer as máquinas, à maneira do Exterminador do futuro, para se preocupar com a sobrevivência da democracia em um mundo dominado pela inteligência artificial (IA). No fim das contas, a democracia sempre teve como alicerces os pressupostos de que nosso conhecimento do mundo é imperfeito e incompleto; de que não há resposta definitiva para grande parte das questões políticas; e de que é sobretudo por meio da deliberação e do debate que expressamos nossa aprovação e nosso descontentamento.

Em certo sentido, o sistema democrático tem se mostrado capaz de aproveitar nossas imperfeições da melhor maneira: uma vez que de fato não sabemos tudo, e tampouco podemos testar empiricamente todas as nossas suposições teóricas, estabelecemos certa margem de manobra democrática, uma folga política, em nossas instituições, a fim de evitar sermos arrastados pelos vínculos do fanatismo e do perfeccionismo.

     Agora, novas melhorias na IA, viabilizadas por operações massivas de coleta de dados, aperfeiçoadas ao máximo por grupos digitais, contribuíram para a retomada de uma velha corrente positivista do pensamento político. Extremamente tecnocrata em seu âmago, essa corrente sustenta que a democracia talvez tenha tido sua época, mas que hoje, com tantos dados à nossa disposição, afinal estamos prestes a automatizar e simplificar muitas daquelas imperfeições que teriam sido — deliberadamente — incorporadas ao sistema político.

     Dessa forma, podemos delegar cada vez mais tarefas a algoritmos que, avaliando os resultados de tarefas anteriores e quaisquer alterações nas predileções individuais e nas curvas de indiferença, se reajustariam e revisariam suas regras de funcionamento. Alguns intelectuais proeminentes do Vale do Silício até exaltam o surgimento de uma “regulação algorítmica”, celebrando-a como uma alternativa poderosa à aparentemente ineficaz regulação normal.

Evgeny Morozov. Big Tech. A ascensão dos dados e a morte da política.
São Paulo: Ubu Editora, 2018, p. 138-139 (com adaptações).

Com relação às ideias do texto CB1A1-I, julgue o item a seguir.


O último parágrafo do texto demonstra que a opinião do autor harmoniza-se com o entusiasmo dos intelectuais do Vale do Silício.

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Comentários

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Gabarito: Errado.

Se considerarmos o primeiro parágrafo, sobretudo o tópico frasal, percebe-se que as ideais são são colidentes.

Vejamos:

  1. Não é preciso temer as máquinas, à maneira do Exterminador do futuro, para se preocupar com a sobrevivência da democracia em um mundo dominado pela inteligência artificial (IA). Aqui, é perceptível a preocupação do autor em relação ao avanço tecnológico em um ambiente democrático.
  2. O último parágrafo amplia a ideia já exposta no parágrafo antecedente, de que as melhorias realizadas na IA proporcionaram a retomada de uma corrente que entende a democracia como algo que já pode estar ultrapassado.

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Equívocos, reportem.

Sigamos!

"Alguns intelectuais proeminentes do Vale do Silício até exaltam o surgimento de uma “regulação algorítmica”, celebrando-a como uma alternativa poderosa à aparentemente ineficaz regulação normal."

Havia entendido que esse trecho seria a concordância do autor com os intelectuais...

GABARITO: E

O uso do termo "APARENTEMENTE" entrega que a conclusão não expressa uma opinião do autor, mas algo dito em tese.

Bons estudos.

Tese Adversa, que não é do autor.

Depois de errar, e prestar atenção no trecho "aparentemente ineficaz" Demostra que o autor não está tão entusiasmado assim.

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