Perspectivas para a educação em nosso tempo Marco Silva* E...
Estar on-line não significa estar incluído na cibercultura. Internet na escola não é garantia da inserção crítica das novas gerações e dos professores na cibercultura. O professor convida o aprendiz a um site, mas a aula continua sendo uma palestra para a absorção linear, passiva e individual, enquanto o professor permanece como o responsável pela produção e pela transmissão dos "conhecimentos". Professor e aprendizes experimentam a exploração navegando na Internet, mas o ambiente de aprendizagem não estimula fazer do hipertexto e da interatividade próprios da mídia on-line uma valiosa atitude de inclusão cidadã na cibercultura. Assim, mesmo com a Internet na escola, a educação pode continuar a ser o que ela sempre foi: distribuição de conteúdos empacotados para assimilação e repetição.
De que modo traduzir as quatro exigências da cibercultura em prática docente, em aprendizagem significativa? Cada professor, com seus aprendizes, pode criar possibilidades, as mais interessantes e diversas. É tempo de criar e partilhar on-line soluções locais. É tempo, até mesmo, de reinventar a velha sala de aula presencial "infopobre" a partir da dinâmica hipertextual e interativa das interfaces on-line.
A dinâmica e as potencialidades da interface online permitem ao professor superar a prevalência da pedagogia da transmissão. Na interface, ele propõe desdobramentos, arquiteta percursos, cria ocasião de engendramentos, de agenciamentos, de significações. Ao agir assim, estimula que cada participante faça o mesmo, criando a possibilidade de co-professorar o curso com os aprendizes.
Em lugar de guardião da aprendizagem transmitida, o professor propõe a construção do conhecimento disponibilizando um campo de possibilidades, de caminhos que se abrem quando elementos são acionados pelos aprendizes. Ele garante a possibilidade de significações livres e plurais, e, sem perder de vista a coerência com sua opção crítica embutida na proposição, coloca-se aberto a ampliações, a modificações vindas da parte dos aprendizes. Assim, ele educa na cibercultura. Assim, ele constrói cidadania em nosso tempo.
* Sociólogo, doutor em Educação pela USP, professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Estácio e da Faculdade de Educação da UERJ. Extrato do Artigo: Internet na escola e inclusão. Disponível em <> Acesso em: 14/01/2022.
Quanto ao texto, podemos afirmar que
I. O autor considera que a internet veio para revolucionar a educação. A partir dela não é mais possível voltar àquelas aulas lineares e passivas, em que só o professor era o responsável pela transmissão de conhecimentos.
II. Segundo o autor, o uso de tecnologias pode possibilitar uma aprendizagem mais significativa e ativa, em que o estudante, estimulado pelo professor, participa na construção e ampliação de seu conhecimento.
III. O texto nos mostra que o único problema em relação à educação que utiliza tecnologias seria que a sua utilização poderia possibilitar significações livres e plurais, o que certamente comprometeria alcançar um bom resultado no aprendizado dos estudantes.
IV. Depreende-se do texto que uma educação mediada por tecnologias, sendo bem conduzida pelo professor, poderá contribuir para um aprendizado plural, rico em significações, contribuindo em tornar os estudantes sujeitos ativos e participantes da cidadania.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):
Gabarito comentado
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Alternativa correta: E - II e IV
O tema abordado nesta questão é a integração das tecnologias digitais na educação, em especial a relação entre a internet e a prática pedagógica em uma sociedade marcada pela cibercultura. Para resolver essa questão com sucesso, é necessário compreender como as tecnologias educacionais podem transformar o processo de ensino-aprendizagem, promovendo uma educação mais ativa, significativa e alinhada com as demandas da cidadania digital.
A afirmativa II está correta porque destaca que o uso das tecnologias, sob a orientação adequada do professor, pode possibilitar uma aprendizagem mais engajada, onde o estudante participa ativamente na construção do seu conhecimento. O texto sugere que, na cibercultura, o professor pode deixar de ser simplesmente um transmissor de informações para se tornar um facilitador que propõe caminhos, desdobramentos e estímulo à coautoria do conhecimento pelos alunos.
A afirmativa IV também está correta, ao apontar que, com uma condução apropriada da tecnologia educacional, o aprendizado pode se tornar mais plural e rico em significações, contribuindo para a formação de estudantes como sujeitos ativos e participantes na cidadania. O texto destaca que o professor, ao garantir possibilidades de significações livres e plurais, educa na cibercultura e constrói cidadania.
As afirmativas I e III não correspondem às ideias apresentadas no texto e, portanto, não estão corretas. A afirmativa I não está correta porque o autor não afirma que a internet por si só revolucionou a educação, mas sim que seu potencial não está sendo plenamente aproveitado em práticas pedagógicas que continuam lineares e passivas. A afirmativa III interpreta de forma equivocada ao sugerir que as significações livres e plurais seriam um problema para a aprendizagem, enquanto o texto as coloca como uma característica desejável e parte integrante da educação na cibercultura.
Em resumo, a alternativa E é a correta, pois as afirmativas II e IV capturam a essência do texto ao destacarem a importância de uma prática pedagógica que utilize as tecnologias de forma a promover uma aprendizagem significativa, ativa, e que prepara os estudantes para uma participação cidadã na sociedade digital.
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