No livro Didática da Matemática: reflexões psicopedagógicas,...
No livro Didática da Matemática: reflexões psicopedagógicas, no capítulo escrito por Delia Lerner e Patricia Sadovsky (In: Parra e Saiz, 1996) , há uma discussão sobre o papel da numeração falada na escrita dos números.
A esse respeito, essas pesquisadoras consideram que crianças que escrevem convencionalmente qualquer número de dois e três algarismos podem apelar à correspondência que existe com a forma oral quando se trata de escrever milhares. Analise as seguintes afirmações sobre essa questão:
I. A associação da escrita numérica com a escrita falada, que muitas crianças fazem, causa muitas dificuldades para a aprendizagem da escrita de números e, consequentemente, do sistema de numeração.
II. A numeração escrita é menos hermética que a numeração falada porque nela existem os vestígios das operações aritméticas envolvidas e porque apesar de as potências da base 10 não serem explicitadas, podem ser facilmente percebidas, ao contrário da numeração falada.
III. A coexistência de escritas convencionais e não convencionais pode estar presente em números de mesma quantidade de algarismos: há crianças que escrevem 187 para cento e oitenta e sete, porém não generalizam essa modalidade às outras centenas, registrando 80094 para oitocentos e noventa e quatro.
IV. Há muitas crianças que produzem algumas escritas convencionais e outras não convencionais dentro da mesma centena ou de uma mesma unidade de milhar: 804 (convencional), porém 80045 para oitocentos e quarenta e cinco; 1006 para mil e seis, porém 1000324 para mil trezentos e vinte e quatro.
Segundo essas pesquisadoras, as duas afirmações
corretas são apenas
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A alternativa correta é a alternativa E: III e IV.
A questão aborda a relação entre a escrita numérica e a escrita falada, com ênfase nas dificuldades e nas particularidades que as crianças enfrentam ao escrever números de forma convencional e não convencional. Para resolver a questão, é necessário compreender como as crianças associam a numeração falada à escrita e como isso pode resultar em práticas de escrita variadas, algumas corretas segundo a convenção e outras não.
Vamos analisar cada afirmação:
III. Correta: A coexistência de escritas convencionais e não convencionais pode estar presente em números de mesma quantidade de algarismos. A afirmação menciona que algumas crianças escrevem corretamente números como 187 para "cento e oitenta e sete", mas não seguem essa mesma regra para outros números, escrevendo 80094 para "oitocentos e noventa e quatro". Isso está de acordo com as observações de Delia Lerner e Patricia Sadovsky.
IV. Correta: Há crianças que produzem algumas escritas convencionais e outras não convencionais dentro da mesma centena ou unidade de milhar, como 804 para "oitocentos e quatro", mas escrevem 80045 para "oitocentos e quarenta e cinco". Essa inconsistência é um ponto destacado pelas autoras, mostrando como a transição entre escrita falada e escrita numérica pode causar confusão.
I. Incorreta: A afirmação sugere que a associação entre escrita numérica e escrita falada causa dificuldades significativas para a aprendizagem do sistema de numeração. No entanto, embora essa associação possa gerar alguns desafios, as pesquisadoras destacam que essa correspondência pode ser útil para a escrita de números maiores, como milhares, e não necessariamente representa uma dificuldade predominante.
II. Incorreta: A numeração escrita não é descrita pelas autoras como menos hermética que a numeração falada. A complexidade de ambas reside na compreensão das operações aritméticas e das potências de base 10, sendo que a numeração falada pode, sim, ser percebida com clareza pelas crianças em muitos casos.
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