Leia os casos a seguir. Caso 1 Paciente M.T, 35 anos, prev...
Caso 1
Paciente M.T, 35 anos, previamente hígido, estudante de Medicina, chega ao ambulatório dizendo que anda muito preocupado com a situação do Brasil, pois, quando ele fora Presidente do Brasil, há alguns anos, havia gerado muita riqueza para o Brasil. Diz que teve um mandato de dois anos, pois seu sucesso era enorme, e as pessoas, com medo de seu poder, o perseguiram e o tiraram do cargo. Hoje, as pessoas querem persegui-lo novamente, e exterminá-lo por isso. Diz que se lembra claramente de quando tomou posse como presidente, com pessoas o fotografando e depois exibindo suas fotos nas redes sociais. A família nega tais ocorridos.
Elaborado pelo(a) autor(a).
Caso 2
Paciente J.M, 68 anos, policial militar aposentado há dois anos, chega trêmulo ao consultório, com dificuldade na marcha, acompanhado da família, que relata que ele há dias fica “inventado histórias mirabolantes” sobre coisas que supostamente ele teria feito no passado, mas que nunca ocorreram, dizia que fora o melhor presidente do Brasil e que se lembra com saudade dessa época. Refere que mudou o país em 4 anos e só saiu porque se cansou do trabalho. Ao ser novamente questionado, muda sua versão, referindo que fora senador, e não presidente, por 8 anos. Após ser novamente questionado, muda novamente sua versão, dizendo que fora presidente e senador. Tem história pregressa de diabete e hipertensão arterial de difícil controle. A família revela que, por vezes, se esquece dos dias da semana e dos nomes das pessoas, voltando a lembrar horas depois.
Elaborado pelo(a) autor(a)
Levando-se em consideração que ambos os pacientes apresentam prejuízos mnêmicos, as alterações de memória que cada um apresenta e suas justificativas psicopatológicas correspondentes são, respectivamente,:
Gabarito comentado
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A alternativa correta é: C - alucinação mnêmica (como base de atividade delirante) e confabulação (por alteração da consciência).
Para resolver essa questão, precisamos entender as características dos quadros clínicos apresentados e associá-las aos conceitos de psicopatologia da memória.
Caso 1 descreve um paciente com um delírio auto-referencial e de grandeza, acreditando ter sido presidente do Brasil, algo que claramente não ocorreu, conforme relato da família. Esse tipo de crença persistente e falsa, sustentada apesar de evidências em contrário, se encaixa em uma alucinação mnêmica. Nesse contexto, o paciente realmente acredita em suas memórias falsas como algo que ocorreu.
Caso 2 apresenta um paciente com um histórico de criação de novas histórias a cada questionamento. Essa mudança frequente de versão indica um tipo diferente de problema de memória, chamado confabulação, onde o paciente preenche lacunas de memória com informações fictícias. Isso é reforçado pela história de esquecimento de datas e nomes, sugerindo uma alteração na função da memória, muitas vezes por problema na consciência.
Vamos agora analisar as alternativas:
A - pseudoalucinação mnêmica (como base de atividade delirante) e confabulação (por alteração da consciência): A pseudoalucinação é uma experiência perceptiva que a pessoa reconhece como não real, o que não se aplica ao caso 1, pois o paciente acredita ser real. Além disso, aqui confabulação está corretamente associada ao caso 2, mas a base está incorreta.
B - confabulação (como base de atividade delirante) e alucinação mnêmica (por alteração da consciência): Troca os conceitos apresentados. A confabulação não é uma base de atividade delirante; está relacionada a falhas na consciência, como no caso 2.
D - ilusão mnêmica (como base de atividade delirante) e alucinação mnêmica (por alteração da consciência): A ilusão mnêmica refere-se a distorções de memórias reais, o que não se aplica ao caso 1, pois o paciente não altera memórias verdadeiras, ele cria novas. A associação de alucinação mnêmica com a alteração da consciência também não está correta.
Portanto, a alternativa C é a que melhor descreve os fenômenos apresentados pelos pacientes, com a alucinação mnêmica no caso 1 e a confabulação no caso 2.
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