Os verbos empregados nas frases elaboradas a partir do text...

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Q2263837 Português
Leia um trecho do texto “Entre a orquídea e o presépio”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.


     A moça ficou noiva do primo — foi há tanto tempo. Casamento, depois da festa de igreja, era a maior festa na cidade casmurra, de ferro e tédio. O noivo seguia para a casa da noiva, à frente de um cortejo. Cavalheiros e damas, aos pares, de braço dado, em fila, subindo e descendo, descendo e subindo ruas ladeirentas. Meninos na retaguarda, é claro, naquele tempo criança não tinha vez. Solenidade de procissão, sem padre e cantoria. Janelas ficavam mais abertas para espiar. Só uma casa se mantinha rigorosamente alheia, como vazia. É que morava lá a antiga namorada do noivo — o gênio dos dois não combinava, tinham chegado a compromisso, logo desfeito.
    Murmurava-se que, à passagem do cortejo em frente àquela casa, o noivo seria agravado. Não houve nada: silêncio, portas e janelas cerradas, apenas. E o cortejo seguia brilhante, levando o noivo filho de “coronel” fazendeiro, gente de muita circunstância, rumo à casa do doutor juiz, gente de igual altura. A casa era “o sobrado”, assim a chamavam por sua imponência de massa e requinte: escadaria de pedra, em dois lanços, amplo frontispício1 abrindo em sacadas, sob a cimalha2 a estatueta de louça-da-china3 — espetáculo.
     E houve o casamento e houve o jantar comemorativo e houve o baile, com a quadrilha fazendo ressoar no soalho de tábuas a música dos tacões dos homens, dos saltos das mulheres.
       A noiva era uma risonha morena saudável, o noivo um passional tímido, amavam-se. E lá se foram para a fazenda longe, fim do mundo ou quase, onde as notícias demoravam uma, duas semanas para chegar. Que dia sai o cargueiro4 ? Que dia ele volta? Voltava com revistas, cartas, moldes de roupas, açúcar, fósforos, ar da cidade, vento do mundo.
      Começaram a nascer as meninas. Dava muita menina naquele casal. Como educá-las? A dona de casa virou professora, virou uma escola inteira, se preciso virava universidade.

(Elenco de cronistas modernos. José Olympio Editora. Adaptado)

1. frontispício: fachada principal.
2. cimalha: parte mais alta das paredes.
3. louça-da-china: porcelana.
4. cargueiro: pessoa que conduz animais de carga.
Os verbos empregados nas frases elaboradas a partir do texto seguem a norma-padrão na alternativa:
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GABARITO: A

Nessas questões sobre verbos, o interessante é analisarmos de qual verbo o verbo em análise deriva. Vejam só:

a) Enquanto o cargueiro mantiver suas viagens até a cidade, sempre chegarão bons artigos para os habitantes. → Correto. O verbo manTER deriva do verbo TER. Se nós dizemos: "enquanto o cargueiro tiver algo...", diremos: "enquanto o cargueiro mantiver suas viagens..."

 

b) Alguns trabalhadores da fazenda preveram que o cargueiro e seus animais chegariam no fim da semana. → Errado. O verbo preVER deriva do verbo VER. Nós dizemos: "alguns trabalhadores da fazenda viram algo...", certo? Então, o correto é: "alguns trabalhadores da fazenda preVIRAM que..."

 

c) As lojas da cidade que disporem de produtos recém-chegados serão as mais procuradas pelas mulheres. → Errado. O verbo disPOR deriva do verbo PÔR. Nós dizemos: "as lojas da cidade que puserem os produtos...", então o correto é: "as lojas da cidade que disPUSEREM de produtos..."

 

d) Quando o cargueiro vir com a tropa carregada de novas mercadorias, as negociações de compra e venda vão aumentar. → Errado. Cuidado com os verbos ver x vir. No futuro do subjuntivo, eles se conjugam assim:

  • Ver (de observar): quando eu vir (e não “quando eu ver”...) / Quando tu vires / Quando ele vir...
  • Vir (de locomover-se): Quando eu vier / Quanto tu vieres / Quando ele vier...

 Para saber qual é o correto, observe o sentido do verbo na questão: na alternativa, o autor está me dizendo que ele quer ver algo ou que ele quer ir a algum lugar? Perceba que o autor quer dizer: "quando o cargueiro se locomover com a tropa", certo? Como o sentido é do verbo VIR (e não do ver), diremos: "quando o cargueiro (=ele) VIER com a tropa carregada de novas mercadorias..."

 

e) Se tempestades e estradas lamacentas reterem o cargueiro em outros paragens, talvez falte açúcar na cidade. → Errado. O verbo reTER deriva do verbo TER. Se nós dizemos: "se você tiver algo...", diremos "se as tempestades e estradas lamacentas reTIVEREM o cargueiro...", certo?

 

➥ Complementando:

Cuidado com o verbo "requerer". A maioria pensa que esse verbo é derivado do verbo querer e, por isso, se conjuga como ele: se eu digo "se ele quisesse", então direi "se ele requisesse". Errado! Requerer não é querer duas vezes. O significado é outro: solicitar, exigir etc. Para resolver esse problema, você conjugará o verbo requerer, no pretérito imperfeito do subjuntivo (se eu amasse, se eu vendesse etc.), como o verbo beber. Veja só:

  • "se ele beber..." → "se ele requerer" // "se ele bebesse" → "se ele requeresse".

(FCC/AL-MS) "Se o funcionário requisesse a licença nos termos justos, ela seria concedida" → Errado. "Se o funcionário requeresse..." (=bebesse).

 

Espero ter ajudado.

Bons estudos! :)

Quando ou se, ver é vir e vir é vier

Gabarito letra A

Viagem nesse caso não deveria ser com J???

Bom dia!

@Gustavo Amadeu, viajem com J é verbo: eu viajo, tu viajas, ele viaja...

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