Ao afirmar, no contexto do último parágrafo, que a vida é ra...
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Ano: 2023
Banca:
FCC
Órgão:
TRT - 12ª Região (SC)
Provas:
FCC - 2023 - TRT - 12ª Região (SC) - Analista Judiciário - Área Judiciária
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FCC - 2023 - TRT - 12ª Região (SC) - Analista Judiciário - Área Judiciária - Especialidade: Oficial de Justiça Avaliador Federal |
Q2384398
Português
Texto associado
O gavião
Gente olhando para o céu: não é mais disco voador. Disco voador perdeu o cartaz com tanto satélite beirando o sol e a lua. Olhamos
todos para o céu em busca de algo mais sensacional e comovente — o gavião malvado, que mata pombas.
Retornamos assim à contemplação de um drama bem antigo, e há o partido das pombas e o partido do gavião. Os pombistas ou
pombeiros (qualquer palavra é melhor que “columbófilo”) querem matar o gavião. Os amigos deste dizem que ele não é malvado; na
verdade come a sua pombinha com a mesma inocência com que a pomba come seu grão de milho.
Não tomarei partido: admiro a túrgida* inocência das pombas e também o lance magnífico em que o gavião se despenca sobre uma
delas. Comer pombas é, como diria Saint-Exupéry", “a verdade do gavião”, mas matar um gavião no ar com um belo tiro pode também ser
a verdade do caçador.
Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente o gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate, pode lhe
suceder que ele encontre seu gavião em outro homem. A vida é rapina. A verdade é que não posso mais falar de aves: dei os meus
passarinhos. Perdi os cantos do meu canário e os assovios do meu sofré; meu coração está mais triste, mas está mais leve também.
* túrgida = intumescida, dilatada, cheia.
** Antoine de Saint-Exupéry, escritor francês.
(Adaptado de: BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960, p. 163-164)
Ao afirmar, no contexto do último parágrafo, que a vida é rapina, o autor