Sem que haja mudança de sentido do texto original quanto à c...
Começo distraidamente a ler um livro. Contribuo com alguns pensamentos, julgo entender o que está escrito porque conheço a língua e as coisas indicadas pelas palavras, assim como sei identificar as experiências ali relatadas. Escritor e leitor possuem o mesmo repertório disponível de palavras, coisas, fatos, experiências, depositados pela cultura instituída e sedimentados no mundo de ambos.
De repente, porém, algumas palavras me “pegam”. Insensivelmente, o escritor as desviou de seu sentido comum e costumeiro e elas me arrastam, como num turbilhão, para um sentido novo, que alcanço apenas graças a elas. O escritor me invade, passo a pensar de dentro dele e não apenas com ele, ele se pensa em mim ao falar em mim com palavras cujo sentido ele fez mudar. O livro que eu parecia soberanamente dominar apossa-se de mim, interpela-me, arrasta-me para o que eu não sabia, para o novo. O escritor não convida quem o lê a reencontrar o que já sabia, mas toca nas significações existentes para torná-las destoantes, estranhas, e para conquistar, por virtude dessa estranheza, uma nova harmonia que se aposse do leitor.
Ler, escreve Merleau-Ponty, é fazer a experiência da “retomada do pensamento de outrem através de sua palavra”, é uma reflexão em outrem, que enriquece nossos próprios pensamentos. Por isso, prossegue Merleau-Ponty, “começo a compreender uma filosofia deslizando para dentro dela, na maneira de existir de seu pensamento”, isto é, em seu discurso.
(Marilena Chauí, Prefácio. Em: Jairo Marçal, Antologia de Textos Filosóficos. Adaptado)
- Gabarito Comentado (0)
- Aulas (3)
- Comentários (15)
- Estatísticas
- Cadernos
- Criar anotações
- Notificar Erro
Comentários
Veja os comentários dos nossos alunos
A única alternativa que apresenta uma conjunção adversativa é a letra D.
Conjunções Adversativa: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, não obstante...
algumas palavras me pegam”, temos as seguintes
funções sintáticas:
algumas palavras – sujeito;
pegam – verbo transitivo direto;
me – objeto direto (forma pronominal oblíqua, representando a 1ª pessoa do
singular).
Efetuando a transposição da frase acima para a voz passiva, teremos a
seguinte construção: “(...) eu sou pego por algumas palavras”, em que:
- a forma pronominal “eu” é sujeito paciente;
- “sou pego” forma uma locução verbal de voz passiva (verbo “ser” + particípio),
mantendo o Presente do Indicativo, tempo empregado na voz ativa;
- a expressão “algumas palavras” é agente da passiva.
Portanto, a letra (D) é a resposta da questão.
Os verbos "ser" e "estar" só comportam o verbo "pego". As terminações ado/ido só podem ser utilizadas com os verbos "ter" e "haver".
Ex. Ele havia prendido o ladrão.
O ladrão estava preso.
Observação - A letra E apresenta a voz passiva com 3 verbos. Aprendi que da ativa para a analitica, se ganha um verbo a mais. Como no trecho só tem um verbo, a resposta não poderia ser a E. Eliminei de cara. To certo, ou fale besteira ?
Clique para visualizar este comentário
Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo