Um enunciado ou um texto nunca é somente uma informação: nel...

A alternativa correta é a D - a neutralidade do discurso é um mito.

A questão aborda a ideia de que a linguagem não é um instrumento neutro ou transparente; ela está carregada de valores, crenças e perspectivas do indivíduo ou da sociedade que a utiliza. Isso significa que quando falamos, escrevemos ou criamos um texto, estamos também expressando uma visão de mundo e influenciando a forma como o real é percebido pelas outras pessoas. Esta compreensão está alinhada com estudos da linguística e da análise do discurso que apontam para a natureza ideológica da linguagem.

Ao reconhecermos que a linguagem é permeada por ideologia, compreendemos que a informação transmitida por meio dela não é uma simples e direta "cópia" da realidade, mas uma construção que passa por vários filtros, como as intenções do falante, as estruturas sociais em que está inserido e as expectativas do receptor. Portanto, a pretensa neutralidade do discurso - a crença de que palavras podem ser completamente objetivas e desprovidas de qualquer viés - é uma ilusão.

Vamos entender por que a alternativa D é a correta:

A opção D está correta porque reconhece essa influência ideológica da linguagem como uma constante, o que implica que não existe discurso completamente neutro ou imparcial. Todo discurso carrega consigo aspectos subjetivos e argumentativos que moldam e são moldados por ideologias. Portanto, ao falarmos de neutralidade como um "mito", estamos reconhecendo que todo uso da linguagem é, de alguma forma, uma prática ideológica.

As outras alternativas falham em capturar a essência do enunciado:

• A alternativa A sugere que a transparência é uma escolha, o que não aborda diretamente a questão da ideologia inerente à linguagem.
• A opção B é muito absoluta ao dizer que todo discurso é "falso", desconsiderando a possibilidade de um discurso ser verdadeiro dentro de um contexto ideológico específico.
• A alternativa C nega a vinculação entre linguagem e realidade, o que contradiz a ideia de que a linguagem constrói e reflete a realidade de uma perspectiva ideológica.

Assim, a compreensão de que a neutralidade é um mito é fundamental para a interpretação crítica de textos e discursos, seja no jornalismo ou em qualquer outro domínio de uso da linguagem. Isso é particularmente relevante no ensino de Língua Portuguesa, onde se busca desenvolver nos estudantes a capacidade de analisar criticamente as informações que recebem e os textos com os quais interagem.