Sobre o segmento “Dez minutos depois, chegou lá e viu que se...
Texto para responder às questões de 01 a 15
Uma estranha descoberta
Lá dentro viu dependurados compridos casacos de peles. Lúcia gostava muito do cheiro e do contato das peles. Pulou para dentro e se meteu entre os casacos, deixando que eles lhe afagassem o rosto. Não fechou a porta, naturalmente: sabia muito bem que seria uma tolice fechar-se dentro de um guarda roupa. Foi avançando cada vez mais e descobriu que havia uma segunda fila de casacos pendurada atrás da primeira. Ali já estava meio escuro, e ela estendia os braços, para não bater com a cara no fundo do móvel. Deu mais uns passos, esperando sempre tocar no fundo com as pontas dos dedos. Mas nada encontrava.
“Deve ser um guarda-roupa colossal!”, pensou Lúcia, avançando ainda mais. De repente notou que estava pisando qualquer coisa que se desfazia debaixo de seus pés. Seriam outras bolinhas de naftalina? Abaixou-se para examinar com as mãos. Em vez de achar o fundo liso e duro do guardaroupa, encontrou uma coisa macia e fria, que se esfarelava nos dedos. “É muito estranho”, pensou, e deu mais um ou dois passos.
O que agora lhe roçava o rosto e as mãos não eram mais as peles macias, mas algo duro, áspero e que espetava.
– Ora essa! Parecem ramos de árvores!
Só então viu que havia uma luz em frente, não a dois palmos do nariz, onde deveria estar o fundo do guarda-roupa, mas lá longe. Caía-lhe em cima uma coisa leve e macia. Um minuto depois, percebeu que estava num bosque, à noite, e que havia neve sob os seus pés, enquanto outros flocos tombavam do ar.
Sentiu-se um pouco assustada, mas, ao mesmo tempo, excitada e cheia de curiosidade. Olhando para trás, lá no fundo, por entre os troncos sombrios das árvores, viu ainda a porta aberta do guarda-roupa e também distinguiu a sala vazia de onde havia saído. Naturalmente, deixara a porta aberta, porque bem sabia que é uma estupidez uma pessoa fechar-se num guarda-roupa. Lá longe ainda parecia divisar a luz do dia.
- Se alguma coisa não correr bem, posso perfeitamente voltar.
E ela começou a avançar devagar sobre a neve, na direção da luz distante.
Dez minutos depois, chegou lá e viu que se tratava de um lampião. O que estaria fazendo um lampião no meio de um bosque? Lúcia pensava no que deveria fazer, quando ouviu uns pulinhos ligeiros e leves que vinham na sua direção. De repente, à luz do lampião, surgiu um tipo muito estranho.
Era um pouquinho mais alto do que Lúcia e levava uma sombrinha branca. Da cintura para cima parecia um homem, mas as pernas eram de bode (com pelos pretos e acetinados) e, em vez de pés, tinha cascos de bode. Tinha também cauda, mas a princípio Lúcia não notou, pois ela descansava elegantemente sobre o braço que segurava a sombrinha, para não se arrastar pela neve.
Trazia um cachecol vermelho de lã enrolado no pescoço. Sua pele também era meio avermelhada. A cara era estranha, mas simpática, com uma barbicha pontuda e cabelos frisados, de onde lhe saíam dois chifres, um de cada lado da testa. Na outra mão carregava vários embrulhos de papel pardo. Com todos aqueles pacotes e coberto de neve, parecia que acabava de fazer suas compras de Natal.
Era um fauno. Quando viu Lúcia, ficou tão espantado que deixou cair os embrulhos.
– Ora bolas! - exclamou o fauno.
[...]
LEWIS, C.S. Uma estranha descoberta. In: As Crônicas de Nárnia .Tradução de Paulo Mendes Campos. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p.105-6. Volume único.
Sobre o segmento “Dez minutos depois, chegou lá e viu que se tratava de um lampião.” é correto afirmar que:
Gabarito comentado
Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores
A alternativa correta é a D.
Vamos entender o porquê:
Alternativa D: A frase "Dez minutos depois, chegou lá e viu que se tratava de um lampião” é composta por três orações. A primeira oração "Dez minutos depois" é uma oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo, que indica o tempo da ação. A segunda oração "chegou lá" e a terceira "viu que se tratava de um lampião" possuem o mesmo sujeito, que é Lúcia. Portanto, ao considerar o contexto, percebemos que as duas orações possuem o mesmo sujeito, o que justifica a alternativa correta.
Vamos agora analisar as alternativas incorretas:
Alternativa A: Diz que há três orações sintaticamente coordenadas entre si e independentes do conteúdo expresso no texto. Isso é incorreto. As orações não são independentes; elas estão ligadas pelo contexto e possuem relação de dependência. Além disso, temos uma oração subordinada adverbial temporal e duas orações que, apesar de coordenadas, compartilham o mesmo sujeito.
Alternativa B: Afirma que o período é composto por orações subordinadas substantivas. Isso também está incorreto. Não temos orações subordinadas substantivas na frase. As orações são, na verdade, uma subordinada adverbial temporal e duas orações coordenadas com o mesmo sujeito.
Alternativa C: Sugere que a frase é composta por um período simples com oração absoluta e outro composto. Esta alternativa está incorreta porque o período é composto por três orações, sendo uma delas subordinada e as outras duas coordenadas com o mesmo sujeito.
Alternativa E: Menciona que os verbos estão na voz passiva sintética. Isso é incorreto. Os verbos "chegou" e "viu" estão na voz ativa, indicando ações realizadas pelo sujeito da frase (Lúcia).
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