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Q1922663 Psicologia

Caso clínico 4A2-I


    Maria, de 65 anos de idade, é diabética e foi diagnosticada com depressão há 40 anos. Faz uso de medicação para ambas as doenças desde o diagnóstico inicial. Relata períodos muito difíceis de tristeza, baixa autoestima e ideação suicida. Diz: “Eu me sinto OK. Nunca fui feliz. Sempre estive OK. Nunca soube o que é felicidade. Minha vida sempre foi muito difícil. Precisei trabalhar desde cedo. Perdi meu pai e minha mãe quando muito pequena. Fui morar na rua. Experimentei tudo quanto foi coisa. Chegava a perder as forças. Tinha tontura; tremores; ficava lerda. Meu corpo não respondia direito. Mas era muito louco... Eu ficava eufórica e meio descoordenada também. Chegava a passar dias desaparecida. Tinha uma raiva dentro de mim. Sempre me perguntei o porquê de ser comigo, de ser logo com minha mãe e meu pai. Vi os dois serem mortos na minha frente. Nunca vou esquecer. Lembro de tudo, como se fosse hoje. Tudo por causa de droga. Meu pai sempre bateu em mim e na minha mãe. Eu tinha muita raiva. Ainda tenho. Só de pensar nisso meu coração dispara e eu sou tomada por um manto de fogo. Minhas pernas até adormecem. Meu rosto fica quente. Saí do buraco quando conheci meu companheiro. Só aí vi que poderia ser cuidada por alguém. Mas foi duro. Demorei a acreditar. Mas meu companheiro me ajudou a enxergar minhas dificuldades e doença. Fiquei OK por anos. Mas parece uma coisa... nada pode dar certo pra mim. Há 10 dias fiquei sabendo que tenho um câncer no estômago. Quis me entregar. Mas meu companheiro e meus filhos disseram que farão de tudo por mim e que preciso ser forte. Mas tenho a impressão que a tristeza voltou com tudo de novo.” (sic). 

Ainda em relação ao caso clínico 4A2-I, julgue o item subsequente, com base nas contribuições da psicopatologia, no DSM-5 e na CID-10.  


Maria não apresenta sinais de delirium.  

Alternativas

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Alternativa correta: C - certo

Vamos analisar o caso clínico de Maria para entender por que a alternativa correta é que ela não apresenta sinais de delirium.

Delirium é uma condição caracterizada por uma alteração aguda e flutuante do estado mental, que envolve déficits na atenção e na consciência. É comum em idosos, especialmente em situações de internação hospitalar ou presença de doenças graves.

O DSM-5 define o delirium como uma perturbação da atenção (capacidade reduzida de focar, sustentar ou alternar a atenção) e da consciência (redução da orientação no ambiente), que se desenvolve em um curto período de tempo (geralmente horas a dias) e tende a flutuar em intensidade durante o dia. Além disso, pode haver uma alteração cognitiva adicional (como déficit de memória, orientação, linguagem).

No caso de Maria, não observamos esses sinais. Ela apresenta uma história longa de depressão, sentimentos de tristeza profunda e sintomas físicos como tontura e tremores, além de experiências traumáticas e ideação suicida. Esses sintomas são consistentes com um quadro depressivo, mas não indicam a presença de delirium.

Para reforçar:

  • Maria mantém a orientação no tempo e no espaço.
  • Ela consegue relatar uma história coerente e sequencial dos eventos de sua vida.
  • Não há sinais de flutuação rápida do estado mental ou déficits significativos de atenção.

Esses pontos são essenciais para diferenciar um quadro de depressão crônica ou transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) de um estado de delirium.

Portanto, a alternativa correta é C - certo, pois Maria realmente não apresenta sinais de delirium.

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Comentários

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delirium deve ser por definição causado por um problema estrutural, funcional ou químico fisicamente identificável no cérebro e não são processos primariamente mentais, como a esquizofrenia ou transtorno bipolar, por exemplo.

delirium é a manifestação de uma disfunção orgânica do cérebro que leva, entre outras coisas, a uma incapacidade de concentrar a atenção, confusão mental e deficiências da consciência, como desorientação temporal e espacial.

delírium pode resultar:

  1. De uma doença subjacente.
  2. Do excesso de consumo de álcool ou de drogas administradas.
  3. De medicamentos administrados durante o tratamento de uma doença.
  4. Abstinência.
  5. Outros fatores de saúde orgânica.

SÍNDROMES PSICOPATOLÓGICAS ASSOCIADAS AO REBAIXAMENTO PROLONGADO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA:



Delirium: diz respeito aos vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se de um quadro que oscila muito ao longo do dia.

Rebaixamento prolongado da consciência:

Delirium: é o termo atual mais adequado para designar a maior parte das síndromes confusionais agudas. São quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se de um quadro que oscila muito ao longo do dia. 

Obs: Não se deve confundir delirium (quadro sindrômico causado por alteração do nível de consciência, em pacientes com distúrbios cerebrais agudos) com o termo “delírio” (ideia delirante; alteração do juízo de realidade encontrada principalmente em psicóticos esquizofrênicos ou em outras psicoses). 

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