De acordo com o Texto 1 e com o disposto de forma integral ...
Texto 1
Componente Curricular de Língua Portuguesa
“Considero a produção de textos (orais e escritos) como ponto de partida (e ponto de chegada) de todo o processo de ensino/aprendizagem da língua” (GERALDI, 1993, p. 135)
[…]
O pressuposto anunciado na epígrafe se estabelece e a aula de língua portuguesa se constitui em um lugar onde a língua acontece (GERALDI, 1993). Assim, o texto torna-se o fio condutor de todo esse processo.
Portanto, se assumimos em nossa prática pedagógica que o texto é ponto de partida e o ponto de chegada, assumimos também o compromisso de criarmos condições para as práticas de linguagem que efetivamente se materializam em sala de aula, pois serão elas que garantirão a apropriação e o domínio da língua, para o seu uso nas mais diferentes instâncias sociais, tanto públicas quanto privadas (GERALDI, 1999). O que se almeja é que todos consigam utilizar a fala, a escuta, a leitura e a escrita de maneira produtiva, e esta é uma das tarefas da escola, em especial, das aulas de língua portuguesa.
Para que isso ocorra, algumas escolhas se tornam necessárias, entre elas destacamos: (1) desapegar-se das listas de conteúdos pré-estabelecidos, uma vez que não se podem prever quais serão as dificuldades e dúvidas em relação ao uso da língua, pois é da produção oral e escrita do aluno que o professor irá identificar quais são as dificuldades em relação ao uso que precisam. De outro modo: são as produções concretas e reais que indicarão parte dos conteúdos gramaticais necessários em cada turma (ANTUNES, 2003); com isso se pode: (2) dar à gramática somente o espaço que ela precisa ter em aula, ou seja, quando ela está servindo para elucidar dúvidas que os alunos têm sobre o uso da língua, desta maneira o ensino-aprendizagem torna-se mais produtivo, já que não se perde tempo ensinando o que aluno já sabe ou o que ainda não lhe é necessário (POSSENTI, 1996); assim será possível: (3) explorar o texto literário como lugar de experimentação estética e de fruição, não o usando como pretexto para exploração gramatical, ao contrário disso, explorando-o para fomentar a formação de leitores críticos e criativos, desde a alfabetização (BARTHES, 1988), assim como: (4) promover o exercício da escrita real e autoral, não apenas simulações artificiais de redação, criando as condições de produção adequadas para a manifestação de cada sujeito, considerando a escola como apenas mais um lugar onde se escreve, ou seja, se escreve na escola e não para a escola. Já na alfabetização, mesmo que o aluno ainda não tenha o pleno domínio do registro da língua. São essas experiências que promovem o letramento, para além da alfabetização. (GERALDI, 1984). Por fim: (5) dar ao livro didático lugar de coadjuvante e não papel principal – que determina e sequencia arbitrariamente conteúdos – passando a atuar como material complementar e de apoio aos estudos em sala de aula, tanto para o professor quanto para os estudantes (CORACINI, 1999).
Essas, e muitas outras escolhas fazem parte das decisões político-pedagógicas que, na condição de docentes ocorrem em todas as etapas da educação básica. Desta forma, o quadro do componente curricular de Língua Portuguesa tem como principal função referenciar às escolhas teórico-metodológicas, auxiliando-os no processo de implementação da BNCC, exigência legal do Parágrafo Único do Art. 15 da Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017, o qual prevê que “A adequação dos currículos à BNCC deve ser efetivada preferencialmente até 2019 e no máximo, até início do ano letivo de 2020” (BRASIL, 2017, p. 11).
Fonte: CHAPECÓ. Secretaria Municipal De Educação. Currículo do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Chapecó, dezembro de 2019, p. 49-50 [Adaptado].