Questões de Concurso
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Texto para as questões de 1 a 4.
1-----------Vivo só, com um criado. A casa em que moro é
----própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo
----tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vá lá. Um dia, há
4---bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a
----casa em que me criei na antiga rua de Matacavalos,
----dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que
7---desapareceu. Construtor e pintor entenderam bem as
----indicações que lhes fiz: é o mesmo prédio assobradado, três
----janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e
10--salas. Na principal destas, a pintura do teto e das paredes é
----mais ou menos igual, umas grinaldas de flores miúdas e
----grandes pássaros que as tomam nos bicos, de espaço a
13--espaço. Nos quatro cantos do teto, as figuras das estações,
----e ao centro das paredes os medalhões de César, Augusto,
----Nero e Massinissa, com os nomes por baixo... Não alcanço a
16--razão de tais personagens. Quando fomos para a casa de
----Matacavalos, já ela estava assim decorada; vinha do
----decênio anterior. Naturalmente era gosto do tempo meter
19--sabor clássico e figuras antigas em pinturas americanas.
----O mais é também análogo e parecido. Tenho chacarinha,
----flores, legume, uma casuarina, um poço e lavadouro.
20--Uso louça velha e mobília velha. Enfim, agora, como
----outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que é
----pacata, com a exterior, que é ruidosa.
---------------------------------------Machado de Assis. Dom Casmurro.
---------------------------------------Internet: <machado.mec.gov.br>.
A palavra “que” (linha 8) retoma o termo
Leia o texto abaixo para responder às próximas questões:
Preconceito de linguagem
Na Romênia, segundo dizem os jornais franceses, que agora muito se interessam por tudo quanto diz respeito aos moldo-valáquios, na Romênia há certas palavras que em todas as outras línguas cultas têm significação nobre e que entre os romenos têm significação pejorativa. Chamar, por exemplo, a algum romeno marquês, ou condessa a alguma romena, é cometer injúria e grande. Entre eles, não se diz príncipe em romaico, porque esta palavra tem a significação analógica de jogral; de sorte que adotaram lá a palavra francesa prince, para designar qualquer membro da família real. A palavra rei também é injuriosa. Tanto assim que, na tradução do livro bíblico dos Reis, escrevem os romenos Livro dos Imperadores!
Em português há também palavras de significação primitivamente honesta e que entretanto agora não podem ser pronunciadas diante de pessoas de respeito. No norte de Minas, por exemplo, como no Norte de todo o país, chamar dama a uma senhora é arriscar a pele. Dama, lá por aquelas plagas, é “mulher perdida”.
A palavra moça pode ser pronunciada diante de quem quer que seja. “Esta menina está ficando moça” — “Sua filha é uma bela moça” — são expressões correntes. Entretanto, querendo alguém referir-se à amásia de alguém diz: “A moça de Fulano”!
Rapariga! É uma das palavras mais lindas da nossa língua.
Em Minas, entretanto, rapariga aplica-se mais às mulheres do serviço doméstico, isto é, amas, cozinheiras, arrumadeiras, etc. Aqui, já vai tendo significação pejorativa: casa de raparigas é o mesmo que bordel. Ora, é um absurdo isso. Rapariga é simplesmente feminino de rapaz. Seria encantador poder toda gente dizer, como ainda há dias ouvi dizer a um espírito eminente, que me dá a honra da sua amizade: “V. não imagina que rapariga valente é minha mulher”
Mãe! Não se discute a beleza desta suavíssima palavra. Pois também a palavra mãe vai assumindo significação equívoca. Em certas locuções é um vocábulo pelo menos suspeito. Os jornais já começam a substituí-lo por progenitora. É incrível! Que qualquer palavra possa derrancar com o tempo compreende-se; mas a palavra mãe? O noticiário elegante tem receio de dizer: “Faz anos hoje a Sra. Dona Fulana, muito digna mãe do nosso amigo Sr. Beltrano”. Em vez de mãe, escrevem progenitora, que é uma palavra erudita, seca, como todas as coisas eruditas, fria e pernóstica. Mãe é alguma coisa tépida, doce, nobre como o colo materno. Progenitora é simplesmente uma delicadeza de moleque bem-falante.
Mãe, colegas, mãe! Devemos escrever “a mãe do Sr. Fulano”, da mesma forma que escrevemos “O pai do Sr. Beltrano” e “o filho de Dona Sicrana”. Ninguém diz na intimidade — “vou beijar minha progenitora”, mas simplesmente — “vou beijar minha mãe”.
É para desejar que os jornais abandonem de uma vez a palavra progenitora, que é, etimologicamente, muito mais grosseira do que mãe. Progenitora compõe-se do prefixo pro e da raiz genite, de gigno, gignis, genui, genitum, gignere, que quer dizer gerar. De maneira que, posta em bom vernáculo, progenitora é a pró ou antegeradora do Sr. Fulano. Não sei onde está a delicadeza desta expressão…. Por conseguinte, de uma vez para sempre, estabeleçamos que os homens têm virtuosas e dignas mães, e não ridículas e pernósticas progenitoras.
Antônio Torres
Observe o excerto abaixo extraído do texto bem como a palavra destacada e assinale a alternativa que apresente vocábulo que poderia, sem prejuízo gramatical e semântico, substituir dada palavra:
É incrível! Que qualquer palavra possa derrancar com o tempo compreende-se; mas a palavra mãe?
Alternativas:
Sobre o uso dos porquês, faça a análise dos itens abaixo, e responda:
I. Ninguém sabia ao certo o porquê de sua desistência.
II. Gostaria de saber por que você está tão ansioso.
Assinale a alternativa que preenche respectivamente e de forma CORRETA as lacunas da afirmação acima.
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